I Wont Let It Go escrita por Vítorms394


Capítulo 9
Everything was fine again


Notas iniciais do capítulo

Prontos para conhecer os pais da Amy? (:



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                Meus olhos estavam abertos, mas eu não enxergava muita coisa. Forcei meus músculos cansados a me sentar na cama. Esfreguei as mãos no rosto a fim de despertar, mas sem sucesso. Cambaleei com esforço até o banheiro onde parei na bancada da pia e me olhei no espelho. Eu voltara ao meu normal de sempre. Minha pele de "branco cadáver" voltou ao "moreno claro" de antes. Despi a blusa de manga comprida e o moletom cinza. A noite havia sido bem fria. Avaliei meu corpo e levantei um pouco a cueca boxer para fitar a cicatriz em minha perna. Mais uma à coleção.

                Recebi alta do hospital duas semanas após ter saído do coma. Mais precisamente ontem à noite. Não falei com Amy desde aquela noite. Não porque não tentei, mas sim porque ela não queria falar. Eu não a culpo por nada. Eu sei que ela está confusa pelo que sente por mim e ao mesmo tempo se sente culpada por ter "traído" a barata que tem como namorado. Não gosto daquele garoto. Não consigo gostar. Bem, não a deixarei ir assim tão fácil. Se ela não queria falar por telefone, então se eu aparecer na casa dela não haverá como ela não ouvir. A menos que ela me expulse...

Meu corpo estava sarado. Minha costela voltara ao normal assim como o resto. Não me sinto confiante o bastante para fazer movimentos muito bruscos, mas para todos os casos eu estou bem. Entrei no chuveiro e tomei um banho gelado para despertar. No início quase morri congelado, mas a sensação de refrescância ao sair fez valer à pena. A manhã estava numa temperatura agradável, portanto vesti roupas leves e peguei a chave do carro. Deixei um bilhete para minha mãe dizendo que saí e que voltaria logo, já que ela ainda estava dormindo.

Dirigi pelas ruas até avistar a casa de Amy. Estacionei o carro em frente ao portão e saí dele guardando as chaves no bolso e arrumando a roupa desnecessariamente. Abri o portão e passei por ele fazendo um barulho ao fechar novamente. Me apressei um pouco e toquei a campainha. Me senti um pouco desconfortável ao olhar ao redor. Já havia visto tudo aquilo antes, mas não tão de perto. Aquilo parecia ser a entrada de um castelo. O jardim era magnífico com duas árvores, uma grama recém regada e janelas grandes e majestosas. A pintura era branca e a porta, de madeira maciça. Havia umas cadeiras de ferro na varanda e flores ao redor da casa.

Dez segundos após do som da campainha ressoar na casa a porta se abriu e um homem baixo se colocou a minha frente. Ele era rechonchudo e tinha uma aparência gentil. Vestia uma bermuda caqui e uma blusa pólo que espremia a barriga consideravelmente grande. Seus cabelos eram pretos, porém mais claros que os de Amy. Os fios bem curtos estavam penteados ligeiramente para cima e o cabelo tinha a aparência de recém-cortado. Seus olhos cor de mel me fitaram por um segundo e ele abriu ligeiramente a boca.

- Posso ajudar? – ele perguntou apoiando o braço esquerdo na porta aberta. Nesse braço havia um relógio de pulso de aparência cara.

- Hmm, desculpe senhor... Você é o pai da Amy? Estou procurando por ela.

- Você deve ser o Logan – ele supôs.

- Sim, senhor – eu disse colocando uma mão no bolso da bermuda.

- Prazer em conhecê-lo, Logan – ele estendeu a mão alegremente para mim. A apertei enquanto ele dizia – Sou o pai dela sim. – ele sorriu gentilmente para mim – Ela nos falou muito sobre você.

- Ela é uma ótima amiga – eu disse. Não contaria a ele sobre nosso relacionamento um pouco maior daquela noite no hospital porque sinto que Amy não iria querer que ela soubesse. Provavelmente ela própria não o contou.

- Entre, por favor! – ele sorriu radiante para mim e abriu passagem para que eu entrasse na sala fechando a porta ao passar.

Eu nunca tinha visto um lugar tão bonito antes. Não é novidade que eu e minha mãe não somos ricos, mas mesmo tendo o dinheiro suficiente para nos sustentar, nunca tivemos oportunidade de luxo. Pelo o menos durante o tempo que nasci até hoje.

