Estados Unidos – Flórida – Saint Agustine - 28/10/1862

–- Querido! Esse lugar é fantástico! - Disse Amélia, com cabelos castanhos trançados e com olhos feitos pedras de jade, para o marido, Isaac.

–- Eu sei querida, essa é a melhor casa da região, e tem um lago ao lado da casa. Nossas filhas poderão brincar muito em volta dele!

A família Belavouer acaba de se mudar. A casa é magnifica, e apesar de parecer pequena conta com um total de 90 cômodos, feita de madeira e mármore tem uma arquitetura em forma de labirinto. A casa fica em volta de uma floresta não muito densa, repleta de pinheiros e carvalhos, também há um lago grande a seu lado direito, bom para pesca e bem fundo. A casa se localiza longe da cidade e da população. Os Belavouer são quatro: Amélia casada Isaac, e suas duas filhas: Katherine de 7 anos, e Gracie de 5. Eram conhecidos por elegância, educação e tradição, uma família muito rica.

Eles se mudam, e a noite chega, é por volta das 19:00h. Amélia pede que as empregadas prepararem o jantar e arrumarem a mesa, chama suas filhas e vai para sala ler um livro como de costume.

–- Querida, você já resolveu o assunto com eles?

–- Eu já lhe disse que esse assunto é entre mim e eles, e que você não precisa se preocupar! Está tudo sobre controle! – Amélia responde ao marido em tom raivoso.

–- Mas você sabe que cometeu um grande erro, e agora temos duas coisas atrás de nós! Como você pretende pagar a divida? Com bolinhos? Olha, não estou insinuando nada, mas foi uma decisão estritamente estúpida, já que eu não lhe ordenei nada! Eu devia saber vocês mulheres só servem para procriar e dar prazer, mais nada!

–- Se é assim, faz melhor! Cansei de ouvir o quanto sou estupida e sem noção, eu sei que errei, mas não é para tanto! Talvez eu seja isso mesmo, só pelo fato de eu ter me casado com você, canalha! – Amélia levanta irritada e vai para a sala do piano, enquanto Isaac observa boquiaberto, não era normal uma reação assim na época.

Amélia derruba um vaso e começa a chorar de raiva, senta-se na poltrona no canto da sala. Isaac chega perto de Amélia e começa a falar:

–- Querida, olha... Eu esqueço o que você disse, e que você quebrou o vaso se você... – Amélia lhe disfere um tapa na cara e fala:

–- Seu canalha! Você não vale o prato que come, seu imbecil! Eu não esqueci o que você fez, está bom?!

–- Maldita vagabunda! Vagabunda! Não houve nada, já te disse! Você vai me pagar por isso! Como ousa me ofender com tais nomes e ainda me bater? Você irá sofrer as consequências, você vai pagar!

Amélia sobe as escadas correndo, indo para seu quarto, e Isaac fica parado pensando. Ele observa, com o canto do olho, dois borrões na porta, e quando olha são suas filhas, Gracie está segurando um ursinho, e Katherine abraçando a irmã, ambas com medo do que acabaram de ver.

–- Papai, porque você gritou com a mamãe? – Disse Gracie

–- Estou com medo papai – Diz Katherine, e as duas começam a chorar.

–- Ei filhinhas, é que sua mãe pôs a família inteira em risco, mas ela vai ter o que merece, não tenham medo. Agora vão para o quarto, e deem chá para todas as bonecas, e só saiam quando estiver terminado.

–- Porque papai? – Pergunta Katherine, sem entender nada – São muitas bonecas!

–- Porque eu pedi, agora façam isso, e só saiam quando terminar.

–- Tudo bem papai. – as meninas sobem para seu quarto e começam a fazer a festa do chá.

Enquanto isso Amélia está chorando na cama, quando tem uma ideia. “É isso, já sei como pagar essa divida, nós teremos de nos mudar de novo, mas ficará paga a divida!” Pensa ela. Amélia então abre o armário, pega algumas coisas, acende as velas e começa a murmurar algo em latim. Nesse mesmo tempo, Isaac sai da casa, abre o galpão, pega o machado e começa a juntar lenha, muita lenha. Quando ele termina, amontoa tudo em um canto um pouco distante, pega o querosene e joga por cima de tudo. Ele entra de volta na casa. Passando pelo salão de recepção e se depara com Amélia descendo as escadas, ela grita feliz lá do alto, enquanto vai descendo de encontro com Isaac:

–- Querido, consegui! Resolvi nosso problema de jeito que ninguém saia ferido, tudo que temos de fazer é mudarmos de casa... – Isaac disfere um golpe de machado na barriga de Amélia, não o suficiente para corta-la ao meio, apenas para sangrar e doer muito. Amélia, apesar da dor, continua consciente. Isaac começa arrasta-la pelo terreno. As filhas observam da janela o que está acontecendo e vão para o lago chorando, chegando elas sentam em volta do lago e começam a abraçar uma a outra.

–- Vou te proteger Gracie, nós iremos cuidar uma da outra, mamãe e papai vão ficar bem – De repente elas observam algo no meio do lago, uma mulher. Uma mulher azul água, com um vestido longo e leve, dançando na superfície do lago. Ela tinha guelras, cabelos ondulados e era linda, uma beleza exótica jamais vista, com um ar que poderia fazer até mesmo o coração mais aflito ficar calmo. Ela dança com leveza e no final do espetáculo estende a mão e chama as garotas. Katherine e Gracie ficam encantadas, até mesmo hipnotizadas. Elas se levantam e começam a andar em direção a mulher. Elas vão se molhando, e afundando, afundando... Até submergirem e seus pulmões encherem de água, para nunca mais voltarem.

Isaac chega ao local onde tinha colocado a lenha e joga o corpo inerte de Amélia por cima do amontoado, ele abre o isqueiro e fala:

–- Últimas palavras, bruxa detestável e estúpida?

Amélia com dificuldade, e muita dor começa a sussurrar:

         -- Tire as crianças daqui, morro pela minha filha estuprada e morta por você, canalha!

–- Bem, neste caso, queime no inferno paradigma imunda!

Isaac taca fogo em Amélia, que sorri para ele e olha para cima em tom de esperança. Isaac observa o feito dele feliz, solta uma risada, enquanto a observa queimar de um jeito sádico.

Da casa se ouve uma empregada:

-- Jantar servido!

Isaac retruca:

 -- Agora não, estou ocupado me divertindo!