Bem, por onde começo? Geralmente sempre começam falando o nome, de onde veio... Puf, contarei minha historia, mas não agora.

Primeiramente, o que precisam saber é que eu andava em um dia qualquer. Como de costume, estava chuvoso, o vento gélido e tempo nublado. Isso é o que chamo de dia perfeito, também, quase nunca faz sol onde vivo, e quando faz não é por muito tempo. Tenho que explicar isso também, depois falo.

Fui visitar umas das minhas lojas favoritas. Sim, adoro compras, e posso dizer que bastante, sou bem consumista.

Entrei na loja e quando a porta se abriu, um sino soou anunciando minha chegada.

– Ora ora! Se não a minha freguesa favorita! - falou o homem de cabelos grisalhos atrás do balcão.

– Que belo dia, não Françoá? - falei de uma forma amigável, o que acontece raramente.

– Sim sim! O que busca hoje? Mais uma daquelas poções de transmutação?

– Não. Dessa vez vim para me informar. - falei dando uma olhada nas revistas disponíveis para compra.

– Seu pai ainda não voltou, né querida? - neguei com a cabeça.

– Essa guerra já está durando tempo demais. E não acredito que ele não deixou que eu fosse junto com ele. Isso me dá nos nervos. - rosnei.

– Ora querida, ele está agindo como qualquer outro pai agiria. Você ainda é muito nova.

– É apenas uma guerra para a conquista de terras! E eu já tenho 13 anos, Françoá! - disse inflando as bochechas e cruzando os braços.

– Talvez quando você tiver 18.

– Ahrg, vai demorar muito tempo... - disse jogando a cabeça para trás. - Deixando isso de lado, eu já vou indo.

– Pode demorar, mas tenho certeza que se tornará uma moça muito bela com essa idade. - ele sorriu.

– Eu já sei. - retribui o sorriso e ele deu uma risada.

– Até mais! - ele acenou e lhe dei um sorriso de retribuição.

Então, desde aquele dia, nunca mais vi Françoá. Passei a participar de lutas e treinar junto com meu pai e ir a guerras etc. Até o grande dia, uma guerra que valia muita coisa, digamos que muita coisa mesmo. Estive presente, apoiando meu povo, vi muitas vidas serem arrancadas, e uma que nos fez realmente muita falta... Mas não devo ligar para isso, mas confesso que fiquei triste por muitos dias, digamos que até hoje sinto sua falta. Sei que ganhamos, bom, pelo menos a parte.

Voltando para os dias de hoje, meu nome é Namie, agora tenho 18 anos, cabelos compridos lilases que chegam até o joelho e olhos verdes de tom esmeralda. Já deve ter percebido que não sou uma qualquer, simples assim, sou de Elyos, um perfeito projeto de asmodiana. Bem, minha missão é apenas me tornar mais forte, e que lugar melhor para testar minha força do que o mundo humano? Mas admito, isso me enoja.

Mas o problema de ser uma asmodiana no mundo humano é chamar atenção, realmente muita atenção. Eu gostava disso, em Elyos, mas não quando um bando de seres inferiores se referem a mim como "aquilo". Detesto isso.

Aqui sempre é ensolarado, o sol as vezes chegava a queimar minhas córneas, o que me irritava mais ainda. Eu costumo ficar em meio a florestas, mas no dia de hoje, comum com sol me torrando ate os ossos, eu estava andando pela cidade, precisava comprar algumas coisas para comer e meu estoque de água estava baixo, sem contar que não estava com muita disposição para ir ate um lago.

Como de costume, chamava muita atenção. Não estava usando minha armadura, já que estava quente, usava apenas uma saia no meio da coxa, uma blusa sem mangas e uma sapatilha, mas não abro mão da minha espada, outra coisa para ser alvo de criticas e murmúrios desses nojentinhos.

– Você ouviu sobre o novo membro da Grand Chase? - perguntou uma moça que passava ao meu lado.

– Sim! Parece que ele é de Hades, não sei... - disse a do lado.

“ Hades... Também não suporto o povo de lá." pensei.

– A Grand Chase é demais!

Argh, esse tempo todo no mundo humano só ouvia sobre "Os heróis da Grand Chase", ou "Nossa! Eles são demais!". Penso que não passam de um bando de perdedores tentando ganhar fama. Eles não chegaram a derrotar Duel, mal lhe causaram ferimentos.

Sabe o que queria agora? Que eles aparecessem na minha frente nesse exato momento para dar-lhes uma lição do que...

– Estamos sob ataque! - gritou um homem do outro lado da rua. Coloco-me em posição de ataque e consegui ver alguns seres que me lembravam os da minha dimensão, sim, com certeza eram de lá. Só pode ser mais um daqueles portais abertos.