No centro da sala havia um tapete muito bonito e duas poltronas acolchoadas em volta do mesmo. Exatamente ao lado esquerdo da porta havia a escada que levava ao primeiro andar da casa e seguindo em frente na sala havia um arco que levava até a cozinha pelo o que eu podia ver.

As cortinas eram de cor bege clara e estavam abertas. O sofá era do mesmo material aparentemente macio das poltronas e estava ao lado de uma delas. O lustre de vidro em forma de gotas estava posicionado ao centro da sala quase circular. Havia uma televisão encostada na parede em frente ao sofá – que ficava em frente à escada – e as paredes eram todas cobertas por papéis de parede muito bonitos e luxuosos. Havia uma mesinha de centro em cima do tapete entre as duas poltronas e havia também um vaso de flores ao canto do local. As janelas permitiam que a luz entrasse e iluminasse toda a sala. Elas estavam abertas e o vento adentrava suave por elas.

Do arco da cozinha, uma mulher da minha altura – ou talvez alguns centímetros maior do que eu – entrou na sala segurando uma pequena tigela. Ela me olhou curiosa e o pai de Amy me apresentou. "Esse é Logan, querida. Aquele que nossa filha tanto fala". Ela sorriu para mim e largou a tigela em cima da mesinha de centro para me cumprimentar.

- Como vai, querido? Sente-se! – ela disse animada se sentado numa das poltronas assim como o marido. Minha alternativa foi sentar no sofá.

A mãe de Amy me passou a mesma imagem adorável do pai dela. Ela tem feições gentis como as dele e tem pele clara como Amy. O pai dela por outro lado, tem a pele um pouco rosada. Ela se parece mais com a mãe, em minha opinião. Elas têm os mesmos olhos azuis claros e tom de pele. Amy herdou a altura do pai, ou seja, o topo de sua cabeça chega até o meu pescoço. Eu particularmente prefiro mulheres mais baixas do que eu, assim como Amy. Os cabelos da mãe de Amy com certeza eram pretos, mas exibiam uma tonalidade ruiva que podia ser facilmente percebida à luz do sol e dificilmente notada em lugares fechados como esse. Ela vestia um vestido florido que batia nos joelhos e me olhava alegre.

- Amy está tomando um banho – disse o pai.

- Quer biscoitos enquanto espera? – ofereceu a mãe dela e estendeu a tigela para mim. Não tomei nada de café da manhã, pois vim direto para cá e meu estômago roncava baixinho. Mesmo assim recusei.

- Não senhora, obrigado – ela estava trazendo a tigela consigo, ou seja, provavelmente queria comê-los. Os biscoitos eram para ela.

- Ah, não se preocupe querido. Ainda tem um monte desses na dispensa. Pode comer – ela disse gentilmente como se adivinhasse meus pensamentos.

Finalmente cedi e estendi a mão para pegar um biscoito na tigela. Levei-o aos lábios e dei uma primeira mordida. Apesar de que prefiro com recheio, aquele era incrivelmente bom. Andrew disse que depois do que aconteceu comido era aconselhável que eu não comesse muita gordura por enquanto. Me dei o luxo de pegar mais dois biscoitos e saboreá-los enquanto conversava com eles.

- Soubemos do que aconteceu com você.

- Ficamos muito chocados quando Amy chegou nos avisando. Ela sempre ia te ver.

- E levava suas tarefas junto às dela para fazer enquanto estava lá – eles riram alegres e eu me juntei a eles.

- Tenho sorte de tê-la – sorri para eles me lembrando do que minha mãe me disse quando acordei no hospital.

- Ela é uma ótima menina – o pai disse.

- E uma ótima filha – a mãe acrescentou.

- Ela é uma ótima amiga.

- Mas, então... Você já está realmente bom novamente?

- Novinho em folha? – a mãe dela riu gentilmente e eu confirmei.

- Recebi alta noite passada do hospital. Meu médico disse que já está tudo bem comigo, mas fez algumas restrições.

Eles balançaram a cabeça em concordância e ficamos em silêncio por alguns segundos até que eu ouvi um barulho no andar de cima. Coloquei o braço atrás do sofá e virei minha cabeça para acompanhar o olhar dos pais de Amy.

A garota estava vestindo shorts curto e uma blusa leve junto a um turbante na cabeça. Ela parou subitamente e me olhou. Em menos de um segundo subiu novamente e não voltou mais. Os pais dela me olharam surpresos e a mãe subiu para saber o que estava acontecendo. Eu queria que isso não tivesse acontecido.

