Conspiração Divina - Versão I escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 10
Conversa.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo pequenininho, pois é, pois é :c

Mas espero que gostem ♥



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Evan parou a moto em um lugar que eu nunca tinha ido em toda minha vida em Rockford, mas que eu pude reconhecer por fotos. Aquele era O Pico Da Viúva, um lugar famoso pelos diversos suicídios de mulheres na década de cinquenta.

Meu coração gelou e eu pude sentir minhas mãos suarem, mas tentei parecer calma enquanto o seguia até um balanço em forma de banco, que estava pendurado entre duas árvores finas.

A brisa que soprava do mar era gélida e eu me arrependi por ter deixado minha blusa de lã dentro da minha mochila, na moto. Era um lugar feio, se você apenas passasse os olhos, mas se olhasse com cuidado conseguiria ver beleza por detrás da neblina fina que rodeava o campo.

Por um instante pensei que já tinha estado ali, mas era uma lembrança distante demais, quase surreal. 

Suspirei e encolhi minhas pernas, sentindo os pelos dos meus braços se arrepiarem. Evan parecia inerte à qualquer coisa, seus olhos focados diretamente para o penhasco, mas sua mente muito além dali.

- Eu trouxe Amber aqui. - Murmurou. Eu quase não o ouvi, era um murmurio baixo e leve, quase como se ele se lembrasse da cena. - Mas ela não gostou, no momento em que pisou aqui surtou e ordenou que eu à levasse embora.

- Amber não costumava gostar dessas coisas. - Respondi, também murmurando, um pouco mais alto que ele.

Evan negou com a cabeça e soltou um leve riso tristonho.

- Sinto falta dela. 

Fechei meus olhos, fazendo o máximo possível para ignorar a ponta de inveja que me surgiu. Era idiota sentir isso, eles tiveram uma história antes que eu chegasse, e mesmo sentindo o que sentia agora, não poderia obrigar Evan à apagá-la.

- Eu também...

Pela primeira vez desde que chegamos, ele virou seu corpo para mim e encarou meus olhos.

- Vocês não eram próximas, - Começou. - Mas, Amber fazia questão de me contar cada detalhe das coisas que vocês faziam quando crianças. - Ele riu.

- Acho que ela nunca me perdoou, por tê-la deixado. - Desabafei abaixando meus olhos, um som abafado escapou de meu peito na forma de uma risada. Continuei. - Eu fui fraca e egoísta, sabia que ela precisava de mim e mesmo assim fui embora. - Ergui meu rosto, voltando à encará-lo. - Pelo menos ela encontrou você.

Dessa vez ele desviou o olhar, voltando a encostar suas costas no balanço.

- A pior coisa que ela já fez.

- Ela foi feliz, Evan, tenho certeza que foi.

Ele assentiu.

- Mas teve um fim desses. - Sussurrou, baixando seus olhos. - E mesmo que indiretamente a culpa foi minha.

- Porque você fala isso? - Curvei meu corpo para frente, na tentativa de encontrar seus olhos.

- Tudo que eu toco se despedaça. - Respondeu, mais para si do que para mim.

Neguei com a cabeça, apesar de sentir o mesmo que ele.

- Sua ex namorada ainda está viva, não está? Seu pai está vivo.

Ele absorveu minhas palavras por bastante tempo, uma demora que me agoniava, voltei a me encostar no balanço esperando que ele não respondesse, mas quando eu menos esperei ele virou seu rosto brevemente para mim e murmurou.

- Porque eu não a amei

Tentei não me abalar com sua resposta e nem com os seus olhos que examinavam os meus de uma forma intensa, como nunca fizeram antes.

- Eu me amaldiçoei por muito tempo. Passava as noites em claro, pensando que se talvez, eu não estivesse naquele carro com os meus pais, eles ainda estariam vivos. - Abaixei meus olhos antes de completar, a culpa me invadia o tempo todo, momentos como aquele passaram a ser comuns na minha vida. - Se eu não estivesse naquele carro, não teria ido para Londres e... Amber ainda estaria viva.

- Não se culpe. - Respondeu, sua voz um pouco mais alta que um sussurro. Minha pele se arrepiou quando sua mão tocou a minha, me obrigando a levantar meus olhos. - Amber nunca lhe culpou por nada. Nem pela morte dos seus pais, nem por você ter deixado Rockford.

- Mas eu deveria ter ficado com ela. - Sussurrei, meus olhos lagrimavam, eu sabia que iria chorar.

- Não podemos mudar o passado, Mel, mas podemos fazer um futuro melhor. - Seus dedos tocaram a superfície logo abaixo dos meus olhos, limpando a lágrima que escorreu por ali. Em seguida ele acariciou minha bochecha e sorriu brevemente. - Você só tem que parar de se culpar.

- Você também. - Murmurei de volta, minha voz estava fanha e chorosa, tentei ignorar esse fato, dando continuidade à minha frase. - Você a amava, não iria matá-la.

Ao contrário do que imaginei seu sorriso não se foi, se tornou apenas triste, mas ainda assim presente.

- Um dia, você vai entender a coisa toda.

- Porque não agora? 

Ele suspirou antes de responder, seus olhos deixaram os meus apenas por um segundo e em seguida se fixaram novamente.

- Porque, tudo o que acontece aqui, é confuso demais. 

- Você vai me contar o que viu naquela noite? 

- Na hora certa. - Evan continuou a acariciar meu rosto, sua mão quente borbulhava em minha pele fria, me causando arrepios. Mas era bom, muito bom.

- Agora vamos entrar, antes que você pegue um resfriado.

Olhei para ele, parecíamos estar no meio do nada, aonde ele queria entrar?

- Aonde?

- No meu esconderijo. - Sua voz se tornou brincalhona e ele se pois de pé e em seguida me estendeu a mão. - Vamos senhorita?

Assenti, sorrindo antes de segurar sua mão e me levantar também.

Era incrível como Evan podia fazer o clima mudar, toda aquela coisa tensa que tínhamos passado minutos antes tinha sumido, agora tudo o que nos cercava era o tom gostoso de sua voz cantarolando alguma musica dos Beatles, enquanto caminhávamos entre a neblina.

Pude sentir um de seus braços rodearem meus ombros, numa tentativa de me aquecer, que funcionou, o que eu agradeci mentalmente.

Logo chegamos até o tal "esconderijo", que na verdade era uma pequena cabana quase na beira do pico. As colunas de madeira pareciam firmes, apesar de velhas e o ambiente todo tinha um ar aconchegador.

Subimos os três degraus que nos levariam até a porta, e quando chegamos na mesma, Evan colocou uma de suas mãos na fechadura e murmurou alegre.

- Seja bem vinda à minha casa, Senhorita Campbell.


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Notas finais do capítulo

E então? *O*

Próximo capitulo cheio de coisinhas :3 hahah' sem spoilers u_u

Talvez eu poste mais um hoje, mas tenho que ir para a escola, então se eu não chegar muuuuito cansada eu posto ;)

Me digam o que acharam *-*

Beeeijos ♥



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