A Chave-estrela escrita por TaediBear
Notas iniciais do capítulo
Toda vez que eu recebo um comentário, eu fico motivada a escrever mais. Mas eu tenho que parar de atualizar rápido. Vou deixar os leitores mal-acostumados /apanha.
Bem, mais um capítulo. Espero que gostem.
Boa leitura!
Dandelion era, de fato, uma garota prestativa. Em verdade, todo o povo florista era prestativo. Ela estava sempre sorrindo enquanto conversava com Haru e Io e sempre cumprimentava os outros floristas. O menino sorria quando alguém falava com ele, mas o lumpy mantinha seu semblante sério o tempo inteiro, como o egocêntrico que era. O dia passou bem rápido, e Haru não conseguira encontrar ninguém que pudesse estar com parte da chave-estrela.
Ao fim, eles foram levados a uma pousada da cidade. Dandelion os deixou em um quarto de piso e paredes de madeira, com algumas velas no criado-mudo para acender durante a noite. Haru jogou-se na cama pequena do quarto e mirou o teto. Ele descobrira que a menina tinha sua idade e ainda era mais alta que ele, o que o deixava ligeiramente frustrado. Io saltou para a cama e acomodou-se sobre o colchão macio.
– Você já tem algum plano para conseguir a parte da chave-estrela? – indagou.
– Pensei que você tivesse alguma coisa nova para me contar sobre isso.
Io bufou e pulou sobre o peito de Haru.
– É claro que sim! Eu sou o brilhante Io! Descobri muito, enquanto você caminhava pela cidade com aquela garota.
Haru revirou os olhos. Como o lumpy poderia haver descoberto qualquer coisa, se o que fez unicamente foi dormir no capuz do menino?
– Você nem mesmo percebeu quando eu pulei para fora do seu capuz!
Então, a atenção do garoto prendeu-se completamente à bola de pelos. De fato, ele não percebera se Io continuou lá durante a caminhada ou não. Haru sentou-se sobre a cama, as pernas cruzadas, e pôs o lumpy em seu colo.
– Conte-me mais – pediu com um brilho no olhar.
– Os lumpy do Reino das Flores me contaram mais sobre a lenda da chave-estrela. Eles disseram que, assim que o herói pôr os olhos sobre a parte da chave, ele saberá imediatamente.
Io calou-se, uma expressão triunfante em seu rosto. Haru ainda esperou que ele continuasse, mas nada deixava sua boca. Até que enfim, o menino arqueou as sobrancelhas.
– Só isso?
O lumpy saltitou e meneou seu corpo, concordando. O menino abaixou a cabeça e, depois, levantou-a com uma expressão de raiva estampada no rosto.
– Você é inútil! Bem que podia descobrir quem tem a parte da chave-estrela!
– Eu pelo menos fiz alguma coisa! E você que só ficou andando por aí, com aquela tal de Dandelion?
– Mas agora eu sei que ela não é um inimigo em potencial! Ela é uma boa garota e estou pensando em pedir ajuda a ela, já que o especialista da chave aqui não sabe de nada.
– Olha, garoto, é melhor você parar de...
Mas Io fora interrompido por uma leve risada do lado de fora do quarto. Haru pediu que ele ficasse em silêncio por um momento e levantou-se da cama, tentando fazer o menor barulho possível. A risada continuava demasiadamente baixa. Haru abaixou-se a fim de enxergar por debaixo da porta. Havia um par de pequenos pés descalços. O garoto levantou-se em um salto e abriu a porta rapidamente.
– Dandelion?
A menina olhou surpresa para Haru.
– Ora, você descobriu que era eu só pela risada, Haru?
O rosto do menino enrubesceu, e ele baixou a cabeça, a menina rindo. Io saltou na cama e pousou na cabeça de cabelos dourados de Haru. Ele encarava Dandelion com uma expressão deveras séria.
– Então, o que você ouviu, garota?
