Cap.1 - Sweet Night

Pdv Caroline

Já era noite, e como em todas as noites, venho trabalhar aqui, nessa boate imunda. Homens bebados por todos os lados. Era só isso que eu via. Por que estou aqui? Digamos que não tenho para onde ir. Apenas isso. Ah, e isso não é apenas uma boate, também é um bordel, cabaré... Chame do que você quiser. E o que isso faz de mim? Uma prostituta, puta, vadia... Chame-me do que você quiser também. Eu não me importo. Só trabalho aqui para garantir minha vida. Fui abandonada por meus pais quando eu era pequena. Morei com minha vó. Que morreu quando eu tinha 15 anos. Fui morar com um tio meu. O mesmo começou a me abusar sexualmente. Sinto nojo só de lembrar. Aos 17 anos, fugi de casa. Sem ter para onde ir, conheci uma garota chamada Vicki. Ela era uma prostituta que também não tinha ninguém na vida, assim como eu. Ela me levou para casa dela mas disse que eu precisava trabalhar para ajudar em casa. Sem outra opção, fui trabalhar com ela. E aqui estou. Todas as noites aqui, vendo os mesmos homens.

Mas eu não sou uma prostituta de verdade, calma. Deixem-me explicar. Sou apenas uma striper. Uma dançarina. Digo, só agora. Antes eu era sim uma prostituta. Transava com o primeiro que me pagava. Agora que estou tendo um caso com o dono da boate, ele não me deixou mais ficar nas camas e sim nos palcos. Por mais que para mim não mudou em nada. Eu ainda tenho que ser tocada pelos homens bebados...

Eu estava usando apenas um biquini preto cheio de brilhos. Botas pretas de salto altíssimo. Meus cabelos estavam soltos. Olhei-me no espelho e suspirei. Eu já cansei dessa vida. Mas agora que comecei, não posso sair. Chad arrancaria minha cabeça se a preciosidade dele largasse os palcos. Por mais que as outras garotas que trazem os prazeres aos homens, eu quem fazia-os trazer mais dinheiro. Afinal, a maioria vinha aqui apenas para me ver, e no final da noite pegar qualquer uma. 

- Line! O show irá começar meu amor! - Jay disse entrando no meu "camarim".

- Eu já estou pronta, infelizmente. - falei sorrindo sem humor e ele riu. Jay é o unico que gosto desse lugar. Ele quem me traz as roupas e me ajuda nas dança. P.S: ele é gay.

- Tudo bem. Não fique tão desanimada. - ele disse sorrindo enquanto saimos em direção ao palco. Peguei minha mascara de sua mão e a vesti.

- Claro que não. Apenas muitos homens me tocando, me comendo com os olhos... Animo! - falei ironica.

- Eu por você não ficaria assim. Alias aquele loiro bonitão está ai. - murmurou e o olhei surpresa - E tenho certeza que veio apenas por você. - ao dizer isso, ele me empurrou até as cortinas.

Ai meu Cristo! Como Jay pode fazer isso comigo?! As cortinas se abriram e ouvi os gritos e assovios. Entrei em passos lentos e sensuais. Caminhei até o meio do palco e dei uma piscadela ao meu publico. Arght!

Quando comecei a ser dançarina, pratiquei aulas de poli dance. E olhem só? Eu levo muito jeito.

A musica era lenta e sensual, assim como minha dança. Dei um giro em volta da barra de ferro. Grudei-me nela e joguei meu corpo para cima. Virei minha cabeça em direção ao "publico" e então eu o vi. Ele estava lindo como sempre. Estava um pouco distante. Bebendo no bar ao lado de dois rapazes muito bonitos também. Mas ele era muito mais lindo. Tinha os cabelos loiros escuro bagunçados. Seus olhos eram verdes claro. Tinha um charme clássico. Eu não sabia descrevê-lo. De todas as malditas noites que ele viera, ele sempre ficava de longe me observando.

Ele entrava, pedia a mesma bebida e ficava a minha espera; depois de meu show ele tomava mais algumas bebidas e caia fora. Pelo que Jay disse, ele nunca pegou nenhuma das garotas. 

Destraida, quase acabei caindo da barra. Mas vê-lo de ponta cabeça dava uma sensação tão diferente. Ainda mais percebendo que realmente ele não tirava os olhos de cima de mim. Saltei da barra e dei um giro encostando-me na mesma, passando as mãos lentamente em meu corpo. Girei e então deixei meu corpo cair, aproximando-me daqueles homens... Agora vinha a parte mais nojenta. Eles começaram a passar as mãos em mim, elogiavam-me de uma forma fútil, queriam me levar para cama... Tudo isso e mais. Por mais que eu tinha um sorriso sexy formado a eles, meus olhos ainda estavam nele. 

Depois de todo aquele show, eu ainda tinha que agora ficar servindo a todos. Fui trocar-me de roupa rápido. Eu ainda queria chegar a tempo de atende-lo. Quase nunca dá tempo. Ele pede uma bebida e então vai embora. Eu tenho uma vontade enorme de conhece-lo, droga!

- Line, Chad está te chamando. - Vicki disse entrando em meu camarim. 

- O que ele quer agora? - perguntei meio irritada.

- Eu não sei, Line. - ela disse dando de ombros.

