Passamos entre as enormes arquibancadas lotadas de pessoas coloridas e histéricas. Elas pareciam adorar todos e tudo, gritando e acenando. Só de ver tantas pessoas me olhando já me deixou nervosa, respirei tomando um folego e tentando deixar as coisas apenas acontecerem. A carruagem ganhou velocidade e senti a ‘calda ‘ sair do chão e esvoaçar para trás, abrindo todo o excesso de tecido como longas asas vermelhas cintilantes, o mesmo acontece com a capa de Pullker.

  Ótimo não bastava estarmos de vermelho e agora chamávamos mais a atenção. Pullker pareceu ainda mais nervoso e quieto, não pude evitar disser:

-Isso não é nada, se lembra!- Ele pareceu entender e tomou uma postura mais confiante.    

  Percorremos a avenida sendo muito bem visível para todos. E derepente me vi retribuindo a plateia, acenando. Eu não sou disso nunca fui o que estou fazendo, abaixei meu braço rapidamente, acho até que decepcionei alguns telespectadores. Mas durante todo este tempo havia uma agitação do meu lado. Pullker também acenava e até com um sorriso envergonhado no rosto. Ele sem me olhar me percebeu encarando-o e disse:

-Apenas faça o que os outros estão fazendo. Quem sabe não conseguimos alguma chance. - realmente, ele estava certo. Segundo a admiração daquelas pessoas e talvez a ajuda de alguns deles, poderíamos conseguir que seja uma ajuda quando estivermos dentro da arena. Voltei a acenar desajeitada e forcei um sorriso carismático, não tinha pratica com isso mais parece que eu convenci os ardentes habitantes presentes da capital.

  Neste momento notei os enormes telões, vi uma pessoa estranha e até que ajeitadinha, sorrindo e acenando, a imagem se aproximou dos conhecidos olhos da garota, de um tom violeta. Era eu?! De longe vi meu próprio espanto e minhas bochechas corarem. Ainda bem que chagávamos a o fim do desfile, onde as carruagens se reuniram e ouvimos as palavras do presidente.

   Já estava ficando mal-humorada com tantos berros, luzes de todos os lados e também como um pouco de fome. Mal podia esperar para tudo aquilo acabar e poder me isolar novamente.

  Foi muito bom descer daquela carruagem, pisar em solo, curtir a retirada do peso de todos aqueles olhares. Procuramos, e não tinha ninguém nos esperando. Estávamos  esperando pelo menos Laara  aparecer logo, pois os outros tributos estavam examinado uns aos outros, fazendo uma certa intimidação inicial, e eu já não estava disposta a isso.

   Estávamos de pé esperando. Não suportei mais os sapatos, eu nunca havia usado algo parecido, então os retirei e pendurei nos dedos.

  Enfim surgiram os nossos acompanhantes desaparecidos em uma das portas e Laara gesticulou sorridente para que fossemos até ela, cutuquei Pullker que estava distraído  vendo ou avaliando os outros. Que bom, aquilo significava que o descano estava próximo.

   Estávamos indo em direção a eles, eu me distrai com uma discussão de gestos e caretas com Laara sobre eu ter retirado os sapatos, quando senti um puxão nos meus ombros. Poderia ter caído se eu fosse mais leve, me virei claramente irritada,  pois era logico que alguém havia pisado, ou melhor, parado sobre a “calda’ do vestido, que eu estava arrastando já que não tinha  ninguém para leva-la. Era  a garota do distrito 7?! Ela me encarou como se eu fosse a errada e saiu como se nada tivesse acontecido. Há pirralha, se ela tivesse continuado onde estava certamente eu teria puxado o tapete dela!   Eu ia atrás dela, mas Pullker me segurou pelo braço e mostrou que Laara e Giulen já estavam indo embora. Desisti  dando mais valor ao descanso que iria ter, e eu realmente iria me lembrar dessa atitude na arena se encontrasse essa garota. Não sou do tipo de ter dó de criança e ela iria saber disso com certeza. Seguimos os dois , que logo pararam para nos esperar.

  Pullker perguntou onde eles estavam e Laara respondeu pegando a ‘calda’ do meu vestido:

- Ora onde mais, vendo o desfile de vocês. E vocês que foram muito bem. –Terminou de dizer sorrindo.

  Caminhávamos até o elevador Giulen havia se aproximado de mim e ficado do meu lado ate chegarmos. Ele estava agindo de forma estranho me investigando com os olhos o tempo todo. Eu tentei ignorar, mas era muito estranho, o que será que passava por aquela cabeça. Laara, que estava atrás de mim, notou:

- Algum problema Giulen?

-Não. - Ele respondeu sem tirar os olhos de mim e aproveitou que eu observei a breve conversa e olhou direto nos meus olhos, e sorriu como se tivesse encontrado o que queria.