Um Amor em Três Atos - Ato 2 escrita por Tattah


Capítulo 1
Um Olhar Como Guia




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Desejando sempre que estejam gostando! ^^

Beijos!

 

 

Um Olhar Como Guia

Ela caminhou lentamente pelas ruas movimentadas, ia sem rumo, perdida em sua própria dor, na angustia que sentia, no medo do futuro que lhe aguardava. Tentava segurar as lagrimas, mas as lembranças da noticia que acabara de receber do seu médico traziam-nas aos seus olhos numa torrente quase que constante.

 

Parou em uma esquina, enxugou as lágrimas, respirou fundo, e continuou a andar sem rumo. Nas mãos um livro, o mesmo que lia com avidez momentos antes enquanto aguardava ser atendida por seu médico. Olhou o livro, poesias tão lindas nele contidas agora não tinham mais sentido para ela. Caminhou por mais algumas quadras até que chegou ao lago no centro da cidade e ficou longo tempo a observar as pessoas que por ali passavam felizes, alegres... Sentiu-se só e sem esperanças. Um ano, lhe dissera o médico. Um ano era tudo que tinha, pois as chances de cura eram muito remotas, no entanto, não era impossível de acontecer.

 

Sentiu sede. Havia um quiosque logo à frente, sentou-se em uma mesa e pediu um suco, foi quando a viu. Era linda e tinha um sorriso encantador que quase chegava a formar covinhas nas bochechas, olhos esverdeados, pele de um tom jambo, cabelos longos e cacheados presos num rabo de cavalo. Passou a observá-la discretamente, cada gesto, cada olhar, cada sorriso tocou seu coração e ela sentiu-se forte para lutar e não desistir de viver.

 

Algo naquela linda garçonete a fez sentir-se melhor e então passou a ser uma presença constante naquele quiosque. Todas às tardes saía de casa rumo ao lago e só regressava quando o sol se punha, mas a lembrança doce daquela linda morena a acompanhava e sempre lhe vinha visitar nos sonhos. As tardes que passava admirando-a eram seu único consolo diante de toda a dor e medo que sentia e aos poucos reconheceu que o que sentia não era apenas admiração, era amor.

 

Seu medo se tornou crescente, sua dor ganhou proporções que ultrapassavam a dor física. Queria tê-la, mas não tinha tempo e nem sabia se o mesmo acontecia com ela, afinal, nenhuma palavra entre elas fora trocada.

 

Sua saúde piorou, a doença a estava vencendo, sentia dores terríveis, seu corpo não correspondia mais ao tratamento a que se submetera. Ficou dias de cama, mas recusava-se a ir para o hospital, recusava-se a entregar-se a morte. E quando pensou que havia chegado ao fim, que não poderia mais suportar aquele tormento, fechou os olhos cansada e desejosa de paz e, nesse instante, um par de olhos esverdeados surgiram a sua frente e decidiu que não se entregaria, que lutaria para um dia poder dizer aquela linda morena que a amava.

 

A batalha foi terrível, seu corpo já tão maltratado e cansado submeteu-se a novos tratamentos, felizmente, conseguiu vencer. Estava se recuperando, logo voltaria a forma, mas ainda tinha um tratamento longo a seguir e o ideal seria que o fizesse fora do país, então com medo da rejeição, mas certa de que tinha de abrir seu coração, pegou o velho livro de poesias e com mãos tremulas escreveu sobre seus sentimentos e pediu a sua velha e querida mãe que fizesse com que o livro e aquelas palavras chegassem até aquela que era dona de seu coração.

 

Encontrava-se deitada em sua cama, uma leve brisa entrava pela janela aberta movimentando as cortinas em um dança lenta e constante. Sentia o cheiro da grama recém cortada no jardim e das flores no vaso perto da janela que sua mãe havia posto ali pela manhã. Fechou os olhos imaginando seus pés a tocarem a grama no jardim como tantas vezes fizera na infância, sorriu levemente ante o pensamente. Sentiu seus lábios serem aprisionados por outros de doçura incomparável e quando estes se afastaram e abriu os olhos deparou-se com íris esverdeadas e cheias de lágrimas. O sorriso que veio aos seus lábios foi espontâneo, como havia muito tempo não acontecia.

 

Tentou falar algo, mas ela pousou um dedo sobre seus lábios para, logo em seguida, tomar seu lugar com os seus próprios lábios em um beijo cheio de ternura e paixão em que ambas provaram o sabor de suas lágrimas. Os corpos se envolveram em um abraço apertado, os ombros se tornaram amigos silenciosos que acalentaram seu choro e os corações bateram fortes e acelerados pela presença da pessoa amada.

 

Longos foram os minutos em que estiveram assim, abraçadas e permitindo que as lágrimas falassem por elas. Quando se afastaram Alessandra se permitiu perder-se completamente admirando o brilho que aquele olhar esmeralda tinha.

 

- Amo-te como jamais imaginei amar alguém, és o ar que respiro, o sol dos meus dias, a lua e as estrelas das minhas noites e se você me permitir daqui pra frente quero fazer de cada minuto de tua vida o momento mais feliz e especial que já viveste...

 

Alessandra calou-a com um beijo e ao se afastar pediu em um sussurro:

 

- Apenas diga o nome daquela a quem amo e nada mais pedirei a não ser que me permita ser a tua felicidade.

 

E a morena deixou um sorriso feliz e doce espalhar-se por sua face ao responder:

 

- Monique.

 

 

***FIM ***

 


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