Break Of Dead escrita por Write Style


Capítulo 3
Capítulo 2 - The Jackson´s Secret


Notas iniciais do capítulo

Aqui tem mais um
Se no final gostarem, não tenham reservas em comentar e deixar a vossa opinião. Considero até agora este o melhor capítulo ^^



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Deram-nos lugares sentados numa longa mesa redonda que dispunham na sala de jantar. A casa era espaçosa, como seria de esperar numa grande quinta, o que era pior era o cheiro a mofo e a velho que se fazia sentir. Não queria parecer indelicado por isso, aos pouco acostumei-me e não comentei tal coisa. Larry trouxe com a ajuda do irmão Aaron algum queijo e pão. Ainda tentei dizer-lhes que trazíamos ainda alguma comida connosco, dentro das mochilas que nos deixaram pousar à entrada, mas não nos deram ouvidos. O irmão mais novo dos Jacksons desapareceu pelo interior da casa e Larry sentou-se à nossa frente.

- Quer dizer que não sabem mesmo nada do que se passa? – Voltou a perguntar para nós, cruzando os braços na mesa. Parei de comer e comecei a dialogar com ele.

- Não. Sei que as tropas americanas começaram a cercar as ruas, as pessoas desapareceram das suas casas, nós tivemos sorte em escapar do perímetro de segurança, como outros fizeram. Tenho andado à procura dos pais deles os dois, mas nada.

- Pois, compreendo, mas acredito que isso seja difícil… - Começou ele a falar, ajeitando o cabelo. – As coisas aconteceram depressa e nem eu sei bem como tudo se passou, mas estamos perante algo que temos que compreender, mesmo que não pareça verdade. Digo que tiveram muita sorte em ainda conseguirem sair vivos da cidade, o governo dizia que era o melhor local, no interior das fronteiras do aglomerado de pessoas, seguras pelo exercito, mas as coisas tornaram-se ainda piores por lá. Quem escapou, escapou, mas quem lá permaneceu tornou-se sem dúvidas um daqueles monstros que agora andam a rondar as quintas.

- Está a falar daqueles… monstros que nos tentaram atacar à pouco tempo?

- Presumo que falamos do mesmo Bruce. Para mim são nada mais, nada menos, que zombies.

- E como é possível uma coisa assim acontecer?

- Sei lá. O que sei é que a eletricidade acabou à dias, a água vem tão fraca que nem para um banho dá e a televisão parou as emissões certamente no dia em que fugiram de lá. Parece que a epidemia se está a espalhar pelo mundo. As pessoas morrem infetadas por algo desconhecido e voltam como aqueles seres.

- Isso é… terrível…. – Não podia acreditar que tal estivesse a acontecer, pois ainda me pareia uma história retirada de um livro qualquer. Mas a minha experiência à momentos atrás com aquelas duas criaturas confirmavam a história de Larry. – E não existe uma cura?

- Não sou a melhor pessoa para te dizer isso. Pouco sei… Ainda consegui vir para… para a minha casa de infância antes de tudo piorar em Richmond com o meu tio e o meu irmão mais novo. Acho que vamos aqui permanecer até sabermos mais algo para fazer. Se quiserem podem ficar connosco… Mas tem de nos ajudar na quinta. As plantações estão a morrer e já não podemos contar com supermercados.

- Podes contar connosco. Juntos, será mais fácil permanecermos bem nesta adversidade.

- Concordo.

- E estaremos a salvo daquelas coisas aqui? – Brian tinha acabado de petiscar e estava bem atento à nossa conversa.

- A minha quinta está cercada por campos ainda em estado de lamaçal. Eles ficam presos por lá antes de chegarem à entrada. A estrada até cá é bastante fina e quase custa a passar um carro. Burros como eu os tenho visto, não conseguem andar a direito até nós. E se o fizerem, conseguimos acabar com eles com apenas um tiro.

