Sangue de Jogos Vorazes escrita por Ytsay


Capítulo 44
Hora da caçada.


Notas iniciais do capítulo

Temos que encontra-los, acabar logo com o jogo. Mas com tão poucos tributos e uma arena grande e cheia de esconderijos, como começar.




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Resolvo parar para escutar. Concentro-me nos sons diferentes de chiados de rãs,  folhas das arvores, ou vento... procuro o som de pés chutando a mínima quantidade de agua...

Quando estou quase conseguindo separar os sons, sou bruscamente interrompida por um som mais alto que qualquer outro naquele lugar. O que faz meu coração dar uma acelerada e meu corpo ficar tremendo levemente pelo susto. Acho que essa seria a hora de uma voz soar de algum alto-falante sobre minha cabeça:

-Aos tributos um convite para que comparecerem ao local onde iniciamos os jogos. Onde encontrarão uma refeição cuidadosamente preparada e a oportunidade de concorrer a um passe. - Eu não sei o que poderia ser um passe, mas ele continua como se me respondesse. - Um passe que garante algo em troca. Um premio extra para o tributo ou sua família, se não sobreviver. Basta ser o primeiro a pega-lo.  -Depois só silencio.

É bem interessante e tentador. Os idealizadores estarão poupando o meu trabalho de ter que acha-los. Quem não gostaria de garantir algo a sua família. Todos vão estar lá.

Respiro fundo e sigo na direção que o rastro apontou. Não demora eu acho mais algumas marcas em tronco ou galho. Aos poucos percebo que seguimos para a cornucópia.

Faltava pouco para alcançar o tributo, mas chega a noite. Eu não vou me arriscar ficar andando com os inimigos cada vez mais próximos. Procuro um lugar que me garanta uma noite mais tranquila, uma das arvores mais volumosas. Escolho uma quando o céu já se torna roxo escuro. Subo ignorando a rejeição dos músculos. Ao chegar ao galho que quero como uma das barras de cereal agradecendo ao meu amigo. Preparo as armas garantindo que estejam limpas e afiadas. E as recoloco no mesmo lugar para carrega-las com facilidade. O arco fica sobre as minhas pernas com a flecha, sempre prontos.

Não durmo bem. Apago sem perceber e acordo da mesma forma. E quanto voltava a pensava que não conseguiria dormir, apago. É assim a noite inteira. Talvez seja por causa da minha preocupação dos tributos restantes estarem indo para mesma direção. Eles podem estar muito perto.

Abro os olhos com o céu claro o suficiente para continuar andar. Antes de pensar em descer escorrego direto para o chão. Foi uma queda dolorida, principalmente pela perna e tudo mais estar doendo, mas me ajudou a acordar e ficar atenta.  Aguento a dor até retomar o controle do meu corpo, então pego rapidamente o arco e a flecha que acabei soltando e o aponto de um lado para outro verificando se alguém estava por perto. Silencio. Me tranquilizo. Não foi dessa vez. Assim que fico de pé e pego todas as coisa.

Para imóvel, agora que notei...que coisa estranha...o solo está totalmente seco. Olho em volta para confirmar. É assim em todo lugar e parece que esta ficando mais quente também. Meus pensamentos são interrompidos por uma agitação. Um brilho longe cinquenta, cem metros, saindo de um arbusto. A pessoa parece estar atenta ao redor, mas não percebeu o som que causei, nem a minha presença totalmente imóvel e camuflada. Ela segue caminho para o meio das arvores. E eu vou atrás dela facilmente e sem ser percebida.

Arco na mão. Flecha sempre pronta e apontando para ela. Não sei o que fazer com ela... Por mais que eu queira que os jogos acabem, é muito difícil.

Muito tempo se passa até que ela resolve parar. Acho que para comer alguma coisa. Paro atrás de um tronco e abaixo a ponta da flecha, indecisa. Olho em volta enquanto isso e quando decido por uma segundo atirar nela, me posiciono buscando o alvo, mas não a encontro. Ela não esta ali e em nenhum lugar. As arvores são espaçosa, não tem nenhum sinal pra onde ela pode ter fugido.

Perplexa, caminho cuidadosamente com o cordão do arco bem esticado percorrendo os vinte metros que nos separava. Nenhum sinal.  Chego a três metros de onde ela estava. E escuto uma voz baixa e tremula que vem da minha direita. Era a garota do distrito 9. Ela estava até a cintura dentro de uma poça de areia. Os objetos que carregava haviam sumido em algum lugar a sua volta. Ela estampava medo no rosto, provavelmente se arrependendo de pedir ajuda a mim com uma flecha apontada para seu coração. Mas mesmo assim, voltou a pedir socorro.

 Eu não fiz nada além de olhar sem saber o que seria certo fazer. Abaixei a ponta da flecha. Dei alguns passos até a borda da estranha área. Examinei o lugar. Agachei e deixei o arco ao lado com a flecha. Peguei o martelo para tentar alcança-la, mas antes de estica-lo ela puxou uma faca curta de algum lugar submerso e atirou em mim. Desequilibrei-me para o lado onde deixei o arco.

  Eu sei muito bem o que ela pensou. Estava com mais medo de ser morta por mim, um tributo que tirou boa nota, do que morrer naquele lugar.

Por sorte a mira dela não era tão boa, muito menos na situação em que estava. Fiquei apenas com um corte no braço esquerdo, o que estava segurava martelo que por sua vez estava afundando lentamente na areia.

-Isso não era necessário. Eu queria... – Sussurrei. Mas antes de terminar de falar ouço mais gente se aproximado. Dois tributos, cada vez mais perto. Até parece que sabe que nos duas estamos aqui.

Olho rapidamente para a garota que estava, assim como eu, assustada com o encontro com os dois carreiristas restante. Nego com a cabeça para ela e saio para outra direção levando o arco e arrumando a flecha. Não vou desperdiçar flechas por ela, vou deixar que eles resolvam o que fazer com a garota.

 Longe do lugar, paro e me escondo silenciosamente. Aos poucos consigo ouvir a conversa deles rindo e fazendo piada do estado da tributo que encontraram. Pelo jeito fizeram ela se agitar bastante e a assistiram ser engolida pelo solo. E ainda ficaram lá até ouvirem o som do canhão.


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Notas finais do capítulo

Temos nesse momento o Ágape, eles convidarão os tributos para se reunirem, por comida ou coisa assim. Essa seria a oportunidade perfeita para Maya de encontra-los.

Então né, passo a passo, vamos indo. Muito feliz pela companhia.

Contagem regressiva para o final? 5, 3 ou 4 capítulos...

Sejam felizes e criativos, obrigada pelos comentários.

=l.l=