De Draco para Astoria. De Astoria para alguém.

Haviam me dito que ele não valia a pena. Chamaram-no de covarde, de fraco pelas costas. Avisaram para eu manter distância. Porém, não podia fazer aquilo.

Era um jantar enfadonho, você estava com um vestido azul de veludo. Ao se sentar ao meu lado, eu senti um arrepio na nuca.

Quando olhei para o seu rosto, não vi aquilo que esperava encontrar. Ele era na verdade alguém machucado, com o espírito despedaçado. Estava em seu pior momento quando o conheci, mas, ainda assim, não consegui deixar de me sentir atraída por sua figura fascinante e melancólica.

Você estava tão quieta, mas observava a tudo com toda a atenção. Seu olhar inquisitivo era intimidador. Contudo, algo em você me fazia querer sorrir. Porque, de alguma maneira, você me enxergava, se interessava e, principalmente, não fugia. Foi por isso que, após experimentar o vinho da taça, eu fiz aquilo. Eu sorri.

Aquele rapaz precisava de uma pessoa que não apenas gostasse dele, mas que quisesse compreendê-lo, que desejasse ouvir suas angústias, que estivesse disposta a ficar ao seu lado apesar de tudo. As dificuldades sempre seriam inúmeras. No instante em que os lábios dele formaram um fraco sorriso pela primeira vez, percebi que meu destino era ser tal pessoa.

Eles tinham alguma razão, sabia? Talvez tivesse sido melhor não nos envolvermos. Você não precisava passar por tudo aquilo por minha causa – e acredito que sabia disso. Mas, mesmo assim, fez sua escolha. Eu poderia perguntar a razão, porém isso seria um desrespeito a sua benevolência. Eu não precisava de explicações, você simplesmente estava lá.

Por algum tempo, escutei todos os tipos de comentários maldosos. Eles queriam atingi-lo, queriam me atingir. Eram mesmo estúpidos. Será que não percebiam que desde o começo a decisão havia sido minha? Eu quem tomei a iniciativa, eu quem me aproximei. Sempre ficaríamos naquele esquema de "inocente ou culpado", mas se houvesse realmente alguém para culpar, teria que ser eu. Ele era minha vítima.

Era um jantar enfadonho, você estava com um vestido azul de veludo. Seus cabelos castanhos caíam em cascata sobre as costas, seus olhos verdes brilhavam como duas pedras raras – talvez esmeraldas. Bom, eu nunca soube bem. Ao se sentar ao meu lado, eu senti um arrepio na nuca. Bebi um pouco de vinho e sorri. Sua mão escorregou pela superfície da mesa e segurou a minha. Você sorriu de volta.

Do primeiro dia até o último, ele sempre pertenceu a mim. E eu, a ele.

Com a voz doce, você disse um "sim" definitivo ao meu pedido.

Para sempre, sua.

Para sempre, minha.