I Wont Let It Go escrita por Vítorms394


Capítulo 2
How to teach a dog to lie on the floor




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O sinal tocou e já era o intervalo. Eu não poderia aceitar a proposta de Amy. Não que eu não quisesse sua companhia, mas... Eu não consigo pensar em um motivo. Ela é bonita, eu acho, e ela se ofereceu para ir a minha casa me ajudar com o colégio... Isso é demais para eu me concentrar nos livros. Não sinto nada por ela, mas receio do que possa acontecer. Eu não posso ter distrações dessa vez. Eu preciso me formar. Todos os meus amigos estão ocupados agora. Alguns estão na faculdade, outras seguindo o rumo de suas próprias vidas. Mais nenhum tem tempo para um estudante de colegial. E eu quero me juntar a eles.

A propósito, Amy deve ter um namorado e ele não iria gostar muito de saber que ela passaria tardes na minha casa comigo. Isso não seria um problema já que esse garoto não iria conseguir me intimidar nem que tentasse.

Interrompi meus pensamentos e levantei rapidamente saindo da sala. Amy me seguiu e me empurrou contra a parede colocando seus braços nela. A lancei um olhar intimidante e ela me soltou sem antes dizer:

–Me deixe te ajudar com o colégio! Por que você não quer minha ajuda?

–Já disse que não preciso da sua ajuda – disse rispidamente. Não queria tratá-la daquele jeito, mas eu precisava. Para meu próprio bem. É óbvio que eu preciso da ajuda dela, mas ela será mais uma distração e é justamente disso que eu não preciso.

–Nossa, não precisa me tratar assim! Eu queria te ajudar, mas percebi que você não precisa de uma inútil como eu – e me deu as costas saindo apressadamente. Me apressei e a puxei suavemente pelo pulso, junto ao meu peito.

–Me desculpe. Não te acho uma inútil, não foi isso que eu quis dizer.

Ela fitou meu rosto.

–Mas, acho que você será uma distração e não vou conseguir me concentrar com você por perto.

Ela corou. Essas palavras soaram completamente diferentes do que eu estava imaginando. Eu não sinto nada por ela, mas não quero correr o risco porque preciso ser aprovado esse ano. Não falamos por uns segundos até que ela quebrou o silêncio entre nós.

–Obrigada, eu acho – e sorriu para mim – Não se preocupe com isso. Farei o possível para que você aprenda – e soltou um risinho doce.

Eu pensei bem no assunto. Não era possível alguém se apaixonar por um outro alguém assim por nada. Principalmente eu. Esse tipo de coisa não acontece comigo. E eu preciso de ajuda com o colégio e já que Amy se dispõe...

–Acho que vou aceitar seu convite.

Ela sorriu vitoriosa.

–Que tal às 16:00? Esse horário é bom para mim, e você?

Nesse horário minha mãe geralmente não está em casa. Ela sai para o trabalho e só volta às 22:00. Não há nenhum problema nós ficarmos sem ela. Amy vai me ajudar estudar e não destruir a casa. Concordei com a sugestão. Finalmente notei que ainda não havia soltado seu pulso e olhei para minha mão que a segurava e ela seguiu o olhar.

De repente, um garoto alto, da minha altura, de pele morena em tom claro, olhos castanhos claros e cabelos cor de mel penteados para cima, corpo musculoso e forte parou ao nosso lado. Ao olhar para ele, Amy rapidamente se soltou da minha mão e o abraçou surpresa.

–Ah, oi Max.

Ele retribuiu o abraço e a beijou durante longos segundos enquanto permanecia me encarando. Ela interrompeu o beijo para respirar e nos apresentou:

–Max, esse é o meu amigo, Logan. Logan, esse é o meu namorado.

E meu palpite estava certo. Ele vestia uma jaqueta do time de futebol americano do colégio, uma calça jeans e chuteiras. Tentei ser educado e ergui a mão direita para ele.

–Prazer em conhecê-lo.

Ele avaliou minha mão e não retribuiu. Ao invés disso, voltou sua atenção para Amy:

– Querida, por que não desce na frente? – e sorriu amigável para ela.

– Hmm, claro, Max – ela me olhou confusa e o beijou na bochecha – até mais Logan – sorriu para mim e desceu as escadas.

Max a observou até perdê-la de vista e se virou para mim. Chegou bem perto e falou baixo por sobre meu ombro:

– Não quero você perto dela, está entendendo? Ela é minha.

Revirei os olhos e suspirei. Que ridículo.

– Não me interesso pela Amy. Ela não é nada para mim.

Não menti. Eu não teria nada com ela. Não queria nada com ela.

– Eu acho melhor assim. Não quero ver vocês perto um do outro, ouviu bem? Caso o contrário, você entenderá muito bem o significado da palavra dor. Eu sou o dono dela e não costumo dividi-la com ninguém.

Ele me encarou e passou por mim esbarrando em meu ombro. Ousei dizer sem me importar nas consequências:

– Amy não é um brinquedinho. Muito menos seu.

