Avalanche escrita por BlissG


Capítulo 1
O passado é o prólogo


Notas iniciais do capítulo

N/A: Sejam bem vindos á minha mais nova fic! Estou muito ansiosa pra saber o que vocês vão achar então não deixem de comentar. Em tempos de correria e aulas na faculdade, um comentário dá uma força gigante pra escrever a fic! Muito obrigada a quem já comentou e assim apressou a postagem desse capítulo! ♥
Aviso rápido: Desconsiderem a maioria dos acontecimentos a partir da Ordem da Fênix. Lúcio Malfoy não foi preso no quinto ano e Draco não tentou matar Dumbledore no sexto.
Espero que gostem! ;-)



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Hermione estava com muita raiva. Na verdade, ela estava furiosa.


Eles não estavam nem 24 horas no castelo. Ela não tinha assistido nem metade das suas primeiras aulas como aluna do sexto ano e ele já tinha conseguido tirá-la do sério.


Virou um corredor nas masmorras e viu um grupo de sonserinos do segundo ano.


- Vocês viram o Malfoy? – ela quase gritou.


- Quem você pens...?


Ela interrompeu a onda de insultos que estava prestes a começar e perguntou de novo, mais alto e de forma mais ameaçadora:


- Vocês viram o Malfoy? Sim ou não?


- Saiu para aterrorizar as masmorras, Granger?


Ela se virou ao ouvir a terrivelmente conhecida voz arrastada e sua raiva aumentou, coisa que não achava que fosse possível.


Ele se aproximou trazendo o brinquedinho de estimação dele junto. Pansy abraçava a cintura de Draco como se ele fosse sumir a qualquer momento e o garoto tinha um braço colocado relaxadamente em volta do pescoço da sonserina. Blaise Zabini vinha andando junto com eles.


- Você disse pro Dumbledore que a ideia do jornal foi sua?


- Do que a sangue-ruim tá falando, Draco? – Parkinson choramingou.


- Eu não sei, Pansy... Sabe como é, todo mundo é doido pela minha atenção... – ele olhou para Hermione com pena - Era de se imaginar que ela não seria imune ao meu charme...


Pansy sorriu pra ele.


- Eu sei que eu não sou imune ao seu charme...


Hermione revirou os olhos. Eles estavam simplesmente a ignorando.


- Você vai ter que me ouvir, Malfoy! – ela empurrou o garoto fazendo-o perder o equilíbrio e se afastar de Pansy quando ela estava prestes a beijá-lo.


- Mais devagar, Granger. Ou eu posso achar que você está com ciúmes...


Blaise riu.


- Todas tem ciúme de você, Draco...


- Me poupe, Malfoy! Eu quero saber a verdade! Você pegou o crédito pela ideia do jornal?


- Acho que ela não vai calar a boca... – ele olhou de Zabini para Hermione com um sorriso convencido.


- Pode ter certeza que não! – Hermione replicou – Você vai até Dumbledore e vai dizer que a ideia do jornal é minha! Eu não vou perder a chance de ser monitora-chefe ano que vem por sua causa!


- Acho que ela quer beijo, Malfoy... – disse Zabini, imitando a voz de uma garota sentimental.


- A ideia do jornal foi brilhante! – Hermione continuou dizendo - Eu não vou deixar você pegá-la de mim!


- Acho que ela só vai calar a boca se ganhar um beijo! – Zabini continuava pressionando.


Hermione abriu a boca para responder no momento em que Malfoy colou seus lábios com os dela. Pega completamente de surpresa, ela também se viu completamente despreparada para a enchurrada de emoções que sentiu quando suas línguas se tocaram. Ele a segurava tão forte contra si que ela estava ciente de cada centímetro do seu corpo fortemente pressionado contra o de Draco Malfoy, e mesmo assim, ela teve que lutar contra todos os seus instintos para empurrá-lo para longe.


- Você ficou maluco? – ela o olhou apavorada, sentindo seu rosto queimar.


Olhou para o lado e viu que Zabini ria com surpresa enquanto olhava de Draco pra ela com uma sombra de interesse, e Pansy tinha uma cara de profundo desagrado. Se ela tivesse coragem de olhar para Malfoy, teria visto que ele parecia tão perturbado quanto ela.


– Eu te odeio tanto, seu idiota! – ela sacou a varinha no mesmo instante e exclamou – Estupore!


Menos de um minuto depois que Malfoy caiu no chão desacordado, Snape apareceu. Hermione se recusou a acreditar que tinha sido apenas má sorte.


Desnecessário dizer que ela pegou detenção por uma semana por “procurar briga nas masmorras e atacar um aluno sem nenhum motivo aparente”...


Mais ou menos um ano depois...


Quando Hermione chegou ao St. Mungus, adiou o máximo que pôde o momento em que o veria, andando lentamente até o quarto que seu pai tinha ocupado nos últimos meses. Ela estava tão tensa e apreensiva com o fato de que ele estava indo pra casa hoje que sobrava pouco espaço pra ficar feliz.


Quando entrou no quarto, John Granger estava fechando as malas:


- Bom dia, pai. – ela disse baixo enquanto se aproximava dele. Esticou pra ele um copo de café que tinha comprado no caminho pra lá. – Como passou a noite?


- Terrivelmente. – ele respondeu, passando na frente dela e ignorando completamente seu braço esticado. – Eu estou pegando um avião para Nova York hoje a noite. – ele lhe comunicou.


- O médico falou que você precisa descansar, pai.


- Eu vou descansar assim que eu estiver o mais longe possível daquela casa.


Hermione sabia que ele estava se referindo á sua casa, a casa que ela viveu desde sempre, e sentiu seu coração apertar.


- Eu vou pra Hogwarts daqui há uma semana, pai. – ela murmurou – Pensei que nós pudéssemos passar algum tempo juntos...


- Nós já passamos muitos momento juntos durante todas as longas visitas em que você impôs a sua presença nesse hospital, Hermione. – ele falou severamente – Você precisa saber quando não é bem vinda, minha filha.


Hermione se sentiu triste ao ouvir seu pai falando daquele jeito com ela. Mas se sentiu mais triste ainda ao perceber que aquilo não a deixava triste o suficiente. Algumas semanas atrás, quando seu pai acordou do seu coma transformado numa pessoa completamente diferente do homem amoroso e gentil que ela conhecia, ela ficou de coração partido e chorou por dias. Mas agora já tinha se acostumado, ela pensou, se dando conta do quão horrível era aquela situação. Ela já tinha se acostumado com o fato de que seu pai a culpava pela morte da sua mãe.


- Eu sinto sua falta, pai.


- E eu sinto falta da sua mãe. – ele respondeu – Mas não há nada que possamos fazer sobre isso, não é?


- Há sim. Eu realmente gostaria que você ficasse mais um pouco.


- Por quê? A maldita guerra já não acabou? Ou você vai me dizer que aqueles comensais vão voltar e finalmente terminar o serviço?


Sim, a guerra tinha finalmente acabado, seu pai sabia muito bem disso. A guerra tinha acabado quase junto com o sexto ano em Hogwarts. E agora eles estavam prestes a começar seu último ano em Hogwarts e todo mundo estava muito animado com essa idéia. Hermione estava tentando ficar também. Eles iam ter a oportunidade de serem adolescentes normais pela primeira vez. Lógico que nada era perfeito, e a guerra tinha deixado algumas feridas abertas... Mas agora era só uma questão de tempo até a poeira abaixar. Era o que ela vinha repetindo pra si mesma.


