Clara POV ON
Que povo mais estranho. Eu passo nos corredores e eles sorriem pra mim. Pessoas que eu nunca troquei uma palavra, agora sorriem pra mim na escola. Será que eu fiz alguma coisa e eu não to sabendo? Eu hein.
Sexta feira, meu aniversário de dezoito anos. E eu não poderia estar mais feliz. Minha mãe já tinha deixado bem claro que iria ser “apenas um bolinho”. Tudo bem, eu teria dezoito anos e poderia comemorar muito bem depois. Quando estava na porta, ouvi a voz da Carol:
- Claritaaaaa, para por aí! – ela chegou me abraçando de lado. – O que tem pra hoje?
- Vocês podem ir lá em casa a noite, minha mãe vai fazer alguma coisa.
- Não! Sua louca! Vamos sair, vamos pra Freaking! Que tal? – ela fez uma cara maliciosa.
- Não, deixa pra outro dia. Eu não quero me desfazer do que a minha mãe tá preparando, a gente pode ir amanhã, é sábado mesmo.
- Mas o seu aniversário é hoje! Não vai ter graça comemorar amanhã. Sua mãe não vai pesar na tua, Clara, eu sei que não vai!
- Tá, eu vou ver com ela, depois eu te ligo. – deixei um beijo em sua bochecha e saí em direção a minha casa.
Chegando lá, minha mãe, para minha surpresa, estava em casa.
- Mãe? O que a senhora está fazendo aqui?
- Boa tarde pra você também, meu amor. Tirei o dia de folga. Seu pai passou aqui e deixou um presente pra você, e disse que mais tarde passa pra te dar os parabéns. Tá no seu quarto. – ela disse, apontando com a cabeça para o segundo andar. Subi as escadas e encontrei uma pequena caixa em cima da minha cama.
“Espero que você goste. Foi difícil perceber que a minha princesa está crescendo. Parabéns pelos seus 18 anos. Eu te amo.”
Eu também te amo, pai. Sorri, nostálgica. Abri a caixa e me surpreendi com o que tinha lá dentro. Um vestido. Mas não um simples vestido, um vestido...pra balada. Estendi a peça na minha frente. Era lindo. Preto, com detalhes destacados por brilhos. Terminava um pouco abaixo do meio das minhas coxas.  Desci as escadas com o vestido na mão.
- Mãe, você tem certeza que foi meu pai que... – parei de falar no momento em que o vi parado de pé no meio sala. – PAI! – gritei e o corri para seu abraço.
- Meu amor... – ele me abraçou forte. – Me desculpe por não estar tão presente ultimamente na sua vida. Eu queria que as coisas tivessem sido diferentes. – eu o encarei, com os olhos marejados.
- Tudo bem, papai. A gente pode fazer melhor daqui pra frente. – sorri e o abracei novamente.
- Não precisa se preocupar comigo, querida. Hoje é seu aniversários de dezoito anos, vá aproveitar com seus amigos! – minha mãe apareceu na sala. Hã?
- Mas como você sabia que eu queria sair com os meninos? – perguntei.
- Bem, enquanto você voltava, a Carol me ligou e me convenceu. Tenho certeza que você vai gostar muito da noite de hoje.
Caroline.
Às vezes minha mãe me assustava um pouco. Eu só vou pra balada, mãe.
Passei o resto do dia com meus pais em minha casa. Mesmo eles não estando mais juntos, eu podia ver que eles estavam se esforçando para criar um ambiente agradável para mim. As coisas estavam se encaixando novamente, na medida do possível.
Sempre sonhei com um aniversário de dezoito anos como uma festa gigante. Mas hoje, vivendo esse momento, eu percebi que eu não podia ter presente melhor do que a vida que eu vivo agora. Eu tenho minha mãe sorrindo novamente, tenho meu pai presente na minha vida, eu tenho meus amigos mais unidos do que nunca. E eu tenho o Bernardo.  Eu tenho tudo o que eu queria. E eu me sinto tão grata por tudo isso.
Ver sua vida se estabilizar depois de tantas tempestades é realmente gratificante, e eu devo isso a cada uma das pessoas que estiveram comigo esse tempo todo. Mas eu terei tempo, porque agora, olhando para o futuro, eu consigo ver que minha vida só está começando.