We Found Love In A Hopeless Place escrita por Mari Kentwell Ludwig


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu sei que demorei pra postar de novo, mas é que o meu computador tinha pifado e foi pro concerto e só voltou por agora. Me desculpem por isso! Mas agora eu ganhei um notebook -EBA!- então agora eu vou escrever bastante, principalmente porque agora dá pra escrever em qualquer lugar! ;D hahaha mais uma vez eu peço desculpas mas espero que gostem. Bjs



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-O que houve, Cato? – Pergunta Clove me seguindo.

-Não quero ver a entrevista do Peeta. – Digo sem pensar ao certo.

Entramos no compartimento e Clove me olha com aquele olhar de quem não foi completamente convencida.

-Que foi? – Pergunto entre os dentes, sentado na cama. Eu quero sair daqui. Desse lugar enfiado na terra. Quero voltar para o Distrito 2 e tenho certeza de quando eu estiver chegando em casa, meu pai estará lá esperando por mim e vai me perguntar como foi o meu dia. A ficha ainda não caiu pra mim, isso é certo.

-Eu que te pergunto. Eu sei que tem sido difícil. Eu também odeio tudo isso, de verdade. Eu queria estar lá no 2 agora, independente de tudo o que está acontecendo. Mas a gente não pode ir pra lá... você sabe disso.

-Eu sei.

-Cato... – Ela diz se sentando do meu lado, sua voz quase inaudível.

-Clove, quando que você começou a treinar no 2?

-Não lembro direito. Eu já te falei sobre isso.

-Foi por causa de seu pai, não foi?

-Foi sim. – Ela esfrega o nariz e apoia o rosto nas mãos.

-Por que eles fizeram isso com a gente? – Pergunto de forma tão inocente que chega a parecer estúpido. É porque isso estava agarrado na minha garganta e tinha que sair.

-Nos mandaram pro treinamento?

-Nos mandaram pro treinamento, ensinaram que isso era certo e fizeram-nos ter vontade de matar pessoas. – Digo chegando enfim a conclusão pela qual eu procurava.

Ninguém nunca gostou do 2, dos Carreiristas como um todo. É por que nós matamos sem receio. Mas acho que é difícil você assumir outra posição a respeito disso, quando você nasce sendo criado assim. Subitamente a figura do garoto do 4 decapitado surge na minha mente. Ele deveria ter uns 12 anos, nem dava para ser chamado de Carreirista. Eu não o queria na aliança, então o matei quando tive a primeira chance. Ele com certeza tinha uma família do Distrito 4, desacreditada na possibilidade de que ele voltaria. Eles devem ter chorado por ele naquele momento eu que seu canhão soou. E é claro, devem ter entrado na lista de pessoas que me odeiam. Mas ele foi só um de um grupo de cinco, eu acho. Talvez pareça pouco para um veterano dos Jogos. Mas não pra mim, um garoto de 16 anos, preso em um lugar que ele jamais imaginaria existir, sem família, sozinho enquanto pessoas tentam manipulá-lo para conseguirem o que querem.

-Não parecia tão horrível quando a gente via pela TV. E o pior de tudo é que eles estão comigo sempre. Toda noite eles aparecem nos sonhos. – Diz Clove esfregado rosto.

Ódio e vergonha talvez pareçam palavras muito vagas para definir o que sinto por mim mesmo agora. Sobre aquela ideia de querer sair daqui e ir para outro lugar, bem, isso não iria mudar nada, pois não se pode fugir de si mesmo. Apertar a cabeça entre as mãos ajuda e voltar à realidade.

-Mas não se pode mudar o passado. – Ela diz tirando minhas mãos pressionadas na minha cabeça.

Pela primeira vez em muito tempo eu olho realmente dentro dos olhos dela. Acho que aquela garotinha que tinha medo de Colheitas ainda está ali dentro. Talvez o garotinho que apostava corrida com a garotinha também ainda esteja aqui dentro em algum lugar.

Quando nos foi feita a proposta de lutar ao lado dos rebeldes e vencer a Capital, eu já sabia que eu com certeza eu não faria aquilo por nenhum rebelde e nenhuma promessa de futuro próspero. Faria aquilo pelas pessoas que eles arruinaram. Adiciono Clove na lista, será por ela que eu lutarei também.

Por que agora minha sede não é por sangue. É sede por vingança.

-Eu vou aceitar a proposta de Plutarch. E você?

-Com você, qualquer coisa. – Abraçamos um ao outro sem hesitar.

-Vamos torcer por termos que voltar lá amanhã para dizer isso ao Plutharch.

Decidimos cumprir com nossa última tarefa do dia. Seguimos para a lavanderia e lá ficamos encarregados de dobrar as roupas lavadas. Olho de relance para a bomba de água, onde eu me escondi. Sacudo a cabeça para me livrar da ideia.

Depois de tomar um banho em seguida, nos encontramos no compartimento outra vez.

No procedimento padrão, as luzes se apagam e o medo de fechar os olhos me possui e ao que parece mantê-los abertos não muda nada.

Me enrolo no cobertor e o cansaço me vence.

Meu pai me grita de algum lugar distante. Olho para trás e o garoto do 6 me persegue com um machado e com a faca que ele me roubou do treinamento. Sua boca está coberta de sangue e seus olhos estranhamente escuros. Corro desesperadamente tentando encontrar meu pai até que uma mulher de cabelos negros e olhos azuis aparece. O garoto do 6 lança seu machado na minha direção mas a mulher se joga na minha frente e o machado se crava em seu peito. O garoto dá um grito bizarro e eu volto a correr. Quando olho para trás, avisto meu pai com uma aparência muito mais jovem, ajoelhado ao lado da mulher que ele chama de Colin. Colin... Antes que eu possa pronunciar a palavra que me vem à mente, o garoto do 4 aparece e rasga minha garganta com uma espada. O sangue quente molha meu rosto enquanto observo ao longe a mulher se esvair enquanto meu pai chora por ela.

-Mãe! – Digo a palavra no mesmo momento em que pulo da cama, com o sonho ainda fresco na mente.

-Cato? – Diz Clove sonolenta.

-Está tudo bem. – Digo analisando a escuridão do quarto.

Clove voltou a dormir. Me encolho na cama de novo, completamente certo de que não voltarei a fechar os olhos hoje. Minha respiração rápida faz com que eu tenha que me virar para conseguir me sentir melhor. Era ela, era minha mãe. Agora que eu sei quem era, tudo se torna muito mais horrível. Meu pai chorando por ela... Meu pai que agora se tornou um corpo morto largado em algum lugar por aí.

Eu cochilei. Quando acordo minha boca está com gosto de sangue. Minhas mãos estão dormentes, tão fechadas que o sangue parou de correr para os meus dedos. Depois de muita reclamação consigo abri-las novamente. Meus olhos estão inchados depois de ter chorado ainda mais enquanto tentava não fechá-los.

Me sento na cama sentindo uma angústia estranha por estar no escuro. A roupa fica colando no meu corpo com o suor e eu tiro a camisa antes de me deitar de novo. Tapo a cabeça com o travesseiro e peço seja lá a quem for para que se eu voltar a dormir, que eles, por favor, não voltem.

Acordo as seis, logo quando as luzes se acendem.


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Notas finais do capítulo

Eu quero comentários!