- Não, pai... Eu estou dizendo isso porque... – ela balançou a cabeça, interrompendo a frase no meio do caminho. - Eu sinto muito pelo que aconteceu, pai.


Ele revirou os olhos.


- Nada disso vai mudar os fatos, Hermione. E o fato é que por causa do pai do namoradinho que você escolheu, sua mãe está morta.


- Draco não é mais... – ela suspirou. Não precisava repetir isso mais uma vez


E além do mais, ela sabia que o que ele dizia era verdade. Malfoy tinha atacado seus pais na sua própria casa. Ela podia entender porque seu pai não queria voltar pra lá. Só não podia entender porque ele estava cortando a sua própria filha da sua vida.


Ela tinha feito tudo que podia. Tinha colocado um alarme na casa dos seus pais e assim que Malfoy invadiu o lugar, os aurores foram até lá e o capturaram. Os médi-bruxos tinham chegado o mais rápido que podiam. Seu pai tinha resistido mas sua mãe morreu antes mesmo de chegar ao hospital.


- Eu já fiz minha malas. – ele apontou com a cabeça para as bagagens no canto do quarto – É melhor você ir embora. Eu vou fazer o mesmo.


- Ok. – ela suspirou – Eu vou estar na casa do Ron, se você quiser...


Ele a interrompeu.


- Não vou querer nada.


Ela assentiu e sem dizer mais nada, saiu do quarto.


E como tinha estado fazendo nos últimos dias, lutou com todas as suas forças contra as lágrimas, não impedindo que uma sequer escorresse pelo seu rosto.


**********


Quando Draco chegou em casa, ele estava exausto. A primeira coisa que fez ao pisar na mansão Malfoy, foi largar suas malas no saguão para algum elfo pegar. Foi direto para o seu quarto.


Ele teria se jogado na sua cama assim que colocou os pés no cômodo, se ela não estivesse ocupada.


- Olá, priminho!


Ele suspirou, sabendo ao colocar os olhos nela que seria impossível continuar com seu plano e tirar um bom cochilo naquele momento.


- Spencer. O que você está fazendo aqui?


- Se você tivesse se dado o trabalho de escrever durante todo o verão, você saberia que papai e eu estamos aqui desde o começo de agosto.


Draco não gostou nem um pouco daquela informação.


- Seu pai está aqui? Aqui na mansão? Por quê?


- Porque papai decidiu que seria uma boa ficar com você e com a sua mãe depois que tio Lúcio foi pra Azkaban. – ela respondeu – Estamos aqui na mansão enquanto papai procura um lugar pra gente.


- Peraí. – ele se aproximou da garota, definitivamente não gostando nenhum pouco de nada daquilo – Você está dizendo que vocês vão morar aqui agora? Na Inglaterra?


Ela assentiu.


- Não é o máximo? Papai até já foi em Hogwarts conversar sobre a minha admissão. Acho que ele teve que dar uma grana preta pro diretor permitir que eu me transferisse agora, mas enfim...


Draco sentou na ponta da cama, odiando aquilo. O pai de Spencer, tio de Draco, era uma das pessoas mais detestáveis da face da terra. Em alguns momentos, ele conseguia ser até mais detestável que o irmão. Ele achava muito pouco provável que Leonard Malfoy tenha vindo da França só pra ficar junto com a família.


- Hey, - Spencer se aproximou dele – não gostou da idéia de estudar na mesma escola que eu agora?


Ele revirou os olhos.


- Não é isso, Spencer.


E não era mesmo. Spencer era, provavelmente, a familiar que Draco mais gostava. Verdade que ele a preferia mais quando era criança, e não agora que tinha virado uma adolescente rebelde de 15 anos, mas enfim. É claro que agora isso significava que ele teria que manter um olho nela, e Draco já tinha os próprios problemas na escola pra se preocupar com uma adolescente problemática mas talvez isso nem fosse uma coisa tão ruim.


- Então, Draco... – ela se sentou na cama dele em estilo indiano – Como foi seu verão?


- Foi ótimo. – respondeu – Fazia tempo que não me divertia tanto.


Spencer levantou uma sobrancelha.


- Isso deve ser verdade, apesar de você não ter muita base de comparação aqui. Acabou de sair de uma guerra, qualquer coisa que você fizer vai ser mais divertido do que isso.


Draco revirou os olhos.


- E o que foi tão divertido?


O loiro pensou por um instante. O que ele se lembrava do verão? Ele tinha bebido. Bastante. Ele tinha ido em festas. Muitas festas. E tinha conhecido garotas. Muitas garotas. Apesar de só lembrar disso tudo em pequenos flashs, ele sabia que tinha tido o melhor verão da sua vida. Era isso que importava.


- Já que você se divertiu tanto no verão, imagino que você não teve tempo de fazer as pazes com Hermione, não é?


Draco revirou os olhos mais uma vez. Já esperava por aquilo. Infelizmente, nas poucas vezes em que Spencer tinha encontrado com Hermione, as duas tinham se dado estranhamente bem.


- Não temos que fazer as pazes, Spencer. – ele respondeu, tentando soar entediado – Nós não brigamos.


- Mas... – ela mudou o tom de voz – vocês terminaram.


- Exatamente. – ele respondeu, contra gosto – E nós não vamos voltar. Mas isso não quer dizer que nós estamos brigados. Eu não a odeio. Ela não me odeia. – ele pensou por um instante – Pelo menos eu acho que não. Eu nem sei se... – ele parou de falar.


- Não sabe o quê? – Spencer perguntou.


- Eu não sei nem se a gente vai voltar a se falar. – ele respondeu – Agora que a guerra acabou, Hermione e eu não temos mais nada em comum. – ele deu de ombros – Acabou.


Spencer achou aquilo tudo muito triste. Mas diante da indiferença de Draco, não comentou sobre a situação.


- Spencer, - ele ouviu a voz da sua mãe chamando a garota – vamos logo!


A garota se levantou.


- Tia Cissa vai me levar até o Beco Diagonal para comprar meu material escolar. Quer vir com a gente?


Draco só olhou para ela. Ele estava com cara de quem queria se meter no Beco Diagonal faltando menos de uma semana para as aulas voltarem? Aquele lugar devia estar completamente lotado. E Draco odiava aglomerados humanos. De verdade. Além disso, ele ainda estava cansado da noite anterior e tinha certeza que ainda estava com um pouco de ressaca.


Spencer riu.


- Esqueça que eu perguntei.


**********


- Caramba, que calor é esse? – exclamou Gina pelo que deveria ser a décima vez – Parece que eu vou derreter!


- Ai, se você disser isso mais uma vez, eu me enforco, Gina. – Hermione replicou.


- Bom, esse é o preço que você tem que pagar por me obrigar a vir para o Beco Diagonal a essa altura do verão! Sério, Hermione, nós estamos aqui há meia hora e não conseguimos dar nem dez passos!


- Eu precisava terminar de comprar alguns livros! – Hermione tentou explicar pela milésima vez para a amiga.


– E precisava me arrastar junto? Namorados servem pra isso, sabia?


- Amigas também.


Gina bufou.


Com muito sacrifício, elas conseguiram chegar na Floreios & Borrões. Assim que entraram, deram de cara com Lilá no fundo da loja. Hermione acenou animadamente e já ia até lá cumprimentar a garota quando viu que ela a ignorou abertamente.


A morena olhou para Gina com cara de interrogação e a ruiva deu de ombros.


- Bom, pelo jeito ela sabe que você e Ron estão juntos.


Hermione franziu o cenho.


- Você acha que ela está chateada comigo por causa disso?


- Claro que não! – Gina quase riu da expressão de alívio momentâneo de Hermione – Pelo que eu vi, ela parece estar furiosa!


