- Quinn, você ouviu o que eu disse?! - Alexia me perguntou, resmungando.

 - Hein? - Perguntei, quase dormindo. Olhei pela janela do avião, só vi nuvens.

Argh, eu disse para aquela retardada só me chamar quando o avião estivesse em Roma!

 - Ugh, eu disse que estamos quase em Roma!

 - Ugh, e eu disse "me acorde quando já estivermos em Roma ." - Disse com raiva, me virei e tentei voltar a dormir. OMG, na boa, se dependesse de mim, essa garota já estaria com a jugular seca. "Discrição é a chave, Quinnie. A chave para se manter viva, e longe dos clãs perigosos. Especialmente os italianos ." Papai costumava dizer. Sua definição de "Discrição": "Só se alimente de comida, se puder. Se não, beba apenas sangue animal. Guarde os humanos para feriados e datas importantes." Acabou morto com sua " Discrição". Ele, mamãe e minhas 3 meio-irmãs. Meio humanas e meio vampiras, como eu.

Fora umas ou outras diferenças entre nós, como eu ter habilidades, hum, especiais e ser venenosa, nós éramos muito parecidas. Pele branca, MUITO branca, olhos claros, embora em diferentes cores, os de Ananda eram verdes, os de Clarissa eram mel claríssimo, os de Amely eram azul elétrico, e os meus, cinza com rajados azulados, e um círculo meio acastanhado, meio esverdeado em volta da pupila. Cabelos escuros, de castanho escuro a pretão e baixas.

Bem, outra diferença é que as mães delas não sobreviveram ao parto. A minha sobreviveu, mas como vampira, porque, além do papai estar junto e ter dado uma mãozinha pro veneno se espalhar, eu meio que, hum, er, mordi ela, hehe.

Ah, ninguém tinha me falado que não podia, só me avisaram depois!

Enfim, nós vivemos bem por uns 3, 4 anos, mamãe praticamente adotou as meninas, ela cuidava da gente, papai também.

Mas aí, papai resolveu se mudar com a gente para o litoral, e lá, bem, tinha um clã.

Um clã muito grande. E  muito antigo. E muito, mas MUITO intolerante.

E eles descobriram sobre o que meu pai fazia, sobre mim e sobre minhas irmãs, descobriram também, um de meus dons. O de absorver os poderes de qualquer vampiro poderoso, apenas ao encostar nele.

E, bem, um dia, eu saí de casa para ir no mercado, normal, sempre fui eu quem fazia as compras do mês. Aí, eu cheguei em casa, ao anoitecer, e vi apenas fumaça roxa saindo pelas janelas. Entrei correndo dentro de casa, e vi a cena demoníaca.

Meus pais queimando em uma pira, saindo fumaça roxa, e minhas irmãs, jogadas no chão, com os pescoços visivelmente quebrados - um pescoço normal definitivamente não estaria dobrado naquele angulo  - e marcas de dentes, mas com pouquíssimo sangue nas aberturas, olhei em pãnico ao redor e vi formas humanas saindo das sombras, me cercando.

Era uma emboscada (AH VÁ, QUINN, idiota).

Eu entrei em pânico e usei meu outro  dom. O que eles nem suspeitavam existir. O que na verdade, só eu e meu pai sabíamos. Eu podia controlar a força de vontade das pessoas/vampiros.

Então, falei com uma voz séria e autoritária "PAREM." E eles pararam.

Falei "MATEM UNS AOS OUTROS E ME IGNOREM." E eles se destruiram. Só sobrou um. Arranquei sua cabeça e taquei fogo. Nos outros tambem. Corri pro meu quarto, peguei uma mochila enorme que Amely havia me dado de natal, soquei todas as minhas roupas ali, maquiagem, sapatos, tudo o que pude encontrar, fui pegando e socando ali até a mala quase não fechar. A casa estava pegando fogo. tinham tantos corpos lá em baixo, com certeza iriam achar que eu era um deles, e estariam tão carbonizados que não haveria jeito de sequer tentar identificar quem era quem. O fogo consumia minha porta e a parede. Fui até a janela, pulei para fora. Fiquei vagando pela América do Sul desde então, até que, um dia, voltei para a cidade onde minha família foi morta. Conheci alguns mortais, e planejava dar cabo deles, apenas esperava o momento oportuno...

 - Quinn, agora sim, chegamos em Roma, olhe pela janela. - Alexia me chamou, me arrancando das lembranças.