- Podíamos construir murros ou assim. Tornaria tudo muito mais fácil…

- Não. – Foi uma resposta seca aquela que ele me deu. – Não quero que nada seja modificado por aqui. Se querem ficar, tem de seguir o que já está estipulado. – Ficamos os três a olhar para Larry, não receosos, mas num momento de silêncio constrangedor. – Sem ofensa Bruce.

- Claro, compreendo. – Por acaso não compreendo mesmo. Mas não quero entrar em conflito com as primeiras pessoas que nos ajudam.

Fui até ao alpendre. Ainda tinham passado poucas horas do nascer do sol. Os Jacksons foram bastante atenciosos e deixaram-nos ficar a noite a dormir na sala de estar, que até era bem ampla. Com alguns cobertores e lençóis, até que não ficamos mal, mas claro que preferia a minha casa. Não dormi muito, passei mais o tempo deitado a pensar em tudo o que me aconteceu nos últimos dias. Nunca chegava a conclusão nenhuma.

Enquanto fazia isso encostado á cerca de madeira branca que circundava o alpendre senti que alguém se aproximava e deparei-me com Marie a chegar. Não tinha ares de alguém que tivesse dormido completamente descansada.

- Bom dia… - Disse ela, aproximando-se.

- Bom dia. Como dormiste?

- Mal, mas foi melhor que o carro. Não estou habituada a dormir fora de uma cama. Nunca fui muito de acampar. – Ficou pensativa enquanto se encostou à madeira ao meu lado. – É estranho… - Enrolou um pouco as palavras. – É difícil pensar em tudo o que se passa: As cidades caírem, os cortes na electricidade e na água, esses monstros por ai…

- Se é o que por ai à, temos que nos habituar, por muito que não seja normal. – Ela pareceu compreender bem aquilo que lhe tinha dito. Não faltou muito para que Larry também aparecesse por ali. Vinha sorridente, como sempre.

- Então malta, como estão? Querem comer alguma coisa? – Deixei de estar encostado para responder como deve ser ao fazendeiro.

- Eu estou bem por agora, obrigado. – Ele acenou como quem compreende e olhou para a minha aluna.

- Se quiseres o Aaron vai colocar alguma comida na mesa de jantar agora. Acho que o Brian está lá a ajuda-lo.

- Marie, tira alguma da nossa comida para partilhar com todos. – Ela percebeu e começou a colocar-se a caminho da entrada.

- Muito obrigado Bruce, ficamos agradecidos.

- Nós é que ficamos. Se pudermos compartilhar alguma comida com quem nos deu outra tanta e ainda mais um tecto para dormir esta noite, ficamos de consciência mais tranquila. – Ele sorriu e mudou de assunto muito rapidamente.

- E quanto a esses teus conhecidos, aqueles que disseste vir procurar por aqui. Ainda vais atrás deles?

- Estava a pensar sair ainda esta manhã. Não deve ser muito longe daqui. Os Ford eram vossos vizinhos?

- Eram sim. Eu não vivia aqui, mas se da minha infância que os Ford se mudaram para uma quinta mais a norte, a duas ou três curvas de terra batida à frente. Se quiseres, posso ajudar-te lá a chegar.

- Podes? – Estava estupefacto com a ajuda que Larry me estava a proporcional.

- Claro. Eu e o meu tio Harry vamos contigo, enquanto o Aaron a Marie e o Brian ficam a cuidar da casa. Não existem muitos andantes para os nossos lados por isso dentro de casa eles estão em segurança. Ir até lá pode ajudar-me a compreender o que realmente eles são… - Mostrava-se bastante interessado nessa matéria. – Ficar sempre por aqui não está a ajudar a resolver nada.

- Nesse caso, podemos partir quando quiserem.

- Como assim? – Voltou a sorrir. Era mais um sorriso amarelo. – Achas que podemos sair por ai sem algo para nos proteger. Já tive a minha dose de susto nos últimos dias. Temos de ir minimamente equipados.

