Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 35
Mais Um Membro na Família... Ou Seriam Dois?




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― Jura que precisamos contar para eles? – pergunta Elena insegura.

― Claro! Eles são meus pais, precisam saber que você já acordou e que está bem...

― Eu e sua mãe ainda não estamos nos dando muito bem.

― Vocês vão se acertar, sei que vão.

O carro já estava na estrada em direção à La Push, quando Harry tentou passar tal segurança. O percurso fora feito tranquilamente, apesar da evidente ansiedade de Elena, que ainda acreditava que Leah lhe era indiferente. Estava perto de anoitecer quando o carro de Harry estacionou em frente à própria casa, pois, o almoço tinha acontecido na casa dos Noolan, agora era a vez dos Clearwater possuírem uma refeição em família.

― Cheguei! – anuncia ele ao abrir a porta da frente.

Doritos corre eufórico em sua direção, assim que ouve sua voz, entretanto, bastou que o cachorro cruzasse o batente que separava a sala do curto corredor, para que seus inocentes olhos mirassem Elena e suas quatro patas freassem no mesmo instante, deitando-se em seguida.

Harry ergue a sobrancelha em confusão. O que raios aquele cachorro esquisito estava fazendo agora? Elena esboça a mesma expressão e fica ainda mais incrédula, quando o animal branco se arrasta aos seus pés, como se pedisse clemência.

― Qual o problema dele? – pergunta ela.

― Não sei.

Doritos notava que havia algo diferente em Elena e que agora ela era "um deles", era parte da matilha e alguém digna de respeito dentro daquela casa.

Leah caminha preguiçosamente para a sala, secando suas mãos num pano de prato e, quando vê Elena, sente sua loba se agitar em seu peito, como se sua parte mítica estivesse incomodada com alguma coisa. Rapidamente Lucian se coloca ao seu lado, envolvendo sua cintura como se tentasse contê-la, sussurrando em seu ouvido:

― Calma! Ela é da família agora.

Harry e Elena podiam ouvir com clareza o que dizia, e ela foi a primeira a sentir um arrepio com a possibilidade do descontrole da loba, que claramente era a mais experiente e a mais forte entre elas.

― Você é uma de nós afinal – diz Leah, entendendo o que as palavras de Lucian significavam e soltando um longo suspiro. – Quem diria... Nunca imaginaria tal coisa, você realmente me surpreendeu! Tornar-se aquilo que mais odiava foi à decisão mais incrível e corajosa que já vi alguém tomar... Tem a minha confiança de volta.

Elena arregala os olhos com a surpresa, sorrindo em seguida, ao perceber que Leah finalmente estava se desarmando e a aceitando novamente. Não podendo se conter, Harry gargalha, empolgado, agarrando-a pela cintura e a levantando do chão num abraço de urso.

Leah bufa com a romântica cena e marcha em direção à cozinha, ela sabia que estava fazendo papel de idiota, mas sua loba estava inquieta e isso mexia terrivelmente com o seu humor. Ela se apoia na mesa e respira profundamente, tentando trazer de volta a calma que a rodeava mais cedo.

― Fique calma, fique calma, respire fundo, fique calma. – Repetia como um mantra. – Por que não consegue ficar quieta, Leah? – esbraveja para si mesma.

Fez-se silêncio no outro cômodo.

Harry olhava o pai de maneira inquisitória, como se lhe perguntasse o que estava acontecendo e, Lucian, apenas acompanhava os pensamentos de Leah, tentando compreender o que estava acontecendo a ela.

― Droga! – resmunga Leah ao perceber que eles a haviam escutado.

A quileute dá uma leve batida na mesa e caminha até o armário, apanhando os pratos para o jantar. Ela já estava voltando para a mesa quando, repentinamente, sentiu uma dor dilacerante em seu baixo-ventre, que a faz largar os pratos e levar uma das mãos ao local, enquanto a outra buscava o apoio da mesa de mogno.

Em um segundo, houve o estilhaçar das louças no chão e, no segundo seguinte, Lucian já estava ao seu lado, fitando-a com olhos preocupados como se pudesse sentir sua dor. Harry e Elena vieram logo atrás, aflitos.

― Tudo bem? O que houve? – pergunta Lucian.