- Por que ela ficaria chateada por causa disso? – Hermione arregalou os olhos - Você acha que ela sente alguma coisa pelo Ron?


Gina riu.


- Eu acho que você estava tão envolvida no seu próprio drama ano passado que não reparou em mais nada ao seu redor, não é? Por favor, ela passou o ano todo mandando indiretas pra ele! Por que você acha que ela te apoiou tanto no namoro com o Malfoy?


- Por que ela era minha amiga?


Gina lhe lançou um olhar impaciente.


- Ela nunca gostou muito de você, Hermione. – diante do olhar exasperado da amiga, ela acrescentou: - Você sabe que é verdade.


Mas Hermione sabia que não era verdade. Pelo menos, não inteiramente. Parvati tinha sido assassinada no verão passado e agora eram só ela e Lilá no dormitório feminino. Pode ter começado pelo motivo que Gina tinha dado, mas elas realmente tinham ficado mais próximas. Obviamente, não tão próximas como Hermione achava já que ela nunca tinha dito pra ela que era apaixonada pelo Ron mas Lilá tinha ficado do seu lado e conversado sobre tudo que tinha acontecido ano passado quando Hermione não tinha ninguém com quem falar. Ela ainda era agradecida por isso. Ia ter que conversar com Lilá quando chegassem em Hogwarts.


**********


Mais tarde naquele dia, depois de Draco tirar um tão merecido cochilo, ele foi a procura do seu tio. Não foi difícil encontrá-lo. Estava no escritório do seu pai, sentado no lugar dele, como sempre quis estar.


- Olá, Draco. – ele disse ao perceber o sobrinho se aproximar – Finalmente tenho a chance de te ver. Você cresceu desde a última vez que estive aqui.


- Pode apostar que sim. – Draco se sentou na cadeira do outro lado da mesa – Eu finalmente completei 17 anos. Vou poder assumir os negócios da família agora.


- Você é tão jovem, rapaz. – seu tio sorriu – Tenho certeza que não quer se preocupar com isso agora.


- Não tenha tanta certeza assim. – Draco replicou.


- O que você acha que é preciso para assumir os negócios do seu pai, Draco?


Ele deu de ombros.


- Não sei. Alguma experiência, imagino. Coisa que eu só vou ter quando começar a cuidar das coisas, não é?


- Você não está pronto para isso, Draco.


- Pare de falar como se me conhecesse. – Draco disse em tom baixo mas autoritário.


- Eu não preciso te conhecer pra saber que você não está pronto para cuidar da fortuna, Draco. Você pode ser um Malfoy de sangue mas ainda precisa de um tempo para que o fato de ser um Malfoy finque no seu coração.


- O que você quer dizer com isso?


- Eu quero dizer que ano passado, quando sua família estava em apuros, você saiu correndo pra baixo da saia de Alvo Dumbledore. Como se isso não fosse o suficiente, se envolveu com uma sangue-ruim que alguns meses depois seria responsável por provar o envolvimento do seu pai com o Lord das Trevas e mandá-lo para Azkaban. Eu preciso continuar pra te convencer que você não está nenhum pouco perto de estar pronto?


- Isso tudo está no passado. – ele disse – E quem é você pra julgar que eu não estou pronto? Você viveu nas costas do meu pai esse tempo todo!


- Você ao menos leu os documentos que seu pai deixou no cofre? As condições sob a qual você poderia assumir o dinheiro da família?


- Não precisei me dar o trabalho. – respondeu – São aquelas mesmas coisas que meu pai dizia sem parar enquanto eu crescia... O que podia haver de novo?


- Oh, há algo novo. Mais precisamente: uma cláusula nova.


- Que cláusula?


- Uma cláusula de moralidade. Uma cláusula que você não se encaixa de jeito nenhum. Não depois de passar o verão indo a festas por toda a Europa.


- O quê?


- Um homem de negócios não pode ser também um homem bêbado, Draco. E com certeza não pode ser um homem que gasta dinheiro com prostitutas ou comprando jóias para agradar a bruxa da semana.


Draco se levantou da cadeira e bateu na mesa com raiva.


- Eu não sou um bêbado! Eu não gastei dinheiro nenhum com prostitutas e eu com certeza não dei jóias para bruxa nenhuma!


- Você tem certeza? Porque eu tenho uma conta aqui datada suspeitosamente perto do dia dos namorados que diz o contrário...


Draco sentiu todo o seu interior ferver de raiva. Mesmo assim, se forçou a se sentar novamente e não puxar sua varinha e estuporar seu tio.


- Aquilo foi um erro, ok? Não vai acontecer de novo, pode ter certeza disso.


- É bom que você acredite nisso. – ele o encarou – Agora você só vai ter que me fazer acreditar também.


- Como assim?


- Você está em provação, Draco. – ele anunciou, como se achasse tudo aquilo muito divertido – E enquanto isso, quem decide as coisas por aqui sou eu.


**********


Como Hermione convenceu Gina a ir comprar livros com ela, Gina convenceu Hermione a comprar roupas com ela. Felizmente, a loja de Madame Malkin não estava tão lotada quanto o resto do Beco e Gina tinha todo tempo do mundo para convencer a mulher a encurtar a sua saia da escola mais alguns centímetros.


Hermione estava olhando alguns vestidos de gala sem realmente ver, ainda pensando no seu pai que a essa altura já devia estar do outro lado do oceano, quando alguém a abraçou por trás.


- Hermione!


Ela se assustou e se virou rápido para ver Spencer Malfoy na sua frente.


- Spencer! – ela se aproximou da garota e lhe deu um abraço decente – Não fazia idéia que você estava no país!


- Cheguei faz um tempo. – a menina respondeu – Adivinha só? Vou para Hogwarts esse ano!


- Sério? – Hermione ficou mais surpresa ainda – Que ótimo! Está animada?


- Tá brincando? Eu vou poder conhecer dezenas de caras gatos e novos de uma vez só! Por que eu não estaria animada?


Hermione riu.


- Claro... Não tinha caras gatos na sua antiga escola?


Ela revirou os olhos.


- Tinha. Mas eles não eram novos...


- E quem te garante que os caras novos de Hogwarts vão ser gatos?


- Por favor. Se eles são um pouquinho parecidos com Draco ou Blaise, eles já são dez milhões de vezes melhores que os caras de Beauxbatons. Eu vou fazer você me apresentar pra alguém, ok? Nós duas sabemos que você sabe escolher... – ela deu um sorriso maroto – Quando você e meu primo vão voltar, por falar nisso?


- Hum, - Hermione fingiu pensar – que tal nunca?


- Ah, fala sério... Até parece. Vocês estavam apaixonados!


- Eu estou falando muito sério, Spencer. – Hermione respondeu. – Eu estou namorando outra pessoa agora. E é por ele que eu estou apaixonada.


- Você está namorando? Mas já? – ela colocou as duas mãos na cintura – Você é rápida, hein! Pode me ensinar alguns truques?


Hermione riu.


- Quem você está namorando? – Spencer perguntou – Eu conheço ele?


- Ron Weasley.


A cara de nojo de Spencer foi impagável.


- Você tá namorando um Weasley? Depois de namorar um Malfoy? – ela olhou para Hermione como se ela fosse louca – Você ficou louca?


- Spencer!


- Que retrocesso!


- Me desculpe interromper essa discussão profunda de vocês, mas você precisa dar suas medidas pra Madame Malkin, Spencer.


