Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 34
Perseguida.


Notas iniciais do capítulo

Maior capítulo até agora hahah'
Espero de verdade que gostem, a fic está indo para reta final e estou com um aperto no peito 3
Boa leitura ;)



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Tudo bem que não foi tão tedioso. Tirando a parte de ter que assistir Evan colocar mais de cem nomes em uma folha de papel e ficar imaginando porque tanta gente queria nos matar.

O resto foi divertido, admito, procurar saber mais sobre cada uma das pessoas ali, o que eles eram, foi bem legal. E também me senti uma criminosa ajudando Sophie a invadir sites de escolas.

No fim, nos contentamos com dez. Eu não entendi o motivo de a lista diminuir tanto em duas horas, mas concordei. Dez era bem melhor que cem.

A segunda parte do plano eu havia sido proibida de ajudar, Evan disse que eu ainda não estava pronta para conhecer tantos seres diferentes, mas quando eu pedi uma explicação ele simplesmente riu e mandou que eu fosse para casa. E eu fui, realmente estava seguindo o caminho de casa, mas parecia que sua confiança não estava depositada em mim no momento, pois enquanto eu dirigia o carro de Sophie, pude muito bem notar o Jipe logo atrás de mim. 

Respirei fundo e revirei os olhos, apertando a buzina algumas vezes. Era uma estrada parcialmente vazia, um tipo de atalho que me levaria mais rápido para casa, segundo Sophie. 

Esperei para ver se ele devolveria a buzina ou se me ligaria dizendo alguma bobagem sobre proteção, mas nada. Aquela coisa de ter um carro tão próximo do seu, de uma maneira tão sinistra e sabendo que boa parte das pessoas da cidade a queria morta, não era nada divertido.

Tateei sobre o painel do carro a procura de meu celular. Eu não era a pessoa mais desconfiada do mundo, mas levei a sério quando Evan me explicou que eu teria que ficar atenta á tudo de agora para frente. Tudo bem que eu poderia estar sendo psicótica, mas preferia correr o risco de ouvir suas gracinhas no telefone, dizendo que era ele quem estava atrás de mim, do que esperar para ver quem era que estava no carro.

Disquei os números, alterando meus olhos entre a frente e o retrovisor do carro, tentando enxergar melhor. Coloquei o telefone no ouvido, esperando que Evan o atendesse logo. E assim o fez.

- Você está me seguindo?

- Deveria?

- Não sei, mas estou vendo seu carro atrás do meu. - Bufei. - Sei me cuidar.

- Eu sei que sabe. - Respondeu rapidamente. - E é por isso que não estou atrás de você. Mas vou estar. - Uma pausa e meu coração falhou uma batida. Encarei o carro logo atrás de mim, tentando em vão ver quem me seguia. - Em que ponto da estrada você está?

- Não sei. - Murmurei nervosa, olhando em volta tentando achar alguma coisa marcante que eu pudesse indicar a Evan. - Tem um rio.

Evan ficou em silêncio alguns minutos. Cogitei a ideia de gritar seu nome enquanto senti ao desespero tomar conta de mim. Me acalmei um pouco quando ouvi o som de uma porta de carro se fechando e sua voz explodindo no aparelho novamente.

- Tudo bem. Você está próxima do desvio, quero que pare de seguir em frente e vire para o lado esquerdo, verá uma estrada, siga ela.

- O quê? - Gritei. - Que estrada?

- A única do seu lado esquerdo, Melanie! - Quase ri da sua tentativa de ficar bravo, porém naquele momento, achei incrivelmente fofo seu tom de desespero e preocupação. - Vire logo! Encontro você na minha casa.

- O quê? - Repeti, enxergando o desvio logo em frente, me preparei emocionalmente para fazer a curva. Odiava dirigir. - Está me mandando para o Pico Da Viúva?

- Claro, tem uma ideia melhor?

- Não. - Sussurrei. - Não demore, por favor.

- Não vou, Mel.

Retirei o telefone do ouvido e girei o volante, tentando entrar na estrada sem perder a velocidade, visto que a última coisa que eu queria era ser pega logo de cara por quem quer que fosse. Procurei manter a calma e não olhar para trás. Faltavam apenas alguns quilômetros até a casa de Evan, eu chegaria até lá em cinco minutos e torcia para que ele chegasse em menos.

