Love, Rock And Roll And Changes escrita por KarinaSantiago


Capítulo 2
Capítulo 2- Caranga Nova e Conhecendo Ele


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo já postado



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– Bells, filha. Quanta saudade!
Ah, não. Que merda. Charlie ainda me chamava daquele apelido ridículo. Bells é nome de jingle de natal, pelo amor de Deus.
– Oi, Charli... quer dizer, pai. – Droga de costume. Esqueci que Charlie não gosta que eu o chame pelo nome.
– Nossa! Como você cresceu. Bom, ainda é pequena, mas cresceu um bocado. E como está linda. Tão parecida com sua mãe...
A pior parte de reencontrar um parente é sempre essa. Eles te constrangem com comentários sobre como você cresceu ou está bonita e blah blah blah.
– Valeu, valeu. E você também não está nada mal. Ei, espere. O que é isso? Uma ruga? Sacaneei o velho.
Ele pigarreou vermelho.
– Impressão sua, Bella. Impressão sua.
Eu ri.
– Bom, vamos indo. Tenho uma surpresa pra você. - Ele chamou me ajudando a levar as bolsas.
– Ah, sim. A surpresa da qual Renée falou...
– Ela não disse o que é, disse?
Não falei que a coroa sabia do que se tratava.
– Não, não. Ela só disse que você tinha uma surpresa pra mim. O que é?- Perguntei ansiosa.
Charlie balançou a cabeça.
– Não. Se eu te falar, não será mais uma surpresa. Tenha paciência, Bells.
Fechei a cara. Bells, paciência. Duas palavras que eu não gosto.
Fomos na viatura ca-fo-na dele. Puta Merda. Quem me visse ali, até pensaria que eu era uma presa beneficiada que podia andar na frente.
– Então, como está a sua mãe? – Perguntou depois de um tempo um silêncio.
– Está bem. Na mesma de sempre. – Respondi simplesmente.
– E ela está feliz com Phil?
Meu Deus! Charlie podia ao menos disfarçar seu interesse pela vida da minha mãe.
– Está. Só não me pergunte como. Aquele imbecil está cada dia mais imbecil.
– Bella! Não me diga que você ainda fica implicando com o marido da sua mãe.
Bufei, cruzando os braços.
– Não comece pai. Não adianta. Eu nunca vou me dar bem com aquele traste.
Charlie balançou a cabeça, mas preferiu não discutir mais. Ele sabia que era inútil tentar me fazer gostar do meu odiado padrasto.
Olhei a paisagem da janela e me acalmei. Todo aquele verde era familiar, chegava a ser reconfortante. Ali, em Forks, apesar do frio, chuva e tédio exagerados, eu me sentia em casa. Ali eu realmente tinha um lar.
Liguei o rádio do carro e me animei na hora. Estava tocando Smells Like Teen Spirit do Nirvana.
– Huhuuuu! Nirvanaaa!
Aumentei o volume e cantei junto com a música.
– Bella, ficou maluca? Abaixe esse som.
– Por quê? Qual é, pai. É Nirvana. Nirvana. Esse som é demais.
“With the Lights out it's less dangerous Here we are now entertain us I feel stupid and contagious Here we are now entertain us A mullato an albino A mosquito my libido yay”
Gritei o verso insano, escrito pelo mais insano ainda, Kurt.
– Abaixe esse som, Bella. As pessoas vão pensar que eu estou fazendo algum tipo de propaganda maluca. Sou o chefe de polícia, não posso me dar a esse luxo.
Fala sério. Porque todos fazem isso comigo?
– Tudo bem. Pronto. Tá bom pra você?- Indaguei já sem humor.
– Ufa! Sim. Meus ouvidos agradecem. Não me leve a mal, querida. Não é nada contra seus gostos musicais. É que vamos combinar que uma viatura da polícia tocando Nirvana nessa altura não pega nada bem, certo?
Suspirei. O coroa tava certo.
– É, tem razão.

Uma hora depois, chegamos à casa de Charlie. Ela ainda era a mesma. Branca, meio amarelada e dois andares. Era a mesma, exceto pela caminhonete preta que estava parada no meio fio, em frente á casa. Espere aí, se Charlie tem uma caranga maneira daquela, porque ele foi me buscar com aquela viatura brega?