Hermione se virou e se sentiu um pouco perdida ao ver Narcisa Malfoy. Ela não via a mulher desde que ela era sua futura sogra... Ela sentiu vontade de sair correndo e deixar Gina pra trás mas forçou-se a lembrar que em poucos dias estaria encontrando Draco de novo... Aquilo era apenas uma amostra grátis.


- Já volto. – Spencer sorriu pra Hermione e se afastou, as deixando sozinha.


- Olá, Hermione. Como vai?


- Bem. – Hermione sorriu sem graça.


- E seu pai...?


Ela desviou o olhar, querendo muito que ela não tivesse tocado no assunto.


- Meu pai está... lidando. Saiu do hospital hoje.


- Oh, imagino como deve estar sendo difícil...


- É... – ela hesitou por alguns segundos e depois de lançar um olhar para Gina no fundo da loja, perguntou: - E o Draco? Como ele está?


- Ele está bem também... – respondeu a mulher, a olhando com curiosidade.


- Ele ainda está... hum, viajando?


- Ele voltou hoje para casa. – ela respondeu – Ele precisava se afastar um pouco de tudo. Os repórteres não podem nos ver na rua que começam a nos interrogar... É extremamente indelicado.


Hermione assentiu, demonstrando que entendia. Olhou nos olhos de Narcisa Malfoy e não pôde deixar de ver o quanto ela e Draco tinham em comum. Se surpreendeu ao perceber o quanto ela parecia triste e se perguntou se todos conseguiam ver. Sabia que não. Poucas pessoas podiam ver além da máscara levantada por um Malfoy.


- Eu destruí sua família. – ela encolheu os ombros – Sinto muito.


Narcisa sorriu levemente.


- Você não destruiu nossa família. – ela disse – Nossos hábitos e nossas escolhas destruíram nossa família. Não teve nada a ver com você.


Hermione ia responder mas Gina se aproximou nesse instante.


- Acredita que ela só diminuiu três centímetros? Só três! – ela então percebeu que Hermione não estava sozinha e sorriu amarelo – Oi.


- Olá. – ela se virou para Hermione – Até um dia, querida.


Hermione sorriu e a observou se afastar.


**********


Os últimos dias de férias passaram voando e antes que Hermione pudesse piscar os olhos, o verão estava oficialmente acabado e 1° de setembro tinha chegado. Ela teve que voltar á sua casa no dia do embarque para Hogwarts para buscar algumas coisas e, graças a Merlin, Ron estava lá para ir com ela. Não sabia se conseguiria encarar aquele lugar sozinha. Evitou a cozinha por saber que havia sido lá que seus pais tinham sido torturados. Tinha extrema consciência de que ainda podia haver sangue deles espalhado pelo chão, talvez completamente seco devido ao tempo.  


Fez tudo que tinha que fazer o mais rápido possível e quando chegou a plataforma nove e meio junto com Ron, ainda era bem antes das onze horas, então eles sentaram em um banco até que o trem chegasse.


- Mal posso esperar pra começar meus deveres de monitora-chefe! – ela falou, tentando desanuviar o clima que ficou desde que estavam na sua casa – Eu tenho milhões de idéias!


Ele sorriu. Desde que tinha recebido a carta de Hogwarts dizendo que seria monitora-chefe, Hermione não tinha parado de falar sobre todas as idéias que tinha. Ninguém duvidava disso. Mesmo no ano passado, quando ainda não era monitora-chefe, Hermione vivia constantemente perturbando Shaw – a monitora chefe daquele ano – com as suas idéias. Na verdade, ela tinha perturbado tanto que conseguiu tornar duas daquelas idéias projetos reais: a sala comunal para todas as casas no primeiro andar e o jornal de Hogwarts.


- Estaria surpreso se não tivesse...


- Você tá animado pro quadribol? – ela perguntou de repente.


Ele franziu o cenho.


- Eu estou sempre animado pro quadribol, por que você está falando nisso agora?


Ela desviou o olhar com um pequeno sorriso como quem sabia das coisas.


- O que? – ele perguntou.


- Nada.


- Hermione... – ele cutucou o braço dela, fazendo-a olhá-lo – O que você quer contar?


- Já falei: nada. – ela replicou – Só acho que esse é um ano em que você deveria realmente se empenhar no quadribol.


Ele ficou mais desconfiado ainda.


- Me desculpe, mas eu achei que você achasse que quadribol era uma atividade inútil e que causava rivalidade entre as casas além de uma distração desnecessária para os estudos.


- Eu nunca achei que fosse inútil. – ele lhe lançou um olhar e ela completou: - Não muito inútil de qualquer forma. – ele riu – E a rivalidade entre as casas não vai ser um problema com a minha sala comunal para todos.


- Eu pensei que fosse de Hogwarts.


- Tanto faz. – ela deu de ombros – O que importa é que agora os alunos vão ter um lugar para passar um tempo com seus amigos que são de outras casas.


- E também vão ter mais um lugar pra brigar.


Ela revirou os olhos.


- Não há tanta briga entre casas assim.


- Ah, não... então o que você acha que vai acontecer quando, depois de um jogo acirrado de quadribol, todas as casas se encontrarem no seu “salão comunal para todos.”


- É de Hogwarts. E Dumbledore achou que era uma ótima idéia.


Ele suspirou.


- Melhor falarmos de outra coisa, Hermione. – ele disse – Você sabe o que eu penso dessa idéia de qualquer maneira.


Hermione sabia. Ele tinha deixado bem claro para ela que achava que ela só tinha tido aquela idéia pra arrumar um lugar para ficar com “seu namoradinho”. Bom, aquilo não fazia mais sentido porque o “namoradinho” de Hermione agora ela ele, e ela ainda tinha continuado com a idéia.


Foi tirada dos seus pensamentos por uma figura que se aproximava. Lilá vinha na direção dos dois e por um breve momento Hermione achou que ela ia vir dizer oi, mas a loira passou direto.


- Isso foi rude. – Ron comentou.


 Se Ron tinha percebido que foi rude, tinha sido muito rude.


- Você acredita em mim agora?


Um dia antes ela tinha contado a ele que Lilá tinha completamente ignorado ela e Gina na floreios e borrões e Ron tinha dito que ela provavelmente não as tinha visto.


- Eu não entendo... – ele falou.


Hermione o olhou incrédula.


- A amiga dela está namorando o cara que ela gosta, Ron. – ela explicou meio impaciente – Não é assim tão complicado de entender.


- Lilá não gosta de mim, Hermione. – ele falou. - E vocês nem eram tão amigas assim! – ele completou, como se ela não tivesse falado nada.


Hermione bufou. Por que era tão impossível assim que Lilá fosse sua amiga? Elas eram colegas de quarto, por Merlin! Mas outra coisa a estava encomodando mais no momento:


- Por que você acha que Lilá não é apaixonada por você? – ela perguntou – Pelo que eu soube, ela passou o ano todo mandando indiretas pra você!


- Esteve falando com a Gina, né?


- Responde a pergunta!


- Eu não sei, ok? – ele respondeu – Lilá é bastante bonita, o que ela iria querer comigo?


Hermione o encarou muito séria.


- O que você quer dizer com isso?


Ele sentiu o tom de ameaça na voz dela e reparou o que tinha dito.


- Não me interprete mal, Hermione...


- Se você explicar, eu não vou ter que interpretar nada... Por que você acha que Lilá não iria querer nada com você mas eu sim?


- Porque você é Hermione!


Hermione arqueou uma sobrancelha.


- Isso está cada vez melhor...


