Rebelde escrita por TeenRebel


Capítulo 1
Bolsistas.


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem apareceu ((:
O primeiro capítulo é sempre bem, estranho. Mas, mesmo assim, espero que você goste. Haha *-*



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Narração de Jennel.
Eu estava sentada em uma cadeira, inquieta e absolutamente nervosa. Um erro, e todos os meus planos serão jogados fora. Eu dei o meu melhor durante anos, fiz o possível e o impossível para conseguir estudar nesse local. Se eu não conseguir, além de ouvir risos de vários e vários familiares, vou jogar todo o meu sonho fora. E principalmente jogaria o orgulho de minha mãe ao lixo. Ela não fora a melhor pessoa do mundo, nem está perto. Minha mãe vendia seu corpo para me alimentar e me manter na minha antiga escola. Eu sempre feliz com o pouco. E pela primeira vez, tenho chances de ser feliz com o muito. 

Cinco homens entraram em fileiras, depois, ficaram ao meio da sala. Por fim chegou o diretor da escola. Ajeitei-me na cadeira e ele não fez nenhum discurso. Ótimo, diminuí um pouco a pressão sobre tudo. Se eu errar, quero receber a resposta o mais rápido possível.
- Devo parabenizar Lucas Green – O garoto sentado ao fundo se levantou e sorriu ao ouvir seu nome, levantou-se e pegou sua prova, ele havia passado –, Kate Campbell e por fim – Por favor, tem que ser eu. Tem que ser eu. – Justin Hunter. Os outros, não conseguiram resultado.
Meu coração foi estilhaçado e todo meu orgulho fora acabado. Eu sou tão inútil.
O diretor limpou a garganta ao receber mais uma prova. Passei as mãos sobre os olhos e, eu não estava louca.
- Desculpe – Ele sorriu amarelado –, mais uma pessoa passou ao teste.
Toda a esperança que eu tinha voltou ao ouvir “mais uma pessoa”.
- E essa pessoa é: Jennel Pardo. Meus parabéns.
Levantei apressadamente, eu consegui. Eu sou uma vitoriosa. Isso foi de longe, a coisa mais legal que me aconteceu até hoje. Saí da sala e lá estava os outros três, sorrindo feito bobos. E eu sei que também estava assim. Abraçamos-nos, mesmo ninguém se conhecendo. Uma garota ruiva e uniformizada se aproximou.
- Quatro bolsistas, certo? – Ela perguntou e logo toda nossa felicidade se esgotou
- Certo – Lucas respondeu ainda com o sorriso estampado
- Dessa vez, a pobreza foi superada nessa escola – Ela revirou os olhos –, meu pai não podia deixar tanta gentalha entrar nessa escola.
- Filha do diretor? – Kate perguntou
- Cecília – A garota se apresentou –, vou dar uma dica a vocês. Não se aproximem de ninguém. Pobreza pega. E eu não quero nenhum amigo meu contaminado.
- Querida, amigos? Não estou vendo ninguém a seu lado. Você está mais sozinha que freira em congresso de prostitutas – Dei um sorriso torto
- Qual seu nome? – Ela perguntou
- Jennel.
- Dessa você escapa, pois sei que na favela é meio impossível se conter. Mas, aqui é um lugar civilizado, e não queremos a escola com o nome manchado. Mais um erro seu e eu conto tudo ao meu pai. O diretor. Entendeu Jennel? – Ela sorriu
- Ameaças são proibidas nessa escola, queridinha – Disse –, eu posso ser expulsa. E você também.
- Não vou perder saliva discutindo com gente tão inútil feito você – Ela não tinha respostas, isso era tão óbvio –, passar bem.
[...]
Pegamos um papel que estava com o número de cada dormitório. O meu era o 401. Tudo foi baseado por sorteio. Caminho impacientemente por aquela escola. Sem conhecer ninguém. Passo por várias portas, até que um garoto passa por mim, e esbarra-se em meus ombros deixando todas as malas que eu segurava cair. Usava uniforme e era um pouco mais alto do que eu. Ele sorriu torto.
- O que faz no corredor masculino? – Ele perguntou
- Eu não sabia que isso existia aqui – Revirei os olhos
- Ah, claro – Ele sorriu –, gostei da sua roupa.
Usava uma camisa, que estava escrito “Direitos iguais” era preta e, minha calça era jeans e um pouco rasgada. Meu tênis era um allstar surrado. Não vejo nada de bonito. Nada para alguém gostar. Ele se ajoelhou e pegou minhas duas malas.
- É novata? – Ele perguntou enquanto devolvia as malas
- Sim – Afirmei
- Sou Robert – Ele sorriu –, e você?
- Quete – Disse enquanto dava meia volta, distanciando-me do garoto
- Quete? – Ele perguntou em um tom alto, eu já estava bem longe
- Que te importa – Gritei de volta
Até chegar a meu verdadeiro quarto não demorou muito. Assim que abri a porta fui surpresa por Free Willy. Ele realmente existe. Havia uma Barbie ali também, arrumando seu cabelo e fixando o olhar apenas em seu enorme espelho. Joguei minha mala ao chão e depois me jogando até a cama.
- Esse colchão é duro – comentei –, Willy senta aqui por uns nove minutos. Talvez assim ele se amoleça. E Barbie, tem um fio de cabelo fora do lugar.
- Não tem nada fora do lugar Lucy – Free Willy respondeu –, essa desmiolada só está querendo nos deixar nervosas.
- Espero que esteja dando certo – Dei um sorriso torto
- Deixe-a falando sozinha, talvez assim ela vá embora – Lucy disse
- Caso não tenha percebido, eu sou desse quarto – Disse
- Ela é desse quarto? – Lucy surtou
- Não fica brava queridinha – Dei um sorriso malicioso –, eu li na internet que stress dá rugas. Mas, enfim, quem são vocês?
- Sou Rosa – Free Willy respondeu
- E eu sou Lucy.
- Jennel.
- Não tinha te visto ano passado – Rosa comentou
- Eu sou nova aqui – Disse
- Por suas roupas, você é – Lucy fez uma pausa, como se estivesse a ponto de vomitar – bolsista?
- Sim, eu sou bolsista – Afirmei
- Só não encoste em nossas coisas, pobreza pega – Rosa disse
- Não era para você estar mergulhando? Baleia – Não deu para evitar um sorriso maléfico, eu a deixei ofendida, novamente
- Não fale assim com a minha amiga – Lucy disse séria
- Espera, você é a filha de Adam? O produtor de filmes? – Disse fingindo estar encantada
- Exatamente – Ela sorriu orgulhosa
- Li em um jornal que seu único neurônio faleceu. Sinto muito por ele, querida.
- Eu só não te respondo, por não saber o que é um neurônio – Ela estalou os dedos –, talvez depois eu procure algo sobre.
- Está para nascer um ser mais burro que você, nossa – Revirei os olhos
- Olha, não se mete comigo ou então...
- Ou então o que Lucy? – A interrompi – Vai jogar glitter em mim? Oh, não. Quem estará salvo? Se liga, coisa patética.