Dandelion empurrou o menino para dentro do quarto novamente e fechou a porta atrás de si. Havia um leve sorriso vitorioso estampado em sua face arredondada. A expressão na face de Io revelava que ele ainda não acreditava plenamente em Dandelion. Ela, por sua vez, sentou-se sobre a cama macia e continuou:
– Desculpe por ficar atrás da porta de vocês. É que meu pai é dono desse lugar e eu moro aqui. Enquanto eu estava indo ao banheiro, ouvi vocês dois brigando de novo e peguei o Haru falando que agora sabia que eu não era uma inimiga – ela sorriu amigavelmente para o menino. – Obrigada por confiar em mim, Haru.
– Você só ouviu isso? – Io pulou de volta para a cama, enquanto o garoto sentava-se sobre o chão de madeira.
– Na verdade, não. Soube que vocês estão procurando uma parte de uma tal de chave-estrela.
– Você e sua boca grande, garoto – Io revirou os olhos.
– Olha quem fala: a bola de pelos inútil que começou a falar primeiro – Haru revidou.
Dandelion começou a rir novamente.
– Vocês se dão tão bem. Parecem ser amigos há muito tempo.
– Nem fale isso! – Io exclamou. – É meu pior pesadelo.
Haru bufou e decidiu por ignorar aquela criatura idiota. Ele virou seus olhos azuis para a menina, que retribuiu o olhar com as esmeraldas em seu rosto.
– Dandelion, esse é um assunto extremamente particular, então, se puder guardar segredo.
– Oh, desculpe. Na verdade, eu pensei em ajudá-los. O que acham?
– Você sabe alguma coisa sobre a chave-estrela? – Haru indagou. Novamente a expressão em seu rosto era um misto de admiração e felicidade.
– Na verdade, não, gostaria que me explicassem melhor.
– Bem, a chave-estrela é a chave para o sonho de todo ser vivo da Terra de Lá. Nós nem sabemos o que é também... Só que ela está espalhada pelos reinos.
Dandelion pareceu pensar por um momento, antes de continuar. Então, ela pôs as duas mãos juntas e seu rosto se iluminou. Havia pensado em algo. A garota aproximou-se mais do garoto, como se fosse lhe contar um segredo.
Tem um bar aqui na cidade que se chama A Estrela Guia, cujo dono acha que diz ter o segredo da felicidade dos seres vivos. O que acha que pode ser?
Haru lançou seus olhos azuis para Io e abriu um enorme sorriso.
– O que poderia ser, Io?
O lumpy abriu um sorriso vitorioso e lançou seus olhos sobre as duas crianças.
– Obrigado por me deixar ter a conclusão final, garoto. É óbvio que estamos frente a frente com uma parte da chave-estrela. Garota – Io pulou sobre o cabelo ruivo de Dandelion -, pode nos levar até A Estrela Guia?
– Mas é claro! – a menina ficou de pé em um salto, assim como o menino. – Mas pode me chamar de Dandelion quando quiser, Io.
O bar A Estrela Guia era deveras movimentado, principalmente durante a noite. Dandelion e Haru conseguiram sair pela janela da pousada, para que o pai da garota não os tentasse impedir. Em verdade, não havia nada de suspeito apenas ao olhar para o local. Parecia ser apenas mais um bar de uma cidade repleta de homens que desejavam uma bebida após o trabalho. Atrás do balcão, Dandelion reconheceu Cravo, o dono do bar, seus cabelos curtos e louros, os olhos verdes a sorrir. Ela cutucou Haru com o cotovelo. O garoto pôs seus olhos azuis sobre o homem a assentiu. Colocariam seu plano em prática.
Dandelion conhecia Cravo, então se aproximou do balcão com um sorriso amável em seu rosto redondo. O homem a cumprimentou de volta. Os outros floristas a olharam surpresos, imaginando o que uma menina de treze anos fazia em um bar, à noite.
– Cravo, como está? – Dandelion sentou-se em um dos bancos.
– Ora, Dandelion, há quanto tempo! – o homem debruçou-se sobre o balcão de madeira. – O que faz aqui?
