Leah 2 escrita por Jane Viesseli


Capítulo 30
Ataque de Carlos Noolan – Parte II




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O grupo caminha cautelosamente por entre as árvores, espreitando atenciosamente cada galho e cada possível esconderijo. Eles sabiam que estavam a andar mais devagar do que gostariam, mas era inevitável, já que Carlos poderia estar em qualquer lugar.

Outro ganido estridente ecoa pelo ar, o terceiro desde que levantaram pela manhã, contudo, aquele parecia estar perto, muito perto. Uma leve brisa sopra em direção a Harry, trazendo consigo o cheiro de sangue e de seu amigo Paul, e, por causa disso, o mestiço não pode conter o impulso de correr para ajudá-lo.

― Harry! – grita Lucian o seguindo.

O cherokee para de repente, avistando o lobo caído e os enormes dentes de ferro, que aprisionavam sua perna dianteira e dilaceravam sua pele. Lucian não sabia ao certo se ajudava o quileute ferido ou se repreendia a imprudência do filho, mas a julgar pelo estado de ambos, ele logo decide ajudar o lobo.

― Caçador desgraçado – resmunga Lucian, se aproximando.

― Pai, me ajude a abrir isso...

― Vamos esperar Lyssa, ela deve saber como desarmar esta coisa – cogita.

― Não posso esperar, ele é meu amigo, por favor! – insisti com olhos angustiados, temendo que os dentes de ferro penetrassem ainda mais na carne de Paul, causando lesões irremediáveis.

Lucian respira profundamente, pensando no que poderia ser feito:

― Eu abro e você o afasta!

― Abrir sozinho? – pergunta Harry um tanto incrédulo.

― Não me subestime, filhote! – Dá um sorriso de lado.

O cherokee se aproxima da armadilha e coloca ambas as mãos sobre a parte interna dos dentes, que estavam levemente separadas devido à enorme pata lupina que agarrava. Bastou apenas um pouco de pressão por parte de Lucian, para que os dentes começassem a se abrir. Paul solta alguns gemidos, sabendo que logo estaria curado, mas não conseguindo ignorar o quando aquilo estava doendo.

Quando a pequena pressão deixou de surtir efeito, Lucian passou a utilizar sua forma sobre-humana, fazendo com que a armadilha de urso se abrisse cada vez mais. E quando estava suficientemente aberta, Harry empurra o corpo do amigo para trás, afastando-o o máximo que suas forças lhe permitiam.

Obrigado! — resmunga Paul entre gemidos. – Já sou o terceiro, Quil e Seth também foram pegos pelas armadilhas.

― Volte para a reserva – pede Lucian. – Temos um caçador experiente na floresta e precisamos que esteja curado para lutar.

Droga!— pragueja. – Quando finalmente aparece uma boa luta eu tenho que me ausentar, armadilha idiota!!! Deixem um pouco de diversão para mim...

O quileute se levanta com certa dificuldade, empurrando o mestiço com o focinho em sinal de agradecimento e retornando para a reserva, pelo mesmo caminho que percorrera anteriormente. Logo, Leah e as caçadoras se aproximam, a loba cinzenta solta um rosnado furioso e, por um instante, Harry agradece por não conseguir ler mentes, pois sabia que ela o estava xingando.

― Acho que arrancar os olhos dele é um pouco demais, Leah – comenta Lucian com uma careta.

Harry sente seus olhos se arregalarem. Sua mãe sabia ser uma loba malvada quando queria e, obviamente, ela queria ser má naquele momento. Mas tinha como ser diferente? Seu filho correra sem pensar, arriscando-se imensamente, e é claro que ela resgataria seu lado agressivo do passado para lhe dar umas boas pancadas.

Lucian ri com os últimos pensamentos da loba, lembrando-se dos milhares acessos de raiva que ela já tivera com ele, mas que conseguira contornar com alguns beijos e uma aproximação repentina. Leah... Tão loba, tão forte, mas, ao mesmo tempo, tão preocupada com sua família.

Lyssa incentiva o grupo a continuar, antes que mais um lobo ficasse ferido e, sem delongas, eles continuam a caminhar. Mais quatro armadilhas foram desarmadas no decorrer do caminho e logo os lobos quileutes puderam ser avistados, completamente encurralados e escondidos por entre as árvores.

Seth!— grita Leah, ao ver o caçula com a perna traseira ferida.

Um ganido baixo ecoa de sua garganta pelo estado do irmão, atraindo a atenção dos demais.

― Leah! – grita Lucian.

