A Garota Do Cachecol Vermelho escrita por Ana Luiza Lima
Notas iniciais do capítulo
:)
Enquanto olhava e ouvia a figura a minha frente que há tanto tempo eu não via, ficava até perdido no tempo. Como ela podia estar ainda mais bonita e parecia que não havia mudado em nada. Anabelle. Minha colega na faculdade, e também uma razão para o meu coração partido. Nunca soube se ela chegou a saber que eu gostava tanto dela naquela época.
- Benjamin, há quanto tempo não nos vemos, uns dois ou três anos? – Fiquei me perguntando por que justo agora ela apareceu.
- Ah... Mais ou menos isso – que pena eu podia ter visto ela mais nesse tempo – o que fez depois da faculdade?
- Eu fiz um intercambio para a Inglaterra, e aprendi inglês. Depois quando voltei fui trabalhar com meu irmão num restaurante.
- Um restaurante? – Ri quando ouvi isso, como podia seguir um rumo tão contrário? – E cadê aquela contabilista brilhante que se formou comigo, e sonhava em trabalhar pra sempre com números?
- Ela ficou lá. – Ela riu também – Eu acabei virando gerente do restaurante, que na verdade virou uma rede de restaurantes.
- Você conseguiu o sucesso...
- E você? O que fez?
- Estou trabalhando numa firma de contabilidade, aqui perto.
- Ah que bom que você está fazendo o que gosta – nesse momento ela colocou sua mão sobre a minha e ficamos nos olhando.
- E falando nisso... Como vai seu irmão? – Quando o irmão de Anabelle ia a visitar no campus ele sempre ficava no meu quarto, porque não podia ficar no dormitório feminino, por mais que ele quisesse, e nós dois ficávamos bebendo cerveja e jogando vídeo games até altas horas da manhã.
- Você está querendo saber se o Seth ainda bebe que nem um condenado e é viciado em jogos? – nós dois rimos, o clima estava tão leve – Não bebe mais, não tanto. E sim ele tem uma coleção de vídeo games até hoje. Acho que ele nunca vai crescer.
- Olha quem fala me lembro de você às vezes ir para o meu quarto ficar jogando comigo!
- Mas porque era divertido!
- Então era divertido...
- Era divertido porque era com você... – momento de pausa, e sua mão ainda estava sobre a minha – você me deixava ganhar na maioria das vezes que eu sabia.
- Você adorava quando eu a deixava ganhar
- É verdade, sempre fui uma má perdedora.
- E eu nunca me importei de perder pra você... Afinal eu sabia que sempre fui melhor!
- Podia ser melhor que eu, mas sempre perdia pro Seth – eu fiquei muito vermelho nesse momento.
- Era porque ele tinha mais experiência que eu... Hoje eu ganharia dele.
- Estou vendo um desafio pela frente... – ela sorriu mais ainda pra mim.
- Diz pra ele vir, porque eu estou mais que preparado.
Ela concordou com a cabeça e continuamos lembrando os velhos tempos, antigos colegas, antigas manias, coisas que nos aconteceram há muito tempo, mas que com nós dois juntos vieram de volta para o nosso presente.
Fiquei olhando para o seu rosto. Ela tinha um ar angelical, seu cabelo vermelho, meio encaracolado, agora estava menos rebelde que naquela época, mas continuava sendo lindo. Ela tinha a pele muito branca, e pequenas sardas que iam do nariz e se espalhavam pelas bochechas. Ela tinha os olhos pequenos e azuis, com abundância de cílios. O formato do rosto era meio triangular e eu não conseguia ver seu corpo por estar sentada, mas tinha certeza que ainda estaria maravilhosa.
- Onde você está ficando aqui na cidade? – perguntei com um pouco de curiosidade.
- Num hotel aqui perto, eu não sei exatamente o nome, ele é azul com branco...
- Ah sim, eu sei onde fica... Você não preferiria ficar na minha casa? É que tem dois quartos e você poderia economizar...
- Ah Benjamin eu não quero atrapalhar.
- Você não atrapalha – olhei pra ela fixamente.
- Ok então, se você insiste tanto... – nós rimos novamente – mas essa noite eu ainda preciso ficar no hotel, amanhã venha aqui no restaurante no mesmo horário, pode ser?
- Claro!
Despedimo-nos e eu me levantei para dá-la um abraço nela, com isso acabei derrubando tudo que havia na minha frente além que o nosso abraço durou mais que o esperado, e eu senti que ela também percebeu. Sentei-me de novo e a fiquei olhando ela sair, ela era meio atrapalhada também, mas era totalmente alegre e descontraída, antes de ir embora ela se virou e me deu um tchauzinho e uma piscada. Ela realmente era encantadora.
Fui para casa. Resolvi passar no mercado antes, não queria que Anabelle visse que eu era um solteiro que tinha a casa de pernas pro ar e sem comida na cozinha, por mais que fosse verdade. E por aqueles minutos que se tornaram horas, eu esqueci a Leah. E eu não sabia o que me fazia mais mal, lembrar dela ou esquece-la.
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