A primeira parte do plano estava tomando forma. Dandelion distrairia Cravo com uma conversa simples e informa, enquanto Haru e Io infiltravam-se pelo fundo do bar, em direção à área particular onde morava o homem. O menino conseguiu passar pela porta sem ser percebido, mas o que encontrou nos fundos não tinha nada a ver com a chave-estrela. Em verdade, eram várias plantas jogadas sobre o piso de madeira. Io saltou do capuz de Haru em cima das plantas e cheirou-as.
– Elas têm um... odor muito estranho – concluiu, balançando seu corpo de um lado para o outro. – Garoto, o que é isso?
Haru ajoelhou-se próximo ao lumpy e cheirou as plantas no chão.
– Realmente... O que será?
Os passos na madeira chamaram a atenção dos dois. Haru voltou-se para a porta a tempo de ver a maçaneta girar e ouvir uma voz masculina:
– Desculpe, Dandelion, eu preciso ir aos fundos. Mas volto em instantes.
Haru lançou um olhar amedrontado ao lumpy, que correspondeu com o mesmo tipo de olhos. O garoto levantou-se em um salto, e Io pulou para dentro do capuz dele. Estavam em perigo precisavam se esconder o quanto antes.
Do lado de fora, Dandelion passou pela portinhola do balcão e alcançou rapidamente Cravo. Ela insistia que o homem precisava ficar, porque ela ainda queria conversar com ele. Contudo, após ouvir os sussurros de um senhor, Cravo saiu apressado para os fundos.
– Cravo! Você não deveria ignorar uma garota!
– Desculpe, Dandelion, eu preciso ir aos fundos. Mas volto em instantes.
Sua mão dirigiu-se à maçaneta, e o coração da garota pulava em seu peito. Não dera certo. Cravo veria Haru e Io assim que abrisse a porta! O homem abriu a porta, e aquele movimento estava em câmera lenta, como se quisesse torturar a menina. Cravo adentrou a área privada, mas nada em sua expressão mudou. Dandelion avançou para trás do homem e surpreendeu-se ao ver que Haru e Io não estavam ali.
Cravo foi em direção a uma montanha de plantas jogadas no chão e pegou algumas. A menina foi atrás dele e observou aquelas ervas com curiosidade. Afinal, o que elas eram? Sua mão tocou nas folhas verdes, e seu corpo inteiro tremeu. Os olhos verdes, assustados, voltaram-se ao homem.
– Cravo, isso é...
– Ora, você as conhece, Dandelion?
– O que está fazendo com isso? São as ervas proibidas!
Um sorriso malicioso desenhou-se nos lábios finos de Cravo.
– Por que acha que estão escondidas aqui atrás?
A menina pegou uma das folhas e pôs-se de pé rapidamente. Cravo fez o mesmo, um olhar desafiador sobre a menina. Ele não podia ter aquelas plantas! Elas eram perigosas. Diziam que apenas um pouco de seu líquido ou de seu pó fazia as pessoas imaginarem o pecado e tudo o que era proibido.
A menina tentou fugir com a erva entre os dedos, mas foi impedida pela mão de Cravo. Ele a observava com um misto de raiva e superioridade. Dandelion tentou soltar-se mais uma vez, mas fora tudo em vão. O homem era demasiadamente forte. Ele fechou a porta com o pé e pegou um pequeno copo, cheio de um líquido transparente e viscoso.
– O que acha de provar um pouco da erva proibida, querida Dandelion?
Ela foi jogada contra o piso de madeira, e Cravo pôs-se sobre ela. O copo em sua mão aproximava-se perigosamente da boca de Dandelion, que gritava em desespero. A música do bar estava demasiadamente alta, porém, o que impedia os homens de ouvi-la. Ela gritou mais uma vez, um pedido desesperado de socorro. Então, a porta de um armário abriu-se, e Haru jogou-se contra o homem, a fim de tirá-lo de cima da garota.
– Haru! – ela gritou, um sorriso em seu rosto molhado por lágrimas.
– Desculpe pela demora, Dandelion – o menino retrucou.
O líquido estava jogado no chão. Cravo mirava as crianças com ódio em seus olhos.
– Moleques impertinentes! O que acham que estão fazendo? Sabem quanto custa isso? Quando eu finalmente encontrei o segredo da felicidade de todos!