O cherokee lança seu corpo contra a lateral do corpo da loba, fazendo-a tropeçar nas próprias patas e cair ao chão. Ela estava pronta para repreendê-lo pela brincadeira, mas se cala ao notar que não se tratava exatamente de uma prenda, e sim de uma proteção, pois Lucian tomara em seu lugar a bala que lhe fora atirada.

Lyssa procura refúgio rapidamente e Elena faz o mesmo, puxando Harry pelo pulso e o abrigando. As caçadoras precisavam localizar o alvo, encontrar seu esconderijo, mas o lobisomem negro parecia não querer dar chances para outro ataque e, mesmo com a bala cravada em seu ombro, ele se levanta já com os olhos engolidos pelo negro de sua fera.

Lucian explode em sua forma lupina repentinamente e se lança contra a árvore que julgava ser o esconderijo do caçador. O tronco é facilmente despedaçado com a força de seu corpo, mas seus galhos não pareciam esconder alguém... Uma flecha é atirada de outra direção, acertando suas costas, fazendo o cherokee se perguntar como Carlos poderia atirar de dois ângulos diferentes. Será que tinha aliados?

Um pequeno clique pode-se ouvir por entre as folhas verdes e logo outra bala voa em direção ao lobisomem, mas, desta vez, fora a vez de Leah protegê-lo, empurrando-o com a cabeça e sendo veloz o suficiente para escapar do tiro.

― Desgraçado, está atirando na minha família! – rosna Harry, já com a coloração dourada nos olhos e pronto para deixar o seu esconderijo.

― Espere, Harry! – diz Elena, enlaçando-o por trás e impedindo-o de sair. – Se não descobrirmos de onde ele está atirando, nunca venceremos.

― Elena! – chama Lyssa num sussurro. – Olhe para o alto – orienta, colocando o indicador no olho e logo depois apontando para a ponta das árvores.

Elena força sua visão a enxergar mais do que apenas folhas e um céu nublado, porém, não conseguia ver o que a mãe via.

― As linhas de nylon— revela Lyssa.

Somente então a menina pôde ver as finas e quase invisíveis linhas de nylon, que iam de uma árvore a outra. Carlos havia preparado uma bela armadilha contra os lobos... Ele estava ali, em algum lugar, mas a cada árvore derrubada na tentativa de encontrá-lo, uma das linhas de nylon era esticada, disparando a arma ou a besta que estava em sua outra ponta.

― Papai, você é mesmo um caçador desgraçadamente bom – sussurra Elena para si mesma.

Enquanto isso, Leah e Lucian espreitavam as árvores a procura do caçador. O cherokee acompanhara os pensamentos das caçadoras e já estava a par das estratégias de Carlos, mas não sabia como encontrá-lo. Não havia cheiro ou sequer um mínimo ruído para orientá-lo, deixando-o às cegas.

Não sei onde ele está— lamenta Leah. – Lucian...

O quê?— responde ele em pensamento.

Estou com medo!

Lucian não pôde deixar de ficar surpreso. Leah sempre fora forte e raramente demonstrava fraqueza, mas, desta vez, o estava admitindo clara e abertamente.

E se acontecer alguma coisa?— pergunta a loba.

Não vai acontecer— rebate ele com segurança.

Leah lhe manda uma última nota mental, fazendo o lobisomem sorrir interiormente e acariciá-la com o focinho. E, não querendo esperar mais, o casal Clearwater começa a destruir o local, derrubando árvores, ativando mais armadilhas, sendo atingidos por algumas e desviando de outras.

Os lobos quileutes apenas observavam, pois Jacob os impedia de prosseguir. Era horrível para cada um deles assistir dois amigos se ferirem e lutarem sozinhos, mas sentiam-se impotentes diante da ordem alfa do lobo avermelhado. Um vulto negro salta por entre os lobos em direção a Leah e Lucian, desobedecendo-o. Quem era esse lobo, capaz de desobedecer ao líder por direito?

Nicolas! — rosna Jake.

Dane-se, Jacob, eu sou o meu próprio alfa— rosna de volta, lembrando-se das imagens que roubara da mente dele, onde Harry dissera tais palavras.

Sam poderia não ser um alfa por direito, mas se tornara um por ter sido o primeiro a se transformar e, agora, ele observava orgulhoso o vestígio de sua liderança em seu filho, que fora capaz de romper a ordem alfa para fazer aquilo que achava correto: ajudar seus amigos.

― Me ajude a encontrá-lo – pede Elena à Harry. – Quero dar fim a essa linhagem de caçadores.

― Não, deixe que eu o mato!