Larry levou-me até uma pequena despensa. Tinha ferramentas e pelo que vi até duas armas. Uma de certo que seria a espingarda que Aaron tinha usado para os ameaçar no dia anterior.

- Temos apenas estas duas armas para os combater. A pistola costumo usa-la eu e a espingarda o meu tio. Vais ter que levar outra coisa qualquer só de prevenção. – Apontou sem destino para o restante material ali reunido.

- Mesmo que quisesse não sou a melhor pessoa a disparar. Só sei o mínimo quando aprendi na caça com o meu pai. Acho que estarão melhor aproveitadas nas vossas mãos. – E dito isso, comecei a observar tudo o que por ali havia. Chaves de fendas, pregos, martelos e outras velharias, mas até onde passava o olhar, não encontrava nada que me inspirasse. Até que o seu olhar se deparou com algo com uma lâmina, um facalhão de metal negro com mais ou menos 20 ou 25 centímetros de cumprimento. Quando peguei nele era leve e prático e talvez me ajudasse a manter aquelas coisas longe. Devia ser daqueles que se usa para cortar madeira ou até carne de caça. Dá para cortar quase tudo.

- Posso levar isto? – Perguntei e Larry desviou o olhar do carregamento da sua arma para examinar a minha. Depois acenou.

- À vontade.

Ainda tinha só visto o tio da família Jackson no dia anterior apenas de vista, lá ao longe. Hoje, quando voltamos à sala com tudo pronto por Larry e eu apenas com o meu facalhão na mão direita, ele finalmente apareceu bem, para que eu pudesse perceber quem era. Relativamente mais baixo que o sobrinho mais velho, que devia ser dois ou três centímetros mais pequeno que eu, assim sendo, talvez o velho tivesse cerca de 5 ou 6 dedos a menos que eu. As entradas do cabelo eram grandes e isso fazia com que a sua testa fosse grande e enrugada. O cabelo fazia onda e era mais volumoso na parte traseira, de cor grisalha. Gordo e de membros pequenos, a roupa que trazia, suspensa por suspensórios azuis caracterizavam-no como um habitual homem do campo. Apertou-me a mão e apresentou-se e eu o mesmo fiz. Pegou na espingarda e olhou para o depósito das monições, conferindo que estava tudo em ordem. Voltou a fecha-la com um clique e apenas esperou que o sobrinho dissesse o que fazer. Algo que eu próprio também fiz. Entretanto os jovens também se aglomeraram connosco à volta da mesa onde tivemos a primeira refeição.

- Não vamos a nenhuma guerra, isto basta. – Comentou Larry, agarrando na pistola. – Não vamos demorar. Aaron, se aparecer mais alguém não saiam de casa nem mostrem a vossa presença. Se aparecerem mais estrangeiros quero conferir primeiro quem são.

- Conta com isso… - Disse simplesmente o irmão dele, como se não estivesse bem a ouvir ou pouco se importasse com a opinião e ordem dele. Mas pelo que sabia ele respeitava o que era dito por Larry. Ter baixado a arma que estava apontada para nós foi uma prova disso.

O primeiro a sair pela porta foi o Jackson novo, depois eu fiquei logo atrás dele a segui-lo e o tio dele vinha atrás de mim, sendo ele a fechar a porta. Estávamos a andar a um passo normal e sem pressas, enquanto Larry nos encaminhava para a casa dos meus sogros. Pode parecer estranho, mas ele sabia mais onde tal ficava, que eu que os conhecia bem. Não sou lá muito bom orientador, afinal no quarto ano a minha equipa foi a ultima a chegar ao fim de uma prova de orientação. A vergonha que sentia em relação a isso talvez me tenha levado a omitir a minha vinda à quinta deles. Tudo o que sabiam era que eu nunca tinha vindo.