Haru levou seus olhos azuis ao líquido viscoso no chão. Então, não tinha nada a ver com a chave-estrela. Fora tudo apenas uma coincidência? O segredo era apenas um monte de ervas proibidas?
– Vocês vão ver o que acontece quando mexem com as pessoas erradas.
Cravo avançou contra Dandelion, mas não conseguiu pegá-la. Haru jogou o corpo da menina para longe, e os braços fortes do homem o pegaram. Ele debateu-se, mas Cravo era mais forte e o apertava cada vez mais. A garota levantou-se e tentou aproximar-se dos dois.
– Dandelion! Não! Fuja! – Haru gritava antes de Cravo pôr uma mão sobre sua boca.
A menina parou seus passos e ficou a observar horrorizada a cena. Ela era impotente e não podia fazer nada para salvar seu amigo como ele a salvara. Ela sabia que, se tentasse, não adiantaria. Ele continuaria preso e ela também seria capturada. Ela saiu correndo da área privada, deixando Haru sozinho com Cravo, que sorria.
– Sua amiga o abandonou, garoto. Que boa amiga, não?
O menino lançou seu olhar amedrontado para o homem. Aquele era o fim. Um último grito desesperado deixou sua garganta. Então, Io conseguiu desvencilhar-se e saltar do capuz de Haru. A pedra vermelha ao final de sua antena brilhou, e a área privada foi tomada por uma luz branca. Em meio a ela, a bola de pelos roxos transformou-se em um lobo enorme, que se jogou contra Cravo.
Haru tentou sentar-se, mas, por algum motivo, suas pernas estavam fracas. Ele viu Io, aquela bola de pelos transformada em um lobo, lutar contra o homem, enquanto este tentava desvencilhar das patas e presas gigantes que o atacavam. Sua mão tateou pelo chão ao seu redor e, sob as plantas proibidas, encontrou algo que o fizera abrir aquele sorriso malicioso.
Io foi atingido por uma faca.
O lobo gemeu alto e caiu de lado no chão. Haru gritou, enquanto via seu primeiro amigo sangrar. Cravo cuspiu sangue, por causa da patada que recebera do lobo, e lançou um olhar raivoso a Haru.
– Vocês estão começando a me irritar. Estou ficando de saco cheio de...
Mas a frase nunca fora completada. Uma flecha cortou o ar e acertou a lateral do corpo de Cravo. Ele caiu no chão, gritando, gemendo, sangrando. Haru levou seus olhos à porta e viu um garoto, provavelmente mais velho que ele. Seu cabelo era desalinhado, volumoso, liso e negro, tão negro quanto a noite sem estrelas da Floresta. Ele usava uma máscara roxa que impedia o menino de ver seu rosto. Seu rosto de pele pálida virou-se para Haru.
O garoto guardou o arco que trazia e desembainhou uma espada fina. Ele aproximou-se de Cravo e, com um golpe rápido e seco, cortou-lhe a garganta. O homem, enfim, fora morto. O garoto avançou em direção ao armário da área privada do bar e puxou um saco, em que, Haru soube depois, havia todo o dinheiro do estabelecimento. Ele ainda ouviu as palavras “agradeça à sua amiga” antes de o garoto partir pela porta dos fundos.
Dandelion apareceu logo em seguida, lágrimas em seus olhos verdes. Ela jogou-se sobre o corpo de Haru, que continuava caído no chão, e chorou ainda mais. Nesse momento, o menino pôde ver a marca de estrela em seu ombro, já que a manga de seu vestido caíra para o lado, e seu coração acelerou. Havia encontrado! Aquela era a primeira parte da chave-estrela!
Haru jogou seus braços sobre o corpo fino de Dandelion e lhe agradeceu, do fundo de seu coração. Então, eles lembraram-se de que Io ainda estava ferido.
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POR FAVOR, POR FAVOR, não odeiem a Dandelion! No próximo, eu explico o que ela fez. Okay?
Ah, o que acharam do seme do Haru-chan? Hein, hein?
Então, comentários?
Espero que tenham gostado.
Até a próxima!
Takoyaki ~ NÃO ODEIEM A DANDELION!