Futuro Negro escrita por GDalcin


Capítulo 4
Capítulo 3: Baluarte.




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Eu ouvia as palavras do homem com pesar. Não sabia o que esperar de um vampiro. Ele parecia diferente, tinha uma calma no falar que me enervava. Imaginei que ele pediria dinheiro, já que ele estava malvestido e imundo. O noticiário na TV falava de uma onda de desaparecimentos de artistas, uma reportagem que parecia ter sido feita por um estagiário.

--Desejo que me instrua nos maneirismos da sociedade contemporânea.

--O... quê?

--Jovem Mattheo...

--Matthew.

--Matthyo. Como preferir. Quando se vive tanto quanto eu vivi, você se desapega aos detalhes. Parece que foi ontem que foi construído o motor a vapor.

--Quê? Quantos anos você tem?

--Suficientes para dizer que sou mais velho que você. Você vai me ajudar?

--É... claro.

--Pois bem, vamos então. Você deve estar com sede.

--Na verdade, não. Estou me sentindo bem, senhor Eric...

--Sir Eric, jovem. -- Ele provocou. --Sem sede, você diz? Ora...

--Isso é ruim? Sir Eric.

--Isso é maravilhoso, meu jovem. Mas você tem que se alimentar, de preferência enquanto estou com você. Não quero que passe por isso sozinho. Vamos caminhar.

Sir Eric levantou-se e saiu do café. Eu corri para acompanhar suas passadas largas.

Saímos pelas ruas da cidade, um pouco antes da meia-noite. Ele mantinha-se vigilante para falar comigo.

--Preste atenção... Agora, você é um imortal. Um amaldiçoado. Um vampiro, ou, no seu caso específico, um Caitiff. Antes de sua transformação, você acreditava em vampiros?

--Bom... não. Claro, eles existiam em filmes, mas...

--Exatamente. E agora, você vai, também, prezar por este segredo. Por esta Máscara. Nenhum mortal deve saber da existência dos vampiros... E se nenhum imortal souber de seu Sangue, melhor também.

--E por quê isso? Somos imortais, isso não significa nada? Devemos abandonar nossas vidas, em prol de quê?

--De segurança, meu jovem. Isso fez sentido pra mim, anos atrás, e vai  fazer pra você também. Se você soubesse que vampiros existiam, ia temê-los. Ia abandonar sua vida, trancafiar-se em uma paranóia, sem saber quem de seus amigos era uma sanguessuga amaldiçoada e quem era, como você, parte do rebanho. Isso na melhor das hipóteses.

--E... o que seria pior que isso?

--Seria se você, assim como todos os outros humanos, desejássem a imortalidade. Isso superlotaria o mundo de predadores, e não haveria comida. Além disso, vampiros não procriam. Em poucas gerações, não haveriam mais humanos na terra.

Não soube o que dizer. Estava debatendo o possível fim do mundo, com um vampiro que devia ter pelo menos 200 anos.

--Enfim, nossas outras regras. Você tem todos os direitos sobre aquilo que for seu. Infelizmente pra você, isso significa nada. Cada cidade, grande o suficiente para atrair atenção, tem um Príncipe ou um Barão, um vampiro que comanda a cidade. O que nos leva à terceira regra. Caso você decida produzir progênie, ou Abraçar alguém, como preferir, precisará da permissão de nosso Príncipe.

--E caso isso não aconteça?

--Morte Final, para progenitor e progênie. As próximas regras são mais simples. Cuide de seus filhos, pois seus pecados são teus. Honre teu próximo, ou ele lhe dedurará para o príncipe e lhe ordenará a Morte Final. E não erga a mão contra outro vampiro, salvo raras exceções, que sabemos que não são tão raras assim.

--E... o que é Caitiff? Você disse isso antes.

--Caitiff são vampiros como você, meu pobre garoto, que foram largados à própria sorte. Normalmente, vocês não duram nada, pois atraem atenção demais e são mortos. Os outros vampiros se dividem em clãs, ou linhagens sanguíneas. Recordo-me dos Ventrue, os políticos e nobres, os Brujah, nossos filósofos, dos Gangrel, os caçadores selvagens... e haviam outros. Mas a esta altura, o sangue de Caim já deve ter se diluído a ponto de criar novos.

Isso é muito pra minha cabeça.

--E agora, você vai agir. Para sugar sangue, basta que você se aproxime o suficiente da presa. Após o contato inicial, os mortais não resistem. É casado?

--Quê!? -- Eu exclamei encabulado. Eu poucas vezes sequer havia ficado com meninas, quanto mais ser casado. --É claro que não.

--Na sua idade? Tempos contemporâneos, é mesmo. Bom, então não se acanhe. Vejo um rapaz do outro lado do muro. Urinando, o verme. Mas não importa. Agarre-o por trás e morda o pescoço, e lamba o ferimento quando terminar. Não sugue tudo.

Ouvir tantas expressões de duplo sentido de alguém tão mais velho era desconcertante. Eu ia ter trabalho ensinando ele sobre os dias de hoje. E Sir Eric podia ver atrás de paredes, o que era estranho, mas esta noite, não importava.

O rapaz, que tinha a minha idade ou um pouco mais, realmente não mostrou resistência, estava bêbado e distraído. Não suguei muito de seu sangue, mas o que tirei dele foi inebriante. Me senti renovado, forte como nunca. E percebi que realmente estava com sede. O rapaz caiu ao chão, desmaiado.

--Oh bem, nem todo cão sarnento é inútil, pelo que podemos ver. Vamos garoto, agora vou-lhe ensinar a usar o sangue.


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