― Eu acho que... – Para de repente, sentindo outro fisgar doloroso.

Desta vez, Leah não pôde conter um urro de dor. Suas pernas bambeiam por uma fração de segundos e, se não fosse pelo cherokee ao seu lado, iria ao chão... Lucian a toma em seus braços e corre apressado em direção ao quarto, ordenando ao filho que não os seguisse.

Harry volta para a sala desnorteado e lança seu corpo no sofá, sua mente processava as coisas de maneira lenta, como se estivesse em transe, enquanto no outro cômodo, Lucian depositava Leah na cama, onde ela tratou logo de se encolher, como se o gesto pudesse conter aquela apavorante sensação.

― Lembra-se daquela briga com o caçador? – pergunta Leah ao marido, mas sendo ouvida também da sala. – Lembra-se do que eu lhe pedi aquele dia?

― Sim – responde o cherokee, ainda alarmado e sem saber o que fazer para ajudá-la.

― Acho que conseguimos...

Leah sequer pôde completar seu raciocínio, pois outra onda incomoda e dolorosa lhe acerta o mesmo local. Lucian, por sua vez, estava congelado em seu lugar, e sua boca se abre involuntariamente... Ela estava mesmo querendo dizer o que ele achava que ela queria dizer? A sua loba, a sua Leah, estava grávida novamente?

"Se sobrevivermos a isso, pode me dar mais um filho? Sangue do seu sangue?" – Essas foram as palavras de Leah durante aquela luta, durante aquele momento em que demonstrou medo de perder seu imprinting e seu filho. E diante de tal lembrança, Lucian parecia um computador travado, olhando para o vazio. Ele chacoalha a cabeça levemente, tentando voltar a si, no exato momento em que a quileute se acalmava e massageava o ventre com carinho.

― Você está...

― Sim, eu estou grávida – conclui com sorriso cansado. – Reconheceria essa sensação em qualquer lugar do mundo.

― Você me assustou – confessa ele, acariciando-lhe os cabelos. – Não sabia que era assim que acontecia, fiquei apavorado! – confessa, lembrando-se que nunca esteve presente nas vezes anteriores, quando ela realmente constatou que estava grávida.

― É assim mesmo, também me assustei da primeira vez... Mas consigo sentir que está sendo diferente agora. Acho que é como minha mãe diz: uma gravidez não é igual à outra.

― Temos mais um lobinho a caminho – brinca Lucian, com um sorriso abobalhado nos lábios. – Você faz de mim o homem mais feliz do mundo, sabia?

― Sabia – diz presunçosa –, sem mim você não seria nada!

― Humildade acima de tudo, amor? – zomba.

― Humildade acima de tudo – repete rindo.

Leah sente seu corpo e rosto se contorcerem em agonia, quando outra fisgada a acerta e o cheiro de sangue impregna o ar no mesmo instante. Lucian salta para o outro lado da cama, deixando seu corpo voar por sobre o dela e cair no colchão macio ao seu lado. Ele a abraça com força, novamente preocupado, e só conseguindo acalmar-se quando Leah insistentemente lhe disse que aquilo também era normal.

Na sala, Elena acariciava a cabeça do mestiço, que afundara o rosto em seu colo para chorar. Os sentimentos de Harry se misturarem às suas lágrimas: o medo e a preocupação pela mãe, por não saber o que lhe acontecia e, depois, a alegria com a notícia da gestação. A recém-mordida, por sua vez, também sentia-se feliz e sorria afetuosamente para ele, pois tinha em seu colo um eterno menino-homem, que sempre precisaria de seus braços para se acalentar e se sentir amado, e tinha uma gravidez que repararia o buraco daquela família, outrora deixado pela flecha de sua mãe.

Horas depois e já passado todo o susto, Lucian discou o número do único médico digno e confiável para cuidar de um ser mítico, Carlisle. Apesar dele não poder se aproximar e de, consequentemente, perder todas as consultas de Leah, o cherokee tinha uma eterna dívida com o médico vampiro, por tudo o que ele fizera por sua família.

Leah se sentia estranhamente cansada, mesmo após um relaxante banho e um delicioso jantar, que Lucian se encarregará de preparar.

― Eu acho que será um menino – cogita Elena, sentada ao lado de Leah, na cama.

