Out Of Order (Em hiatus) escrita por Neweii


Capítulo 5
Como não aproveitar seu feriadão - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, realmente me desculpem pela longa ausência (embora não tenha passado mais de dois meses), eu passei por um duro final de período na universidade. E eu descobri que aquelas lendas sobre Finais de Período são realmente verdade! Bem, agora estou em um breve recesso e tive um tempo melhor para me organizar. Aqui está a primeira parte do capítulo da Sapphire, espero trazer o resto em breve.



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Eram seis da manhã, início de maio. Já fazia cerca de três meses desde que as aulas tinham começado e tínhamos conhecido a Crys. Durante esses meses, eu, ela e Blue ficamos bastante próximas. Nós sempre marcávamos de dormir uma na casa das outras. Sim, uma na casa das outras. Eu e Blue morávamos juntas já fazia cerca de dois anos... Crys ficou tão surpresa quando descobriu que somos primas! E mais ainda quando descobriu que moramos sozinhas, sem nenhum adulto cuidando de nós.

Os pais da Blue moravam no exterior e ela sentia muita falta deles. Quando eu a perguntava porque ela tinha escolhido morar aqui comigo, e não lá com eles, ela disfarçava e dizia que era aqui onde ela queria estar desde o começo. Mas eu suspeitava de que tinha algo a mais ali. Alguma coisa a ver com o incidente que ocorreu na sua infância...

Quanto a mim, eu sempre vivi tranquila com o meu pai na minha cidade natal, onde ele administra uma reserva arqueológica e ambiental. Eu cresci lá, envolta por natureza, ajudando meu pai em suas pesquisas. Mas ele não estava satisfeito com isso. Ele achava que eu não podia crescer ali, sem contato com outros jovens ou ir à escola. Eu reclamei com ele, dizendo que estava satisfeita do jeito que estava. Mas ele respondeu “Não, você não entende. Você ainda precisa ver o mundo.”

Depois disso, ele preparou tudo para eu vir morar aqui. A Blue já morava sozinha há algum tempo. Tinha sido emancipada muito cedo e era muito desenrolada. Por isso, ele pediu a ela que me ajudasse a me adaptar por aqui.

No começo foi muito difícil me acostumar com a cidade e com a escola. As pessoas eram tão diferentes! Não que eu tivesse convivido com muitas pessoas na reserva... Mas até mesmo os bichos eram diferentes! E eu me sentia muito só...

Isso foi mudando pouco a pouco com o apoio da Blue. Ela me mostrou coisas interessantes como a praça da cidade e o aquário, e me apresentou à televisão e aos videogames. E tudo ficou melhor quando adotamos o Rono, nosso cachorro de estimação.

Um ano depois, eu descobri o dojo. Eu me inscrevi lá, com o objetivo de ficar mais forte para conseguir derrotar um urso com as minhas mãos vazias. Assim, eu poderia proteger melhor a mim e a outras pessoas, e não deixaria que aquele acidente se repetisse... Eu entrei lá com essa meta, mas nunca esperava que aprender artes marciais pudesse ser tão divertido! Lá eu sentia que me encaixava em algum lugar. Foi lá também que conheci o Red e o Green, que são meus veteranos e amigos. Eles me apoiaram muito nos meus treinos, e, hoje, nós três somos assistentes do sensei.

Agora, parando para pensar, já tinham acontecido tantas coisas desde que eu cheguei aqui! E eu já tinha me adaptado a muitas coisas que nunca pensei que iria. Mas tinha uma coisa com a qual eu não conseguia me acostumar: as viagens da Blue. Por causa do seu trabalho como modelo, ela sempre precisou se deslocar muito, e, nesses momentos, eu ficava sozinha no apartamento. Eu até entendo que aquele emprego era importante para ela, tanto a ponto dela se sujeitar a viver com uma dupla identidade, mas eu não gostava de ficar sozinha. E agora ia viajar por um mês! Blue nunca tinha passado tanto tempo fora num trabalho. Ela até explicou que era uma oportunidade única que tinha surgido e que ela não podia perder.

