Hikari não se lembra de ter ficado tão nervosa em toda a sua vida como estava no percurso de sua casa até o aeroporto. Como se não bastasse o trânsito insuportável que parecia afastá-la cada vez mais de seu objetivo. Ela discava o número do celular de Takeru a cada três segundos, mas ele não lhe atendia. Ela não sabia se era porque Takeru não queria mais falar com ela ou se era porqe o loiro já havia embarcado no avião. Independente de qual fosse a resposta certa, a morena sentia um gosto amargo subir a sua garganta.

            Vendo o semblante preocupado da irmã, Taichi esperou o primeiro sinal vermelho para sacar o celular do bolso. Como viu que a irmã não estava tendo sucesso ligando para Takeru, ele discou para o Yamatto para ver se tinha mais sorte do que a irmã. Tentou três vezes e como não conseguiu nada, acabou fazendo algo que não queria fazer: Discou o número de Sora. O relacionamento deles era meio estranho e impessoal desde que ela começo a namorar o Yamatto, por isso preferia evitar falar com ela sempre que possível, mas teria que engolir seu orgulho machucado diante dessa situação tão desesperadora.

            “Oi, Sora? O Yamatto não está atendendo o telefone dele e preciso saber se o avião do Takeru já decolou e...”

            “ Taichi, eu não estou no aeroporto.” Informou uma voz desanimada, muito incomum vinda da ruiva, do outro lado da linha.

            “ Por que não?” indagou Taichi preocupado não só com o tom da amiga, mas também sabia que o fato dela não era estar no aeroporto era um mal sinal...

            “ Ontem o Yamatto terminou comigo ontem...”

            “ O QUÊ????” Taichi agradecendo por dentro por estar em um sinal fechado. Ao contrário aquela revelação poderia tê-lo levado a comenter um acidente de trânsito dos bravos.

            “ O que houve Onii-Chan?” Perguntou a menina nervosa. No estado que estava a menina não conseguia pensar em nenhuma outra coisa que não fosse o Takeru, por isso, nem lhe ocorreu que algo pudesse ter ocorrido a ruiva.

            “ Só um segundo, Hikari.” Cortou a irmã de uma forma indelicada. “Como assim o Yamatto terminou com você?”

            A menina que estava preocupada re-encostou no banco de alívio. Bom, pelo menos o máximo de alívio que aquela situação permitia-lhe. Enquanto isso, Taichi parecia ter esquecido do motivo pelo qual estava dirigindo tão freneticamente até o aeroporto.

            “Eu não sei... Ontem ele me ligou do nada e falou que queria encontrar comigo. Eu fui achando que estava tudo normal, só que quando cheguei lá o Yamatto tinha uma expressão estranha e falou que queria terminar comigo. Simples assim..” Explicava a menina do outro lado da linha, ela estava feliz por estar tendo essa conversa com o melhor amigo por telefone, pois não queria que o mesmo visse o estado lamentável em que se encontrava, ainda vestindo seu pijama de flanela jogada na cama sentindo pena de si mesma. “Ele não me deu nehuma explicação. Só levantou e foi embora como se nada tivesse acontecido. Taichi, eu preciso encontrar com você...

            “Claro, Sora, Claro.” Respondeu Taichi que sentia a raiva preste a explodir dentro de si. “Mas agora e não posso. Te ligo mais tarde, pode ser?”

            “Ah, pode sim.” Falou a menina levemente surpresa, estava tão acostumada a ter Taichi sempre ao seu lado imediatamente que esse resposta dele fez com que ela começa-se a refletir sobre o relacionamento deles assim que ele desligou o telefone.

            No carro, Taichi apertou o pedal da aceleração com a maior força que podia assim que o sinal a sua frente ficou verde. Como aquele idiota tinha tido fazer Sora sofrer daquele jeito? Era bom que Yamatto estivesse muito bem preparado, porque quando chegasse naquele aeroporto receberia uma surra daquelas!

            Com uma motivação extra e algumas ultrapassagens perigosas ,dignas de um barbeiro de primeira qualidade, Taichi e Hikari chegaram em frente ao aeroporto de Tóquio em questão de minutos. Estacionaram o carro e entraram no aeroporto, eles varreram o saguão lotado com os olhos, mas sem encontrar nenhum rosto conhecido, dirigiram-se até o guiché da companhia, onde haviam combinado de se encontrar com os amigos. Só que mesmo assim não viram ninguém e Hikari ficou ainda mais nervosa.

            “Moça, você sabe me informar se os passageiros para o vôo de Nova York já embarcaram?”

             “Uhm... Deixa eu dar uma chegada no sistema para você, Senhor.” A mulher de cabelos negro e curto, que obviamente não deveria estar chamando Taichi de senhor pois era visivelmente mais velha que ele, começou a bater com suas unhas incrivelmente longas e bem cuidadas contra as teclas do computador. Depois de alguns segundos, que pareceram horas, daquele barulho insuportável a mulher voltou seu olhar para o casal de irmãos estacionado em sua ente “Senhor, esse vôo acabou de decolar.

               “O quê?” Perguntou o irmão aflito, sem coragem para virar e descobrir qual seria a reação da irmã sobre aquilo.

               “Se você perdeu o embarque posso ter redirecionar para que possamos coloca-lo no próximo vôo e...” A atendente continuou falando, mas nem Taichi nem Hikari continuam a ouvir o que ela tinha a dizer.

                 A menina sentia como se o seu cérebro houvesse entrado em pane, ela levou as mãos a cabeça tentado organizar as ideias, mas ela sabia que isso era impossível.

                Acabou.

                 Ela havia deixado o amor da sua vida escapar. Desde que ele havia anunciado sua viagem, Hikari pensava constantemente em como seria aquele momento, mas, infelizmente, agora ela percebia que ele era milhares de vezes pior do que ela podia ter imaginado.

                Com lágrimas nos olhos e mãos tremendo, Taichi, que perante a profunda tristeza da irmã, a levou até o carro. A volta pareceu ser muito mais rápida, mas isso deveria ter sido só impressão da menina. Pois agora os segundos já não importavam mais.

                Takeru havia indo embora e ela sentia como se nada mais importasse.