Ron respirou fundo antes de recomeçar a falar:


- O que eu quero dizer é que você, que é linda por falar nisso, me conhece há muito tempo. Você é minha amiga, então você sabe quais são minhas qualidades e meus defeitos. Lilá não me conhece tão bem assim. Então o que ela vê quando me olha? Só mais um Weasley.


Hermione pestanejou mas sua expressão tinha suavizado.


- Ron, isso não faz sentido nenhum.


- Fala sério, Hermione! Você tem que concordar comigo! Eu demorei seis anos pra te conquistar! Até o Malfoy ficou com você antes de mim!


A expressão de Hermione mudou para uma que ele não estava conseguindo realmente definir e ele se perguntou o que tinha falado de errado agora.


- Hermione...


- A única razão pela qual nós não ficamos juntos antes foi porque você estava ocupado demais sendo um idiota. – ela desviou o olhar envergonhada - Eu sempre amei você, Ron.


Ele sorriu aliviado.


- Então vamos esquecer tudo isso. – ele falou – Nós estamos juntos agora. E não importa a razão pela qual Lilá esteja com raiva, ela vai superar.


Hermione assentiu.


- Acho que você tem razão.


Ele se curvou e a beijou.


**********


A viagem de Draco para Hogwarts tinha sido terrível.


Ele tinha esquecido como Summer podia falar, falar e falar mais um pouco durante horas a fio. E ele, que já nunca se sentiu muito inclinado a bater papo com a prima recém saída da infância, estava pior naquele dia. E tudo culpa do pai dela, Leonard Malfoy. Não estava acreditando que ia ter que bancar o bonzinho e supostamente ficar longe de problemas até que pudesse assumir a fortuna que era sua por direito. Quem o pai dele achava que era pra criar uma cláusula de moralidade e exigir que ele ficasse longe de problemas? Não foram exatamente os problemas e a falta de moralidade que o levaram a Azkaban? Ou ele tinha ficado completamente maluco e agora achava que tinha ido parar lá injustamente? Por favor.


Infelizmente, parecia que ia ter que seguir dentro das regras do seu pai, comandadas pelo seu tio se quisesse que o dinheiro fosse seu e só seu em um futuro próximo. Sabia muito bem dos planos do seu tio e se ele achava que conseguiria ficar com o dinheiro assim tão fácil, estava muito enganado.


Quando Draco finalmente largou suas malas para serem levadas ao dormitório e foi para o salão principal para o jantar de boas vindas, ele se sentiu quase feliz. Spencer tinha se juntado aos primeiranistas para passarem pelo chapéu seletor e ele finalmente teria um pouco de paz.


O salão foi enchendo aos poucos. Blaise não demorou a chegar.


- O que Spencer está fazendo aqui? – ele perguntou ao se sentar na frente do outro.


- Numa escola? – Draco arqueou a sobrancelha – O que você acha?


- Eu acho que a sua priminha estava dando em cima do Nott no corredor.


- O quê?


- Pois é.


Dumbledore ficou de pé no mesmo instante que Nott entrava no salão.


- Sejam todos muito bem vindos a mais um ano em Hogwarts! Vocês vão ficar muito felizes em saber das inúmeras novidades que temos esse ano! - todos olharam ansiosos e Dumbledore continuou – Antes de tudo, quero que dêem uma salva de palmas aos nossos monitores-chefes: Sr. Miguel Conner e Srta. Hermione Granger.


Todos bateram palmos animados, exceto os que estavam na mesa da sonserina. Draco olhou para a mesa da grifinória e viu Weasley dar um beijo na testa de Hermione, como se fosse um pai que estivesse muito orgulhoso da filhinha e revirou os olhos. Spencer tinha lhe contado que Hermione estava com Weasley agora e Draco não ficou nenhum pouco surpreso. Na época em que ele e Hermione namoravam, Weasley vivia rondando que nem um tubarão branco. Na verdade, ele já rondava antes dos dois começarem a namorar. O problema é que ele era lerdo demais e Draco passou na frente dele com muita satisfação. E agora ele não era burro o suficiente de deixar acontecer isso mais uma vez com outro cara. E aconteceria se ele não tivesse agido rápido. Hermione não ficaria sozinha por muito tempo a não ser que ela quisesse.


Draco estava ótimo com isso. Quão mais rápido eles começassem a sair com outras pessoas, mais rápido as pessoas esqueceriam de tudo que tinha acontecido no ano passado. Ele só gostaria que ela não tivesse escolhido o Weasley.


- Tenho o prazer de anunciar duas novidades criadas pela nossa nova monitora. Primeiro, esse ano nós teremos o jornal de Hogwarts. A srta. Granger já escolheu a equipe e tem todo o apoio dos professores para fazer essa idéia dar certo. Segundo, nessa primeira semana de aula, nós vamos finalmente inaugurar nosso salão comunal para todos, aonde vocês vão poder passar um tempo e estudar com seus amigos de outras casas.


A maioria das pessoas já sabia de tudo isso e pareciam animados com a idéia.


- Eu estou feliz em anunciar também que nós teremos uma pequena comemoração amanhã a noite. Uma festa de boas vindas para vocês, marcando um novo ano e o começo de uma nova era agora que Lord Voldemort foi derrotado.


Draco viu alguns alunos na mesa da sonserina se remexer desconfortavelmente. Muitos deles haviam perdido os pais na guerra. Era injusto o Dumbledore tocar nesse assunto ali e ainda dar uma festa em comemoração. Alguns deles simplesmente não tinham o que comemorar. Mais como sempre, o velhote só via tudo pela perspectiva da sua adorada Ordem da Fênix.


- E mais um aviso antes de darmos nossa atenção ao chapéu seletor. Esse ano nós vamos ter um convidado que passará os próximos meses conosco. Ele chegará a Hogwarts na próxima semana e acompanhará a maior parte dos treinos de quadribol das quatro casas.


Murmúrios se espalharam pelo salão e Draco revirou os olhos. Dumbledore tinha obviamente sido vago naquela explicação pra causar essa exata euforia.


- Seu nome é Logan Green e ele estará observando os alunos do sétimo ano em busca de potenciais jogadores de quadribol para Montrose Magpies. Aqueles que se interessarem devem procurar o monitor-chefe, Miguel Corner, amanhã em frente a sala da monitoria a partir das nove horas.


O falatório que se espalhou pelo salão foi ensurdecedor. Logan Green era o treinador dos Magpies e todos tinham escutado os boatos de que ele estava de saco cheio de alguns jogadores causando problemas no seu time. Os boatos tinham se tornado reais agora e ele estava vindo a Hogwarts para dar uma carreira de quadribol para algum aluno sortudo. Nem os alunos da sonserina conseguiram fingir que não estavam animados. Quem deles não gostaria de uma chance dessas de entrar para os Magpies?


Depois disso, se passaram vinte excruciantes minutos em que o chapéu seletor escolheu em qual casa cada primeiranista melequento iria ficar. Draco não estava prestando a mínima atenção. Na verdade, ele estava olhando para uma garota parada ao lado de Spencer, logo atrás dos pequenos. Ela não parecia ser muito mais nova que ele e era incrivelmente bonita, com os cabelos negros, os olhos escuros e uma maquiagem forte. Draco podia jurar que não era a primeira vez que a via.


Quando todos os alunos do primeiro ano estavam sentados nas mesas pertencentes ás suas casas, a professora McGonagall mandou as duas se aproximarem. Ela apresentou Spencer para todo o salão e Draco viu vários dos alunos cochicharem ao saber que ela era uma Malfoy. O nome da garota nova era Char Sinclair e segundo McGonagall ela tinha sido educada em casa até aquele momento e estaria entrando no sexto ano da escola. Muito interessante.