Narração de Lucas.
Quarto 352. Fiquei paralisado diante a porta. Era um medo com uma ansiedade. Será que meus companheiros de quarto seriam legais? Será que eles entenderiam o fato de eu ser gay e me aceitariam? Será? Eu tinha esse medo. Será que eles me aceitariam? Eu preciso contar. Só não sei como. No meio de tanta gente rica, eu sei que serei humilhado por não ter dinheiro e principalmente pela minha opção sexual.
- Vai ficar aí parado ou vai entrar? – Era uma voz masculina e eu me virei, seu corpo era como de um deus grego. Seu jeito era irônico e mandão. Olhos azuis e, eu estava a ponto de surtar, porque tão perfeito?
- Desculpe – Dei um sorriso torto –, quem é você?
- Harry. E você?
- Lucas – Dei um sorriso torto
Harry praticamente me empurrou e entrou no quarto, não havia ninguém fora nós dois.
- Eu fico com a cama ao lado da parede – Disse jogando a mala sobre a cama
- Você só trouxe essa mala? – Harry perguntou
Afirmei com a cabeça.
- Bolsista? – Ele perguntou
Afirmei novamente.
- Um bolsista em meu quarto, isso é, nojento – Ele fez uma cara que me deixou completamente chateado, as pessoas são realmente más, nem tudo se resume em dinheiro
- O que você tem de bonito, tem de estúpido – Revirei os olhos
- Você me chamou de bonito? Além de pobre, você também é veado?
- Pobre sim. Veado não, querido. – Dei um sorriso torto – Eu sou gay, veado é um animal.
- Veado e gay é a mesma coisa – Ele disse se jogando na cama que escolhera
- E homofóbico e estúpido, também.
Harry ignorou e mais outro garoto entrou no quarto. Era moreno e alto. Havia um sorriso torto e estampado em seu rosto.
- E você é...? – Tentei puxar assunto
- Thalles – Ele sorriu
- Prazer, Lucas – Disse fixando os olhos em sua bunda, espero que ele não perceba
- Lucas é gay, só avisando – Harry não estava apenas “avisando”, em seus olhos eu conseguia ver a maldade por trás daquilo
- E bolsista também né? – Thalles perguntou
- Sim – Afirmei
- Eca – Ele riu
- Bem, eu já sabia que enfrentaria gente preconceituosa nessa escola. Primeiramente, quero pedir desculpas. Eu definitivamente não sabia que o uso do cérebro era proibido nessa escola. Segundo, eu sou gay, e continuo sendo um humano.
- Odeio as bichas estressadas – Thalles soltou um riso
- Homofobia é crime, sabia? – Dei um sorriso torto – Eu aposto que o diretor não gostaria de saber sobre um ato desse tipo aqui.
- Ele não gostaria de saber que há um veado nesse colégio – Harry sorriu –, afinal, isso mancharia o nome da escola.
- Eu vou manchar uma coisa daqui a pouco, seu olho. Da cor roxa – Dei um sorriso torto e ameaçador
- Vai me bater? – Harry perguntou se levantando
- Deveria.
- Ninguém fala nesse tom comigo – Ele estava furioso
- Mesmo? Pois alguém certamente deveria.
- Está pedindo briga né, cor de rosa? – Thalles perguntou ficando ao lado de Harry, eu vou apanhar por ser diferente. Incrível como a sociedade pode ser tão hipócrita.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? O que precisa ser melhorado? *-* Aceitamos sugestões, dúvidas, tudo rs.