Quando ultrapassamos a barreira norte da quinta dos Jacksons e chegamos à propriedade de um outro vizinho, não demoramos muito para encontrar o nosso primeiro inimigo.

- Ali vem um filho da puta… - Comentou Harry e depois continuamos a avançar para ele. Tinha várias tripas de fora e a cara completamente esfolada. A parte da frente da sua cabeça estava quase que só em osso, o que lhe dava um aspecto nojento.

- Bruce, vai tu. Sei por experiência própria que sons os atraem para nós. Enquanto pudermos, gostaria que tirasses proveito desse facalhão. – Disse ele, apontando para a minha arma improvisada. Foram um pouco estúpidos a meu ver. Se sabiam que tiros os atraiam, porque é que não trouxeram facas e coisas assim? Só se me querem ver como vítima… Bem, não quero pensar nisso dessa maneira.

Sai da formação inicial e avancei para o monstro que ao ver-me cada vez mais perto dele, soltava uns grunhidos que davam arrepios à espinha. Ele também avançava, com as mãos para a frente para me tentar agarrar.

- Golpeia-o em cheio na cabeça. Já os tentei balear noutras partes, só os atrasa por momentos! – Gritou Larry atrás de mim. Pelos vistos só sabia dar ordens e ainda por cima quando estava quase a querer atacar aquela criatura num outro local que já estava a planear.

Tinha de deixar o medo para trás, aquilo não era humano e eu tinha que o matar. Não o podia deixar-me atacar nem fazer-me nada. Também porque não apreciaria nada ter um zombie em cima de mim.

O primeiro golpe lancei o facalhão para trás das minhas costas e tentei fazer um movimento que conseguisse dar-me força suficiente para o vencer logo. Mas claro a minha falta de experiência em combates assim e o tremer do corpo, ora pela adrenalina, ora pelo medo do subconsciente, deu uma facada que despedaçou o lado esquerdo da nuca do monstro, mas foi demasiado ao lado e quase que não perfurou nada. Estava a apenas alguns metros dele e quando tentei reaver o facalhão, ele não saiu. O zombie avançou e preparou para me alcançar. Soltei um pequeno grito ao mesmo tempo que ele se lançou e me deitou ao chão. Quando a minha cabeça embateu o solo, vi de relance os Jacksons a avançar para nos alcançar, mas logo depois tive coisas mais importantes com que lidar. Agarrei-me ao peito do monstro que por acaso estava em bom estado, suficiente para impedir que a sua boca nojenta e com cheiro a morte me tentasse morder, como estava a fazer. Continuava a grunhir e eu a tentar fazer toda a força do mundo para o manter assim. Quando comecei a fraquejar, por sorte os meus companheiros já tinham chegado e deram-lhe com o cabo da espingarda na cabeça. Larry retirou-lhe o facalhão da nuca e depois, bem centrado, enfiou-o novamente, num local onde o fez perder qualquer vida que ainda tivesse.

Assim que tal aconteceu, empurrei o corpo morto, ou será duplamente morto? Deixei-o cair no chão ao meu lado e depois levantei-me. Tinha as minhas roupas, tanto as calças de ganga azul, como a camisola branca e o casaco de cabedal, salpicados de sangue.

- Estás bem? – Perguntou-me logo a seguir Larry, analisando estranhamente o meu corpo.

- Estou… o que foi?

- Ele mordeu-te?

- Foste mordido? – Tanto ele como o tio pareciam bem preocupados com tal. Fosse o que fosse, eu estava de consciência tranquila.

- Não, não fui… Mas porquê?

- A mordida torna-te um deles. Se queres manter a intelectualidade, mantem-te longe das bocas daqueles cabrões.

- Farei os possíveis… - Tinha agora mais informações e mais experiência de confronto com eles, mas sabia que não era o suficiente. Ainda me sentia inseguro com tudo aquilo. Pelo contrário os Jacksons estavam confiantes, como se lidassem com eles durante meses.

