O sinal tocou, todos seguimos à sala. Jamia encontrava-se na porta da mesma...

- Frank, Frank. Frank, vem cá! - Ela puxou o meu braço com agressividade, prentendo-me e não me deixando passar pela porta. - Precisamos conversar!

Gerard me olhava om uma cara estranha, não entendi.

- Não precisamos, já disse que acabou. Não temos nada, não sinto nada por você e você é uma vadia, que nunca se importou com nada que era a meu respeito, por favor, saia da minha frente, antes que eu a machuque.

- Não, Frank, eu preciso de você. Não deixe, não. Não... - Seu corpo ia escorregado em mim, seus braços agarrando-se com a minha perna. Lágrimas escorriam de teu rosto, ela me abraçava com força e implorava para que eu não a abandonasse, pedia desculpas por tudo, mas era em vão. Ela estava se humilhado perante a todos os membros de minha sala.

- Saia daqui, Jamia! Não quero vê-la, não vou voltar com você. Adeus. Acabou!

- Você vai se arrepender por não me querer de volta. - Emburrada, saiu com passos pesados de lá.

O professor me deu um sermão por conta daquele segundo escândalo feito por ela, ignorei-o e sentei-me junto aos meninos.

- O que foi aquilo, cara? - Bob me perguntou.

- A Jamia anda descontrolada porque não vou voltar mais com ela, ligando toda hora para a minha casa, implorado-me, fazendo escândalos... Não sei mais o que eu posso fazer.

- É melhor você resolver isso logo, antes que algo aconteça... - Comentou o Gerard, seguro de si.

- Ah, esqueci de comentar! A fazenda está liberada para sexta-feira. Ficaremos de sexta de manhã à segunda para aula. Quem topa? Ray falou animadíssimo.

- Aquela fazenda é foda! Muito foda...

A semana correu como minutos, quando vi, logo já era sexta-feira de manhã. (Obs.: Sexta-feira de feriado.) Nos encontramos todos na casa do Bob. Ray decolou a caminhonete do pai e assim, nos arrumamos por lá. Malas foram jogadas na parte detrás, enquanto ficamos tos esmagados até chegarmos na fazenda. Era uma extensa fazenda, havia muito espaço e havia como se perder por alí. Um lago grande estava presente ao centro, era realmente lindo e possuía vários peixes. Aquela grama continha um verde tão aceso que tornavasse magnífico. Aquela fazenda era perfeita.

- Enfim, chegamos! - Ray parou o carro sobre a casa, saindo logo do carro e abrindo a porta da casa, liberando o conteúdo. Haviam apenas três quartos na casa, tinham inúmeras salas... Sala de estar, sala de visita, sala de jogos, sala disso, sala daquilo...

Ray ficou no quarto do Bob, afinal são namorados. Bert no quarto de Mikey, afinal estavam ficado. Eu, fiquei no quarto com o Gerard, afinal foi o que sobrou...

No meu quarto possuíam duas camas, dois armários e um banheiro, portanto teríamos que dividi-lo. Não gostei muito da ideia, mas não tinha opção. Retirei minhas roupas da mala e comecei a alinhá-las no armário ao olhar para o outro armário e ver o do Gerard perfeitamente alinhado.

- Bom, o que temos para o almoço? - Perguntei encontrando todos sobre a sala discutindo sobre o programa dos próximos dois dias.

- Ninguém aqui sabe cozinhar, certo? - Bob lançou um olhar a todos.

- O Gerard sabe.

- Mas não sei cozinhar bem... Que fique claro.

- Desde que você saiba cozinhar algo mais do que macarronada, está ótimo!

- Tudo bem, posso ver o que temos e adiantar isso, logo. Enquanto vocês decidem o programa de hoje... - Ele levantou-se, caminhando até a cozinha. Encontrando camarão no freezer, Catupiry na geladeira, batatas e arroz. Colocou tudo o que necessitava sobre a pia e começou a fazer as refeições do almoço.