– Então, gostou do seu presente? – Ele perguntou do nada.
– Que presente? – Eu fiquei confusa.
– Como que presente! Sua caminhonete, ora.
PUTA QUE PARIU RESSUSSITARAM O JIMMY! *
– É sério?
– Sim, essa era a surpresa que eu tinha pra você. Uma caminhonete chevy. Ela é meio antiga, mas funciona perfeitamente bem.
O que eu ainda tava fazendo dentro do carro?
– AHHH. É minha, é minha. Sai, sai. É minha.
Corri feito louca em direção ao meu, MEU carro. Praticamente babei em cima da lataria. Puta merda, meu próprio carro. E que carro. Eu não dava a mínima se era antiga ou não. Na verdade, eu até preferia os antigos. E caramba, aquela picape era uma verdadeira relíquia.
– Gostou?- Charlie manteve distância enquanto eu me descabelava em cima do meu presente.
– Se eu gostei? Puta merda, eu amei Charlie.
– Que bom que você gostou. Agora controle o linguajar, mocinha. E me chame de “pai”.
Ai, eu não ia mudar meu vocabulário. Charlie é quem ia ter que se acostumar.
–E de quem era?
– Era de Billy Black, lembra-se dele?
– Sim.
Mentira. Eu não fazia ideia de quem era.
Ai, ai. Já podia até me imaginar dirigindo aquela caranga. Bella+caminhonete preta= muito fodaaa.
– E quando é que eu vou poder dirigir essa belezinha?- Perguntei alisando o capô.
– Bom, que tal você arrumar suas coisas e comer algo primeiro?
– Claro, claro.
Quase tive um infarto fulminante quando vi Charlie, todo desajeitado, tentando pegar meus instrumentos. ELE QUASE DEIXOU MINHA GUITARRA CAIR!
– Para. Para. Para. – Corri em socorro das minhas filhas. – O senhor me ajuda com as malas, deixa que eu levo os instrumentos.
Ele revirou os olhos e riu.
– Ok, Bella. Pode ficar tranquila, eu vou ficar bem longe dos seus instrumentos.
Suspirei de alívio.
– É só o que eu peço.
Meu antigo quarto também era o mesmo. A única diferença é que agora havia uma cama de solteiro ao invés do berço e uma mesa com um computador velho. Credo, mais aquele computador parecia mais um objeto de museu. Arrastei a mesa para o canto e no lugar dela coloquei minhas filhas.
– Você não vai usar o computador, Bells?
A voz de Charlie me assustou. Não tinha percebido que ele estava atrás de mim.
– Vou sim. Quando eu precisar dele eu arrasto de volta.
Um dia, quem sabe...
– Vou te esperar lá embaixo. Pedi pizza pra comemorar sua chegada.
– Ótimo. Eu já desço.
Abri minhas malas e senti minhas pernas cederem.
– Mãe!- Gritei para o nada.
A coroa tinha enchido minha bolsa de blusinhas coloridas ridículas e lingeries que eu tenho até pavor de dizer como são. Pra que diabos ela achou que eu ia querer aquilo?
Enfiei tudo de volta na bolsa e joguei-a em cima do armário.
– Sabia que não devia ter deixando a Dona Renée perto dessa bolsa. - Murmurei pra mim mesma.
Desci as escadas, faminta e ouvi meu estômago roncar com o cheiro de pizza.
– Cadê? Onde estão as pizzas?
Corri até a mesa e comecei a devorar vários pedaços.
– Delícia. – Exclamei com a boca cheia.
– Wow. Vai com calma aí. É só pizza, Bells.
Iguinorei Charlie e continuei comendo.
– Tome aqui.
Ele me jogou as chaves da picape e eu senti meus olhos brilharem ao pegá-la.
Minha fome evaporou na hora.
– Quer saber, eu vou dar uma volta. Estrear meu carro style.
– Não vai terminar de comer?
– Depois eu como. – Falei já da porta.
– Iupii. Iupii. Carrinhoo. HÁ-HÁ-HÁ. Vamos dar uma voltinha.
É, eu sei. Eu parecia uma louca cantarolando daquele jeito. Mas é que eu estava tão, mas tão feliz, que eu poderia até fazer um moonwalker na rua.
O carro não pegou na primeira partida, mas foi na segunda e isso tá mais que bom.
Dirigi durante algum tempo. Não fazia ideia de pra onde estava indo.
Ah, eu estava certa. Aquela cidade era mesmo morta. Não tinha nenhum lugar maneiro pra ir.
Acabei indo parar em Port Angels. Bom, aquela cidade era um pouquinho mais movimentada.
Passei em frente a algumas lojas, restaurantes, lanchonetes, sorveterias e em uma área mais afastada, eu finalmente achei o que queria. Um bar.
Isso!
Estacionei a picape e tranquei tudo direitinho.
Seria muita sacanagem se me ela roubassem logo no meu primeiro dia de direção.
Caminhei até o bar que tinha uma placa bem grande escrito “The Corridor of Fear”.
Caramba, que nome sinistro. Bom, mais quem liga, afinal? Eu que não.
Havia uns motoqueiros com suas harleys estacionadas lá em frente. Todos se viraram para me encarar quando eu ia passar por eles.
– Meu Deus. Que coisinha linda. - Um dos idiotas disse. Ele era enorme e sua barba dava a impressão de abrigar morcegos lá dentro. Era careca e barrigudo. - Quer dar uma voltinha, gracinha?
Arg.
Fiz uma careta para o ogro e me apressei pra entrar no bar. Eu não sou de fugir de briga, mas ainda não virei suicida.
Bom, o bar não era tão fudido como eu imaginei. As paredes eram decoradas de discos de vinil, havia um barzinho com bebidas e as pessoas eram em sua maioria de aparência roqueira ou desencanada. Tirei minha jaqueta e a segurei no braço.
No fundo do bar havia uma mesa de bilhar, e em volta dela estavam várias pessoas. Provavelmente ali estava acontecendo um jogo emocionante.
Aproximei-me dela e assim como lá fora, muitas pessoas ficavam me olhando, como se eu fosse um ET que acabou de pousar na Terra. Gente caipira.
Justo quando eu espiei a multidão deu um grito comemorando. Um dos jogadores tinha acabado de encaçapar duas bolas de uma só vez.
Ele bateu um high- Five com o companheiro e quando olhou pra frente eu quase fui ao chão pela segunda vez no dia.
Puta que pariu! Cacete! Aleluia!
Pensei isso e muito mais quando olhei para o seu rosto. E que rosto. Não, era muito mais que isso...
Ok, calma Bella. Ele só é... só é... SÓ É O CARA MAIS LINDO QUE EU JÁ VI NA MINHA VIDA!
Não, não é possível. Eu devo estar sonhando.
Ele era alto, seus cabelos de um jeito bagunçado lindo, o rosto... QUE ROSTO. Traços firmes e marcantes, uma boca que mesmo de longe era tentadora e o os olhos eram claros. Daquela distância eu não sabia dizer se eram verdes ou azuis. Ele tinha um olhar absolutamente ma-ta-dor. E pra completar, ele usava uma jaqueta de couro muito foda.
Eu nunca vi coisa igual. Nem na televisão. Na verdade, eu duvido muito que exista coisa igual.
Ele tinha charme, e como tinha. E era totalmente natural, parecia fazer parte dele. Me lembrei do garoto sem noção do avião, tentando parecer sexy. O contraste entre ele e esse anjo que eu estava olhando, era gritante. Meu Deus, de onde ele saiu? Minhas pernas estavam moles, minhas mãos suavam e meu coração estava disparado. Eu simplesmente não conseguia tirar meus olhos dele.

