Sakura, Sasori e a imperatriz se encontravam no escritório imperial conversando com o imperador.

- Sasori, eu gostaria que dessa vez não me acompanhasse - O imperador falava a seu filho, mas o mesmo estava contrariado com a decisão de seu pai.

- Tem certeza disso? Acho melhor acompanhá-lo... Eu arrumo meus pertences rapidamente e irei com o senhor.

Sakura e Sayuri olhavam de pai para filho e perceberam que aquilo tomaria tempo. Pai e filho eram tão teimosos que tomada uma decisão não voltavam atrás. O problema é que as ideias se diferenciavam e nenhum queria abrir mão da sua.

- Filho, a província é tranquila e estarei levando os meus melhores homens. Eu preciso que você fique aqui cuidando da sua mãe e da sua irmã. Sei que você tem trabalhado com novos recrutas e que gosta de treiná-los pessoalmente, então não sairá da Cidade Proibida. O imperador tocou no ponto fraco de seu filho, a segurança de sua mãe e Sakura.

- Mas pai...  Mesmo incomodado, Sasori tentou persuadir seu pai uma última vez.

- Já chega Sasori! Isso é uma ordem do seu IMPERADOR. Falou seu pai já um pouco alterado.

- Calma os dois!  Sayuri resolveu acabar com aquela discussão. – Sasori, seu pai já resolveu. Você fica... caminhou até uma mesa e pegou algumas sacolas. Aqui, meu amor - disse se voltando ao marido - aqui estão os medicamentos que preparamos para a sua viagem.

- Obrigada, meu amor... Bom, já estamos entendidos. Sasori ficará e dentro de alguns minutos estarei de saída.

***

- Então era isso... A garota do lago é a mesma que estava chamando o imperador de pai... - Sasuke refletia sobre o que ouviu naquela tarde - Preciso dar continuidade às investigações. O rapaz sabia que o imperador estava de saída e resolveu que aquela noite seria a sua oportunidade de investigar a ala imperial. Espreitando pelas sombras, o Uchiha observou a carruagem imperial se distanciar e se dirigiu as passagens secretas.  Percorreu os corredores escuros e logo reconheceu o desenho que indicava os aposentos da garota de cabelos rosados. Naquele dia não seguiria por aquele caminho, pois sabia que se o tomasse não investigaria mais nada, apenas a observaria. Resolveu mudar de direção e andou mais um pouco até encontrar uma grande porta. Na parede havia um desenho já muito apagado, mas parecia estar escrito biblioteca ou algo parecido. Entrou naquele espaço e descobriu se tratar de uma porta que dava para os fundos de uma grande biblioteca.

A biblioteca era muito grande e luxuosa. Acreditava nunca ter visto uma biblioteca como aquela.  Vasculhou o espaço a fim de perceber alguma presença no local, mas não havia ninguém e resolveu analisar os tipos de livros contidos ali. Dos que observou rapidamente, viu que havia livros dos mais diferentes tipos: romances, aventuras, história da China, muitos sobre estratégia militar e uma grande quantidade de livros sobre medicina e ervas medicinais. Aquilo chamou a sua atenção, pois eram estantes e mais estantes só de livros sobre essa temática. Entretanto, sua análise foi interrompida no momento que ouviu a porta ser aberta e passos ecoarem pelo espaço.

Sakura depois que se despediu de seu pai foi conversar com seu irmão para acalmá-lo, pois Sasori não aceitou muito bem a decisão do imperador. Sakura tentou, mas seu irmão continuava irritado. Então, resolveu se afastar e ir até a biblioteca ler algum livro para se distrair. Até pensara em ir ao lago, mas se lembrou do último encontro com o forasteiro.

Sasuke tentava se esconder e caminhava em silêncio para não denunciar o seu paradeiro naquela grande biblioteca.

Droga. Vão acabar me encontrando aqui. Pensava Sasuke.

