Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 26
Sigilos.




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Eu mal conseguia respirar, era adrenalina demais. Não conseguia formular as palavras, queria perguntar a Evan se estávamos sendo seguidos ou para onde estávamos indo, mas nenhum som saia.

Pela primeira vez agradeci ao fato de Evan não respeitar o limite de velocidade,  queria ir para algum lugar seguro, seja qual fosse. Notei que não estávamos a caminho do Pico, aquela era uma parte da cidade que eu não me lembrava de já ter estado. Quando contornamos a rodovia e entramos em uma rua menos movimentada, ele diminuiu a velocidade, me possibilitando enxergar melhor o lugar. 

Após alguns minutos, Evan estacionou a moto e desligou o motor, esperando que eu descesse dela. E assim o fiz, retirei o capacete e entreguei a ele, me virando para encarar o prédio atrás de mim. 

- O que estamos fazendo no Coronado?

- Arcanjos não costumam ver peças de teatro. - Respondeu rindo, saltando da moto e parando a meu lado. - Eles não podem vir aqui.

- E porque não?

- Porque - Evan arrastou a palavra, como se fizesse algum tipo de suspense. O encarei. - Existem sigilos nas paredes.

- Sigilos?

- Sigilos. - Repetiu. - Os Arcanjos são um pé no saco. - Começou, apontando com a mão para a entrada do teatro, me incentivando à entrar. - Então, algum caído teve a ideia de construir um lugar seguro, e bem, bingo!

- Não é uma história legal. - Murmurei. - Esperava mais ação.

- Como o quê? Lúcifer ter mando seus demônios construírem esse lugar para nós? - Perguntou me seguindo através da roleta na entrada. 

-  Talvez. - Rebati. - Talvez ele se importe.

Eu não sabia porque diabos estava falando sobre aquilo, mas essa era a única maneira de chegar ao assunto que eu desejava. De descobrir mais coisas.

- E ele se importa. - Deu de ombros. - Uma batalha está próxima, todos nós sentimos isso. E bem, Lúcifer pretende destruir a humanidade e seus demônios, mas precisa de ajuda com isso.

- Lúcifer vai destruir seus demônios? - Não pude controlar o riso, isso já era demais. - Porque os criar então?

- Porquê, nós, não nos juntamos á ele. - Respondeu seriamente, mas depois completou. - Não sou nenhum estudioso da bíblia, Melanie, estou tão no escuro quanto você.

- Então me diga sobre os Arcanjos. O que sabe deles?

- Arcanjos são ferozes. Eles são soldados do Céu. - Murmurou. - Não são do tipo que irá se sentar no seu ombro, e cuidar de você. - Evan pausou, analisando suas palavras e procurando no fundo de sua mente, uma descrição que eu entendesse. - Eles não cuidam de você, para eles os humanos só são animais que devem ser ordenhados. - E então, antes que eu pudesse absorver suas palavras, ele completou. - São do tipo que atiram antes e perguntam depois.

- Porque estão atrás de você? - Me deixei perguntar, abrindo minha boca e deixando que a coisa mais racional que eu pudesse formular, saísse dela. 

- Não estão atrás de mim. - Respondeu calmamente, puxando uma cadeira perto da saída de emergência, e se sentando nela. - Estão atrás de você.

- De mim? - O choque foi imenso. Minhas costas procuraram apoio na parede atrás de mim enquanto eu tentava engolir o máximo de ar possível. Minhas mãos estavam suando, e meu coração batia de uma forma acelerada. Olhei para Evan. - Porque?

- Você sabe demais.

- Não. Eu não sei demais! - Gritei, tentando convencer a ele e a mim. - Estou no escuro, Evan! Há três semanas eu era uma garota normal, vindo para o enterro da minha irmã e agora estou aqui, conversando com um anjo caído!

- Você é especial. - Sussurrou se levantando e me pegando pelos cotovelos, a fim de me colocar sentada na cadeira. Não impedi, minhas pernas estavam bambas demais para que eu o fizesse. - Sempre foi.

- Os Arcanjos mataram a Amber? 

Senti meus olhos lagrimarem, eu sabia que estava a ponto de cair aos prantos. Mas tentei me manter firme, observando Evan se agachar na minha frente e segurar minhas mãos.

- Não foram eles. - Respondeu confiante. - Não sei quem foi, Mel, mas vou descobrir.

- Você acha que... - Engoli em seco. - Mataram ela por minha causa?

- Porque está dizendo isso? - Seus olhos se arregalaram brevemente, mas depois relaxaram e apenas seu queixo permaneceu rígido. 

- Pense bem. Essa noite os Arcanjos aparecem de repente no Rosa Negra, e depois você me diz que estavam atrás de mim e agora isso, faz sentido não faz? Eles podem ter me confundido com ela e agora, perceberam o erro e estão atrás de mim.

Só notei o quão desesperada estava quando senti os dedos frios de Evan tocarem a pele do meu rosto. Seus olhos negros focados nos meus, que estavam agitados e molhados, numa tentativa de tentar me fazer manter a calma. Naquele momento, aqueles olhos me pareciam mais acolhedores do que nunca, exalavam uma paz tão intensa que foi capaz de controlar as batidas do meu coração de uma forma única.

- Melanie, - Começou. - Não quero que pense nisso, não quero que ache que a culpa é sua. Deixe isso comigo, tudo bem?

- Mas...

- Mas nada. - Repreendeu. - Se quer culpar alguém, culpe a mim. Não posso vê-la se martirizando dessa forma, quando sei que você é a pessoa mais inocente desse planeta. O assassinato de Amber não foi sua culpa. Os Arcanjos estão atrás de você, porque Charlote provavelmente avisou à eles. É só isso. Mas eles não vão chegar até você, Anjo. Eu prometo.

- Não pode garantir isso. - Balbuciei de uma forma infantil, quase me envergonhei disso e teria o feito se a dor não fosse tão grande. - Não pode proteger minha irmã, o que o faz pensar que poderá fazer algo por mim?

Isso foi um tanto rude, mais rude do que eu pensei que seria. Porém eu estava desesperada demais para medir minha palavras, estava cansada demais de tentar manter a calma, quando por dentro, eu estava explodindo e sendo quebrada em pedaços. Doía em mim magoar Evan de qualquer forma, mas naquele momento, meu egoísmo falou mais alto e eu não pude, simplesmente, ficar em silêncio e sentir que a tortura lenta estava começando, dentro de mim.

- Não vou cometer o mesmo erro pela segunda vez. - Disse confiante. - Não fui forte o bastante para proteger Amber, pensei que ela estava segura, mas estava errado. Dessa vez recebi um aviso prévio, sei que eles estão atrás de você. Não vou baixar a guarda, Mel. - Seus dedos acariciaram meu rosto, e um sorriso brotou em seu rosto, obrigando que minha expressão se tornasse parecida com a sua. - Não vou deixar eles, nem ninguém, te machucar.


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Notas finais do capítulo

Criei um grupo para quem gosta das minhas fics: https://www.facebook.com/groups/463347553749146/ Além da página, de cada uma das histórias, resolvi criar isso também, para ouvir as ideias de vocês U____U



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