OK. Mas um mês inteiro?

–Tchau, Sapph! – Blue acenou já na porta. Ela usava óculos escuros e carregava uma mala azul. Parecia um tanto apressada.

–Tchau. Boa viagem. – respondi relutantemente, enterrando o rosto numa almofada do sofá.

–Ah, vamos, não fique assim. Eu já te expliquei a situação, não foi?

–É, mas eu não posso evitar ficar assim. – falei contrariada.

Ela deixou a mala de lado por um tempo e se aproximou.

–Vai dar tudo certo. Você já conhece a cidade muito bem agora, e vai conseguir se virar bem sem mim. E, logo, logo, eu estarei de volta. Você vai ver, esse mês vai passar num piscar de olhos! – ela piscou para mim.

–...

–Vai ficar tudo bem. – ela sorriu confortadoramente, me abraçando.

Eu sorri também. A confiança que ela transmitia era contagiante.

–Opa! Está tarde! - Ela olhou para o relógio e voltou à porta - Tenho que me apressar para pegar o trem. Não se esqueça do que eu te disse mais cedo! Você lembra tudinho?

–Hm... A chave reserva está embaixo do vaso de flores; tem comida congelada para uma semana, tem dinheiro de emergência debaixo do colchão; se alguém perguntar por você, você foi visitar seus pais; te manter informada diariamente sobre tudo que acontecer; manter um olho extra na situação da Crys e do Gold... Cuidar do Silver. Me assegurar de que Red e Green sintam sua falta. Hm... – cocei a cabeça, pensativa - Acho que é isso. Mas não posso garantir os três últimos.

–Os três últimos não são tão importantes quanto o que você omitiu de propósito: eu preciso que você mantenha o Ruby sob vigilância constante. – ela me encarava com uma mão na cintura.

–Por quê? Eu já disse que não quero ficar por perto daquele garoto!

–Eu tenho a suspeita de que ele pode estar perto de descobrir minha outra identidade... Outro dia ele me disse que eu parecia com uma modelo. Você entende o nível de perigo? É uma questão de vida ou morte! – ela tinha um tom suspeito. Porque de 100% das vezes que ela usava esse tom, 90% era mentira. Olhei desconfiada para ela.

–Quê? Você não acredita em mim? – ela parecia chocada e tinha algumas lágrimas nos cantos dos olhos – Se eu for descoberta, sabe-se lá que chantagens eu não posso sofrer. E se formos obrigadas a nos mudar daqui? – ela juntou as mãos num ato que parecia saído de uma peça de teatro.

Mas, é, ela tocou num ponto delicado... Em nenhuma circunstância nós podíamos deixar isso acontecer, mesmo que isso significasse vigiar o Ruby 24h por dia. Como diria minha outra prima, “As quests mais importantes para o andamento do plot são as mais difíceis“.

–Ok, Drama Queen. Tá certo. Eu aceito o desafio.

Ela sorriu satisfeita.

– Estarei de volta dentro de um mês. Tchauzinho! – ela cantarolou enquanto fechava a porta.

Olhei para a porta fechada. Agora estávamos só Rono e eu.

–Agora, onde eu estava antes disso? Ah, sim...

Cobertor, ok. Sorvete, ok. Chocolate, ok. Pipoca, ok. Documentários, seriados, desenhos animados e filmes em DVD, ok.

–Kit mini hibernação completo! - Sem a Blue por perto, os dias ficariam menos agitados. Seríamos só eu e o Rono, e muitos filmes, jogos e sessões de mangá.

– Serão quatro longos dias... - Suspirei fundo.

A maioria dos lugares que frequento, como o dojo, também fecharão nesse feriado. Por que a Blue tinha que viajar justo no feriadão? Se fosse no meio da semana, eu pelo menos teria a escola para me distrair...

Agora, sem ela, o silêncio já era perceptível no apartamento. Até o Rono estava mais quieto. Acho que a presença dela realmente faz falta, afinal.

–Bem, de nada adianta reclamar, né Rono? – Me sentei no amontoado de almofadas que tinha preparado mais cedo. – Vamos à nossa sessão.