Sakura encontrou o livro que queria e se sentou em uma poltrona e passou folheá-lo. O escolhido por ela era um que possuía imagens das famílias imperiais até a sua família. Observou as antigas pinturas de seus antepassados. Era engraçado que ninguém possuía olhos claros, muitos menos cabelos ruivos. Essa característica fora herdada pela família de sua mãe. Sayuri era uma mestiça, mas pertencia a uma família nobre com muitos pertences. Os antepassados de sua mãe vieram para o território chinês através de um tratado entre a Europa e China e uma das formalidades se tratava do casamento entre sua avó, uma inglesa, e seu avô, primo do antigo imperador chinês. Depois que a aliança fora firmada através da consumação do casamento e acordo politicos e militares, com o passar dos anos conceberam Sayuri, mãe de Sakura e Sasori. A pequena Sayuri fora prometida em casamento, ainda bebê, ao herdeiro de toda a dinastia chinesa que também era uma criança naquela época. Era por isso que ela e seu irmão eram ruivos, apesar de Sasori não possuir olhos claros como os da mãe e de Sakura. A princesa sorria a cada imagem que analisava.

Sasuke permanecia escondido, mas logo sente o aroma que tanto o perturbava durante os últimos dias. Cheiro de flor de cerejeira. Seguindo os passos e o aroma viu a jovem, que beijara no lago, sentada na confortável poltrona. A rosada folheava as páginas do livro em seu colo com uma mão e com a outra penteava algumas mechas de seu longo cabelo. Cabelos tão sedosos ao toque, como já comprovado por Sasuke.

Depois de algum tempo Sasuke observou Sakura se levantar e deixar o livro na poltrona para então partir. Depois de perceber que mais ninguém entraria naquela biblioteca, o Uchiha foi verificar o que a jovem tanto lia. Percorreu os olhos em todas as imagens de gerações e gerações da família imperial até encontrar a pintura da atual família que governava a China. Sasuke viu o imperador e sua esposa com duas crianças ruivas e mais adiante havia mais imagens da família com as crianças já maiores. O rapaz lia cada descrição nas imagens.

Família imperial Hua. Imperador Wing. Imperatriz Sayuri. Príncipe Imperial Sasori (herdeiro do trono). Princesa Imperial Sakura.

 Seus olhos foram se arregalando com a suposição que acabara de ser comprovada.

Princesa Imperial. Princesa Imperial. PRINCESA

Sasuke além de comprovar que o imperador possuía uma filha. Acabara que perceber que beijara a filha do imperador no lago.

Beijei a filha do assassino do meu clã.

Sasuke retornou para os seus aposentos com raiva de si mesmo. Andava de um lado para o outro resmungando palavras inteligíveis. Sentou na escrivaninha e escreveu um pequeno recado para Sai sobre o que acabara de confirmar.

S.

Descobri que o imperador tem uma filha e que por algum motivo isso é um segredo.

U.

Aguardaria o falcão mensageiro retornar para entregar a mensagem a Sai. Enquanto isso esconderia o papel em um fundo falso que fez em uma das gavetas da escrivaninha. De repente alguém bate em sua porta e o Uchiha vai atender.

- Ren preciso que você faça um favor para mim-. Era Sasori vestido com sua armadura e acompanhado de alguns soldados. -Preciso que você fique aqui no palácio protegendo a ala imperial. Recebi informações de que a província que meu pai está a caminho foi atacado por mongóis. Tenho que interceptar meu pai e reforçar a escolta.

- Sim Alteza, mas poderei ir até a ala oeste?

Antes de procurar Ren e resolver deixá-lo na Cidade Proibida pensou bastante sobre essa questão. Conversou com sua mãe e a mesma autorizou a saída do filho e a escolha de Ren como protetor dela e de Sakura. Porém se lembrava das palavras de sua mãe:

- Você sabe que ele acabará descobrindo sobre Sakura. Você confia nele? - a imperatriz indagou ao filho - Seja qual for a sua decisão eu a apoiarei, pois sei que és sábio.

Para Sasori ele era um ótimo soldado, pelo que pode verificar nos últimos dias e arriscaria deixá-lo ir até a ala oeste.

- Sim Ren. Eu o autorizo a ir até a ala imperial. Há guardas em toda a Cidade, mas percebi que é um ótimo lutador. Por isso deixo minha mãe e a ala oeste a seus cuidados. Poderia ir até lá agora?

- Sim alteza.

Mesmo que você descubra sobre a Sakura, mas terei que arriscar ou então teria que deixá-la ir no meu lugar até meu pai. Isso não. 