Ao longe já podia enxergar a leve neblina, que graças aos céus parecia tentar me ajudar, já que nunca a tinha visto tão fina. Passei meus olhos pelo retrovisor e não me surpreendi ao notar que o carro ainda estava atrás de mim, era bem isso que chamavam de perseguição, agora eu entendia.

Suspirei, pegando com uma de minhas mãos o telefone, ainda ligado, em meu colo.

- Está chegando?

- Estou. - Chiou. - Pare em frente a casa, vou pegar o contorno agora, chego ainda em dois minutos.

Dois minutos? Eu chegaria em menos e seria pega antes mesmo que Evan chegasse. Claro, que me sobravam algumas opções, como diminuir a velocidade ou dar voltas em torno do Pico, mas com toda certeza Evan ficaria furioso comigo.

Continuei dirigindo em silêncio, tentando não surtar de vez. Precisava manter a calma, se eu mostrasse qualquer tipo de medo a pessoa que estivesse me seguindo perceberia e daria o fora dali, antes que Eva chegasse e descobrisse quem era.

Estava cada vez mais próxima do Pico, já podia sentir a neblina atravessando o carro ao poucos, o frio passando pela janela que eu mantive aberta o caminho todo fazendo meus pelos se arrepiarem e tornando tudo aquilo ainda mais assustador.

Parei o carro na frente da casa, exatamente como Evan havia mandado e fechei o vidro esperando em silêncio enquanto pegava novamente o celular com os dedos trêmulos.

- Cheguei.

- Eu também. - Murmurou. Olhei em volta a procura de sua moto, na tentativa falha de enxergá-la no meio da pouca neblina que embasava minha visão. - Estou escondido. Desça do carro, como se não tivesse notado que estava sendo seguida e venha para o lado oeste, estou te esperando.

- Tudo bem. - Sussurrei, abrindo a porta lentamente e saltando dela. - Vou manter o telefone ligado.

Evan não respondeu, por isso coloquei o telefone no bolso de minha jaqueta e caminhei na direção em que ele estaria, sem olhar para trás. Isso dependia de mim, qualquer coisa suspeita que eu fizesse estragaria tudo. Eu precisava manter a calma e caminhar o mais normalmente possível até ele.

O caminho nunca me pareceu tão longo e apesar de eu não ter voltado meus olhos para trás, em momento algum, sabia e senti que estava sendo seguida ainda. Meu coração batia acelerado e minhas mãos geladas e escorregadias, estavam escondidas juntas ao celular. Minha respiração estava pesada e eu sentia minhas pernas bambas, aquela era a sensação de ser seguido por alguém, agora eu sabia como era e sabia o desespero que Amber podia ter sentido na noite de sua morte. É claro que quem a matou a tinha seguido, dessa forma eu não conseguia me livrar da sensação de que seria a próxima.

Finalmente virei a pequena estradinha, aonde Charlote havia me encurralado aquela vez. Forçando os olhos pude ver a moto de Evan, mas não ele. Novamente eu estava desesperada, agora já podia ouvir os passos da pessoa atrás de mim ficarem acelerados. Mas em seguida pararam. Tudo ficou em silêncio, me arrisquei a parar de caminhar e olhar para trás.

A figura de Evan conseguia ficar mais sombria no meio daquela neblina, ele cobria, com seu corpo grande, quem quer que estivesse me seguindo, talvez para que eu não visse logo de cara. Suas costas estavam a centímetros de mim e eu tive que me controlar para não me agarrar a elas e parecer uma garotinha assustada. Apesar de ser isso que eu era no momento.

Sua voz soou firme e sarcástica explodindo ao meu redor, de uma forma quase ameaçadora. Meu coração falhou uma batida quando ouvi o nome, como se dentro de mim, eu já soubesse quem era.

- Poderia dizer que é uma surpresa vê-la aqui, Charlote, mas estaria mentindo.

- Doce como sempre, Evan. - Chiou Charlote em um tom que eu podia classificar como sedutor. Revirei meus olhos. - Vim lhe fazer uma visita.

- Seguindo Melanie? No meu carro?

