We Found Love In A Hopeless Place escrita por Mari Kentwell Ludwig


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu voltei! Eu sei que fiquei MUITO tempo sem postar mas agora eu tô de volta e vou voltar a postar os capítulos regularmente. É que agora tá nessa época de férias e eu andei viajando então nem dava para escrever. Em uma dessas viagens até tinha computador pra mim poder escrever mas eu acabei passando mal por causa de uma lasanha que eu comi (só eu mesmo pra conseguir passar mal por causa de uma lasanha de queijo e presunto) então eu ficava deitada o dia inteiro. Mas agora eu já tô bem e voltei pra minha casa, e dediquei todo o meu tempo na fic. Esse capítulo tá beeem grande então acho que vocês vão gostar. Boa leitura! ♥



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Acordo assustado. Mas ainda está escuro. Minha roupa cinzenta está suada e então me lembro do que me assombrava. Um sonho. Na verdade, esse era digno de se chamar pesadelo. Nunca fui de ter pesadelos. Às vezes me assustava com algumas coisas idiotas com as quais eu sonhava quando criança. Mas depois disso, o cansaço dos treinos me vencia e eu não tinha tempo pra sonhos.

Mas esse foi diferente. Eu estava na arena. Corria desesperadamente de monstros bestantes, mas eu tropeçava e quando isso acontecia um deles vinha e me feria. Isso se repetia até que eu não pudesse mais fugir então eles me jogaram no chão e me dilaceraram vagarosamente. Quase podia sentir seus dentes afiados arrancando minha pele.

A luz fluorescente se acende na minha cara. Agora são 6:00.

–Droga... – Praguejo enquanto afundo a cara no travesseiro. Gostaria muito continuar dormindo...

–Anda, a gente tem que ir lá tatuar nossos braços. – Diz Clove saindo do banheiro.

–Você já está acordada? – Pergunto meio pasmo esfregando os olhos.

–Acordei quando ainda estava escuro. Não consegui dormir de novo então de qualquer forma não foi um grande esforço ter que levantar quando as luzes se acenderam.

Acho que não sou só eu por aqui que está tendo o sono atormentado.

Me levanto ainda muito sonolento. Vou em direção do banheiro, mas no meio do caminho me lembro de que só vou tomar banho no fim do dia. Droga, outra vez.

Como não temos mais nada a fazer no compartimento, nós seguimos para receber a programação de uma vez.

Café da manhã: 7:00

Centro Educacional: 7:30 – Sala 9

Almoço: 12:00

Banho de Sol: 12:30

Meditação: 18:00

Jantar: 18:30

Tarefas de Cozinha: 19:00

Banho: 22:00

Voltar ao compartimento: 22:30

Interessante: depois do almoço terei um Banho de Sol na superfície – lugar de onde sinto muita falta – que aparentemente irá durar bastante.

Seguimos até o refeitório e pegamos uma bandeja com uma fatia de pão, um copo de leite e alguns biscoitos de aveia. Até que não está tão ruim. Só de ver essa pequena porção já consigo sentir que gostaria muito de poder repetir depois. Mas isso não é possível aqui. Você é proibido de repetir e de sair do refeitório portando comida. Cada refeição contém a quantidade ideal de calorias e nutrientes calculadas individualmente de acordo com o peso, altura e gasto de energia necessário de cada habitante. Outro tipo de racionamento, em minha opinião, horrível e desnecessário.

Enquanto comemos, verifico a programação de Clove. Está igual a minha de novo.

Quando terminamos, seguimos para a aula de História Nuclear. Depois de nos sentarmos novamente no fundo da sala, me ajeito na cadeira e deito a cabeça em cima dos braços, sobre a mesa para esperar até que o resto chegue.

Minhas pálpebras estão tão pesadas que acabo dormindo antes mesmo da aula começar.

–Cato! – Diz Clove sacudindo meu ombro. – Parabéns, Bela Adormecida. Você dormiu a aula inteira.

–Como? – Pergunto esticando minhas costas doloridas.

–Você deitou aí e apagou. Sorte sua que a aula hoje não foi com Soldado Bentley.

–Não foi? – Continuo o questionário com os olhos embaçados.