- A tua falha foi normal. Ninguém está preparado de nascença para isto. – Afirmava Larry, apontando para a criatura morta, quando se agachava e começava a puxar o facalhão negro. – Temos apenas que nos habituar. – Depois de o retirar, ofereceu-mo novamente. E eu aceitei a arma empestada de sangue zombie.

- Espero habituar-me rápido. – Voltei a olhar para aquilo que quase me matara com uma mordida fatal. Tinha estômago forte e por isso não ia vomitar, mas devo dizer que o cheiro era nauseabundo.

Enquanto continuava-mos a avançar, mais daquelas coisas apareceram, cada uma parecia mais feia que a anterior. Pedaços de miolos de fora, bocas deformadas, olhos em falta, ossos à vista, enfim uma panóplia de coisas que preferia não ter que encarar, mas tinha de ser. Por fim a minha habilidade com o facalhão estava a melhorar e cheguei a conseguir matar dois deles de um golpe só no centro da nuca, enquanto tive novamente o apoio de Larry e Harry, quando apenas feri um e ele manteve-se consistente na sua tentativa de me morder. Com um tiro de espingarda, a sua vida foi finalizada. Vi que o rapaz revirou a cara depois daquilo e o velho tio também sentia algum tipo de remorso sobre o que estava a fazer. Realmente nem eu sabia que tipo de humanidade eles ainda podiam ter, mas o que me interessava mais era que não me tornassem um deles para o ficar a saber.

Não demoramos demasiado a encontrar a cerca que separava o caminho que percorriam de quinta em quinta até àquela que realmente nos interessava. Estava tal e qual como eu me lembrava dela, grande, branca e com longas persianas amarelas nas janelas. Não estava ninguém lá fora.

 - Vamos bater à porta e ver o que obtemos. – Quando o Jackson mais novo que me acompanhava propôs tal, eu tive esse plano em ideia como o melhor a executar e acenei em confirmação. Finalmente as minhas pernas estavam a ficar com um menor tremor, mas agora era percorrido todo o corpo com a sensação de adrenalina, devido talvez à minha possível descoberta de Emily.

Bati à porta três vezes como fizera na casa dos Jackson, mas ali, após bater mais 6 vezes, nenhuma resposta obti. Harry contornou a casa de maneira a espreitar pelas janelas e procurar movimento. Fiquei na entrada com o outro jovem, que baixava a pistola, mas não a guarda. Pareciam saber bastante sobre os movimentos dos zombies e eu fiquei admirado como aquelas pessoas tinham aprendido tão rapidamente. Eu ainda sentia suores frios só de ver um.

- Não me parece que estejam aqui. – Comentei, sem mais rodeios. Era mais que obvio que ou tinham fugido ou na pior das hipóteses tinham sido infectados de alguma maneira. Cada vez me parecia mais difícil encontrar a minha noiva.

- Vou ser sincero, não me parece também que esteja alguém por aqui. Estas quintas parecem todas abandonadas e quando não o estão, contam com mais de 5 zombies em cada uma, devido ao facto, muito provavelmente, de os vizinhos terem sido transformados naquilo também.

- É realmente triste este cenário…

- Se o é. – Larry parecia carregar um real desgosto nas minhas palavras. Como se realmente sentisse aquilo na pele ou assim. Decidi não tocar mais naquilo.