- Nós vamos escalar amanhã aquela montanha. No próximo dia a gente pode assistir uns filmes que trouxemos, com pipoca e coca-cola. - Disse Ray.

- Ótimo. Então está resolvido. Mas e hoje? - Perguntei.

- Por que não uma pescaria? Eu vi varas de pescas alí no canto e acho que não seria uma má ideia... - Comentou Mikey.

- Então decidido. São 11h, vamos almoçar em no máximo uma hora, depois do almoço faremos um descanço e umas 14h a gente sai para pescar... Fechou? - Ray disse subindo as escadarias na intenção de tomar um banho quente.

Enquanto isso decidi dar uma olhanda no almoço que Gerard estava a preparar. Encostei-me envolta da porta e fiquei a observá-lo descascar as batatas, manti o silêncio por pucos minutos e assim, pude vê-lo virar-se com calma.

- Hey, Frankie!

- Frankie?! Ninguém nunca me chamou assim... - Aproximei-me da geladeira ao pegar água.

- Não gosta? Senão gostar, eu...

- Não! Eu gostei, bastante. Aliás, quer ajuda aí? - Peguei um copo jogarrando um pouco de águ sobre o mesmo, ao que logo levo aos meus lábios e bebo um pouco do líquido que possuía. - Já vou dizendo que eu não sei fazer nada.

- Se você lavasse os camarões seria um ótimo adianto, Frankie. - Dizia ele enquanto começava a amassar as batatas, no prato.

Segui as instruções dele e comecei a lavar os camarões. Não foi uma tarefa difícil, mesmo eu sendo um completo inútil para qualquer tipo de coisa. Após terminado, lavei minhas mãos e esperei novas instruções.

- Algo mais que eu possa fazer? - Sugeri.

- Colocar a mesa. Estou quase terminando, o arroz está pronto, o purê e agora o camarão ao Catupiry.

Coloquei a mesa, enquanto sentia aquele cheiro saboroso vindo da cozinha. Aquilo aguçava-me o apetite, era introlável. Aproximei-me do Camarão ao catupiry e com uma colher peguei um pouco, sem o Gerard ver e comi. Quando o Gerard virou já estava em minha boca e seus olhos estavam arregalados...

- Frankie! Céus, está quente demais. - Ele aproximou-se de mim com rapidez, passando seus dedos envolta de meus lábios, que entravam-se sujos e quentes com o molho.

Não quente. Mas fervendo... Minhha boca queimava, latejava.

- Cospe, cospe. - Ele apontou para a pia, enquanto pegava gelo e dava-me e passava contra meus lábios o outro. - Frankie, deveria ter esperado esfriar um pouquinho, uh. Seus lábios estão completamente vermelhos.

- Estão ardendo. Ai, o gelo. - Sentia uma forte formigaço em meus lábios, pareciam que íam partir, de tão quente que havia ficado naquele instante. Aos poucos estava melhorando... O vermelho ia saindo e a dor ia sumindo.

- Mais cuidado da próxima vez, pequeno. - Ele comentou.

"Pequeno?" Uh, algo errado. Algo muito errado.

Retirei o gelo dos lábios e enfim, começamos a colocar os pratos sobre a mesa. Chamamos os meninos e sentamos envolta da mesa, com a fome ainda incontrolável.

- Veremos, então, se o Gerard cozinha bem. - Comentei.

- Você já provou. Queimou até a boca...

- Isso está bom. - Disse Ray.

- Bom demais. - Acrescentou Mikey.

Comemos como famintos, aliás, nós estávamos... Fôra uma viagem cansativa e necessitávamos de comida.

Após o almoço, subimos. Caí diretamente na cama, morto de cansaço. O Gerard encontrava-se na cama ao lado, morgado.

- Acho que seu eu dormir eu não acordo para a pescaria. - Cometei.

- Então somos dois... Acho que eu não vou, irei dormir o dia inteiro.

Conversamos por alguns minutos e acabamos adormecendo por alí. Os meninos não nos acordaram e foram diretamente ao lago.

- Eu não sei pescar. Como faço? - Mikey pegava a vara de pesca.