–Não! – Ela responde sem conseguir conter um sorriso. – Hoje foi uma tal de Soldado Wastell. Uma velhinha que deve ter uns oitenta anos de idade. Sorte a sua de que a percepção dela não é muito aguçada, senão ela te pegaria dormindo na aula e você estaria encrencado.

–Sorte a minha! – Digo abrindo um enorme sorriso.

–Vamos. – Diz Clove rindo também.

Acho que essa cochilada foi mais prejudicial do que benéfica. Minha coluna dói.

Quando chegamos ao refeitório, por incrível que pareça, não estou com nenhuma fome em especial. Um cozido de abóbora não muda muito meu apetite. Uma verificada na minha programação renova minhas energias: uma visita à superfície. Termino de comer rapidamente, ansioso para poder respirar ar puro.

–O que deu em você? – Pergunta Clove quando eu termino de raspar minha tigela.

–Nada. Só estou ansioso para colocar o bronzeado em dia. – Digo com sarcasmo.

–Ah sim, o Banho de Sol... – Ela diz com um pouco de entusiasmo.

Quando terminamos e o sinal soa indicando que devemos voltar para nossas respectivas atividades e eu e Clove nos dirigimos ao elevador designado que nos levará a superfície.

A luz e o calor do sol me fazem me sentir muito melhor. Talvez eu esperasse um amontoado de ruínas cinzentas, mas não é isso que encontro aqui.

Um pátio gigante e aberto, rodeado de cercas altas com arames no topo. No portão, vigilância vinte e quatro horas. Só pessoas autorizadas entram e saem. Isso me dá uma sensação de prisão.

Na minha direita fica a construção que é denominada de Quartel General. É lá que eles treinam os rebeldes para a guerra.

Um grupo de pessoas está junto conosco.

–Ah, então é isso. – Diz Clove olhando ao redor.

–Bem vinda ao 13. – Respondo colocando a mão sobre os olhos tentando bloquear a luz forte do sol.

Observo novamente minha programação. De acordo com ela, teremos a tarde inteira aqui. Mas só esses poucos minutos já foram bastante para me deixar com calor.

Uma tentativa de enturmação com o resto do grupo seria inútil, já que quase todos por aqui nos olham com desprezo.

Permanecemos no sol até que um homem de meia idade com os cabelos bem aparados se aproxime.

–Cato Hadley e Clove Kentwell? – Ele pergunta estendendo a mão para um cumprimento, o que me deixa meio surpreso.

–Sim. – Respondo aceitando o cumprimento.

–Podem me seguir, por favor. – Ele diz se virando e indo em direção ao Quartel General.

Quando alcançamos o pátio do quartel – que está cheio de soldados – o general que vim a descobrir que se chama Adryan, nos guia até uma sala com vista para a floresta que circunda o 13.

–Coin me pediu para que ingressasse vocês o mais rápido possível no quartel.

Coin? Bom, pelo que sei ela é a governante do 13 e aparentemente, uma das idealizadoras da rebelião. Mas por que ela estaria gastando seu tempo conosco?

–Ela quer que nos tornemos soldados? – Pergunta Clove.

–Todos por aqui com idade acima de 14 anos podem começar no treinamento. Aqui se aprende como usar uma arma, lutar em batalha, se esconder, coisas do tipo. E pelo que sei vocês já tem idades o suficiente para isso. Pela formação de vocês, é de se imaginar de que serão bem úteis.

–Acho que não é uma má ideia. Quando começamos?

–Agora.

Já com nossas roupas escuras do quartel e botas, fazemos a formação com os outros no pátio. Uma mulher também de meia idade, Soldado Jackson, toma frente e começa a falar.

–Vocês já sabem o porquê de estarem aqui no quartel do 13. E se estão no 13, provavelmente também estão à favor da causa rebelde. Se não estão, é bom se tornarem, pois aqui vocês serão treinados para lutarem e darem suas vidas em nome disso. Aqui vocês se tornarão soldados. Aprenderão como matar e sair vivo. Aprenderão a lutar nas batalhas, como usar uma arma e principalmente, como morrer.

–Como morrer? – Pergunta um garoto baixinho no meu lado, na linha de frente da formação.

