Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 33
O Veneno Lupino




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Quatro dias se passaram desde o turbulento dia da morte de Carlos e da estranha aproximação de Renesmee. Carlos fora dado como foragido pela polícia e estava sendo "procurado" por todo o estado, Lyssa mudara-se para uma casa menor, sentindo apenas o alívio por ter escapado com vida, adquirindo assim a sua liberdade. Elena voltara a morar com a mãe, sendo buscada praticamente todos os dias por Harry, para ia a escola.

No território Cullen, pairavam ares de desconfiança desde a visita inesperada de Nessie à reserva, e a súbita conversa com o garoto Clearwater. Bella parecia enxergar uma animação fora do normal nos olhos da filha – coisa que Edward reparara desde antes de voltar para Forks –, mas Renesmee era astuta e, sempre que o pai estava por perto, mantinha seus pensamentos mais preciosos em completo sigilo, deixando a família e o próprio Jacob na escuridão, totalmente ignorantes quanto as suas motivações.

Ainda nestes dias, explodira a notícia de que Sam deixaria o bando, pois, com a volta de Jacob, ele decidira viver seus dias pacificamente ao lado de Emily, envelhecendo e se dedicando somente a ela. Nicolas, por sua vez, não gostara da revelação, não conseguindo enxergar em Jacob um referencial de liderança.

― Pare com isso, Nicolas – disse Leah logo depois da notícia se espalhar. – Jake é o alfa agora e ele precisa de sua ajuda no bando. O filho de Sam Uley sempre será um lobo importante na matilha.

― Não posso fazer isso, Dona Leah! – explicou-se ele. – Sei que estou sendo orgulhoso, mas algo dentro de mim diz que não faço mais parte desse bando. É estranho, mas sinto como se pertencesse a outro lugar, a outra matilha... Só não sei qual.

Apesar de jovem, Nicolas tinha plena certeza do que dizia e parecia não haver lobo naquela matilha, capaz de convencê-lo a mudar de ideia, e, se as coisas continuassem daquela forma, Leah temia que o jovem Uley viesse a se tornar um desgarrado...

Na residência dos Clearwater os dias correram de forma tranquila. O pesadelo com os caçadores finalmente havia terminado e o casal pôde finalmente se sentir em paz.

― Tive um sonho estranho essa noite – diz Harry certa manhã.

― Que sonho? – pergunta Leah curiosa.

― Sonhei que era lua cheia e eu estava transformado.

― Não vejo nada de anormal nisso – confessa Lucian, entre uma mordida e outra de sua torrada.

― Eu estava transformado, mas tinha total consciência das coisas que fazia no sonho. Andei pela floresta sentindo que precisava encontrar alguma coisa e de repente Elena aparece. – Pausa, tomando outro gole de seu café. – Senti minha fera se alegrar dentro de mim, sua agitação era tão grande que tive de lutar para manter o controle...

― E o que aconteceu? – incentiva o cherokee, achando aquilo bastante estranho.

― Eu perdi! Fui aprisionado dentro de mim mesmo, como se meu lado irracional estivesse no comando, mas podendo ver tudo através de seus olhos. Pude sentir a alegria de vê-la misturar-se com a necessidade de tê-la, e, no fim, eu a mordi.

― Isso é um mau sinal. Harry, sua fera parece gostar da ideia de transformá-la e, como faz parte de você, acabou manifestando seu desejo em sonho.

― O que isso quer dizer exatamente? – questiona Leah.

― Quer dizer que ele pode tentar transformá-la durante a lua cheia, durante o período em que está no controle, e isso pode ser letal. A mordida na forma lupina é grande e forte demais para um humano. Acredito que Elena não resistiria a isso...

― Existe solução? – pergunta Harry.

― Precisa mordê-la o quanto antes, isso deixou de ser uma opção. Você tem duas semanas até a lua cheia.

― Não precisarei nem de um dia para fazer isso! – declara, levantando-se da mesa abruptamente. – Não deixarei minha fera machucá-la. Ainda hoje, Elena será um lobisomem!

Harry apanha sua mochila e corre para a escola sem ao menos terminar o café, pois a pequena conversa fora o suficiente para deixá-lo afoito e totalmente fora de órbita. Doritos acompanha a saída de seu dono sentindo falta de um carinho e Leah observa a saída do filho calada e preocupada.

― Ele pode fazer isso?

