Castle Walls escrita por Saskia


Capítulo 1
Welcome To Hell




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Cleo

Enfiei na boca mais um dos chicletes de morango que havia recebido ao entrar no avião, fui ao delírio com o sabor açucarado. Observei, entediada, as malas passarem na esteira, até que a minha, branca e com listras coloridas, finalmente aparecesse. Trouxera pouca coisa, meu pai havia dito que eu trouxesse nada porque ele ia comprar tudo novo.

Com muito esforço coloquei a mala em um carrinho de bagagem e sai andando pelo aeroporto. Cuspi o maravilhoso chiclete na lixeira mais próxima, um verdadeiro sacrilégio, mas se meu pai me visse mascando chiclete ou ingerindo qualquer outro tipo de alimento açucarado, com certeza me mataria. “Maldita diabetes” era tudo que conseguia pensar.

Após andar um pouco finalmente avistei meu pai, ele usava paletó e gravata, falava em um celular enquanto andava de um lado para outro. Então, eu sendo eu, tropecei no nada e cai. E ele sendo ele, riu da minha cara e continuou falando no telefone, enquanto eu arrumava minhas coisas no chão.

Esse é meu pai: Johnny Marco. Um empresário bilionário e metido, só porque faz três anos seguidos que ganha o prêmio “Empresário de celebridade mais gato do ano”, ou algo do tipo, mas isso não importa.

— Meu Deus! Como você cresceu garota! — respondeu me abraçando, deixando o telefone de lado por pelo menos um segundo.

Exatamente, um mísero segundo. Ele gesticulou me mandando esperar e voltou a falar naquele aparelhinho irritante.

Ah! Talvez você, pessoinha estranha que está ouvindo meus pensamentos (Se tiver realmente algum cientista gênio que acabou de inventar A Máquina que ler pensamentos: Eu não sou louca, talvez um pouco, mas isso também não vem ao caso.), não esteja entendendo o que raios está acontecendo por causa da minha linha de pensamento confusa, eu me perco nela às vezes, vou tentar explicar melhor minha situação. Entendeu? Não? Ok.

Chamo-me Cleo Marco, mas você pode me chamar de: “Hey, garotinha cor-de-rosa” ou simplesmente não me peça nada, ficarei mais feliz. Entenda o único motivo para alguém, que não seja meu parente, falar comigo é para pedir um favor.

Tenho 14 estúpidos anos de vida, acabei de ser expulsa pela quarta vez do meu colégio e logo depois expulsa da minha própria casa. Minha mãe disse que não está me expulsando e sim: Mandando-me para morar um tempo com meu pai, em Los Angeles, para ver se consigo me adaptar melhor, mentira, ela estava me expulsando mesmo. Afinal, quem gostaria de cuidar de adolescentes problemáticos?

Há seis anos meus pais se divorciaram e há dois anos meu pai se casou com uma mulher, chata e burra, chamada Meredith. Sinceramente, eu não teria nada além da típica antipatia que tenho por qualquer forma orgânica de vida se ela não tivesse um filho perfeitinho, retardado e metido a talentoso. Não pense que é inveja, ninguém em sã consciência teria inveja do cérebro de Nickolas Cartwright, apenas ele e seu falso talento musical tiraram meu pai de mim.

Meu pai virou o empresário do fenômeno mundial da música pop e passou a dedicar sua vida em função desse idiota. Sinceramente, Nickolas é um sortudo, ele não tem nada que possa dá-lo fama: inteligência, talento ou um rosto bonito. A não ser a sua puta sorte, não há nada que valha a pena ser comentado.

Depois que Johnny finalmente desligou o telefone, ele me guiou até ao carro e como um perfeito cavaleiro me deixou carregar a mala sozinha, ótimo. Onde anda a educação desses homens de hoje em dia? Acho que nasci na época errada.

— Então querida, você não acha cansativo mudar de escola? — ótimo, se esquece de um ato de educação tão tradicional como carregar a mala de uma dama, mas não de perguntar essas coisas desagradáveis.

— Então papis, eu até que acho às vezes, mas em parte é divertido afinal todo ano ser sempre a mesma vadia sem cérebro acaba cansando a vista não acha? E de qualquer forma a culpa não foi da vadia da Candice. — e era verdade.

— E o que a vadia da Candace fez? — perguntou com um sorriso divertido.