–Sim. Aqui vocês também terão acesso à informação confidenciais dos rebeldes. Planos de batalha, estratégias e códigos. Caso algum de vocês seja capturado pela Capital, vocês serão torturados até serem extraídas todas as mínimas informações que tiverem. E nós não vamos fornecer tudo isso a vocês para depois ver tudo perdido. Por tanto vocês receberão cada um, uma pílula que acabará com a vida de vocês em um minuto caso seja preciso. Mais alguma pergunta? – Ela diz se afastando do garoto e olhando vagamente pra mim, como quem diz: “Ah, é você.”

O silêncio paira sobre nós.

–Vamos começar com alguns exercícios.

Começamos correndo em volta do pátio umas dez vezes. E temos que contar com fato de que o pátio é bem grandinho. Depois, exercício de fortalecimento, como ir de um lado para o outro em uma barra de ferro há três metros do chão, usando somente a força dos braços. Me saio bem nessa.

E então começamos a receber nossas primeiras lições de como montar uma arma. Quando terminamos, o sol já está se pondo e eu estou pingando suor. Somos liberados do quartel general e voltamos para o subsolo. As outras pessoas que estavam no meu grupo quando vim à superfície com Clove não estão mais no pátio e nem estavam no quartel, o que me leva a pensar de que o banho de sol delas deve ter sido bem mais curto do que o nosso.

Já é hora de Meditação. No nosso compartimento lavo o meu rosto na pia e Clove também. Nos sentamos na cama um tanto exaustos.

–Agora sim temos algo pra fazer o dia todo. – Diz Clove.

–É quase como treinar para os Jogos. – Digo me lembrando. Então me bate a curiosidade de saber como a Capital está se virando para tentar explicar aos seus habitantes o que aconteceu na última noite na arena. Não sei o que inventaram, mas tenho quase certeza de que eles não falaram ainda sobre a rebelião.

–Estou faminta.

–Só uma hora e nós vamos receber nossa gororoba!

Começamos a rir até que alguém bate na porta.

Trocamos olhares desconfiados e eu me levanto para abrir. Quando abro, encontro Soldado Hawthorne.

–Boa noite, Cato. – Ele diz com um sorriso forçado.

–Boa noite. – Respondo mantendo a mesma feição desinteressada.

–A presidenta Coin pediu para que vocês dois – Ele diz apontando para mim e para Clove que já se levantou da cama e está se encaminhando para ouvir a conversa também. – se apresentem amanhã no Comando, após o café da manhã.

–Comando? – Repito em tom questionante.

–Sim. Podemos nos encontrar na porta do refeitório às 7:30 e eu os guiarei até lá.

–Combinado. Mas você pode me dizer o porquê disso? – Eles não se deram o trabalho de nos informar sobre nada desde que chegamos e agora convocam uma reunião secreta na qual eu e Clove estamos inclusos. – Não era Katniss quem importava?

A pergunta parece fazê-lo se irritar.

–É ela quem importa. – Ele responde com superioridade, aparentemente se segurando para não tentar me esganar. Se ele fizer isso, estarei pronto para esganá-lo também. – E eu não tenho permissão para fornecer nenhuma informação a vocês agora. Nos encontramos no refeitório às 7:30. – Ele termina e se retira enquanto aperta alguns botões em um aparelho que mais parece um relógio de pulso maior que o normal. Pelo que aprendi no Centro Educacional, acho que é um comunipulso.

Fecho a porta ainda confuso. Me sento na cama com as mãos na cabeça. Algo não está me cheirando bem nisso tudo.

–O que foi? – Pergunta Clove se sentando ao meu lado.

–Nada. – Respondo sacudindo a cabeça para abandonar as possíveis possibilidades.

–Não se preocupe. Isso deve fazer com que a gente compreenda mais isso tudo.

–Tomara. – Digo envolvendo Clove nos meus braços.

–Tomara. – Ela repete com um suspiro.

Quando chega a hora do jantar, nós nos encaminhamos para o refeitório e lá pegamos nossas porções de sopa de ervilha com suco de maçã e pedacinhos de torrada.

Enquanto como começo a ficar meio ansioso pra tal reunião no Comando. Espero que as nossas outras perguntas sejam respondidas.