- Discrição é tudo hoje em dia. - Ela riu. - Se a sua adorável Mel, não fosse tão desconfiada, tudo tinha dado certo.

- Claro que sim. - Evan concordou ironicamente, mas eu sabia que ele tinha ficado abalado com as palavras da Charlote, assim como eu ficara. - O que quer, de verdade Charlote?

- Você sabe muito bem, Evan. - Murmurou, dando alguns passos para frente. - Recebi uma boa proposta de alguns Arcanjos. Eles disseram que se eu a matasse, poderia ter minhas assas de volta.

A risada de Evan explodiu pelo ambiente, a ironia não deixando sua voz. Dei alguns passos para frente, tocando com meus dedos suas costas escondida pela blusa preta, me sentindo confortável apenas por sentir sua pele, mesmo que coberta. 

- E você acreditou? Nunca pensei que a sua ingenuidade chegaria a esse limite, Charlote.

- Eles são Arcanjos, Evan. Podem fazer o que quiserem!

- Talvez possam. - Rebateu Evan. - Mas todos nos sabemos que assas não podem ser recuperadas sem uma pequena ajuda do lado negro, Char.

- E você realmente acredita, que eles são puros como nos pensávamos que eram? - Dessa vez Charlote quem emitiu uma risada, fazendo todo meu corpo se contorcer. - São mais corruptos que nós dois juntos, querido.

Evan ficou quieto por alguns segundos, pensei que ele estava analisando as palavras de Charlote, por isso me surpreendi quando ele voltou a falar.

- Eles disseram que se você a matasse, lhe dariam suas assas. Então devem ter dito porque a querem morta, não é?

Charlote não respondeu. Evan deveria ter acertado em cheio com suas palavras. Parecia haver um motivo para tudo aquilo, pelo menos era o que ele pensava e agora eu era obrigada a concordar.

- Oh meu Deus! - Exclamou Evan por fim. Uma risada sombria deixando sua garganta. - Você está apavorada, não está Char?

Novamente a garota ficou em silêncio. Me ergui nas pontas dos pés, usando as costas de Evan como apoio, para poder ver o rosto de Charlote sobre seus ombros. E tudo o que vi, foi uma expressão que variava entre susto e desespero. Evan havia acertado com suas palavras o que a deixou apavorada e o que provavelmente mandou seu plano por água a baixo.

Meu rosto, ao contrário do dela, variava entre a surpresa e a confusão. Visto que as coisas pareciam ser bem mais complexas do que eu imaginava.

Evan deu um passo para frente, mas eu permaneci no lugar, apenas observando enquanto ele se aproximava de Charlote, seu rosto próximo do dela de um jeito que gelaria meus ossos.

- O gato comeu a sua língua? - Mais um passo e tudo o que os separava agora era uma pequena brecha por onde o vento se esgueirava. - Quem quer matá-la, Charlote?

Charlote se abaixou, ficando apoiada nos joelhos, os lábios vermelhos que eu vira antes agora eram cobertos por uma cor branca. Sua boca se abriu, deixando que as palavras saíssem, baixas demais para que eu ouvisse se não ficasse atenta.

- É a única forma de sermos salvos, Evan.

- Quem quer matá-la?! - Gritou, se abaixando para ficar na altura de Charlote, a pegando pelo pescoço antes de se erguer e trazê-la junto. Um som de pavor escapou de minha garganta, mas foi ignorado por eles. - Responda!

Num surto de medo e compaixão, me aproximei de Evan em passos rápidos, pousando minha mãos em seus ombros na tentativa de afastá-lo ou de fazê-lo soltar o pescoço de Charlote.

Mas não era uma tarefa fácil, ele parecia nem ter sentido minhas mãos. Como se os dois estivessem em um universo diferente, um universo aonde eu não conseguia entrar, como se mais nada existisse ao redor deles.

- Porque ela vai ser o fim de todos nós! - Gritou por fim. - Agora me mate, antes que eu saia daqui e arranque o coração da sua preciosa garotinha!


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Notas finais do capítulo

Comentários? u_u
Vou falar, gostei de verdade de escrever esse capítulo, não sei porque mas acho que o motivo é que as coisas estão sendo reveladas e tal *O*
Agora quero saber de vocês: O que acharam?
Fiquem bem!
Beijos ♥