McGonagall indicou o banco para ela se sentar e a garota o fez, colocando as mãos nos joelhos de um jeito perfeitamente angelical que não combinava nada com a aparência dela.


- Sonserina. – o chapéu seletor exclamou sem hesitação quando McGonagall o colocou na cabeça dela.


Draco achou ter visto um brilho malicioso passar nos olhos da garota antes de ela andar até a mesa da sonserina e ser muito bem recebida pela população masculina da casa. Como se tivesse sentido o olhar de Draco sobre ela, Char Sinclair levantou os olhos e com um pequeno sorriso fez um pequeno aceno de cabeça. Draco devolveu o gesto e voltou sua atenção a McGonagall, que tinha acabado de apresentar Spencer para todos e agora indicava a cadeira para ela.


Spencer se sentou toda segura de si e sorridente, e todos esperaram que o chapéu berrasse sonserina aos quatro ventos mas não foi isso que aconteceu. Quando o chapéu pareceu hesitar e se surpreender ao ver o que havia na cabeça de Spencer, o silêncio caiu no Salão Principal.


- Muito interessante... – o chapéu murmurou – A primeira Malfoy da história a ir para a grifinória!


Draco quase engasgou com a própria saliva e ele podia jurar que o mesmo tinha acontecido com todos os presentes.


Spencer estava de queixo caído e não havia se movido da cadeira, mesmo depois da professora McGonagall tirar o chapéu da cabeça dela.


- Pode se dirigir a mesa da sua casa, srta. Malfoy. – ela falou quando viu que a garota não ia se mover.


Draco não via aquela expressão no rosto de Spencer desde que ela tinha sete anos. Ela parecia que não sabia se chorava ou se berrava com o chapéu seletor.


Então, Hermione se levantou e puxando Spencer pela mão, levou sua prima para o covil dos leões, a colocando sentada do lado de Gina Weasley e na frente de Harry Potter. Uma Malfoy.


Draco não conseguia nem começar a conceber o quanto aquilo era bizarro.


**********


Sinceramente, Draco achou que os seus dias de discussão com aquela mulher estupidamente gorda tinham ficado para trás.


Aparentemente não.


- Você de novo. – ela resmungou em um tom entediado quando Draco parou na frente do quadro que dava passagem para o salão comunal dos leões raivosos.


- Eu de novo. – ele respondeu.


- Seu lugar não é aqui.


Ela sempre dizia a mesma coisa.


- Acredite em mim, eu sei. – ele respondeu – Eu quero falar com a minha prima.


- Oh, a primeira Malfoy a pisar em campo grifinório.


Draco sorriu maliciosamente. Aquilo não era exatamente verdade já que ele tinha pisado, dançado e feito muitas outras coisas em campo grifinório durante uma grande parte do ano anterior... Mas não ia ser ele que iria desmentí-la, não é?


A porta do retrato se abriu e Hermione deu um pulo ao ver Draco parado ali.


- O que você está fazendo aqui? – ela perguntou defensivamente.


- Eu não estou aqui pra te ver! – ele respondeu da mesma forma.


Ela suspirou.


- Malfoy, não acho que seja uma boa idéia você falar com a...


- Draco! – ele viu uma cabeça loira passar do lado de Hermione, a empurrando levemente, e se jogar nos braços dele – Pensei que você já tinha se esquecido de mim!


Draco revirou os olhos para o exagero de Spencer e a afastou delicadamente, tentando ignorar o fato de que Hermione ainda estava parada ali, os encarando.


- Papai vai me matar quando souber disso. – ela disse a ele.


- Não é como se fosse sua culpa... – Hermione comentou.


- Eu preciso que você me tire daqui. – Spencer falou como se Hermione não tivesse dito nada.


Draco cruzou os braços e a encarou.


- E como você espera que eu faça isso?


- Eu não sei! – ela exclamou – Mas você precisa arrumar um jeito! Eu quero voltar pra Beauxbatons logo! Ainda essa noite, se for possível!


- Isso é loucura, Spence. – Hermione falou delicadamente, como se ela tivesse alguma coisa a ver com isso – Você só tem que dar uma chance pra grifinória! O chapéu seletor te colocou aqui por uma razão!


Draco bufou.


- A única razão para aquele chapéu colocar uma Malfoy em qualquer lugar sem ser a sonserina é porque ele obviamente ficou maluco! – ele disse a ela.


- Não é uma regra, sabe? “Todo Malfoy irá para a sonserina ou o mundo vai cair aos pedaços”! – ela disse, como se estivesse recitando – Spencer, obviamente, tem uma visão diferente do mundo! Você não pode culpá-la por não pensar de maneira mesquinha como o resto dos Malfoy’s!


- Se você não percebeu, Granger, eu não estou culpando a Spencer! Eu estou culpando o chapéu! E dizem que você é inteligente...


- Você sabe que eu sou inteligente! – ela exclamou.


- Sei? – ele arqueou uma sobrancelha.


Hermione ia retrucar mas Spencer exclamou:


- Parem! – ela olhou para eles – Desde quando isso é sobre vocês? Estamos aqui pra resolver meu problema!


- Você não tem um problema, Spencer... – Hermione falou, com a voz cansada. – Você só tem que dar uma chance para a grifinória... Tenho certeza que vai achar o seu lugar aqui.


- Meu lugar? Hermione, todo mundo me odeia aí!


- Eles não te odeiam! Eles só... vão ter um pouco de dificuldade em se adaptar com você, assim como você está tendo com eles! Mas assim que você mostrar a eles a garota doce que é...


Draco soltou uma risada e Spencer balançou a cabeça.


- Eu não sou doce!


Hermione suspirou.


- Não há nada que você possa fazer pra mudar isso...


Spencer se virou para Draco.


- Draco... – ela choramingou.


- Eu vou ver o que posso fazer, Spence. – ele disse só por dizer, porque o que ele poderia fazer? Não é como se Dumbledore fosse permitir que ela mudasse de casa!


- Agora nós precisamos entrar. – Hermione falou – Já passou do horário do toque de recolher e se Filch nos ver aqui, posso perder meu distintivo.


- Eu também posso perder o meu! – Draco respondeu.


- Sim, Malfoy. – Hermione falou como se falasse com uma criança de cinco anos – Mas você não se importa tanto com o seu distintivo quanto eu me importo com o meu.


O tom dela realmente o irritou.


- Oh, e quando essa súbita preocupação com seu distintivo começou?


- Do que você está falando? Eu nunca quis perder o cargo de monitora!


- Mesmo, Granger? Porque, se eu me lembro bem, houve uma época em que você não parecia nem um pouco preocupada em sair por aí de madrugada, fazendo coisas bastante proibidas na sala precisa...


Ela corou levemente e o olhou enojada.


- Você é insuportável. – dizendo isso, ela se virou – Não demore, Spencer.


Quando estavam sozinhos, sua prima se virou para ele.


- Por que você faz isso?


Ele deu de ombros.


- É divertido.


Ela revirou os olhos e sorriu desanimada.


- Eu tenho que voltar para aquele buraco. Eu realmente odeio vermelho, sabia?


Ela abraçou Draco.


- Sinto muito, Spencer...


- Tudo bem. Assim que meu pai receber minha carta, ele vai vir me buscar e me levar de volta para Beauxbatons em um piscar de olhos. – ela disse se afastando novamente – Logo logo esse pesadelo vai passar.


Ela suspirou dramaticamente e logo estava fora do seu campo de visão.


Draco lançou um último olhar feio para a mulher gorda antes de se virar e voltar para as masmorras. Mal sabia ela que não era fácil assim.