Acabo queimando a língua quando por pura falta de atenção enfio uma colherada de sopa quente na boca.

Depois de comer, seguimos para lavar os pratos nas Tarefas de Cozinha.

Passamos em nosso compartimento para recolher nossas toalhas, escovas de dente e a roupa limpa para o Banho, às 22:00.

Quando acabo o banho e coloco a roupa, opino por usar a bota – que se parece com a que usamos no treinamento antes dos Jogos, na Capital – ao invés do sapato estranho fornecido pelo governo. Coloco a roupa junto com as outras e volto para o compartimento.

Clove logo surge pela porta, com os cabelos soltos.

–Demorei? – Ela pergunta arrumando o cadarço de sua bota.

–Virou moda? – Pergunta meio sarcástico ao perceber que ela também ficou com as botas.

–Acho que entre nós dois sim. – Ela responde percebendo minhas botas também. – Será que vamos encontrar nossas famílias lá? – A feição descontraída desaparece de seu rosto.

–Eu não sei Clove. Mas eu prometo que nós não vamos sair de lá sem pelo menos uma informação sobre eles.

Uma pontinha de felicidade aparece nela, mas logo desaparece.

–Não consigo mais dormir direito. Tenho a impressão de que alguém vai aparecer a qualquer momento e me apunhalar pelas costas. – Diz Clove.

–Isso não vai acontecer. Nós estamos seguros aqui e eu estou com você.

–Eu sei disso. – Ela esfrega os olhos. – Eu tive um pesadelo com ele na noite passada.

–Ele quem?

–Thresh. No sonho ele estava com a minha faca cravada no rosto, era horrível, mas ele não estava morto. Eu gritei por você, mas você não apareceu e ele bateu aquela pedra na minha cabeça.

Me lembro dos gritos desesperados de Clove quando ela quase foi morta por ele. E eu não estava por perto para ajudá-la. Se dependesse de mim naquele momento, eu não teria conseguido chegar a tempo. E isso teria acontecido.

–Mas eu sempre vou estar por perto, Clove. Eu prometo pra você. – Digo abraçando-a.

E então ela me pega de surpresa de com um beijo. Nossos lábios se encostam, mas ela se afasta rapidamente.

–Eu precisava fazer isso. – Ela diz mantendo nossas testas encostadas.

–Tinha medo de que você nunca mais fizesse de novo. – Digo beijando-a de verdade.

Então as luzes se apagam.

–Nós precisamos dormir. – Diz Clove sorrindo.

–Eu sei. – Respondo também rindo, mas consigo um último beijo antes de ela se deitar.

–Você se importa de ficar acordado até que eu durma? – Ela pergunta, parecendo ainda amedrontada com a possibilidade de alguém apunhalá-la pelas costas enquanto dorme.

–Não. Vou ficar aqui com você. – Digo me deitando ao seu lado.

Ela dorme em alguns minutos, e eu começo a dormir também.

Acordo com a minha cara no chão. Outro sonho me atormentou. E eu acabei caindo da cama. Fico rindo um pouco pensando na cena. Olho para cama, mas Clove nem se mexeu. Vou para a minha cama e prefiro ficar lá antes de acabar acordando ela.

Dessa vez o sonho envolvia Glimmer e Marvel. Enquanto eu e Clove estávamos dormindo, eles nos mataram nos apunhalando pelas costas, exatamente como Clove teme que aconteça. Sento na cama olhando para a escuridão quando tenho a breve impressão de ter visto um vulto de cabelos loiros, como os de Glimmer. Me levanto da cama e vago pelo quarto até me convencer de isso fora só a minha imaginação.

Volto para a cama, mas só de virar para o lado, tenho a impressão de alguém se aproximando.

Tento manter o ritmo da respiração normal, mas continuo ofegante, com os músculos retesados, pronto para um possível ataque. Mas obviamente, isso não acontece.

Quando as luzes se acendem de manhã, percebo que não dormi por um segundo sequer. Devo estar começando a ficar louco.

–Cato? – Pergunta Clove me resgatando do além.

–O que?

–Você dormiu bem?

–Nem dormi. – Respondo me levantando e calçando as botas de novo.

