Milagre escrita por zobomafoa


Capítulo 1
Capítulo 1




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- Será que vamos conseguir voar até a Ilha de Canoas ? - perguntava o co-piloto , aflito.

- Creio que não , meu jovem. Reze. Só um milagre pode nos salvar agora. - o piloto já não sabia mais o que fazer. Com tantos anos de experiencia nunca havia passado por algo assim. Mas será que seria a última vez também ?
E na cabine dos passageiros , a gritaria tomava conta. Todos chorando, gritando, em pânico. Eu estava sentada em uma das poltronas mais para o fundo do avião, do lado da janela. Do meu lado havia uma senhora desmaiada. E na outra poltrona, na minha frente, duas jovens chorando desesperadamente, e tentando, por mais inutil que seja, ligar pra alguem. O avião estava instável até aquele momento, mas de repente começou a cair.

- Socorro ! Eu não quero morrer , não hoje ! - uma mulher no fundo do avião rezava, mas era óbvio, todos iam morrer. Não adiantava rezar, gritar, espernear. Nosso destino estava mais óbvio que tudo naquele momento, só um retardado não conseguiria ver ele. Eu não gritava , não chorava, não rezava. Perai, antes de você me chamar de fria, eu explicarei. Simples: Nós iamos morrer de qualquer jeito. Só um milagre poderia nos salvar.

- Por favor senhores passageiros, retirem o cinto de segurança e peguem um pára-quedas comigo. Agora ! - dizia a aeromoça, pegando alguns pára-quedas. Na hora que eu vi o quanto tinha, nem me levantei. Eram poucos, não iria sobrar para quase ninguém. Mas as pessoas se atropelavam e iam pegar os pára-quedas. Algumas saltavam do avião, mas QUE IDIOTAS, estavam em alto-mar, a chance de terem forças para nadar até alguma coisa firme era mínima. E eu estava imersa nos meus pensamentos, no meu flashback. Pensava em tudo de bom que tinha acontecido em minha vida, e chorava. Mas nem tanto por eu estar caindo dentro de um avião sem combustível em alto-mar onde as chances de nadar até a ilha mais próxima eram quase inexistentes, e sim porque estava feliz por ter passado tantos momentos lindos na minha vida, tanto com amigos quanto com família. Mas minha onda de pensamentos foi interrompida por um homem alto , atraente , com dreads e roupas largas, com um magnífico piercing na boca, que me olhava desesperado. Não pude ver direito, mas atrás dele haviam mais tres homens altos e sedutores também. Na hora nem prestei atenção. Ele me olhou e sacudiu meus braços , tentando chamar minha atenção. Foi aí que eu me dei conta que o avião estava ficando "vazio"

- Por Deus, menina ! Pule logo ! O que está esperando ? - a aflição dos seus olhos me atingiram. Eu me levantei rápido da poltrona de onde estava sentada, e um movimento do avião me fez cair em cima dele. Ele ainda segurava meus braços, e agora os meus braços estavam em seu peito. Eu tentei me levantar, mas alguma coisa não deixava, além dos braços dele, que seguravam forte os meus. Ah sim, depois de olhar para uma das paredes do avião, vi que a porta estava aberta. Eu me soltei dele, e fui me arrastando pelo chão, em busca de alguma coisa. Na verdade não fazia ideia do que estava procurando, aqueles olhos me deixaram tonta. Se alguem mais me visse naquele estado, diria que eu estava drogada. Não era o momento certo pra pensar nisso, mas ele era realmente bonito e atraente.

- Me desculpa , me desculpa ! Vem , me dê sua mão, vamos pular disso aqui logo. Toma , pegue este pára-quedas e coloque ! - eu jogava o último pára-quedas pra ele. Ele pegou , colocou, olhou todo o avião e me olhou novamente. Eu fazia um sinal apontando a porta, como se eu estivesse mandando ele pular. Ele se levantou com muito esforço, e foi em direção à porta. Eu já sabia que ia morrer, não me importava mais. Queria que um de nós sobrevivesse, e no caso ele, porque com certeza a vida dele deve ter mais sentido que a minha. Mas na hora de pular, ele me agarrou pela cintura e me levou junto com ele. A queda era rápida, mas o tempo parecia não passar. E eu estava presa nos braços dele, e , por incrivel que pareça, eu me sentia segura naquele momento. Quando o chão estava se aproximando, ele virou de costas pro chão e me protegeu. O impacto até eu consegui sentir, imagina ele ! Levantei rápido e fui ver se ele estava bem. Tirei todo aquele pano de cima dele, e começei a olhar bem pra aquele rosto lindo. Ele estava meio desacordado, mas eu não o deixei desmaiar. Sacudi ele, e ele levantou do chão, andou cambaleando para um tronco e se sentou. Onde nós estávamos parecia uma floresta beeeeem densa, fria, e escura. Só havia mato , mato e mato. Além de árvores grandes e pequenos bichinhos. Os bichinhos que eu vi até agora né. Eu fui em sua direção, e ao ver que ele estava bem, coloquei um sorriso na cara. Ele retribuiu , ainda com dor, pelo que percebi. Quando cheguei perto dele, me sentei no chão, para ele ficar maior que eu. Olhei em seus olhos e finalmente disse:

- Oi, meu nome é Jennette, pode me chamar de Jene. Er, muito obrigada por me salvar, você foi muito gentil. Eu estava indo pra Los Angeles, como pode ter visto por causa do avião que estava. Sou do Brasil, mas moro nos EUA atualmente. - Ele me olhava, meio confuso - Ah desculpa eu falo muito né ? Mil desculpas, vou deixar você se apresentar. Mas você está bem ?

- Oi, meu nome é Tom. Eu não fiz mais que a obrigação em te salvar. Eu também ia para Los Angeles. Eu sou da Alemanha, vim nos EUA com meus amigos para um passeio. Não precisa se desculpar, você apenas queria se apresentar - ele abriu um sorriso lindo , e me olhou com felicidade nos olhos - Sim , eu estou bem, obrigado. Foi só a pancada mesmo, foi meio forte.

- Meio ? HAHAHA , não me faça rir - eu olhei pra ele , e ele soltou uma gargalhada que era impossível não acompanhar. - Mas enfim, vamos procurar sobreviventes ? - Aquela ultima palavra revirou meus estômago. Sobreviventes. Milagre. Não acreditava nisso. Não , não podia estar acontecendo. Eu estava em um avião, onde haviam famílias e amigos, pessoas felizes. E agora eu iria procurar alguma pessoa que sobreviveu ? Alguma pessoa inocente que conseguiu caio na ilha ou nadar até ela ? Oh meu Deus, isso era mais que uma tragédia. Imagina a vida dessas famílias agora. E os parentes dos .. dos mortos ? Não queria pensar muito nisso. Logo Tom percebeu que eu tinha um desanimo total em fazer isso. Ele me pegou pelo braço e disse:

- Ei, agradeça por este milagre ! Estamos vivos ! Vivíssimos ! Não chore agora ! Eu sei que vai ser difícil para os parentes de quem morreu, mas está na hora de ser um pouco egoísta e pensar na nossa felicidade também. - Ele me abraçou e beijou minha testa. E uma lágrima saiu. Ele a limpou e sorriu pra mim. - Vai ficar tudo bem, ok ? Estamos juntos e vivos. - Eu sorri um pouco, porque pensando bem ele tinha razão. E realmente, um milagre aconteceu.

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Notas finais do capítulo

digam o que acharam por favor . reviews são bem vindas :) sorry os erros de portugues



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