Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 31
Primos.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥
Dúvidas: http://ask.fm/fanficsask



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O susto e a adrenalina tomaram conta do meu corpo e me deram a força necessária para subir as escadas de volta à meu quarto. Eu poderia simplesmente ter descido até a sala e feito a maior cena, mas eu não tinha ideia até que ponto Daniel sabia das coisas e não queria botar tudo a perder.

As palavras dos dois ecoavam em minha mente, atirando perguntas para mim, das quais eu não fazia ideia da resposta. O que Evan quis dizer com Daniel estar "se passando" pelo meu primo e pior, o que Daniel quis dizer com estar me protegendo de Evan? Será que eles não faziam ideia da confusão que assombrava minha cabeça?

Eu havia mantido segredo esse tempo todo, fugindo de Daniel só para não ter que enfrentar as bilhares de perguntas que ele despejaria para mim, e agora, de uma hora para outra, sinto que ele sabe de mais coisas do que eu.

Eu não fazia ideia do que fazer naquele momento, mas sabia que surtaria se ficasse ali, porém, que outra maldita opção eu tinha além de esperar Evan subir e despejar mais mentiras para cima de mim? A raiva era tudo o que me mantinha forte naquele momento, eu sabia que se não me concentrasse na frustração de saber que todos continuavam mentindo para mim, eu provavelmente desabaria em lágrimas.

Não demorou muito para Daniel bater na porta do quarto e foi evidente a minha surpresa ao vê-lo. Eu estava sentada na poltrona perto da janela, pensando em coisas para dizer a Evan quando ele entrasse, mas agora estava tudo perdido, eu não fazia ideia do que dizer à Daniel.

Agradeci mentalmente quando ele começou a conversa, mas me arrependi em seguia ao absorver o que ele dizia.

– Eu sei que você ouviu nossa conversa. - Voltei meus olhos para a janela à meu lado e o ignorei completamente, apenas ouvindo seus passos enquanto ele caminhava em direção a minha cama e se sentava nela. - E sei também que você deve estar com muita raiva de mim.

Pensei em lhe dar uma má resposta, mas naquele momento eu preferia o silêncio. Sabia que qualquer coisa que eu dissesse poderia ser usada contra mim de alguma forma.

– Mel, vou entender se você não quiser falar comigo hoje. - Murmurou calmamente. - Vou entender completamente.

E aquela foi a gota d'água para mim. Tudo bem que eu estava puta da vida com tantas mentiras, mas Daniel não podia agir como se tudo fosse ficar bem na manhã seguinte, quando sabíamos que as coisas nunca ficariam bem, de verdade, enquanto todos mentissem tanto.

– Não quero falar com você. Nem hoje, nem amanhã e nem nunca. - Infantil, eu sei. Mas se você estivesse em meu lugar, provavelmente, agiria da mesma forma. Quando as coisas finalmente pareciam estar entrando nos trilhos, alguém vai lá e coloca tudo a perder. - Não sei quem você é de verdade, Daniel. Céus, nem sei se você é, realmente, meu primo!

– Está me dizendo que deu ouvidos ao Evan? - Daniel riu nervoso e se levantou da cama, parando do mesmo jeito no qual tinha se erguido. Quase como se nada o abalasse, sua voz soou fria e desinteressada. - Você nem sabe o que ele é!

Revirei meus olhos e os voltei em direção a Daniel. Lembra aquela coisa de aguentar tudo calada? Nesse momento eu estava pouco me importando para ela.

– Não é porque você vive de mentiras, que Evan faz o mesmo que você. - Suspirei, retomando ar e continuando a disparar coisas pelas quais me arrependeria de ter dito. - Eu sei quem ele é. Mas não sei quem você é, Daniel.

– Sou seu primo, oras! Crescemos juntos, Melanie. Está me dizendo que vai fingir que não sabe quem eu sou, só porque um garoto que você mal conhece, disse que eu não sou da sua família?

Daniel estava certo, em partes, mas toda a vontade de concordar com o que ele dizia ia para os ares ao me lembrar do que tinha ouvido na sala de baixo. Eu estava explodindo por dentro e me arrependendo de ter aberto minha maldita boca.

Me levantei da poltrona e segui em direção a porta, a puxando e apontando para ela com uma das mãos, como um convite para Daniel dar o fora dali antes que eu perdesse a cabeça. Coisa que não estava muito longe de acontecer.

– Saia daqui e quando estiver pronto para parar de mentir para mim, ai sim vou lhe dar ouvidos. - Murmurei. - Eu sei mais sobre ele, nesse pouco tempo que o conheço, do que sei sobre você nesses dezesseis anos, Dan.

Daniel caminhou até a porta em silêncio, prestes a passar por mim, quando subiu os seus olhos para responder.

– Só estou dizendo que quando chegar a hora, você vai ter que escolher em quem confiar. - O tom frio ainda estava marcante em sua voz e suas palavras soaram ameaçadoras, capazes de fazerem meus braços ficarem arrepiados. Não me abalei, me mantive firme esperando por qualquer outra palavra que viesse dele. - E eu espero, de verdade, que perceba que eu sou o único que nunca mentiu para você. - Mas então, em um choque de lucidez, sua voz voltou a ser doce e carinhosa. - Espero que fique do meu lado, Mel.

– Você não está na posição de exigir nada de mim, Dan. - Rebati. - Sei que está me escondendo algo, assim como sei que Evan também está.

Daniel não respondeu, mas também não pareceu se impressionar ou se abalar com a minha resposta. Apenas passou por mim e caminhou corredor a fora, descendo as escadas em passos pesados, até o silêncio dominar a casa novamente e eu fechar a porta.

Por um momento, tudo o que eu queria era estar de volta em Londres, longe de toda essa loucura que minha vida tinha se tornado, rodeada de pessoas normais e não anjos caídos e um primo que escondia as coisas de mim. Aquela não era minha vida de antes, mas eu sentia que era minha verdadeira vida, como se todo o resto tivesse sido apenas lembranças plantadas em minha cabeça.

Eu estava indo com sede no pote, tinha que tirar as dúvidas que já tinha, antes de me dar ao luxo de arrumar outras.




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Notas finais do capítulo

E aí? Qualquer coisa, dúvida e tal, estou respondendo no ask (:
Beijos ♥



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