–Foi por minha causa? – Ela pergunta também calçando as suas.

–Claro que não. Não foi nada, só perdi o sono.

Tatuamos nossas programações e nelas vemos que devemos comparecer ao comando depois do café da manhã como Soldado Hawthorne disse.

Seguimos para o refeitório. O sono começa a me atingir. Mas eu não posso dormir agora.

Como minha porção tentando me manter acordado. Quando terminamos encontramos com Soldado Hawthorne na porta do refeitório.

–Bom dia. – Ele diz mantendo-se sério.

–Bom dia. – Digo a ele também, porém só por educação.

–Podemos ir? – Pergunta Clove.

–Vamos. – Diz Gale seguindo em frente. Ele parece só um pouco mais velho que nós. Diria que tem uns 18 ou 19 anos. Mas isso não faz dele melhor do que eu.

Caminhamos em silêncio até uma sala completamente high-tech. Cheia de computadores, telas, estatísticas e mapas por toda parte. No canto uma televisão ligada que está aparentemente transmitindo a programação da Capital.

No centro, uma enorme mesa de reuniões com todas as suas cadeiras ocupadas e todos os pares de olhos em cima de nós.

–Ah, ótimo! Agora podemos começar. – Diz um homem que não me é muito estranho sentado em uma das cadeiras. Pelo visual, já dá para julgar que era um habitante da Capital. – Sentem-se, por favor.

Nos sentamos nas três cadeiras que foram reservadas para nós. Só então paro para observar os outros ocupantes da sala. Entre eles, um rosto extremamente familiar: Finnick Odair. Mas o que ele está fazendo aqui? Seja lá o que tenha acontecido a ele fez com que ele fique completamente acabado. Sem contar que também está sentado em uma cadeira de rodas.

–Bom, eu sou Plutarch Heavensbee e aqui é o Comando, como vocês já devem saber. Nós convocamos essa reunião para colocar vocês informados sobre tudo o que está acontecendo. – Ele diz olhando para mim e para Clove. Agora eu sei de onde o conheço. Se não me engano, ele fez parte do time de Idealizadores dos Jogos na 74ª edição. Lembro dele nas sessões individuas, sentado perto de uma jarra de ponche.

–Comece logo com isso. – Solta Finnick de repente.

–Certo. – Ele diz com um suspiro. – Nós não estamos aqui para culpar e nem julgar ninguém pelos seus atos cometidos. – Já começo a me estressar com o rumo que a conversa vai tomar. É como se ele dissesse: “Nós não vamos chamar vocês de assassinos, psicopatas e sanguinários só porque temos educação, mas na verdade é isso o que achamos de vocês.” – Só queremos ajudá-los e em troca, também queremos/precisamos da ajuda de vocês.

–Talvez estejamos abertos a debate depois que você nos informar do que está acontecendo. – Digo.

Ele solta um suspiro e esfrega os olhos.

–Há alguns anos, nós resolvemos que tínhamos condições de dessa vez, conseguir derrubar a Capital. Então começamos a organizar a rebelião, infiltrando rebeldes na Capital, alguns em cargos importantes, como o meu era. Caso não se lembrem, eu fui um dos responsáveis pelo 10 que vocês dois receberam nas sessões individuais. – Ele diz com um sorriso convencido. – Nós ainda não tínhamos uma previsão concreta de quando a rebelião iria realmente começar, mas já sabíamos que para tudo isso acontecer, nós precisaríamos da ajuda de todos os distritos lutando pela nossa causa. É claro que eles apoiam a tentativa de derrubar a Capital e acabar de vez com toda essa horrível repressão pela qual temos vivido. Mas eles precisam de uma base para então depois seguir lutando ao nosso favor. Pensando nisso, nós nomeamos um líder rebelde em cada distrito, e esse líder terá o papel de recrutar os rebeldes e organizar os ataques, tendo a nossa permissão. – Enquanto ele fala uma mulher ao seu lado – com as bochechas tatuadas com flores prateadas – que imagino ser sua assistente, aperta alguns botões na mesa tecnológica e no centro um holograma surge com as fotos e dados de todos os líderes rebeldes de cada distrito. No Distrito 2, a líder é Lyme, uma vitoriosa dos Jogos. Conheço ela de vista, pois quando ela venceu os Jogos eu ainda não era nascido.

