Noah Parker E O Refúgio Dos Deuses escrita por Duda


Capítulo 4
Cara de Raio


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo =) sejam bem-vindos novos leitores. E no próximo revelarei umas coisinhas...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/299739/chapter/4

Trisha nos guiou pela área comum dos chalés e nos levou até o pavilhão ao ar livre. A maioria das mesas já estavam ocupadas e a do chalé 11 era a que, de longe, tinha mais campistas.

Tochas crepitavam em volta das colunas de mármore e um fogo central queimava num braseiro de bronze. As mesas – uma para cada chalé – eram cobertas por uma toalha branca com detalhes roxo.

Trisha nos guiou para a mesa 11 e arranjou lugares para nós. Depois, quando eu achava que ela sentaria conosco, ela nos deu as costas e simplesmente saiu andando até outra mesa. Observei-a e vi-a sentar, sozinha, na mesa 1. Chalé 1... Zeus. Ela era filha de Zeus! Um dos três grandes! Então era dela que o Sr. Brown falara hoje!

Corri os olhos pelo resto do salão e observei as mesas. Ninguém estava sentado na mesa 2, nem na 3. Também não havia ninguém na mesa 13 e na 8. Eu estava tentando descobrir de qual deus eram aquelas mesas quando ninfas – não me pergunte como eu sabia que eram ninfas - avançaram com bandejas cheias de comida, pelas mesas.

Quando chegou a minha vez, coloquei tudo o que eu tinha direito no prato – já que eu não havia comido nada o dia todo.

–- Peça alguma coisa ao seu copo, Noah. – disse Will, que estava sentado na minha frente.

Achei aquilo um pouco estranho, mas mesmo assim disse:

–- Ahn... Coca-Cola.

E então o copo se encheu de refrigerante. Sam e Anne – que estavam ao meu lado – fizeram o mesmo.

Quando íamos começar a comer, Will e todo o resto do chalé se levantaram da mesa. Olhei assustado para eles, tentando entender o que estava acontecendo.

–- Oferendas aos deuses, Noah. Levantem-se os três. Vocês têm que jogar algo de seu prato naquele fogo lá. Digam algo para os deuses, “como “Olá” ou “Me reclamem logo”. Só não esqueçam de seguir a fila.

Levantei-me do assento confortável e caminhei, seguindo a fila, até o grande fogo central. Para mim aquilo não fazia nenhum sentido, porém era melhor não discutir.

Separei um pedaço de frango e, quando minha vez chegara, atirei-o no fogo. “Seja quem for meu pai, por favor me reclame logo.”

Voltei para a mesa, acompanhado de Sam e Anne e começamos a comer.

Trocamos alguns comentários enquanto comíamos e, quando acabamos, o Sr. Brown começou a falar.

–- Como é uma tradição, faremos a captura da bandeira, que ocorrerá na sexta feira. Vocês têm dois dias para se prepararem e tudo o mais. O chalé de Apolo está liderando. Ah! E antes que eu me esqueça, temos um novo campista: Noah Parker. Esperamos que ele seja reclamado o mais rápido possível. Mas, por ora, vamos à fogueira!

Levantamos e fomos ao anfiteatro, onde cantamos algumas canções e comemos algumas besteiras. Posso dizer que foi realmente divertido.

Uma trombeta soou mais cedo do que eu esperava, dizendo que era hora de ir para cama. Fizemos fila e fomos calmamente até o chalé. Cada um se acomodou em um beliche ou num saco de dormir.

Deitei na cama confortável – ainda usando as mesmas roupas – e esperei o sono chegar. O que eu não esperava era o pesadelo.

–- E então Zeus, já mandou a missão ao acampamento? – perguntou Ares, ainda irritado. – Já começou sua busca?

–- Mandarei assim que possível Ares. E sim, comecei minha busca... Mas posso lhe assegurar que não tive nenhuma pista sobre seu filho. Quem o seqüestrou, o fez muito bem.

–- Acho bom você encontrá-lo Zeus. Você me deve uma. – lembrou-lhe Ares, saindo do aposento.

–- Nem me lembre... nem me lembre...

O sonho mudou e eu me vi em um lugar escuro e cheio de sombras. Não conseguia ver nada – o que me deixava tenso.

–- Você sabe quem é o garoto. Reclame-o logo! – disse uma voz feminina.

–- Eu sei, eu sei! Irei reclamá-lo assim que ele provar que merece ser meu filho! E você garotinho, cale a boca! – gritou uma voz grossa que gelava os ossos.

Um arrepio percorreu a minha nuca e eu podia jurar que ele estava falando de mim quando dizia que “o garoto deve provar que merece ser meu filho”.

Naquela noite, acordei assustado e demorei para dormir novamente. Os pensamentos estavam me atormentando.

***

–- Campistas! Hora de acordar! Por favor arrumem tudo antes de saírem para o café!