— Milhares de coisas. Ela vivia me chamando de estranha e feia. Estranha é ela, quero dizer, como alguém que anda vestida como se estivesse em uma festa pornô e não na escola, com mais maquiagem que um palhaço pode me chamar de estranha? E depois ela picotou o meu cabelo, rasgou meu livros e ainda disse para eu não aparecer na frente dela por um tempo porque ela estava cansada de olhar para minha cara. E ela fez coisas como essas milhares de vezes, até que a vadia resolveu exagerar né? Eu estava na minha, quando ela roubou meu exemplar de Jogos Vorazes e amassou a capa. Aí né? Eu tive dar a merecida surra que ele devia ter levando a muito tempo dos pais dela e aí eu fui expulsa, não é injusto? Sei que eu quebrei um espelho com a cara dela e tenho total consciência que ele não merecia isso, do mesmo jeito que a lousa da sala e algumas carteiras, MAS ELA AMASSOU A CAPA DE JOGOS VORAZES! — por algum motivo, que não entendi, meu pai estava bem sério até que eu falei que espanquei a Candice por causa do meu livro, ele parecia mais se controlando para não rir.

— EI! NÃO TEM GRAÇA! ISSO É MUITO SÉRIO! — gritei revoltada.

— Claro você tem toda a razão Cleo, muito sério. — ele falou com um meio sorriso, que idiota. Eu ia brigar com ele por não está me levando a sério, quando vi seu carro.

Um minuto de pausa para explicação, não é que eu seja uma obcecada por carros velozes e tudo mais, certo um pouco, mas mesmo assim o carro dele era tipo: INCRÍVEL. Acabei surtando um pouquinho né? Ah, me deem um crédito gente.

— Ai meu Deus! Pai! Porque você não me disse que tinha um Lamborguini Murciélago LP670-4 SV!? — perguntei, ou melhor berrei, tendo um ataque fangirl.

— Hm, porque eu não sabia que você entendia de carros. — respondeu ele, tranquilamente. Como ele pode ficar tranquilo quando tem um carro desses. Agora entendo, porque ele é meio metido.

— Qual é não é preciso entender muito de carros para conhecer esse carro, ele é tipo muito irado. Sério, como você conseguiu esse carro? Só foram produzidos 350 desses carros e cada um custa em média 27 milhões de dólares!

— Calma aí Cleo, nem eu sabia tanto sobre o carro. Nick me deu como presente de aniversário, mas acho melhor você não ficar berrando sobre o preço dele e tudo mais aqui em público. — respondeu em meio a risos.

Senti-me envergonhada quando ele disse que Nickolas o deu de aniversário. Quero dizer eu mandei para ele um cartão feito à mão porque não tinha dinheiro, como eu podia competir com isso? Fui o resto do minha até minha nova casa sem conseguir tirar isso na cabeça.

~

Estava a umas três horas tentando decidir um canal para assistir, não tinha nada que prestasse na televisão, já estava ficando estressada. Não é que eu queira, mas quando fico muito tempo parada fico com raiva facilmente.

Um grupo de garotos barulhentos adentrou pela porta da frente, me fazendo sentar no sofá para observa-los, eles conversavam e brincavam enquanto invadiam a cozinha para surrupiar comida, identifiquei Nickolas rapidamente. Continuava com o mesmo cabelo castanho, os olhos verdes e parecia que estava bem mais alto do que a última vez que o vira, na verdade todos aqueles meninos eram muito altos.

Bufei alto, me jogando de costas no sofá, acabei ficando com mais raiva por causa da altura deles. Não é que eu seja baixinha, as pessoas que são mini gigantes. Não aguentei, me debati, esperneei e gritei ainda deitada. Levantei com força e corri até a cozinha, peguei um copo e enchi com água bem gelada, subi na bancada e fiquei balançando as pernas com força, elas batiam com tudo no móvel, fazendo-o tremer um pouco, enquanto bebia minha deliciosa água.

Todos eles, com exceção de Meredith e meu pai, estavam me encarando confusos, provavelmente por não estarem acostumados em ver uma louca tendo ataque. Peguei os pratos mais próximos de mim e comecei a arremessar na parede, ninguém fez Meredith e Johnny nem se quer olharam, já Nickolas e seus amiguinhos pareciam assustados, pois que fiquem, eu estava com vontade de quebrar alguma coisa e nada era isso que importava.

— Ei! Para com isso, você pode acabar se ferindo ou ferindo alguém! — claro, o idiota perfeitinho tinha que se meter. Joguei um prato na direção dele, mas infelizmente ele conseguiu desviar, não que eu tenho um arremesso bom o suficiente para fazê-lo precisar se desviar.

— Cleo. — meu pai falou com a voz calma e desaprovadora.

— Você é louca? Está querendo me matar? — gritou exasperado.

— Dramático. Eu não tinha intenção de matar, só queria causar um machucado ou um ferimento grave. — falando isso, desci da bancada e subi as escadas batendo os pés até meu novo quarto.



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Notas finais do capítulo

Sou movida a reviews, sem review, sem estória é assim que funciona, eu não brinco em serviço, espero que vocês tenham gostado da estória.