O que me fez voltar á realidade foi o esbarrão que eu levei de um sujeito baixinho que provavelmente estava bêbado. Ele ria feito um retardado pra mim. Se eu ainda não estivesse tão perturbada com a visão que tinha acabado de ter, teria xingado o folgado.
Afastei-me dele e encostei na bancada do barzinho. Voltei a olhar para o lindo desconhecido e agora ele estava sorrindo para umas mocréias que ficavam babando em cima dele. Eca.
Claro, claro, pensei mal humorada.
Ele olhou ao redor distraidamente enquanto bagunçava o cabelo de um jeito sexy de matar e então, seus olhos vieram parar em minha direção. Ele olhou diretamente pra mim. Sua expressão era uma mistura de surpresa, curiosidade e algo mais que eu não soube identificar.
Seus olhos, como eu imaginei, eram penetrantes. Ele tombou a cabeça de lado e me avaliou dando um meio sorriso.


Meu Deus, o que ele queria? Que eu morresse? Ficasse sem ar? Pois era isso que ia acontecer se ele continuasse me olhando e ainda mais daquele jeito.
Seu colega de jogo chamou sua atenção para sua vez de jogar e com uma última olhada para mim, ele posicionou o taco.
A tensão era geral, pois se ele acertasse aquela bola, a dupla dele ganharia a partida.
Ele olhou bem para a bola, “Sorte da bola, que não pode ver isso e morrer, morrida”, pensei.
Sua tacada foi de profissional, certeira. A bola entrou e todos comemoraram. Fiquei feliz por ele, isso até várias baba ovos se jogarem em cima dele e o agarrarem. Suspirei frustrada, me virei para o barman e sentei em um dos banquinhos.
– Ei, me vê uma cerveja ai. – Pedi.
Precisava relaxar. Não sei o que deu em mim, ficar tão irritada assim por causa daquele estranho. A música que tocava no auto- falante do bar era I Just Want You, do Ozzy Osbourne. Dei um gole na cerveja e fechei os olhos, relaxando ao som dela.
– O de sempre, Jack.
Ouvi uma voz masculina aveludada e linda do meu lado. Abri os olhos e vi a luz.
Era ele, o cara do bilhar. Caramba, ele era ainda mais lindo pessoalmente. E ahaaa, seus olhos eram azuis. Azuis, azuis. O barman entregou um copo a ele que parecia ser Whisky. O maluco beberrão tomou tudo de uma vez. Ihu.
– Mais uma. – Ele pediu.
Porra. Será que ele é alcoólatra?
Ele se virou pra mim e deu um sorriso que eu juro que se não estivesse sentada, teria caído.
– Oi.



* Nessa história, Bella é uma grande fã de Jimmy Hendrix. E PUTA QUE PARIU, RESSUSSITARAM O JIMMY, será a frase mais famosa dela.


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