Não me importo com ela. Mas queria mostrar para Max que eu não sou fraco para receber uma ameaça e não rebater. Ele se virou lentamente e veio em minha direção.

– O que disse?

– Ah, quer dizer que além de se achar intimidante você ainda é surdo? – disse com um sorriso sarcástico.

Max levantou o punho em minha direção, mas fui mais rápido que ele. O peguei e girei seu braço ameaçando torcê-lo. Ele urrou de dor e eu o derrubei deixando-o de joelhos e de costas para mim. Cheguei perto do seu ouvido e falei:

–Pode ficar com a Amy, mas saiba que é melhor não se meter comigo. Caso o contrário você saberá o significado da palavra dor.

O joguei no chão e desci as escadas lentamente. Ele não seria tolo o bastante para revidar. Não foi à toa que fui expulso dos outros colégios. De todas as vezes o motivo era uma briga. Uma vez quebrei o braço de um garoto que tentou me empurrar da escada. Eu o joguei escada abaixo e "sem querer" pisei em seu braço – que estava numa posição convidativa – ao descer. A diretora me viu e de repente eu estava voltando para casa. De novo.

Se Max tentasse revidar, eu repetiria a cena com prazer.

O tempo do colégio acabou e eu estava de volta ao estacionamento colocando minha mochila no banco do carona do meu carro. O céu estava nublado o vento batia forte entre as árvores. Fechei a porta e dei de cara com Amy.

–Na sua casa às 16:00, certo? Qual o seu endereço?

Me lembrei de Max e pensei melhor à respeito disso. Se ele descobrisse que Amy estava passando tardes em minha casa isso seria um problema. Não tenho medo dele, mas sei que se ele encostar um dedo em mim vou perder a cabeça e me esquecer que preciso ser aprovado esse ano e não ser expulso.

–Esqueça. Não preciso disso. Sei me virar.

Atravessei pela traseira do carro e entrei pelo lado do motorista. Amy segurou a porta antes que eu pudesse fechá-la e a lancei um olhar de reprovação. Ela colocou a cabeça e os cachos ondulados para dentro do carro e me fitou.

–Porque desistiu assim de repente?

–Não acho que preciso da sua ajuda.

–Precisa sim!

Me virei lentamente para olhá-la nos olhos.

–Você acha que sou incapaz?

–Eu só quero ajudá-lo.

–Não acho que preciso da sua ajuda. Agora por favor preciso ir embora.

Ela suspirou e me disse:

–Sem sua mochila?

Olhei para o banco do carona. A mochila não estava lá. Voltei meu olhar para ela que estava segurando meu caderno enquanto lia alguma coisa. Peguei-o rapidamente e ela disse:

–Toma sua mochila – e a jogou para cima de mim – Já achei seu endereço. Vou aparecer lá pelas 16:15 – ela sorriu para mim e fechou a porta.

Suspirei e liguei o carro. "Mas que garota insistente" pensei. Coloquei o carro na marcha à ré e acelerei. Cheguei em casa trinta minutos depois por causa do engarrafamento e larguei minha mochila no sofá. Coloquei comida num prato e comecei a comer. Tomei uma ducha demorada e escovei os dentes em seguida. Ouvi a porta da frente bater e desci para ver quem era. Minha mãe estava na cozinha e eu me dirigi a ela para um abraço.

–Oi filho! Como foi no colégio?

Eu estava triste por ela. Como poderia contar o que aconteceu hoje? Max, o primeiro horário... Mas deveria ser honesto com ela. Mentir só a deixaria mais triste.

–Perdi a primeira aula.

Ela suspirou cansada.

–E quase me meti numa briga. Quase.

–Mas como?! No primeiro dia, meu filho? Uma briga logo no primeiro dia...

–Não foi uma briga mãe.

Ela colocou a mão na testa e suspirou fechando os olhos.

–E tem uma garota. O nome dela é Amy...

–E você se apaixonou por ela? Meu Deus, como posso suportar...

–Não, mãe, não gosto dela. Mas o namorado dela acha que sim. Consegui evitar uma briga com ele hoje por causa disso.

–Pelo o menos isso.

–Amy virá para cá às 16:00 me ensinar matemática.

–Você pediu isso para ela? Que deselegante...

–Não, mãe. Ela se ofereceu.

–Cuidado com essa garota, Logan. Não a torne uma distração esse ano.

–Não se preocupe, mãe. Vou me formar. Eu prometo.

Ela sorriu para mim e me beijou na testa. As horas se passaram e eu tirei um cochilo. Por volta das 15:50 minha mãe estava saindo para o trabalho. A beijei na testa e subi para um banho. Coloquei apenas uma bermuda caqui e comecei a mexer no celular. Eram 16:10. Desci sem pressa e peguei o livro de matemática.

A campainha tocou e eu sabia quem era.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mandem reviews dizendo o que acharam e me ajudem a melhorar se tiver algo errado (: até o próximo capítulo.