Saco a espada de trás das minhas costas enquanto corria em direção ao bicho que lembrava um rinoceronte. Cortei-o na barriga, e uma grande quantidade de outros bichos veio em minha direção. Enquanto cortava as pernas de um, me esquivei de um lobo que vinha na minha direção virando para ele e cortando sua cabeça fora, jorrando sangue em meu rosto.

– Eca... - disse limpando o resquício de sangue do bicho de minha bochecha direita, me distraindo por um tempo. Um jaguar demoníaco estava pronto para me atacar, só ouvi seu rosnado. Quando me virei apenas vi o bicho sendo derrubado e tendo sua cabeça cortada, assim como o lobo. Mas tinha sido outra pessoa. Um homem, ele era alto e tinha cabelos negros. Reconheci na mesma hora quando vi seus olhos prateados. - Sieghart. - rosnei.

– Acabou gente! - ele anunciou. - Não se preocupem cidadãos de Serdin, seu herói está aqui para salva-los!

– Quieto Sieghart. - falou uma garota com cabelos longos de um tom escarlate e olhos da mesma cor.

– Calma ruivinha. - exclamou Sieghart.

– Gr... - ela rosnou. - Não acredito que colocaram a gente no mesmo grupo... - ela deu um leve tapa no rosto.

– Sorte sua que a diva está aqui! - exclamou uma garota com cabelos rosados pulando de alegria.

– Claro... - falou a ruiva revirando os olhos.

– Temos que voltar para a base da Grand Chase. - falou um homem com cabelos azuis bem longos se aproximando.

– Sieghart, você não cuidou disso sozinho não é? - falou a ruiva cruzando os braços e erguendo uma das sobrancelhas.

– Mas é claro que sim, ruivinha! - ele disse fazendo posse de herói. Aquilo foi o cumulo, não aguentei. Bufei e consegui chamar a atenção dos que estavam ali.

– Mas é claro que NÃO. - disse chegando perto.

– Kyah!!!! Outro monstro com chifres! - gritou a rosada enquanto apontava para mim. Franzi o cenho e realmente senti o meu sangue ferver, mas ignorei.

– Não sou um "monstro com chifres". - falei revirando os olhos.- Não importa, esse imbecil não deu conta deles todos sozinho, fui eu. - falei colocando minha espada nas costas.

– Asmodiana, sim? - falou o azulado chegando perto de mim e me examinando. - Sim, asmodiana, e com um gosto bem peculiar para roupas. - ele disse olhando para a minha saia. Ela havia se rasgado, ficando bem mais curta e minha blusa também foi rasgada deixando minha barriga completamente a mostra e o meu decote um pouco maior.

– Ah, isso. - disse indiferente. - Deve ter sido o ultimo. - dei de ombros.

– Ahm... - disse Sieghart sem jeito.

– Para de olhar, Ronan... - falou a ruiva após desferir um soco no azulado que caiu inconsciente no chão jorrando sangue pelo nariz. - Então estranha, qual seu nome?

– Não devo satisfação para você, ruiva. - disse virando o rosto.

– Ora sua... - ela fechou o punho, pronta para me atacar.

– Não faria isso se fosse você. - falei sem medo.

– Asmodiana... - ela disse com a raiva bem transparente, digamos assim.

– Calma Elesis! Não assusta ela! - falou o ser rosa entrando na frente da estressada. Ela se virou para mim e abriu um sorriso. - Eu sou Amy! O de cabelos azuis é o Ronan, ela - apontou para a de cabelos escarlates. - É a Elesis e aquele é...

– Sieghart. - disse interrompendo-a. - Sei muito bem quem é.

– Quem diria... Uma fã. - ele exclamou.

– Claro. - falei com sarcasmo revirando os olhos. - Se toca, imbecil. Você é conhecido por toda Elyos. Claro que a maioria de lá preferia mata-lo mas...

– Bancando a difícil, não é... Adoro as difíceis, pena que sendo asmodiana não dá, desculpa lindinha, mas não daria certo entre nós.

– Menos Siegh. - disse a ruiva dando-lhe um soco. - Seu nome. - suspirei, tive que ceder.

– Namie. - disse apenas.

– Elesis, podemos leva-la conosco? - perguntou Amy.

– Não. A Grand Chase não vai gostar.

– Grand Chase. - a interrompi. - São membros da Grand Chase. Interessante, a tão falada Grand Chase. Fiquei curiosa.

– Dexa Elesis... - a rosada falou olhando-a com olhos brilhantes. A ruiva bufou.

– Tem onde ficar, estranha?

– Meu nome é Namie, não estranha. - revirei os olhos.

– Responda. - disse autoritária.

– Não. - ela bufou de novo.

– Venha, você precisa de outras roupas. - a ruiva falou. Amy pulou e bateu palmas de felicidade, Ronan e Sieghart já estavam de pé. - A base não fica muito longe daqui, logo chegaremos. - ela saiu andando enquanto os outros iam atrás. O azulado olhou uma vez para trás, voltando seu olhar para mim. - Ronan...

