Clara, 17. Todo mundo gosta da Clara. Simpática e segura, pés no chão e sabe muito bem o que quer.

Acordei com meu celular vibrando, cocei meus olhos e o peguei olhando diretamente no relógio: 11h. MAS QUE DIABOS ALGUÉM ME ACORDARIA AS ONZE DA MANHÃ NA ÚLTIMA SEMANA DAS MINHAS FÉRIAS? Olhei para o nome do visor: Caio. Claro, por quem mais eu podia esperar? 
“Bom dia Clarinha. Hoje a noite vai ter uma coisa aqui em casa, um velho amigo meu e do Thomas tá voltando pra cidade e a gente pensou em fazer alguma coisa pra receber ele. Já falei com a Carol e com a Lê. E com o Thomas claro. Só chegar, umas 21h. E desculpa por te acordar, tenho certeza que nesse momento se tá me mandando pra lugares que ninguém sabe que existe. Te adoro Clarinha, to te esperando.” Bloqueei o celular e coloquei de volta na estante. Quem era esse “velho amigo” que nem o Caio nem o Thomas tinham me falado? Eu hein! Não sei como eu suporto esses dois.

Troquei de roupa e desci pra ver se conseguia pegar meus pais em casa. Por sorte eles ainda estavam tomando café. Disse bom dia para os dois e deixei um beijo na testa deles.
- Que horas você voltam hoje? – perguntei alternando o olhar entre os dois.
- Tarde, querida. – minha mãe respondeu olhando séria pro papai.
- De novo? – perguntei claramente desapontada.
- Filha, o escritório tá uma bagunça! Dissemos pra você que demoraria algum tempo até nos estabilizarmos. – meu pai disse passando a mão pelo meu cabelo.
Fiz que sim com a cabeça e terminamos nosso café em silêncio. Antes de me levantar lembrei da mensagem do Caio e comecei:
- Mãe, pai, o Caio me ligou agora falando que a noite vai ter uma coisinha na casa dele, vai todo mundo e eu não queria ficar de fora né? – falei tentando deixar o clima mais leve e esperando que eles deixem.
- Coisinha? Na casa daquele moleque? – meu pai disse me olhando com firmeza.
- Pai, o Caio não é moleque, é meu amigo poxa! E vai ser um jantarzinho só pra gente, os pais dele vão estar lá e tudo mais. Na verdade é pra comemorar a volta de um velho amigo dele e o do Thomas. Nada demais.
Depois de algum tempo e da ajuda da minha mãe meu pai acabou concordando.