Sasori percebia o risco, mas deixou nas mãos do Uchiha.

***

Sayuri foi até a filha avisar sobre a decisão de Sasori.

- Sakura?

- Sim mamãe? A rosada estava com algumas criadas que acabavam de auxiliá-la a terminar de colocar a vestimenta. Um belo vestido verde esmeralda tipicamente europeu, bem diferente das vestimentas tradicionais chinesas. Os seus longos cabelos eram cuidados por uma das criadas que os escovava delicadamente e fazia uma bela trança.

- Como você está bonita filha. É raro vê-la de vestido, principalmente iguais a esse.

- Como não estou autorizada em sair da ala oeste, muito menos treinar resolvi vesti-los. Eu quase não os uso mesmo.

- Realmente é um desperdício não usar algo tão belo - Sua mãe sorria para ela - Preciso conversar como você sobre uma decisão tomada por seu irmão.

- O que o Sasori aprontou?

- Ele foi informado sobre uma invasão na província Whang e resolveu reunir alguns soldados e reforçar a guarda de seu pai...

- Sim... Mas tem mais alguma coisa. Não tem mamãe?

- É... é...- Sayuri inpirou profundamente e respondeu a filha. -Sim. Seu irmão deixou como encarregado da nossa segurança o tal forasteiro. O problema é que agora ele tem permissão de vir até a ala imperial e poderá encontrá-la.

- REN? Sakura perguntou meio que alarmada.

- Sim filha. Parece que seu irmão confia nas habilidades desse jovem, o problema será ele descobrir a sua verdadeira identidade. Não é Saku?

Ren estará aqui.

Ninguém sabia sobre o encontro no lago, muito menos desconfiava de que Sasuke(Ren) já sabia, até demais, sobre a verdadeira identidade de Saku.

- Peço que evite sair muito dos seus aposentos quando Ren estiver aqui. Mas caso aconteça, por favor, procure esconder seus cabelos. Tudo bem?

- Sim mamãe.

***

- Bom dia, Majestade. Sou Ren e estou ao seu dispor – disse Sasuke se curvando para a imperatriz.

- Bom dia, jovem Ren. Meu filho já o informou?

- Sim majestade.

- Então peço que fique em uns dos quartos da ala oeste durante a ausência de meu marido e de meu filho. Ping o acomodará no aposento destinado a você – disse a imperatriz indicando o criado que acompanharia Sasuke.

Sasuke pode perceber que o quarto que estaria ficava perto da biblioteca.

Isso quer dizer que o quarto da princesa se encontra do lado oposto. Talvez os quartos reais estejam no mesmo lado do da garota.

Sasuke sorria já planejando uma aproximação.  

Mais tarde, quando trouxe alguns pertences pessoais para o quarto na ala oeste, resolveu fazer algumas rondas pelo perímetro daquela ala. Percorreu o salão principal, a biblioteca, alguns corredores e depois seguiu para o jardim. Caminhou por entre flores delicadas e exóticas até que avistou uma jovem recolhendo algumas flores. Estava com uma espécie de capa e de costas para o Uchiha, mas a fragrância que emanava do corpo da jovem, mesmo em meio a tantas essências diferentes, não passou despercebida pelo rapaz. Sasuke então seguiu até a jovem.

Depois que soubera que Ren estava já em um dos quartos na ala oeste, Sakura ficou nervosa com a simples presença do jovem. Pensava que a qualquer momento poderia cruzar com o forasteiro.

Sasori só poderia estar louco!

Resolveu sair um pouco dos seus aposentos. Obedeceria a sua mãe, mas não aguentava mais ficar trancada no palácio. Foi até o jardim colher algumas flores para um banho mais tarde. Poderia ter solicitado a alguma criada, mas precisava sair um pouco. Encontrou as rosas que queria e se abaixou para retirar as pétalas de algumas para o seu banho. Até que percebeu a presença de alguém.

- Até que enfim nos encontramos novamente Saku.

Ainda abaixada, Sakura voltou a cabeça a direção da voz e subiu o olhar até encarar os olhos negros que a fitavam intensamente.

- Olá Ren. Soube que está encarregado de cuidar da ala oeste – disse o encarando da mesma forma.