Fique escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 20
Capítulo 20. Babi


Notas iniciais do capítulo

"Quando estávamos passando por uma entrada de carros li a placa Flores & Arranjos 5 km. Meu Deus fiquei eufórica, pedi para que Gabriel desviasse e seguisse a estrada de terra que a placa apontava."



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Entrei no carro alugado de Nando em direção a gramado pouco antes do meio dia, comemos que nem condenados na estrada por que descobrimos que no Rio Grande do Sul existe café colonial na serra. Deus do céu, Gabriel comeu tanto que ficou meia hora no banheiro. Paramos no acostamento umas três vezes, em uma delas era perto de um grande vale, onde tinha uma espécie de parada para turista. Nando sentou do meu lado enquanto Gabriel corria outra vez para o banheiro.

 A paisagem era simplesmente deslumbrante.

– você cresceu heim, Bárbara. Saudade de quando eu te pegava no colo. – disse ele.

Arregalei os olhos. – você me pegava no colo com quatro anos de idade?

Ele riu. – tenho provas, várias fotos!

Dei risada. – bobão. Mas é, cresci mesmo tendo que agir que nem criança. Cadê as vantagens de ser maior de idade?

– bom agora você pode sair do internato quando quiser, e também já pode ser presa, já pode assistir filmes para adultos. – pausa para a risada. – já pode viajar sozinha de avião, já pode casar, pode comprar bebidas alcoólicas, já pode tirar a carteira de motorista... Ih já pode tantas coisas.

– tem razão, mas nada se compara a liberdade que eu gostaria de ter.

– você sabe o porquê de ter sido mandada para cá. – ele disse meio cauteloso.

– na verdade eu não sei. Seu pai te contou? Por que pra mim ele não contou.

– é por causa do garoto.

– Santo Deus! Até os cegos veem que não fizemos nada! Mas a vontade de ter feito é grande, pelo menos nós não seriamos acusados injustamente.   – gritei irritada.

Ele suspirou fraco e olhou para frente, também respirei para tentar ficar calma e olhei para o mesmo ponto que ele, uma montanha florida ao longe.

– que lugar lindo deve ser aquele lá. – comentou.

– é mesmo. – era, acho, uma plantação de flores coloridas, rosa, vermelhas, brancas, amarelas e lilases. – isso me faz lembrar que ganhei um buquê fantasma ontem a noite.

– você sabe quem mandou? – perguntou.

– não. – respondi. – mas estou muito curiosa para saber.

– o nome da floricultura é Flores & Arranjos, pouco convencional. – ironizei. – deve haver umas 500 com o mesmo nome.

– você quer descobrir? Não temos nada pra fazer, quem sabe nós procuramos seu admirador secreto?

– não sei... Bom, pode ser, espero não me decepcionar.

– o que pode ser mais decepcionante do que não saber quem te ama?

– bom ponto de vista.

Chegamos em Gramado pouco antes do entardecer. A viajem fora muito divertida com Gabriel parando de posto em posto de gasolina para usar o banheiro. Alugamos um quarto no hotel. Segundo Nando ele só ia me dar o presente no outro dia ainda, o que já estava me deixando mais do que ansiosa. Tomei um banho e coloquei uma roupa mais quente para dar uma volta na cidade. Fomos eu e Gabriel com o carro de Nando (que ficou no hotel dormindo feito pedra) jantar em um restaurante que fosse bom.

Quando estávamos passando por uma entrada de carros li a placa “Flores & Arranjos 5 km”. Meu Deus fiquei eufórica, pedi para que Gabriel desviasse e seguisse a estrada de terra que a placa apontava.

– você é louca, nem vai estar aberto há essa hora. – disse ele.

– ainda não anoiteceu. – rebati olhando para o crepúsculo do céu. – continue indo.

– ta.

Seguimos exatos 5 km até um portão grande de ferro que estava aberto, alguns candelabros que faziam a trilha até uma cabana grande de madeira ao longe estavam acesos, outros ainda não. Eu e Gabriel estacionamos o carro perto de uma Yamaha vermelha e uma caminhonete grande e prata, pareciam ser as únicas pessoas ali. O lugar era deslumbrante, flores e folhagens por todos os lados, árvores altas e baixas, tudo tão magnífico.

Gabriel segurou minha mão por um momento e depois a soltou quando entramos na casa.

– com licença? – chamei o senhor de cabelos brancos que estava sentado atrás de lírios brancos. Ele se virou e sorriu para mim.

– sim?

– o senhor é o dono daqui? – questionei. – muito prazer, meu nome é Babi e esse é meu amigo Gabriel.

Quando ele estendeu a sua mão para pegar a minha, a mão tremia, mas o sorriso era o mesmo, percebi pela tristeza em seus olhos que a mão tremia sem o consentimento dele, logo, era uma doença, logo, fiquei com muita pena.

– meu nome é Manuel. Em que posso ajudar a senhorita?

– bom, vim aqui por que preciso mesmo de ajuda, eu gostaria de saber quem me enviou um buquê de rosas vermelhas ontem.

Ele se levantou e foi até o balcão. – hum, onde foram enviadas essas rosas?

– para meu colégio. – lhe expliquei onde ficava.

Um sorriso maroto brotou no canto de seus lábios. – não seria uma coincidência adorável que hoje mais cedo um rapaz tenha me perguntado exatamente sobre as mesmas rosas?

– um rapaz?

Na mesma hora pensei em Eric e meu coração se acalorou de uma maneira inexplicável.

– sim, um rapaz. Ele perguntou onde era a escola por que ele fez o pedido de muito longe.

– jura?  – comecei a sorrir.

– sim, mas eu não pude ajudar, por que há tempos não saio dessa cabana, meu filho é quem faz as entregas e esta noite ele foi levar sua namorada para um jantar romântico na cidade. – disse o seu Manuel.

– ah que pena. – me sorriso se apagou.

– mas se a senhorita quiser, acho que o menino foi dar uma volta por ali. – disse ele erguendo a mão que tremia para o caminho com tochas atrás da casa, dava para ver um pedaço pela janela. – não se preocupe, é seguro.

– Babi, não sei se é uma boa ideia, pode ser apenas coincidência.

Algo me dizia que não.

– vamos jantar como havíamos combinado. – continuou Gabriel.

Olhei fundo nos olhos do meu melhor amigo. – prefiro arriscar. – saí para a varanda já indo em direção à rua e Gabriel me chamou.

– e se for o Eric? – ele perguntou meio receoso.

– conto com isso. – admiti. 

– quer que eu vá com você?

– não, obrigada, acho que devo ir sozinha. 


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