‎O outono pareceu chegar de repente naquele ano. A mulher abriu o livro, admirando as letras negras gravadas no papel. Ela chorava. Seus dedos percorriam as páginas em busca da palavra tão esperada. Os olhos, ávidos e incansáveis, desconcentravam-na às vezes, por tamanho nervosismo. Os lábios tremiam quando levantou a cabeça, enquanto via um grupo de pessoas se dirigir à uma plataforma.

Haviam três crianças. A menor era uma garota ruiva, que parecia um tanto triste e inconformada, provavelmente querendo alguma coisa. O maior tinha um ar maroto, brincava e sorria arrogantemente. A mãe, ruiva como a pequena menina, tentava controlar suas brincadeiras. O irmão do meio estava nervoso, era possível ver isso em suas expressões. Ele era igual ao pai. Os olhos verdes destacavam-se fortemente, em contraste com a escuridão de seus cabelos negros.

O grupo sumiu pela parede da plataforma, deixando apenas o rastro de que haviam passado por lá. Não sabia por que, mas a mulher sabia que tinha de segui-los, seu coração se enchia de contentamento ao ver aquelas pessoas, como se já as conhecesse há muito tempo.

Ao atravessar a barreira invisível, pode ver o local lotado. E ela sabia o nome de cada um que se encontrava presente. Sua atenção se voltou para a mesma família de antes, mas agora ela estava com mais quatros integrantes, cujo quase todos eram ruivos, exceto pela bela mulher ao lado do marido. Eles sorriam, enquanto um dos garotos corria para eles, parecendo afobado.

Eles riam mais ainda, colocando as bagagens no lugar. As crianças se dirigiram ao trem, que já fumaçava, mas apenas o pai e o filho parecidos permaneciam fora. A garoto entrou e foi até uma cabine, se encontrando com um menino loiro, sorrindo de forma contagiante. O homem passou a mão pela pequena cicatriz em forma de raio, que há tempos não lhe incomodava, observando as várias palmas lhes acenando.

Ela apertou o livro contra o peito, observando a gigantesca cobra vermelha finalmente partir. Tudo estava bem.

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Mas afinal, quem era aquela mulher?