Comecei pelos filmes que eu mais gostava: O livro da selva, O rei dragão e Irmão Panda. Chorei novamente com “Meu cachorro Snif” e “Hachi – Sempre a seu lado”. Tentei assistir alguns filmes que a Blue tinha recomendado, eu até assisti os dois primeiros até perceber que os dois casais protagonistas eram bem parecidos: um garoto perfeccionista e uma garota simplista. Fiquei um tanto desconfiada com aquilo, seria alguma indireta? Procurei as caixas dos outros filmes para ler as sinopses e percebi que todos seguiam o mesmo estilo. Desculpa, Blue, mas eu não vou cair nessa.

–Bem, então vamos aos jogos! – peguei o controle e já ia ligar o videogame, quando ouvi minha barriga roncar.

Olhei para o relógio da parede. Nossa! Já se passaram umas dez horas desde que a Blue foi embora... Se todos os dias forem assim, até que o feriado vai passar rápido!

–Está com fome, Rono? – sorri para ele, que logo se levantou à menção da palavra “fome” – Então, vamos comer um Mega Combo Especial III? Espero que tenhamos carne na geladeira...

Caminhei até a cozinha e fiquei surpresa ao encontrar um bilhete da Blue no congelador, dizendo “Nada de mega combos. Nossa dispensa não está cheia o suficiente para você passar o mês assim. Trate de ser econômica ou vá para a casa da Crys”. Um desenho dela mesma piscando um olho encerrava o bilhete.

–Ela realmente é persistente. – falei amassando o bilhete – Você vai ver, Blu! Eu sobreviverei sem nem precisar cogitar ir à casa da Crys!

Agora vejamos o que tem dentro do freezer... Hm... Potes de comida congelada para até 7 dias. Acho que vou começar por aqui. Peguei o pote “Dia 1”. E o Rono olhou entristecido para mim.

–É, amigo, acho que hoje você vai ter que comer ração...

Já eram nove da noite e fazia três horas que eu jogava “A lenda de Zilda – A espada celestial”. Eu estava batalhando com um chefe dificílimo com minha última vida, quando o telefone tocou, fazendo com que eu me distraísse e levasse um golpe K.O. na mesma hora.

–E-Eu perdi... – olhei desacreditada para a tela da tevê. Meu último coração! Vou ter que entrar na Dungeon de novo!

Triiiim – o telefone insistiu novamente

–Quem é o infeliz que ligou no meio da minha batalha decisiva?! – levantei irritada, fazendo o Rono sair assustado da minha frente.

Peguei o telefone e esperei que a pessoa do outro lado da linha se pronunciasse.

–Alô, é da casa da Blue? - uma voz masculina perguntou.

Uh. Um garoto ligando a essas horas atrás da Blue... Isso é suspeito.

–Sim, mas ela não está, e não vai estar por um bom tempo. Se você quiser falar com ela, ligue para o seu número pessoal.

Eu estava prestes a desligar o telefone quando ele me interrompeu.

–Sapphire, é você?!

–Sim? – perguntei arqueando a sobrancelha, um tanto incerta. Por que um desconhecido sabia o meu nome? A não ser que não fosse um desconhecido.

–Por que você atendeu o telefone da casa da Blue? – ele parecia surpreso do outro lado da linha.

Espera, eu estava começando a reconhecer aquela voz... Franzi a testa.

–Ruby?

–Right. Mas você ainda não respondeu a minha pergunta...

Por. Que. Ele. Tem. O. Nosso. Telefone?

...Blue!

–Porque nós vivemos juntas?! – tentei responder o óbvio. Agora, por que ele está ligando a essas horas atrás dela?

–E eu pensando que ela gostava do Green! – Ele tinha um tom chocado.

Hã? De onde ele tirou isso? É claro que ela gosta dele. ...Eu acho.

–Eu não consigo ver o que isso tem a ver com essa conversa... – respondi confusa.

–D-Desculpe, eu apenas fiquei muito surpreso. Não é que eu tenha nada contra duas garotas viverem juntas, m-mas vocês ainda são colegiais!