- Vocês brigaram? – o pai dela me perguntou.

- De certa forma, sim, senhor. Por isso estou aqui.

- Quer concertar as coisas?

Eu assenti com firmeza e entrelacei uma mão na outra esperando uma resposta da mãe de Amy. Um tempo depois ela desceu e eu me levantei olhando para ela. Sua feição estava diferente. Um pouco mais dura.

- Eu acho que está na hora de ir. Ela não quer te ver.

- Ele quer concertar as coisas, Mary.

Ela lançou um olhar severo para o marido e me olhou novamente.

- Desculpe querido, mas ela não quer conversar.

Decidi não insistir. Se Amy queria que as coisas ficassem assim, então assim as coisas ficariam. Se ela não sente minha falta é porque eu não sou importante. Então, se eu não sou importante não há motivos para continuar aqui.

- Eu vou indo, então. Desculpem o transtorno que causei e obrigado pelos biscoitos – eu sorri fracamente e abri a porta fechando-a devagar.

Caminhei até meu carro e entrei no banco do motorista. Não conseguia fingir que aquilo não havia me abalado.

- Eu não devia ter vindo – disse para mim mesmo num tom de voz baixo.

Girei a chave e dei a primeira partida. Quando pisei lentamente o pé no acelerador, ouvir um barulho na janela ao meu lado. Baixei o vidro e vi Amy em pé ao lado de fora do carro.

- Me desculpe – ela disse corando – Você não tem culpa de nada.

Suspirei e desliguei o carro saindo dele devagar. Larguei o peso do meu corpo na lateral do veículo e a encarei.

- Você não precisava ter criado aquela situação na sua casa. O que seus pais vão pensar que eu fiz?

- Eles não pensarão nada porque eu vou contar que você não tem culpa. Vou dizer que foi tudo besteira minha.

- Eu preferia esquecer tudo isso, e você?

Ela sorriu para mim e abriu os braços para que eu a abraçasse. Sorri para ela e envolvi seu corpo no meu. Quando nós desfizemos o abraço ela me fitou de cima a baixo.

- Que bom que está melhor.

- Eu preferia estar no hospital ainda – disse num tom brincalhão.

- Não diga isso! – ela riu.

- Tenho milhões de provas para fazer e não acho que consiga dar conta.

- Ainda quer minha ajuda?

- Ainda quer me ajudar? – ergui uma sobrancelha.

Ela socou meu ombro. Dessa vez mais forte do que naquela noite.

- Ainda quero te ajudar sim. Quando quer começar?

- O mais rápido possível. Perdi muitas coisas enquanto estive fora e tenho pouco tempo para recuperar. Que tal agora? Podemos ir para minha casa, ou para a biblioteca local, o que acha?

Ela sorriu satisfeita.

- Vamos sim. Será que pode esperar eu trocar de roupa?

Eu sorri e assenti. Logo ela estava dentro do meu carro e nós nos dirigimos até a biblioteca da cidade. Passamos dias estudando. Amy foi uma grande ajuda durante esse tempo e eu consegui aprender várias coisas úteis. Quando adentramos aos assuntos das provas eu me sentia cansado de estudar, mas era preciso e Amy me fazia lembrar disso todo segundo. O tempo foi passando e cada vez mais se esgotando. Logo os dias que as provas de segunda chamada foram marcadas chegaram e eu me empenhei ao máximo nos pedaços de papel que decidiriam uma parcela do meu futuro. Se me desse bem nessas provas, talvez conseguisse ser aprovado nas próximas e isso seria uma notícia mais do que ótima.

Os resultados das provas chegaram e não poderiam ser melhores. As aulas particulares com Amy não poderiam ter ajudado mais. Fui aprovado em 75% das provas e reprovado em apenas 25% delas. Minha amizade com Amy continuava a mesma de sempre e minha saúde melhorava a cada dia. Minhas cicatrizes iam clareando ao decorrer do tempo e aquelas semanas no hospital junto a tudo o que Ashley fez fora sendo esquecido. Tudo estava bem de novo.


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Notas finais do capítulo

*Eu disponibilizei uma playlist para fanfic. Deem uma olhada depois nas "notas da história".
*O próximo capítulo talvez demore um pouco para sair porque estou sem muitas ideias.
Espero que tenham gostado dos pais da Amy!
Até o próximo capítulo (:



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