E de repente, um grito masculino. Gelei, pois reconheci logo a voz de Harry. Larry ficou também em choque e antes de se lançar a correr para a direcção do som, vi que a sua cara tinha uma grande expressão de terror, algo que não tinha visto durante todo aquele tempo que tive com eles. Segui-o e dei conta que estava a adquirir uma velocidade enorme. Cruzamos a parte esquerda da casa e depois seguimos para a parte traseira, o pior acontecera, o tio estava num confronto directo com dois monstros e já estava no chão, sem conseguir espaço para usar a espingarda. Fomos para perto dele de forma a auxilia-lo. Estava deitado bem perto de um tractor e por isso também era difícil ganhar ângulo total para o alcançar. O jovem não perdeu tempo e pegou na pistola, disparando dois tiros nas nucas de cada um dos zombies. As cabeças ressaltaram e por fim deixaram de se mover. Eu ajudei o homem a retirar as criaturas de cima dele e deparei-me com o pior. A parte direita do seu peito estava parcialmente arrancada e possua uma cor de carne viva. Ele arfava e golfava algum sangue e aquilo foi demais para mim. Tive de me afastar para vomitar sem dó nem piedade. Só passou depois de suster a respiração e tentar mentalizar-me naquilo. Limpei a boca e voltei a olhar para os Jacksons.

O sobrinho pegava na cabeça de Harry e estava a falar com ele. Eu estava longe demais para ouvir tal, mas comecei a aproximar-me para perto deles.

- Ele vai… - Eu sabia daquilo que eles contavam, que a mordida significava tornar-se num deles. Claramente ele tinha sido mordido e não muito futuramente se tal fosse verdade veríamos um novo Harry.

- Vai… - Comentou muito baixo Larry, tentando levanta-lo só com o seu peso. – Ajuda-me Bruce, temos que o levar para casa.

- Para casa?!

- Sim, para casa. Não vou deixar um da minha família morrer aqui e tornar-se um deles! Vou leva-lo até que encontrem uma cura.

- Uma cura!? – Estava cada vez mais estupefacto. Afinal aquilo que eu desconfiava era verdade, aqueles olhares para com os zombies, as forma como os matavam, eles preferiam esperar para cura-los que os matar. Nada mal em relação a isso o que realmente me estava a preocupar era a conversa dele ao dizer para levar um possível futuro monstro para casa. – Larry, pensa bem, ele vai tornar-se num deles, nós não sabemos o que fazer. Mesmo que tenham convivido com eles mais tempo que eu por estas bandas isso não vai mudar em nada o perigo que eu vi que eles constituem.

- Não é nada que não tenhamos já feito e resultado… - Aquilo gelou-me ainda mais. Se estava assustado, o seu rosto frio ao dizer-me aquilo e a interpretação que eu retirava daquilo deixou-me completamente KO. Ele tinha um zombie em casa já e estava com Aaron, Brian e Marie.

- Tu, tu… Merda… - Não disse mais nada. Corri e corri, sabia o caminho de volta. Aquela gente era completamente doida, tinha que sair dali. Não tinha já a certeza de nada, nem se eles mantinham zombies em cativeiro para esperarem a cura, se estavam a planear mais algo. Só queria levar os meus alunos dali, aquilo estava cada vez mais estranho, estranho demais para mim. Saltei a primeira cerca e ouvi o meu nome.

- Bruce! – Larry continuava a gritar, mas eu tinha outra prioridade. De maneira alguma levaria o tio dele, que tinha uma mordedura com todo o tamanho para casa, no local onde todos pensavam dormir. Por mais amigável que fosse, existiam limites.

Não parei até que cheguei à porta dos Jacksons e bati com força uma vez só. Gritei para que ouvissem a minha voz e me deixassem entrar. Quem o fez foi Aaron, que apareceu e ficou a olhar para mim. Entrei sem lhe dizer nada.

- Brian, Marie! – Não demorou muito até que eles aparecerem na ombreira de uma porta. – Vamos embora, arrumem as coisas.

- Porquê? – Perguntou a rapariga, chocada pela minha opinião. Não sabia ela o que se passava.

- Eu não me sinto seguro aqui. – Fui interrompido por Aaron.

- O que se passa, onde está o meu irmão e o meu tio? – Perguntava do fundo da porta, espreitando lá para fora. Não lhe respondi.