Elena acena positivamente com a cabeça, mas, em seus pensamentos ela dizia "não", dizia para si mesma que ela deveria acabar com todo aquele sofrimento, afinal, era ela a presa principal de Carlos Noolan. Harry segura o rosto da humana com ambas as mãos e deposita um beijo demorado em sua testa, fazendo o mesmo em seus lábios, e, sem que ela tivesse tempo falar, o mestiço sai de seu esconderijo para se encontrar com seu destino, seja ele qual fosse.

― Ei, seu babaca! – grita ele em provocação, chamando a atenção de todos para a sua presença! – Você quer me pegar? Eu estou aqui! – Abre os braços, fazendo de si mesmo um alvo. – Não está procurando o lobisomem que roubou o coração de sua filhinha caçadora? Pois bem... Ele está bem aqui!

― Desgraçado! – sussurra a voz grave por entre as árvores.

Mais um clique pôde ser ouvido pela audição aguçada dos lobos, porém, antes que a bala pudesse alcançar o corpo do mestiço, ele explode em sua forma lupina e corre em direção ao esconderijo descoberto. Harry era rápido, incrivelmente rápido! E enquanto corria, seu corpo parecia se aproximar ainda mais do chão, sem que perdesse o equilíbrio.

O mestiço salta sobre a árvore, agarrando seu tronco com as garras e a escalando com facilidade. Em questão de segundos e com apenas um sussurro, Carlos denunciara sua posição e agora estava frente as presas da fera de pelos mesclados.

― Te achei – sussurra Elena, saindo detrás da árvore e mirando em direção a Carlos.

Ela olha para sua presa através do binóculo de sua arma, mirando numa parte qualquer de seu corpo, mas, na hora de apertar o gatilho, ela sente suas mãos vacilarem e a maldita hesitação tomar conta de seu corpo. E o resultado foi o erro! Sua arma perdera a mira e acertara o tronco em que o homem estava sentado, assustando Harry e dando a oportunidade que Carlos precisava para fugir de seu esconderijo e das garras do lobisomem.

Sem medo ou receio, o caçador salta da árvore, rolando ao chegar ao chão. Em uma mão carregava uma faca e na outra uma arma pequena, seus olhos percorrem os lobos ali presentes, detendo-se na figura da filha exilada.

― Continua hesitando! – Sorri irônico. – Você, eu quero matar com minhas próprias mãos. – Houve alguns rosnados.

― Por favor, não interrompam – pede Elena, engatinhando a arma novamente e fazendo os lobisomens se calarem.

Vendo a brecha que precisava, Carlos corre em direção a filha, disposto a fazê-la em pedaços. Harry salta do galho atrás do humano, mas é surpreendido com a virada súbita do mesmo, que atira com a pequena arma acertando-lhe o maxilar de raspão.

― Seu maldito! Ele é meu namorado! – protesta Elena, sentindo a raiva tomar conta de seu corpo.

Seus braços pareciam se mover sozinhos quando apontaram e atiram duas vezes contra o homem que já não ousava chamar de pai. O estrondo da arma foi alto, chamando a atenção de todos para as balas, que acertaram a coxa e o abdômen de Carlos Noolan, fazendo o experiente caçador cair de joelhos.

― Uma caçadora iniciante e inútil não pode me parar! – ofende ele, levantando-se e continuando a avançar.

― Veremos!

Elena sentia-se energizada, parte pela coragem e a parte por querer fazer justiça, por Harry, sua mãe e por ela mesma. E foi a sede de justiça que mandou embora toda e qualquer hesitação, ajudando-a a manter a mira e apertar o gatilho diversas vezes.

Carlos sente sua mão ceder e a arma cair ao chão, seu braço havia sido atingido duas vezes e agora não tinha mais forças para segurar o objeto. As balas cortaram o ar com rapidez, acertando-lhe o ombro, perfurando-lhe o pulmão esquerdo, o abdômen três vezes e as pernas. E por um momento, Lucian assemelhou aquele homem a um demônio, pois, mesmo com tantos ferimentos à bala, ele ainda estava de pé e caminhava em direção a filha como se tivesse vindo do inferno.


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Notas finais do capítulo

Olá, olá... Me perdoem pela demora, definitivamente não estou conseguindo postar os capitulos com a frequencia que gostaria.

.

Enfim, eu adoreei escrever este capitulo, achei que ficou melhor que a encomenda, kkk, espero que tenham gostado!

Estamos chegando na reta final de Leah 2, espero que o enredo tenha lhes agradado até aqui e que o final seja bom também :)