― Não – retruca Harry, sentado do outro lado do móvel. – Vai ser uma menina.

― Você só quer uma menina para não ser substituído – rebate ela –, deixe de ser mimado!

Leah solta uma gargalhada alta, era tão nítido a imprinting que os unia e a maneira como um completava o outro até mesmo nas discussões, que ela não pôde deixar de lembrar-se de como fora afortunada em também encontrar sua pessoa especial, capaz de completá-la e de fazê-la se sentir amada.

― Mãe, por que está chorando? – pergunta Harry subitamente, fazendo-a finalmente perceber suas próprias lágrimas. – Fiz algo errado? Desculpe-me, eu...

― Não fez nada de errado, meu filhote. – O interrompe. – Acho que essa gravidez já está me deixando um pouco emotiva. – Ri como se a resposta fosse óbvia, enxugando as lágrimas com as costas das mãos.

― Se for uma menina – recomeça Harry tentando descontrair –, quero que se chame Nívea...

― E se for menino? – questiona Elena.

― Eu fujo de casa – rebate como uma criança.

E naquele clima de descontração, os jovens lobisomens retomam sua discussão, animando ainda mais a nova e sentimental, mamãe loba.

Na manhã seguinte, a notícia da gravidez se espalhara rapidamente entre o bando quileute. Harry estava tão animado com a ideia de ter um irmãozinho que não conseguia manter a boca fechada, porém, quando Lyssa arriscou uma breve visita aos Clearwater para lhes dar os parabéns, Lucian não pôde evitar a desconfiança de sua fera, colocando-se à frente da esposa e demonstrando claramente que tinha a intenção de protegê-la, caso a caçadora tentasse alguma coisa.

Lyssa pouco se importou com a reação do lobisomem, afinal, já esperava por algum tipo de resistência e teria achado estranho se ele nada fizesse. Ela sabia muito bem que o espírito alfa o impulsionava a proteção de sua parceira e de sua cria, principalmente, se o filhote em questão ainda não soubesse se defender.

Entretanto, quando Leah imaginou que nada poderia ser mais estranho que a visita de Lyssa, Nicolas decidira fazer uma visita aos Clearwater algumas horas depois:

― Olá, Nick – cumprimenta Lucian. – Chegou na hora certa, a hora do lanche!

O cherokee faz um sinal para que entrasse na casa e o acompanha até a cozinha, onde Leah e Harry já se serviam. Nicolas se senta na cadeira vaga e logo cumprimenta os outros dois lobos, parando na imagem de Leah por algum tempo – tempo demais para o gosto do marido e do filho.

― Algum problema, Nicolas? – pergunta Leah incomodada.

― Não – chacoalha a cabeça. – Bem... Desculpe-me, estou sento mal educado. – Sorri sem graça. – Mas a senhora está muito bonita hoje, Dona Leah! – conclui cabisbaixo.

Harry e Leah se entreolham confusos, enquanto Lucian fecha o semblante instantaneamente. O que aquele lobo atrevido estava querendo com aquilo?

― Obrigada, Nick – agradece Leah, insegura. – Por favor, coma um pouco.

― Comi uma maçã antes de vir para cá, estou satisfeito – comenta com naturalidade.

Os três lupinos paralisam de repente. Harry, que levava um amontoado de três andares de torrada para a boca, para com a comida a centímetros de seus lábios, pois, nem em mil anos, havia visto um lobo saciar sua fome com uma mera maçã.

Nossa! Nicolas estava realmente esquisito naquela tarde.

― Está doente? – arrisca o mestiço.

― Não. – Ri. – Não sinto mais fome, pelo menos, não como vocês. E é essa novidade que vim lhes contar: eu desisti de ser um lobo!

― O quê? – gritam os três ao mesmo tempo, não acreditando no que estavam ouvindo.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me a demora em postar!!
Quero dedicar este capitulo as pessoas que entraram em contato comigo ansiando por um novo capítulo: Aninha Anjinha, Adna Maciel e Felipe Souza :)
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Espero que tenham gostado ^^
O novo filhote será menino ou menina? No próprio capitulo ja tem uma pista, rs. Nosso próximo capitulo será: Acidente
Mas garanto que desta vez não será com a Leah ♥ *-*