Levantei-me bocejando e dei uma ajeitadinha na cama antes de acordar Sam. Anne já estava do meu lado e logo Sam e nós caminhávamos em direção ao pavilhão.

Tomamos café calmamente e esperamos por novas ordens.

–- Vamos para a aula de esgrima agora. Por favor me sigam e não façam bagunça! – disse Will, levando o chalé 11 para a arena. Pelo visto iríamos ter aula com o chalé de Ares também. As pessoas daquele chalé me assustavam um pouco.

Em pouco tempo havíamos chegado na arena circular. Will caminhou para o centro e disse-nos para pegarmos uma arma.

Andei até o lugar das armas e passei os olhos por todas, mas nenhuma em particular me chamou a atenção. Optei por pegar uma espada de cor bronze com um tamanho mediano e voltei para perto do Will.

Sam havia escolhido um facão e Anne uma espada prata. Reunimo-nos, todos já armados, perto de Will – que era o instrutor. Olhei para os lados e vi Trisha em um canto, com uma espada longa ao seu lado. A espada parecia uma tempestade, dando uns lampejos aqui e ali, como se fosse feita de raios – o que fazia sentido, já que ela era filha de Zeus.

–- Garotos e garotas, vocês irão praticar alguns movimentos básicos hoje, como estocadas. Podem treinar em dupla, se quiserem. Mas não quero nenhum ferido! – disse ele. A maioria já começara a arranjar algum parceiro, mas eu ainda estava sozinho. – Indeterminados, venham aqui.

Avançamos até Will - que estava sorridente.

–- Bom... vocês são em três... Sam faça dupla com Anne e... Noah vamos arranjar um parceiro para você.

–- Will – gritou Trisha – eu me ofereço para fazer dupla com o novato.

–- Então Noah, você aceita? – perguntou-me Will. – Ou pode fazer dupla comigo se quiser...

–- Não. Eu vou lutar com a Trisha, mas obrigado pelo seu oferecimento. Então... estocadas? Ótimo.

–- Boa sorte garoto. Não se esqueça de que ela é a melhor garota da turma. Sinceramente, acho que você teria mais chances de vida se tivesse me escolhido... Ela parece uma fúria quando luta.

–- Uma o quê? – perguntei, engolindo a saliva.

–- Uma fúria... Tipo a Sra. Eeiley. – disse Will. Eu esperava que ele estivesse brincando comigo mas, pelo olhar que a garota me lançava, eu não diria isso.

–- Vamos lá novato.

–- Novato é? Vou te mostrar o que é ser novato, Cara de Raio. – coloquei a espada na minha frente, em um movimento ameaçador.

–- Do que me chamou?! – gritou ela, avançando para cima de mim. Seu pulso era firme e ela manejava tão bem a espada que não parecia ser humana.

–- Cara de Raio. É, filha de Zeus, eu sei sobre você. – falei, avançando para cima dela e tentando fazer alguns movimentos de ataque, mas estes eram desviados com muita habilidade.

–- Olha aqui, garoto. Você. Não. Tem. O. Direito. De. Me. Chamar. Assim! – disse ela, dando um golpe diferente cada vez que pronunciava uma palavra.

Ataquei com a ponta da espada, mas ela desviou e rapidamente contra-atacou. Abaixei-me e rolei para o lado, levantando-me rapidamente e avançando.

Ela desviou-se, como uma dançarina, da minha lâmina e investiu. Meus músculos rapidamente me fizeram abaixar no chão e eu a fiz cair. Levantei-me e virei para ela, que estava tentando se levantar. Aproximei-me e coloquei a ponta da espada em sua garganta.

Mas, numa reviravolta inesperada, ela habilidosamente desviou minha espada, jogando-a longe. Levantou-se e colocou a sua espada no meu pescoço. Eu estava sem saída, mas não creio que ela iria realmente me matar.

–- Do que você havia me chamado mesmo? – perguntou ela, levantando uma sobrancelha. Seus olhos estavam mais elétricos do que o normal e a espada refletia em sua cara, tornando-a sinistramente aterrorizante. Trisha abaixou a lâmina e deu-me as costas. Rápida e silenciosamente, abaixei-me e peguei a espada que ela havia jogado, colocando-a na base de sua nuca.

–- Cara de Raio. Te chamei de Cara de Raio.

Todos olhavam para nós, esquecendo-se de suas próprias lutas. Até mesmo Will olhava em nossa direção.

Trisha respirou, profundamente irritada, e desviou minha espada, lançando-a no chão novamente. Depois avançou para cima de mim, me empurrando até a parede e colocou a sua espada no meu pescoço. Pude ver a morte naquele momento.

–- Trisha eu...

A garota pegou a espada e, em rápido golpe, arranhou minha bochecha esquerda.

–- Nunca diga nada a respeito do meu pai, novato. Ou você se meterá em sérios problemas. – dizendo isso, saiu firme da arena, com a espada em sua mão. Suas botas faziam barulho e ela logo saiu de vista.