–E a Capital sabe disso tudo e não fez nada? – Pergunta Clove.

–Apenas os líderes do país é que sabem. Mas ainda não estão em total confronto. Achamos que estão se preparando para a guerra, de fato. – Diz a mulher de tatuagens prateadas.

–E o que informação a Capital passou para todo mundo?

–Presidente Snow fez um pronunciamento logo depois, disse que isso fora uma ideia bem arquitetada pelos Idealizadores, disse que tudo não passava de uma preparação para uma grande surpresa no Massacre Quaternário.

O Massacre Quaternário, a versão glorificada dos Jogos que acontece a cada 25 anos em lembrança dos rebeldes mortos. Até hoje já aconteceram dois e no ano que vem seria a 75ª edição dos Jogos, ou seja, mais um Massacre Quaternário.

–Boa mentira. – Digo com sarcasmo.

–Como eu dizia, nós ainda não tínhamos uma previsão de quando iniciaríamos a rebelião, de fato, pois nós ainda precisávamos de algo que pudesse unificar a todos.

–E esse algo se chama Katniss Everdeen! – Diz a assistente batendo palmas freneticamente.

–Certo Fulvia, posso continuar explicando? – Diz Plutarch visivelmente irritado.

–Me desculpe. – Ela diz e logo se endireita na cadeira.

–Fulvia já nos fez o favor de antecipar que Katniss Everdeen era o que estávamos precisando. Com todo o sucesso que ela fez antes dos Jogos, todos se familiarizaram com ela e o seu romance com o tributo de seu distrito, Peeta Mellark, fazendo-a se tornar extremamente querida por todos. Quando vocês entraram na arena e Peeta se aliou – Ele faz uma pausa desconfortável, como se estivesse procurando uma forma de falar. – aos Carreiristas, - Ele solta finalmente.

–Não vejo problema em você mencionar que ele se aliou a nós, pois todos já sabem disso. – Digo meio indignado.

–Certo. Quando ele se aliou a vocês, todos na Capital começaram a achar que ele era um traidor e começaram a patrocinar Katniss, o que foi muito bom para fazer com que ela ficasse viva. Bem depois, quando ela se aliou a Rue e ela então foi morta por Marvel, Katniss o matou e fez um tipo de funeral para a garotinha. Cantou para ela até que ela morresse e depois a enterrou com flores. Foi aí que Katniss conseguiu cativar a todos, mas nos distritos isso não foi só visto como um ato de amor, mas também como um ato de rebelião, como se ela estivesse querendo representar o que estavam fazendo cm as nossas crianças. Como se fosse um modo de dizer “chega”. Então a garota em chamas colocou fogo na mistura inflamável e a coisa toda explodiu. Começou no 11, afinal Rue era de lá, e foi se espalhando logo em seguida para o 8 e 3. E agora todos estão prontos para iniciar uma rebelião, mas para isso precisamos que Katniss concorde em cooperar conosco se tornando o nosso Tordo, a cara da rebelião.

–Mas esse é o maior dos nossos problemas. Ela não quer cooperar. – Diz uma mulher de idade, com os cabelos cinzentos que caem como um lençol sobre seus ombros.

–Ainda não sabemos ao certo, presidenta. – Diz o Soldado Hawthorne. A tal senhora de cabelos cinzentos deve ser Coin.

–Mas nós não dispomos de tanto tempo assim, Gale. – Ela responde. Finalmente descobri o nome dele!

–Nós começamos a traçar um plano para resgatar Katniss da arena, junto com Peeta. Eu e alguns outros rebeldes infiltrados resolvemos resgatá-los na última noite, mas inesperadamente, vocês acabaram vindo de brinde.

–Vindo de brinde? Nós queríamos salvar nossas vidas! – Digo em um tom acusatório. Minha voz soa alto o bastante para voltar todos os olhares para mim.

–Não entenda mal, Cato. – Diz Finnick colocando a mão em meu peito e só então percebo que estava de pé com os braços na mesa e inclinado na direção de Plutarch gritando praticamente na cara dele.

