Naquela noite de natal eu estava sozinha em casa. Já fazia mais de um mês que ele estava fora naquela turnê que não tinha mais fim. Pelo menos para mim. Não sei se era porque todo o meu ser ansiava por sua volta ou se eu ainda não tinha me acostumado com aquela sua rotina. O que era um tanto idiota se pensar que já namorávamos a um ano.
Mas que seja, meu ser ainda dóia por sempre chegar em casa e encontra-la sóbria, assim como nosso quarto. E só de pensar nele, aquela força sobrenatural de pegar o celular e ligar só para ouvir sua voz, apossava-se de mim. Droga, eu não queria que ele soubesse o quão desesperada eu estava e nem que estava sofrendo por isso. E só de pensar que ele ficaria mal por saber meu estado, esse ideia sumia por alguns segundos. Mas eu tinha que ligar. Nem que se eu tivesse que comprar outro celular só para ele não saber quem era e ficar muda do outro lado só ouvindo ele falar. E era isso que eu iria fazer. Fui a cômoda do meu quarto e peguei meu celular. Hesitei em apertar seu número mas segundo depois, já me vi colocando o celular na orelha esperando, sentindo todo o meu corpo tremer em ansiedade, ouvir sua voz.

Segundos depois, sua voz ecoa do outro lado.

– Liza? - fechei meus olhos ao ouvi-lo proferir meu nome. Oh, quanto eu sentia saudades da sua voz.
– James..- soprei em um fio de voz. Em segundos, só ouvia-se nossas respirações. - Meu amor, você tá bem? - perguntou-me agora preocupado. - Diga se está acontecendo al...
– Saudades. - interrompi-o der repente, falando sem pensar. Ele parou, apenas ouvindo e depois suspirou longamente.
– Sabe que se eu pudesse, estaria com você a todo instante. - respondeu sereno e com o timbre triste como o meu.
– Desculpa, eu não queria te atrapalhar com isso mas é só que..Eu sinto sua falta. - falhei ao tentar fazer minha voz parecer firme, confiante. E o máximo que saiu foi algo fraco e quebradiço.
– Eu também sinto sua falta. - ficamos alguns segundos em silêncio apenas apreciando a respiração um do outro, quando ele disse a frase que me fez tremer inteira. - Você sabe que eu posso desistir de tudo, menos de você. - e então eu sorri. A primeira vez naquele dia. E isso dopou todo o meu ser que já não sofria tanto.
– Eu te amo. - murmurei.
– Eu te amo. - murmurou de volta. E assim, desligamos. Para que mentir dizendo que eu ainda não sentia saudades? Que aquilo ainda não incomodava? Infelizmente, além de ir dormir sozinha eu dormir com a pior companhia de todas: a saudade.