– Desculpe... - ele voltou seu olhar para frente, com a cabeça baixa.

Andamos por pouco tempo, até nos afastarmos do centro em um local um pouco mais isolado. Ficava perto da floresta, uma construção imensa realmente bem grande. A porta era de madeira escura e com duas maçanetas. A ruiva chegou perto e as empurrou fazendo com que a porta se dividisse em duas e abrisse para dentro.

– Chegamos! - anunciou a rosada.

– Foram rápidos dessa vez. - disse uma garota de cabelos loiros dando um sorriso. Pude notar que suas orelhas eram pontiagudas, sem duvidas, uma elfa.

– É! Facilitaram o nosso trabalho!

– Como assim? - perguntou a loira.

– Ela nos ajudou! - a rosada puxou o meu pulso fazendo com que eu contra a minha vontade fosse para a frente da elfa.

– Ah, olá! Sou Lire, prazer. - ela disse sorrindo.

– Namie. - disse estendendo a mão e ela a apertou como um comprimento.

– Chegaram? Tão cedo? - perguntou um albino de cabelos brancos e olhos azuis sendo seguida por uma garota baixa de cabelos roxos e olhos da mesma cor.

– Tivemos uma ajudinha. - falou Elesis com desprezo.

– Olha! Uma asmodiana! - disse a roxinha correndo em minha direção. - Sou Arme! E esse é o Lass.

– Sou Namie, prazer.

– Ela não vai gostar dela aqui, Elesis. - falou o albino cujo atendia pelo nome de Lass.

– Todos sabemos disso. Ela vai odiar a presença dela. - concordou a ruiva.

– Desculpem a curiosidade, mas, quem é "ela"? - perguntei realmente interessada.

– Rey. - a ruiva falou e subiu as escadas.

" Rey? Não... Não pode ser ela. Essa garota já deve estar morta." pensei. Suspirei, minha cabeça estava latejando, precisava de um descanso, afinal, estou acordada há muito tempo mesmo.

– Cansada? - perguntou a roxinha de uma forma amigável. Apenas confirmei com a cabeça. Ela sorriu. - Venha comigo, mostrarei seu quarto.

– Obrigada. - disse levantando e seguindo-a. Subimos as escadas.

– O primeiro andar é o das meninas, o segundo, dos meninos. - ela disse abrindo uma das portas. - Sinta-se a vontade, esse é o seu quarto. - o quarto era bem simples, não gostei desse fato, mas fiquei grata pela hospedagem.

– Obrigada, Arme. - disse adentrando.

– Ah, se não tiver roupas, tem algumas no armário. - ela falou sorrindo.

– Obrigada de novo. - disse, porém sem retribuir o sorriso.

Ela saiu do quarto e deixou as chaves na porta. Tranquei-a e fui direto para o banheiro, precisava de um banho. Entrei no banheiro e tirei minha roupa, jogando-a em qualquer lugar do local. A ducha gelada foi revigorante. Sai do boxe e enrolei a toalha em volta do meu corpo, vesti-me com as roupas que Arme havia me dito que por coincidência eram do meu tamanho. Um short negro e uma camiseta de manga comprida, eu estava com frio.

Sai e fui ao encontro da ruiva estressada que queria falar comigo depois do banho, apesar de que a ideia de uma soneca era tentadora.

– Certo, temos que decidir o que fazer com você. - ela disse. - Dar conta de tantos monstros como aqueles, não é um trabalho muito fácil. - continuou. - Você tem o direito de fazer o teste para ingressar na Grand Chase, se quiser.

– Não, muito obrigada.

– Certeza? - perguntou a ruiva.

– Absoluta, tenho dinheiro, posso pagar a vocês pela "estadia" aqui. - disse.

– Uma inquilina. - falou o albino.

– Mas não podemos deixa-la sozinha. - falou Lire chegando perto. - Mas é claro que você pode ficar conosco.

– Obrigada. - disse normalmente.

Ouvi o som da grande porta se abrir. Não virei o rosto nem nada, apenas fiquei encarando as pessoas a minha frente.

– Ah, que coisa cansativa. Odeio esses lugares com florestas, são desgastantes. - falou uma voz feminina.

– Tudo é desgastante para você. - agora uma voz masculina, um tanto familiar, mas não lembrava a quem pertencia tal voz.

– Obvio, estraga minha roupa, cabelo, unha e um ser de tamanha nobreza como eu não merece algo tão... - a voz parou. - O que é isso. - logo notei que o tal ser se referia a mim. "Isso..." pensei com o sangue fervendo.

Virei-me. Meus olhos estavam pregando-me uma peça. Bem ali, em pé, diante de mim, estava o ser que um dia desafiei e outro que para mim, já estava morto há muito tempo.

– Há quanto tempo Dio Von Burning... E Rey Von Crimson...