Me sento novamente na cadeira e Clove segura a minha mão por debaixo da mesa. Talvez como um ato de segurança de que eu não vá levantar de novo ou por que ela também está precisando de apoio para não gritar na cara de Plutarch.

Finnick parece o mais próximo de amigo que tenho por aqui, apesar de ter descoberto a existência dele aqui há alguns minutos. Talvez ele seja quem melhor nos entenda por aqui, pois também já foi um Carreirista.

–Só quero ser honesto com vocês, não estava nos nossos planos que vocês viessem e nem que Peeta fosse sequestrado pela Capital. Agora ele pode estar passando por qualquer tipo de tortura, pois estão tentando obter informações dele que ele não possuí! E ele não é o único que está em poder da Capital.

Sinto um frio percorrer minha espinha e minha cabeça começa a doer quando ele fala que não é só Peeta quem está em poder da Capital.

–Quem está lá além dele? – Pergunta Clove soltando minha mão e repousando seus braços na mesa rapidamente a procura de uma resposta.

–Eles estão, ou pelo menos estavam em posse de todos os vitoriosos de todos os distritos. Eles estão sendo torturados, pois a Capital está em busca de informações sobre os levantes, mas eles estão morrendo rápido devido às condições as quais estão sendo submetidos. Alguns rebeldes acusados também estão sendo torturados. Mas os vitoriosos de quem mantemos notícia constantemente são Johanna do 7, Annie do 4 – Assim que ele pronuncia esse nome Finnick parece entrar em colapso. Um homem de branco que estava no canto da sala o puxa pela cadeira de rodas e o leva para fora do Comando. – E Enobaria do 2.

Um alívio aparece dentro de mim em saber que ela está viva, mas só de lembrar de onde ela está e pelo quê está passando, já começo a sentir uma estranha sensação de desespero.

Clove se encosta na cadeira, completamente perplexa e eu devo estar do mesmo jeito ou pior, pois uma mulher que estava sentada no meu lado começa a olhar meio preocupada para mim.

Plutarch e Coin trocam olhares hesitantes e uma nova onda toma minha mente.

–Onde está meu pai? – Pergunto me reclinando na mesa, e não e preocupo em demonstrar todo o desespero e dor que estou sentindo agora.

Coin se ajeita na cadeira e aperta alguns botões na mesa a sua frente e volta o olhar para nós. Começo a sentir meus músculos se retesarem de novo, antecipando o que está por vir.

–Depois que vocês foram resgatados da arena, a Capital agiu mais rápido do que imaginávamos. Tratou logo de capturar os vitoriosos, como já foi dito, incluindo Brutus. Também capturou as pessoas que eles julgavam ser de algum uso. Inclusos nesse grupo estavam a família de Clove e pessoas próximas dela, seu pai, a família de sua mãe e seu amigo Joe. – Uma angústia horrível se aloja dentro de mim, mas não dura muito tempo, pois logo ela se perde em meio de tanta dor. – E infelizmente, todos eles foram executados.


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Notas finais do capítulo

Eu tava pensando sobre a fic e achei que vocês devem estar pensando: "Nossa que fic chata, quase não tem Clato! Eles quase nem se tratam como se um amasse o outro e etc..."
Bom gente, na minha fic o Clato tá andando mais devagar por que, na minha opinião, Clato é algo que se desenvolve durante a história, entendem? Como o próprio Peetniss da tia Su, que também vai se desenvolvendo através da trama. Então gente, não se preocupem que eu vou tratar de fazer esse meu Clato se desenvolver pra vocês ficarem felizes, certo?!
E eu quero comentários hein?!!! Outra coisa que as vezes me deixa desmotivada pra escrever é o fato de quase ninguém comentar a fic... Então não esqueçam de deixar a opinião de vocês pra mim, por favor!
P.S.: Quem achar que eu tô demorando demais pra postar, pode me mandar uma mensagem pedindo capítulo, tá?! haha eu não me importo e vou saber que tem gente que realmente tá lendo e tá gostando.
Quem também preferir, é só me mandar uma mensagem no Twitter: @marisguedes_ @clatoforever ou @_Teleguiada_ segue lá também!
Bjss gente e obrigada pela leitura! A gente se vê em breve!