**********


Quando Hermione entrou pela primeira vez no dormitório feminino, Lilá lhe lançou um olhar inquisitivo:


- O que você está fazendo aqui?


Hermione franziu o cenho.


- Se bem me lembro, esse é o meu quarto. – ela olhou para a cama aonde Lilá estava arrumando suas coisas – O que você tá fazendo na minha cama?


- É a mais próxima da janela. – a loira replicou – E como eu imaginei que você teria seu próprio quarto agora que é monitora-chefe...


- Eu não queria dormir fora da torre. – ela explicou – E além do mais, eu disse a Dumbledore que não me importava em dividir o quarto com você.


Lilá arqueou a sobrancelha.


- Bom, a recíproca não é verdadeira...


Hermione bufou e andou até a garota, parando na sua frente.


- Lilá, você pode me dizer qual o problema?


Ela a encarou.


- Hermione, se você não sabe qual o problema, as pessoas realmente superestimam sua inteligência.


Hermione encolheu os ombros.


- Olha, eu entendo que você esteja chateada sobre o Ron...


Lilá a interrompeu:


- Entende mesmo?


Hermione respirou fundo, começando a se irritar.


- Bom, pra falar a verdade não. Eu não entendo porque você está agindo como se eu tivesse roubado seu namorado ou alguma coisa do tipo! E eu com certeza não saberia do que isso se tratava se Gina não tivesse me contado quando você fingiu que eu não existia na Floreios & Borrões!


- Me desculpe se eu achei que era bem óbvio! – ela exclamou em resposta.


- Não, não era!


- Tem certeza disso, Hermione? Ou você estava tão preocupada com os seus próprios problemas que não conseguia nem ver o que estava acontecendo a sua volta?


Hermione não respondeu de imediato. Tinha realmente ficado ofendida agora.


- Meu Deus... Você tá ouvindo as palavras saindo da sua boca?


Lilá parecia um pouco envergonhada. Sabia que o que tinha dito não chegava nem perto da verdade. E a verdade era que ela nunca tinha chegado para Hermione e falado sobre seus sentimentos por Ron porque ela sabia dos sentimentos de Ron por Hermione.


- Lilá... – Hermione se aproximou – Eu sinto muito...


A garota se virou e abriu a sua mala que estava na cama, começando a desempacotar suas coisas.


- Como você se sente sobre isso não muda a situação, Hermione...


Hermione suspirou.


- Acho que Dumbledore não vai me arrumar um quarto agora. – ela tentou manter um tom leve – Você vai ter que me aturar.


Lilá nem se deu ao trabalho de olhá-la.


- Tanto faz.


Hermione foi até a antiga cama de Lilá, que agora seria sua pelo jeito, e começou a desfazer suas malas em silêncio.


**********


No dia seguinte, á tarde, Draco se juntou a todos os alunos de Hogwarts na suposta festa que Dumbledore havia mencionado.


Ao chegar lá junto com Blaise, Pansy e o resto do pessoal da sonserina, eles puderam ver que muitos estavam surpresos ao vê-los ali já que a festa era em comemoração ao fim da guerra e tudo mais. Mas eles obviamente não conheciam os sonserinos direito. Porque quem conhecia, sabia que sonserinos adoravam festas. E não se importavam muito com os temas delas contando que pudessem aproveitar pra tirar sarro de algumas pessoas e beber um pouco. E a bebida, é claro, era por conta deles. Porque ninguém das outras casas sabia se divertir direito e com certeza, ninguém sabia como subornar os elfos e os fazerem servir firewhisky num copo em que os professores inocentemente achavam que era suco de abóbora.


A festa, para a surpresa de todos, foi do lado de fora do castelo. Á beira do lago, pra ser mais exato. Alguém provavelmente tinha tido a idéia absurda de aproveitar o que restou do sol do verão. E mesmo que Draco não soubesse que os responsáveis por aquele tipo de festa eram os monitores-chefes, ele não teria nenhuma sombra de dúvida de que aquilo tinha sido idéia de Hermione. Ela tinha um estranho fetiche por ar livre. Agora todos eles estavam condenados a mosquitos enquanto ouviam os lufa-lufa cantarem o hino de Hogwarts em volta de uma fogueira e assistiam o pôr-do-sol.


Era tudo tão trouxa que só fazia todo mundo imaginar o que aquele ano como Hermione Granger e o fantoche do Miguel Corner como monitores-chefes podia trazer. Ela provavelmente estaria fazendo Dumbledore instalar felotones em Hogwarts logo logo com uma desculpa humanitária qualquer.


Procurou sua querida ex com o olhar e a encontrou no meio de um grupo de grifinórios, é claro, com o Weasley agarrado a cintura dela como se a vida dele dependesse disso.


Draco viu Spencer sentada em uma cadeira perto de uma árvore, parecendo extremamente entediada enquanto um garoto que ele nunca tinha visto na vida falava sem parar. Draco não pôde evitar se sentir um pouco feliz com isso. Era bom pra ela tomar um gole do seu próprio veneno.


A festa foi passando de forma relativamente normal. Pansy o irritando e dando em cima dele como sempre. Blaise analisando em voz alta qual das garotas já estava bêbada o suficiente pra ele levar dali como sempre. E ele bebendo bastante, como sempre.


No fundo da sua mente ele sabia que ia ter que parar logo porque tinha que se lembrar do que seu tio tinha dito e da promessa que tinha feito de que não ia deixá-lo ficar com o dinheiro todo da família mas ele sabia que podia beber mais um pouco antes que chegasse em um nível em que faria alguma coisa que talvez se arrependesse depois.


Tinha ido pegar outra bebida quando tombou com ninguém menos que a garota nova no caminho. Qual era mesmo o nome dela? Ele não precisou se perguntar por muito tempo.


- Oi, eu sou Char. – ela disse – Você é Malfoy, certo?


- Sim. – ele colocou seu melhor sorriso sedutor e se aproximou dela – Bem vinda a Hogwarts.


- Obrigada. – ela disse sorrindo levemente.


Ele não conseguia tirar da cabeça a idéia que o conhecia de algum lugar.


- Eu já te vi antes? – ele perguntou.


Ela riu.


- Nossa, pelo que eu ouvi, pensava que suas cantadas eram muito melhores...


Ele arqueou a sobrancelha.


- E você pode me dizer o que ouviu? – ele se curvou na direção dela – Ou prefere me mostrar?


Ela não pareceu se abalar.


- Outra hora.


Ele franziu o cenho.


- Sério, você esteve na Europa no verão?


Ela começou a se afastar.


- Talvez...


Com isso, ela saiu do seu campo de visão e Draco se virou, querendo continuar seu caminho, mas deu de cara com outra garota.


- Brown! – ele bufou – O que está fazendo aqui?


Ela tinha um copo de firewhisky na mão e se aproximou dele sugestivamente:


- Quer dar uns amassos?


Ele se afastou dela e a olhou surpreso:


- Você ficou maluca?


Ela bateu o pé.


- Ah, vamos lá, Draco! Eu preciso irritar Hermione!


Ele apenas a olhou.


- O que faz você pensar que eu quero me envolver em qualquer problema que você tenha com a Granger?


Ela sorriu maliciosamente.


- Talvez você queira se divertir um pouco? – ela ficou na ponta do pé e sussurrou no ouvido dele – Se entende o que eu quero dizer...


Draco a afastou de novo.


- Por mais que as suas tentativas de sedução muito me divirtam, eu não preciso de você pra isso.


Ela bateu o pé de novo.


- Vamos, Draco! Eu realmente preciso de você pra isso!