― Ouvi seus pensamentos enquanto saia, ele pensa em trazê-la aqui, para ter nossa ajuda caso algo saia errado. Acredito que tudo vai dar certo!

― Assim espero – diz a quileute, olhando ao redor e cruzando seu olhar com o de Doritos. – E você, seu destruidor de portas e sapatos, vai direto para o banho!!! – grita, batendo na mesa e se levantando abruptamente.

Doritos não fazia ideia do que ela estava falando, mas sabia que Leah era alguém a se temer naquela casa e, por instinto, foge para o quarto de seu dono. Ela o persegue e logo Lucian se coloca a gargalhar com os resmungos e as tentativas frustradas da esposa em pegar o cachorro branco.

― Qual é a graça? – retruca ela, parando em frente ao marido. – Se continuar a rir, morderei você até sangrar!

― Adoro suas mordidas – provoca ele, prendendo-a contra a parede.

― Pare com isso, Lucian, eu estou furiosa!

― Também adoro quando fica furiosa. – Morde a orelha da esposa.

― Eu já disse para parar. – Começa a rir. – Você está fugindo do assunto.

― Que assunto? – sussurra sedutoramente em seu ouvido, fazendo-a suspirar.

― Esquece! Já perdi a linha de raciocínio. – Segura o queixo do cherokee, puxando-o para um beijo.

E este era o segredo do porque o casal se reconciliava tão depressa depois de uma briga. Bastavam apenas alguns chamegos de uma das partes, para que a outra perdesse completamente o raciocínio que seguia durante a discussão, encerrando o desentendimento no mesmo instante.

Na escola da reserva, às aulas passavam ainda mais lentamente do que Harry gostaria. Para ele, quanto mais rápido se encontrasse com Elena, mais rápido atenderia ao seu pedido e a salvaria de si mesmo, porém, até mesmo o tempo parecia conspirar contra ele naquele dia. Horas depois, com o término das aulas, ele dispara com seu carro em direção a Forks, encontrando Elena a esperá-lo no estacionamento como se acostumaram a fazer.

Contudo, enquanto Elena ajustava o cinto de segurança, Harry observava o movimentar dos alunos de maneira distraída, parando involuntariamente na imagem da híbrida, que o encarava sem pudores. Renesmee leva a mão direita até os cabelos e disfarçadamente balança os dedos num leve aceno, sendo ignorada pelo mestiço, que volta o olhar rapidamente em direção a Elena.

Como ele podia ignorá-la? Ou melhor, como ele conseguia ignorá-la? Nessie sempre fora idolatrada devido a com sua beleza incomum, por que aquele lobo não se sentia atraído? Ela não estava acostumada com muitas coisas e, ser ignorada, era uma delas.

― Aonde vamos hoje? Para La Push? – pergunta Harry, esperando uma resposta positiva.

― Não – responde Elena o surpreendendo. – Vamos para a minha casa, minha mãe quer sua companhia para o jantar.

― Jantar com a sogra? – questiona com uma careta. – Uau! – debocha, fazendo-a rir.

Harry engata a primeira marcha e parti com o carro em direção a nova casa das Noolan. A residência não ficava tão distante e, apesar de pequena, parecia ainda mais aconchegante que a moradia anterior. O carro estaciona à frente da casa e Elena salta do veículo, contente por receber seu namorado em casa sem medo dele ser expulso novamente.

― Cheguei! – anuncia ao entrar pela porta da frente, mas não ouvindo nenhuma resposta. – Mãe?

― Acho que ela foi ao mercado – diz Harry, balançando um bilhete que encontrara na mesinha de centro.

― Sempre deixando as coisas para última hora – retruca Elena revirando os olhos. – Vou trocar de roupa, sente-se e ligue a televisão, voltarei num minuto.

Harry se aconchega no sofá e liga à televisão. Sua mente borbulhava com a ansiedade e sequer conseguia focar no programa que estava passando. Toda sua estratégia havia sido burlada por aquele convite para jantar e agora o mestiço não tinha a presença de seus pais para lhe ajudar.

― O que está passando de bom? – diz Elena arrancando-o de seus pensamentos.

― Nada que seja mais interessante que sua presença – comenta com um sorriso.

― Tão galanteador – ironiza, sentando-se ao seu lado. – Desse jeito acharei que está querendo alguma coisa.

― Talvez eu queira – responde no mesmo tom.

― E o que você quer? – questiona desconfiada.