Senti o sangue subir a minha cabeça, quando entendi o que ele estava imaginando.

–Nós somos primas, idiota! – eu gritei agitada.

–Aaaah. Então era isso... Desculpa.

–Desculpa uma ova! Como você reagiria se eu pensasse uma coisa dessas de você e... do Gold, hein?!

–Não. Simplesmente não. – a voz dele se tornou um pouco mais sombria.

–Tarde demais, já imaginei agora.

–Não imagine!

–Viu? Agora você sabe como eu me senti.

–Eu já pedi desculpas.

–Ok, ok. – era melhor deixar essa passar. Tinha algo que estava me incomodando mais. –De qualquer forma, por que você está ligando para Blue?

–Ah, isso... – ele fez uma pequena pausa – Na verdade, ela insistiu que eu ligasse para esse número no primeiro dia do feriadão, às 21 horas.

Blue conseguia ser realmente precisa quando queria. Principalmente nos seus planos.

–Então quer dizer que ela não está? – sua voz parecia instigada – Que estranho... E você disse que não vai estar por um bom tempo? Isso é mais estranho ainda...

Opa, ele estava suspeitando de algo? Bem que ela disse!

–Não tem nada de estranho! – me apressei em avisar – Ela apenas foi visitar seus parentes que estão doentes, é isso!

–Mas se vocês são primas, você não deveria ter ido também?

Droga, ele era esperto. Pensei numa desculpa rápida.

–Mas nós não podíamos deixar o Rono sozinho em casa! Então decidimos que uma de nós ficaria.

–Aaaah – ele parecia estar acreditando – Mas quem é Rono?

Eu coloquei a mão nas têmporas. Essa conversa já estava rendendo demais para um simples engano. Eu expliquei que Rono era nosso cachorro e ele pareceu, finalmente, se convencer. Eu suspirei aliviada.

–Mas, hey, já que eu estou falando com você... Não está esquecida do trabalho que o professor Wallace passou, não é?

Ah, o trabalho sobre filmes!

–Claro que não!

–Bem, como dupla, algum dia nós vamos ter que nos reunir para fazer isso. Eu pensei que nós deveríamos aproveitar o feriado para assistir aos filmes.

Hm... Eu não tinha nada contra essa ideia. Não é como se eu tivesse muito que fazer, mesmo...

–Ok, por mim tudo bem.

–Ótimo. Onde nos reunimos?

–Eu não posso deixar o Rono sozinho... – olhei para ele, que agora deitara nas minhas almofadas.

–Então posso ir até aí amanhã?

–Tá. - Eu dei de ombros.

–Então eu irei pela manhã. Eu já aluguei os filmes. Só o que preciso é do seu endereço. - Eu dei meu endereço a ele e me despedi antes que ele começasse a falar de outro assunto.

Finalmente, de volta aos jogos! Eu não me lembro de que horas fui dormir, eu só me lembro de ter sido acordada, no dia seguinte, pelo Rono. Ele saltou em cima de mim e eu me levantei meio atordoada.

–O que houve, Rono? – eu bocejei.


Ele latiu agitado e olhou para a porta. Eu não entendi logo, mas, depois, um flash passou pela minha mente. Corri para a porta e a abri de imediato. No corredor, prestes a ir embora, eu vi uma silhueta conhecida.



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Notas finais do capítulo

Eu estou passando por um período meio sem inspiração ultimamente, mas estou tentando fazer o melhor que posso. Argh, todas as minhas ideias só aparecem à noite e eu me esqueço de tudo quando acordo! E a maioria delas são para capítulos mais à frente... Well, sem mais desculpas. Vou fazer o que puder nesse recesso. Espero que curtam o capítulo. Ele está mais explicativo do que dinâmico, mas eu me diverti escrevendo os diálogos. Vou tentar adicionar mais ação na segunda parte (e mais personagens também!).
See you there!

Obs.: Há fanarts novos no meu tumblr ng-scribbles. (Nenhum referente a esse capítulo, sorry. Mas pode ser que apareça um em breve ;])



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