Olhei para o resto da turma, que me encarou de volta. Todos estávamos sem palavras – até mesmo Will, que acabou encerrando a aula mais cedo.

–- Noah, venha aqui. – chamou ele, assim que todos saíram de perto.

Andei até ele, esperando por uma bronca.

–- Foi muita coragem de sua parte ter desafiado-a daquele jeito. Ninguém tem coragem de lutar contra ela nas minhas aulas. Você realmente tem jeito com espadas. Se achássemos uma espada equilibrada para você... não posso nem imaginar o estrago que você faria. – disse ele, um tanto orgulhoso – Ah, e vá lavar esse arranhão. Não é nada muito grave, mas é bom garantir que nada aconteça.

Devolvi a espada para a mesa e saí da arena. Do lado de fora Sam e Anne me esperavam.

–- Caramba Noah, você foi muito bom! Bom... o que temos agora?

–- Acho que é aula de arco-e-flechas. Vão indo na frente... preciso fazer uma coisa antes. – disse para eles.

–- Ok. Vamos Sam. – disse Anne, saindo, mas não sem antes me lançar um olhar intrigado.

Caminhei por entre os chalés, esperando encontrar Trisha em algum lugar. Vi um vulto passar perto do chalé 1 e caminhei até lá. Não demorei para encontrá-la.

Ela estava do lado de fora de seu chalé, cutucando alguma coisa na espada. Aproximei-me cautelosamente.

–- Trisha? – ela não assustou-se com a minha chegada. Apenas abaixou a lâmina e me encarou. – Eu... queria me desculpar por ter te chamado de Cara de Raio.

–- Tudo bem, Noah. Sério. É que eu não sou de fazer muitos amigos e você pegou num ponto fraco. Mas nada particular.

–- Ah... mesmo assim. Eu não devia ter feito aquilo. E parabéns... você lutou muito bem.

–- Obrigada. Ahn... você não tem aula de arco-e-flechas? – perguntou ela, levantando novamente uma das sobrancelhas.

–- Pelo que eu saiba você também. – respondi. Ela olhou-me um pouco curiosa e entrou em seu chalé para guardar a espada.

Afastei-me de lá, indo para a área dos alvos.

–- Ela realmente não gosta de fazer amigos – pensei enquanto caminhava.

–- Hei, Noah! – gritou alguém. Virei para trás e vi ela correndo em minha direção.

–- Oi, Trisha... Algum problema?

–- Bem... acho que você não sabe onde fica a área dos alvos, sabe? Vou te ajudar a chegar lá, vamos.

Ela me guiou pelo acampamento e em cerca de cinco minutos havíamos nos reunido junto com os outros. Um garoto alto e atlético – provavelmente bonito ao olhar das garotas – estava conversando com a turma.

–- Hoje vocês aprenderão como lançar flechas e... Ah! Antes que eu me esqueça, o Sr. Brown pediu para eu avisá-los de que houve uma mudança nos horários e a captura da bandeira será hoje à noite. Podem usar 10 minutos da minha aula para resolverem sobre os times.

O chalé de Apolo – que estava tendo aula conosco – começou a recrutar alguns campistas para seu time e não demorou para que Trisha fosse convocada para o time dos atléticos.

A surpresa foi que haviam chamado os 3 indeterminados também – eu, Anne e Sam.

Reunimo-nos com nosso time e eu aproveitei para apresentar a Trisha para Sam e Anne.

–- Pessoal esta é Trisha. Trisha, estes são Sam e Anne. – falei.

–- Prazer. Sou Trisha. – ela não disse que era filha de Zeus e eu também não toquei no assunto. Virei para a minha equipe de caça à bandeira.

–- Mandaremos bilhetes ou algo do tipo para vocês mais tarde. Precisamos combinar quem fica no ataque e quem defende. – disse um garoto que eu não conhecia, mas parecia ser gente boa.

–- Certo pessoal! Acabou o tempo! Agora vamos para a aula! – gritou o instrutor.

A aula de arco-e-flecha passou rapidamente e uma coisa eu podia afirmar – eu não tinha jeito algum para lidar com arcos. Na verdade, apenas os filhos de Apolo eram realmente bons nisso.

O resto do dia passou tranquilamente. Freqüentamos as outras aulas e tudo ocorreu bem.

Mas então, quando havíamos – eu, Trisha, Sam e Anne – colocado os pés no pavilhão na hora do jantar, um holograma surgiu no topo da cabeça de Anne.

Ela olhou para cima, parecendo alarmada, mas Trisha tranqüilizou-a, dizendo que havia sido reclamada.

Olhei novamente para o holograma e vi o desenho de uma coruja – o símbolo da sabedoria. Atena.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ficou meio grandinho kkkkkk' ainda hoje posto o próximo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Noah Parker E O Refúgio Dos Deuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.