Aqui meu nome não é Caroline. É apenas Line. Eu não gosto que os outros saibam sobre mim. Essa minha vida, pertence apenas a mim. Sai do camarim e entrei naquele corredor escuro. Frederic e Mason estavam na porta. Sim, eles são os seguranças. Assim que me viram, os dois sorriram com malicia. Continuei andando fingindo não ver e passei por eles abrindo a porta.

- Mandou me chamar, Chad? - disse fechando a porta atras de mim. Virei-me para onde Chad estava, a tras de sua mesa e - como sempre - fumando um cigarro.

- Sim, doçura. - ele disse sorrindo. Fico enjoada ao ouvi-lo me chamar assim - Vou te levar para casa hoje tudo bem? -dissse sorrindo e respirei fundo. Eu não estava com vontade.

- Olha, Chad... Eu estou um pouco cansada, não podemos adiar para outro dia? - pedi e ele levantou-se negando e jogando fora seu cigarro - Eu ficarei até mais tarde cobrindo Anna que faltou...

- Não, doçura, essa noite você estará livre e todinha para mim. - falou sorrindo e aproximou-se de mim. Recuei um passo para tras.

- Chad... realmente estou cansada. - sussurrei negando. Ele me olhou sério e segurou em meus braços.

- Cansada de quê? Se quiser já posso te liberar agora, mas essa noite será eu e você e ponto! - falou nervoso e assustei-me.

- Chad, eu só não quero transar com você essa noite. - falei calma e ele prensou-me contra aparede. Deixando-me ainda mais assustada.

- Você não tem querer, Caroline. - falou entre os dentes - Eu mando aqui, entendeu?

- Não, você não manda! Você é meu chefe, não meu dono! Eu vou para cama com você quando eu quiser na hora que eu quiser! - gritei nervosa. Eu já estava cansada dele me tratar como um brinquedo. Sempre na hora que ele quiser, quando quer... Não, eu não sou nenhum briquedo!

De repente, senti sua pesada mão contra meu rosto, levando-me ao chão. Senti a quentura em meu rosto e levei minha mão até lá. Eu não acredito que ele fez isso!

- Você é apenas uma vadia que tem que me servir, Caroline! - falou apontando o dedo para mim - E quando eu mando, você obedece, quando eu quiser e na hora que eu quiser. - avisou rude - Agora vá embora antes que eu perca a paciencia com você. Não quero te ver tão cedo. -falou indo até sua mesa e sentou-se no lugar de sempre.

Levantei-me cambaleando e andei até a porta. Sai de lá batendo a porta com força. Mason e Frederic me olhavam espantados. Continuei a andar e então sai de lá. Voltei para meu camarim e sentei-me no sofá velho encostado na parede do fundo. Desabei-me a chorar levando minhas mãos ao meu rosto. Eu odeio minha vida! Odeio tudo! Levantei-me nervosa e ainda chorando. Peguei minha mochila que estava no chão e procurei por minhas roupas. Tirei as roupas de "garçonete" e coloquei as minhas. Um simples vestido de lã, botas pretas e um casaco da mesma cor. Ouvi alguém entrando e virei-me assustada por pensar que era Chad.

- Querida, o que houve? - Jay perguntou entrando assustado - O bofe do Mason contou que você e o patrãozinho discutiram feio, menina!? - aproximou-se de mim. Limpei minhas lágrimas furiosamente e bufei jogando aquelas roupas de antes no chão.

- EU ODEIO ISSO TUDO! ODEIO TRABALHAR NESSA MERDA! ODEIO O CHAD! QUERO QUE TUDO EXPLODA! EU NÃO AGUENTO MAIS FICAR AQUI NEM POR UM MINUTO! - acabei explodindo em cima do coitado, que assustado quase caiu para tras. Voltei a chorar e peguei minha mochila.

- Meu amor, não precisa ficar assim... - ele disse se aproximando de mim novamente - Eu sempre lhe disse que essa vida não era para você. - murmurou triste - Mas se você for embora, Chad te caçará até acabar com você, Caroline. - sussurrou nervoso.

- ESTOU POUCO ME FUDENDO PARA AS AMEAÇAS DAQUELE DESGRAÇADO! - gritei novamente.

Rapidamente eu sai de lá batendo as portas também. Algumas garotas estavam por perto e me olharam assustadas. Passei por elas esbarrando em todas que estavam em meu caminho. Encontrei a primeira saida e então finalmente sai daquele lugar imundo. Eu não aguento mais isso! 

Sai as pressas pelas ruas escuras de Chicago. Eu não estava ligando para nada. Só queria sair de perto daquele lugar. Cheguei na parte um pouco mais movimentada da cidade. Eu mal prestava atenção nas coisas a minha volta. O ódio me consumia mais e mais. Odio de mim mesma. Como eu posso levar uma vida dessa e ainda sair dizendo que sou feliz? Como?!

De repente, enquanto eu atravessava a rua, escuto barulho de busina e então viro-me assutada. Sinto meu corpo ser chocado contra um carro e girei até cair do outro lado.

Tudo ficou escuro e não consegui me mexer e nem ouvir nada... Tentei abrir meus olhos e a unica coisa que vi antes de desmaiar foi um par de olhos verdes claro...