- Como assim Bruce? Isto aqui é muito mais que aquilo que tínhamos no carro? – Brian tentava argumentar comigo, mas eu não estava para isso. Mais cedo ou mais tarde Larry voltaria.

- Eu não tenho nada contra eles, mas Harry foi mordido e o Larry disse que o traria para casa. – Os jovens pareceram ficar sem palavras. – Ele deu a entender que tinham outro zombie em casa! – Aaron não esperou muito mais, sacou de uma pistola com um estilo parecido ao do cowboy por debaixo da camisa e apontou-ma.

- Agora que já sabes o que se passa, onde raio está a minha família?! – Estava furioso, eu conseguia quase senti-la. Começou a ir para perto de mim. Já não sabia do que eles eram capazes, por isso tinha de me limitar a levantar as mãos.

- Tem calma Aaaaaaron… Mas porque raios têm um deles aqui dentro e onde?

- Eu fiz-te uma pergunta raios, responde-me! – Apontou com mais afinco a sua arma. Entretanto vi vultos na entrada.

- Nós apenas estamos a zelar pelos nossos. – Larry estava agora na entrada, trazia o tio ajudado pelo ombro. Ainda se movia bem, mas estava agarrado à ferida. – Matar um vizinho é diferente de disparar contra um da nossa família, tu nunca estiveste nessa situação para me dizer o que fazer. – Rebaixei a cabeça, era verdade.

- Apenas quero estar a salvo o máximo possível neste mundo estranho.

- Um mundo que pode mudar se existir algum cientista doido a tratar de uma cura. Mantenho a minha mãe acorrentada numa daquelas salas do fundo até que tenha algo para que ela volte ao normal. A quinta era dela e quando cheguei, já andava a vaguear por ai como uma deles. – Começou a chorar e eu conseguia entender a dor dele. – Não a podia matar… Ela é minha mãe…

- Mas não podia deixa-la simplesmente lá fora? – Brian atreveu-se a perguntar no meio daquela confusão toda e quem respondeu fora Aaron raivoso.

- E tu, colocavas a tua mãe lá fora para que mais um dos ratos da cidade viesse e desse-lhe um tiro na nuca?! – O meu aluno não respondeu. Eu sabia que era porque ainda se sentia abatido por deixar a família numa situação que nenhum de nós sabia ao certo. Mas com as informações que estávamos a receber, algumas esperanças tornavam-se em pesadelos. Ver Emily como um zombie era o meu.

- Aaron, vai busca-la. – Comentou o Jackson do meio e o rapaz assim fez. Correu tão depressa pelo meio de todos nós que não o conseguimos parar. Agora tínhamos a arma de Larry apontada para nós.

- O que pretendes fazer Larry? Ver a tua mãe não vai deixar a situação menos perigosa que aquilo que me parece. Sei a tua dor, mas na minha opinião não estás a zelar pela segurança dos que aqui estão.

- A minha segurança, Bruce, a minha e do meu irmão. – Aquela frase caiu em mim como uma pedra. A situação estava avassaladora. Foi nesse momento que vi que lá fora, Harry estava preso pela mão com uma corda que o jovem segurava e ele lá fora não parecia muito bem. Começava a fazer sons estranhos. Marie tentou abafar o medo, mas Brian teve que a agarrar para que mais ninguém ouvisse o seu desespero. – Se não confiam em nós, desculpem, mas não podem ficar. Deixar-vos ir também é um desperdício, pois são os primeiros vivos que vemos em alguns dias e estamos a ficar desesperados, muito mesmo.

- O que isso quer dizer? – A minha pergunta era mais retórica. Sabia que algo bom não iria acontecer.

- Quer dizer que a minha mãe têm fome e o meu tio terá dentro de minutos. Eles atacam pessoas para comer. Com muita pena vocês serão o almoço adiantado… - Larry tinha mágoa nas palavras, mas não voltava atrás. Chorava mas não largava a corda.


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