Ray deu as instruções, foi engraçado o Mikey tentando jogar a linha no lago, mas era em vão, tentou inúmeras vezes que consequentimente não deram em nada. A tristeza do magrelo foi tanta que até mesmo emburrado ele ficou. Ray como de costume já era acostumado com essa história de pescaria e traçou logo um peixe daqueles... Bob não era muito acostumado mas acabou pegando um peixe em um tamanho bom. Bert daquele jeito todo dele conseguiu se igualar a Ray, com um peixe extremamente grande. Mikey ficou triste porque nem ao menos uma bota, um galho, uma sandália ele conseguiu retirar de lá...

- Ao menos refeição para amanhã nós temos. Peixe! - Bob comentou, ao guardar os peixes no freezer.

Horas e horas se passaram e eu ainda estava dormindo, não sei de onde eu consegui encontrar tando cansaço, nunca dormi tanto quanto estava dormindo neste dia... Espreguicei-me e entreabri meus olhos, dando de cara com um Gerard semi-nu em minha frente, fechei meus olhos automaticamente e assim, os abri de novo para ter certeza se era realmente ele. Estava apenas com uma toalha envolta da cintura, quando virou-se e deu de cara comigo de olhos apertos, olhando-o assustado.

- Oh, perdoe-me, Frankie. - Pegou as roupas e adentrou no banheio com rapidez.

- Não, a culpa foi minha, Ger. Acordei na hora... Errada. Desculpe-me. - Levantei-me da cama com a cara amassada, lancei-me a janela visualizando o tempo e procurando ter noção da hora. O tempo encontrava-se incerto, estava quase que sem estrelas ao céu e um frio suportável...

Poucos minutos depois Gerard saiu do banheiro, vestido com uma blusa preta e uma bermuda camuflada. Decidi, então, tomar logo o meu banho. Peguei minha toalha e uma roupa. A água encontrava-se inteiramente gelada, o que fazia com que o meu corpo arrepiasse totalmente pelo contato da mesma, deixei a água rolar dentre os fios de meus cabelos, o contato com a água acalmava-me e me deixava bem. Peguei o sabonete e ensaboei-me rapidamente. Havia terminado o banho... Peguei a minha toalha correndo, o frio estava possuindo-me por completo. Coloquei as roupas que havia pegado e saí do banheiro, catei o primeiro casaco que vi pela frente e vesti.

- Não está com frio, Ger?

- Não. Sinto-me bem com ele, aliás. - Um cigarro estava em seus lábios, ele travaga com intenso prazer. Aproximei-me da cama dele e foi onde me sentei.

- Me da um trago? - Ele guiou o cigarro até meus lábios, cedendo-me. - Obrigado, Ger. Deu vontade de tomar café, quer?

- Aceito, por favor.

Desci aqueles degráus, seguindo até a cozinha. Sentei-me sobre uma cadeira qualquer quando peguei duas xícaras e esperei o café ficar pronto. Observei o relógio que ficava em cima do fogão...

00:00 "Novamente, alguém pensando em mim."

Pensando por um lado, tomaremos café e dormiremos, amanhã cedo iremos caminhar demais, a montanha fica a vários km da fazenda, relembrei-me.

O café estava pronto, coloquei em ambas xícaras, levei ao quarto e entrei uma ao Gerard.

- Amanhã vamos à montanha. Teremos que sair daqui uma 12h, até chegarmos lá 17h e voltarmos dará 22h. - Dei um gole no meu café, onde observei-o fazer o mesmo.

- É muito longe?

- Cinco horas a pé, mas é lindo demais... - Acrescentei. - Você vê tudo do alto, é impressionante.

Terminamos o café e eu particularmente não sei o que aconteceu depois, só vi que eu havia apagado, não mais sabia sobre Gerard. No dia seguinte acordei logo de manhã, escovei meus dentes, lavei meu rosto e olhei o tempo. Estava meio nublado, mesmo assim não desistiríamos de ir... Jamais.

Fim do capítulo 3.