Harry sorri como se sugerisse alguma coisa e se aproxima, sendo subitamente iluminado por um "plano B", e fazendo Elena pender seu tronco para trás enquanto ele avançava cada vez mais. Ela sente a respiração travar ao encostar no braço do sofá, cogitando se ele queria mesmo fazer o que ela estava pensando.

O mestiço roça os lábios nos dela, fazendo-a fechar os olhos e deixando que o beijo finalmente se iniciasse. O sabor tão conhecido daquele beijo era o suficiente para Elena se derreter, mas não o suficiente para o que Harry pretendia.

Ele deixa os lábios da menina e começa a roçar a linha de seu maxilar, descendo pela curvatura de seu pescoço. Elena já sentia o feitiço do lobo recair sobre sua cabeça, entorpecendo seus sentidos, arrepiando sua pele e fazendo com que sua cabeça desabasse para trás involuntariamente.

Harry deposita um beijo demorado no ombro feminino, parando por breves segundos para verificar os efeitos que causara. Tudo estava como imaginava e esperava, Elena estava totalmente entregue e envolta em sua sedução... Somente então ele percebera o bonito vestido que ela trajava, com alças finas e que deixavam seus ombros totalmente à mostra, escolhido especialmente para impressioná-lo. E para se assegurar do sucesso de seu plano, Harry toca a coxa direita de sua garota por baixo do vestido, apertando-a com gosto.

Elena solta um pequeno arfado, imperceptível aos ouvidos humanos, mas completamente agradável aos dele, tornando aquele o momento ideal:

― Eu te amo! – sussurra ele em seu ouvido.

― Eu... Também – responde ela com dificuldade, prestes a perder sua sanidade.

― Quero você como minha companheira para sempre... – diz Harry afastando-se e deixando que seus olhos dourados revelassem suas verdadeiras intenções.

Ele salienta seus caninos e, sem pestanejar, afunda suas presas naquela pele branca e perfeita, exatamente no espaço que ligava o ombro ao pescoço da humana.

Levou alguns segundos para que o torpor na mente de Elena fosse substituído pela dor, e quando isso aconteceu, logo veio o som, o tom melancólico de sua angústia, ecoando de suas cordas vocais com força enquanto suas unhas apertavam as costas do mestiço por cima de sua camisa.

― Harry!!! – grita ela em seu desespero.

Harry a solta rapidamente, contorcendo o rosto em de dor e arrependimento com o que fizera. O sangue de sua amada lhe escorria pelas presas e as lágrimas logo inundaram os seus olhos ao vê-la sofrer e arcar o tronco daquela forma. Elena sentia o veneno se espalhando como ácido pelo seu corpo, a partir de seu ombro direito, queimando-a inteiramente por dentro enquanto modificava seu DNA. Suas unhas, agora cravadas no sofá, tentavam mandar embora aquela sensação dilacerante, mas em vão.

― O que está acontecendo aqui? – pergunta Lyssa ao cruzar o batente da porta.

Seus olhos inquisidores foram de Elena para Harry e depois de volta para Elena, fazendo as sacolas que carregava irem ao chão, ao se dar conta do que havia acontecido.

― Eu... Eu... – gagueja Harry desorientado. – Me desculpe, eu... Por favor, ajude-a! – pede em meio ao seu arrependimento.

― Me dê sua camisa! – ordena Lyssa, enquanto corria para o lado da filha. – Vamos, Harry, tire a camisa!

O mestiço obedece. Lyssa enrola sua camisa e aperta as marcas da mordida com força, tentando estancar o sangue que ainda teimava em escorrer do ferimento. A essa altura, Elena já revirava os olhos, ainda sentindo extensa dor, mas já denunciando que a inconsciência se aproximava.

― Não para, o sangue não quer parar – sussurra Lyssa para si mesma.

― Eu faço isso! – diz Harry, colocando-se entre mãe e filha, dando à Lyssa apenas a visão de suas costas nuas. – Vai passar logo, eu prometo – diz ele, acariciando o rosto de Elena.

Harry beija os furos que ele mesmo fizera, como um sinal de desculpas, e o lambe em seguido, fazendo-os se curar no exato momento em que a consciência de Elena se esvai.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!
Achei o começo meio estranho, mas a finalização do capitulo me agradou.
No próximo capitulo veremos o despertar de nossa futura loba e um rápido encontro com a família Cullen na cidade de Forks.
Capitulo 34: Não Topem com Vampiros