Ele revirou os olhos.


- Você é patética...


- E estou bêbada o suficiente pra não ligar... – ela encostou seu corpo ao dele e passou seus braços em volta do pescoço do loiro – Ninguém mais vai servir...


Ele bufou.


- O que faz você pensar que Granger vai se importar com quem eu deixo ou não deixo de transar?


Lilá riu.


- Oh, acredite em mim... – ela segurou a nuca dele e puxou seu rosto – Ela vai se importar... E muito...


Brown esmagou os lábios dele com os dela e a próxima coisa que Draco sabia é que eles estavam se beijando. Ela não era nada mal nisso então ele decidiu cooperar, passando a mão pelas costas dela e segurando sua nuca. O beijo pareceu durar uma eternidade e quando se afastou, Brown fez uma cara de aprovação.


- Nada mal. – ela disse – Quer ir pro meu quarto?


Por cima do ombro dela, Draco quase podia sentir o peso do olhar de Hermione sobre eles.


O que ele tinha a perder, afinal?


11 meses antes...


- ... E nós decidimos colocar o nome da nossa filha de Blannah. – Hannah Abbott ia dizendo – Que é uma mistura de Blaise com Hannah. – ela ia explicando.


Blaise Zabini, que estava de pé na frente da turma junto com a garota, revirou os olhos como se achasse aquilo tudo ridículo. Hermione duvidava que ele tivesse ajudado a decidir alguma coisa., quanto mais no nome da suposta criança.


A verdade era que aquilo tudo era mesmo ridículo.


Um mês atrás, no jantar de Boas Vindas, Dumbledore tinha lhes informado que haveria uma matéria nova para todos os alunos do quinto ano para cima. Uma matéria obrigatória. Hermione tinha ficado meio animada para saber do que aquilo se tratava, já que se a matéria era obrigatória significava que ela era muito importante. Qual não foi sua surpresa ao saber que a matéria se chamava ‘Prolongamento da Adolescência’ e tinha sido adicionada ao plano de estudo porque nos últimos anos, um número considerável de estudantes não havia voltado a Hogwarts porque haviam engravidado. Então os professores tinham pego os alunos do quinto, sexto, e sétimo ano e dividido aleatoriamente em 10 turmas, que deveriam se encontrar uma vez por semana. Como se aquilo já não fosse loucura demais, nenhum único grifinório havia caído na sua turma. E quem era a professora responsável pela sua turma? Ninguém mais que a professora Trelawney.


Aquilo tudo já era ruim o suficiente, é claro. Mas a sua falta de sorte não tinha parado por aí.


No primeiro dia de aula, Trelawney havia passado o primeiro trabalho e ele duraria durante todo o ano. Os alunos se dividiriam em casais e ficariam responsáveis por um bebê de brinquedo – mas que parecia muito vivo e até meio assustador na sua opinião. Eles deveriam apresentar relatórios mensais contando todas as experiências que a sua “família” teve.


Maravilhoso.


Enquanto eles estavam brincando de casinha, Hermione tinha ouvido falar que McGonagall ensinava sua turma sobre feitiços anticoncepcionais. Se ela tivesse caido na turma dela, talvez realmente poderia tirar algum proveito daquela loucura toda. Mas não.


Hannah e Zabini voltaram para os seus lugares e Trelawney se levantou da sua cadeira enquanto todos aplaudiam com desânimo.


- Mas alguém para falar sobre as primeiras impressões sobre sua família?


Ela olhou abertamente para Hermione na primeira fileira e para uma outra pessoa que ela sabia estar na última fileira. Pela primeira vez, Hermione não havia feito um trabalho escolar e não estava se sentindo nenhum pouco culpada. Isso porque seu par era ninguém mais que Draco Malfoy.


- Ótimo, estão dispensados. – todos começaram a se levantar e sair com a velocidade da luz – Não se esqueçam de que ‘Prolongamento da Adolescência’ conta na média escolar do final do ano, pessoal!


Hermione parou seu caminho até a porta e se virou para a professora.


- O quê?


Ela só reparou que alguém havia falado junto com ela quando Malfoy passou do seu lado quase a empurrando e se aproximou perigosamente da professora.


- Como é? – ele repetiu.


Hermione se apressou a se aproximar da mulher também.


- Eu só repeti o que já havia dito, Sr. Malfoy. Essa matéria vale 15% da média final escolar como qualquer outra.


- Você não havia dito isso! – Hermione exclamou.


- Oh. – ela arregalou seus olhos já arregalados – Erro meu, então.


- Você está me dizendo que essa matéria vale tanto quanto Aritmancia ou – Hermione ficou pessoalmente ofendida – Runas Antigas??


- Você está me dizendo – Malfoy deu um passo ameaçador para perto da professora - que se eu não trabalhar o ano inteiro com a Granger, eu posso não ser capitão da sonserina ano que vem?


Hermione bufou. Garotos só pensavam em quadribol?


- Sim. – ela se virou para Hermione – Uma vez que essa matéria é tão importante quanto qualquer outra, sim, Srta. Granger. – se virou para Malfoy – E uma vez que os capitães das equipes de quadribol precisam estar acima de uma certa média, sim, Sr. Malfoy.


- Isso não é justo! – ele exclamou.


- Professora, - Hermione se aproximou mais dela também – a senhora tem certeza que não há jeito nenhum de nos trocar de par?


Trelawney suspirou.


- Como eu já disse das outras vezes em que a senhorita fez essa mesma pergunta: não, não há.


Os dois ficaram em silêncio.


Sim, Hermione já havia perguntado outras milhares de vezes se poderia trocar de par. Ela realmente não queria ter que fazer isso com Malfoy. Ela realmente não gostava dele. Claro que tinha ficado sabendo das notícias. Desde que Lúcio Malfoy tinha desaparecido para ficar correndo atrás de Voldemort como um cachorrinho e Narcisa Malfoy tinha sumido do mapa, Draco tinha ido procurar Dumbledore em busca de proteção. O pobre garotinho mimado tinha sido abandonado pelos pais. O diretor tinha aceitado lhe ajudar, é claro, e mesmo que Harry e Rony acreditassem que aquele era algum tipo de plano de Voldemort, no momento aquele não era o maior problema de Hermione. Mesmo que Draco Malfoy fosse um comensal da morte, ele não poderia lhe matar enquanto eles faziam um trabalho. O problema era que, como havia dito antes, Hermione realmente não gostava dele.


- Eu aconselho que vocês vejam essa experiência como algo que vai ajudá-los a sair da sua zona de conforto.


- Eu não quero sair da minha zona de conforto. – Malfoy murmurou de forma que só Hermione ouviu – Não há sangue-ruins na minha zona de conforto.


Trelawney olhou para o relógio da parede de repente.


- Oh, tenho Adivinhação com o quarto ano daqui a dez minutos. Com licença.


Com isso, ela saiu da sala, deixando Malfoy e Hermione sozinhos.


- Não alimente suas esperanças, Granger. – ele disse – Não pense que vai ganhar outro beijo meu só porque vamos ter que passar um tempo juntos.


Hermione fingiu uma cara decepcionada.


- Sério que você vai me privar dessa alegria, Malfoy?


- Haha. – ele a encarou – Muito engraçada, Granger. Mas bem que você queria outra amostra grátis daquela, não é?


Ela arqueou a sobrancelha.


- Não, mas pelo jeito você queria, não é? – ela pestanejou – Afinal, não sou eu que estou mencionando um episódio insignificante que aconteceu há um mês atrás, estou?


Ela saiu dali também, antes que ele pudesse responder qualquer coisa.


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