Just a girl escrita por Emilly


Capítulo 18
Ninguém sentirá minha falta?




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Narrado por Alícia:

- Que desenho legal, foi você quem fez? - Gabriel pegou o papel da minha mão e olhou o desenho.
- Não interessa - Falei pegando o papel de suas mãos e o guardando novamente.
- Ainda ta zangada? - Ele perguntou, se encostando no armário.
- Não me enche, Gabriel. - Falei dando as costas pra ele.
- Espera ai. - Ele me puxou pelo braço, fazendo nossos rostos ficarem próximos. Não tive reação e fiquei apenas o fitando. - Não acha que... é muita infantilidade parar de falar comigo, por causa da sua irmã?
- Ela não é minha irmã!
- Mas, não é como se fosse? Tudo bem que você odeia ela, mas você duas vivem debaixo do mesmo teto, uma hora ou outra vão acabar se aceitando, ou melhor, você vai acabar aceitando ela.
- Como assim "eu"? A Anny me odeia! Me trata super mal quando não tem ninguém por perto!
- Ok, ok, se você insiste com isso... Não vou mais discutir com você.
- Ótimo.
- Me promete uma coisa?
- O que?
- Quando estivermos juntos, não fala dela, ok? Não quero mais brigar com você.
- Ok. - Falei e ele me abraçou. Era bom o sentir perto de mim novamente. Assim que saí de seus braços, escutei a voz de Anny.
- Gabriel, eu... Ah, oi Alícia. - Ela disse quando me viu ao lado dele e sorriu.
- Oi. - Respondi.
- Então, Gabriel eu queria falar com você. - Ela disse pegando na mão dele.
- Ok. Alícia, eu te vejo depois.
- Ok.
Os dois saíram e desaparecendo entre as pessoas.
- Vem. - Me puxaram pela mão, me virei e vi que era Lysandre.
- O que foi?
- Eu sei que você esta com ciumes.
- Bem...
- Por isso, não quero que você fique pensando no que os dois estão fazendo.
- ...
- Quer ir no cinema? - Ele perguntou meio envergonhado e eu senti minhas bochechas arderem.
- A-Ah, tudo bem. - Falei
- Legal! - Ele sorriu - Posso passar na sua casa de 13:00 horas?
- Sim.
- Ok, então até depois.
Ele disse e saiu.
Fechei meu armário e fui pra casa. 
- Como foi a escola hoje? - Minha tia perguntou.
- Normal. - Falei subindo.
Minha rotina vai ser essa agora? Eu preferia quando eu chegava da escola e não tinha ninguém em casa, mas minha tia e o noivo dela vão estar sempre aqui a tarde, de agora em diante? Bom, eles vão se casar no fim de semana, daqui a dois dias. Acredito que minha tia já tenha alugado o salão de festa, do jeito que ela é organizada e ansiosa demais, bem, mas isso não me importa. Me joguei na cama e encarei o teto.

Depois de alguns minutos eu me levantei e tomei banho. Sai e fiquei fitando as roupas dentro do meu guarda roupas. 
- O que eu uso, Teddy? - Perguntei - O que esta acontecendo comigo? Eu nunca me importei com qual roupa usaria... Será que mesmo eu não estar indo encontrar Gabriel, eu estou querendo competir com a Anny? Não! Claro que não!
Revirei meu guarda roupas. Vesti uma calça jeans, uma blusa de manga comprida fina branca para cobrir os cortes, um colete jeans por cima e calcei meu all star. Meu cabelo? Bagunçado como sempre. Maquiagem? Nenhuma, não tenho e nunca usei. Ta, eu sei que sou estranha.
Olhei no relógio e quando deram exatamente 13:00 horas, ouso a campainha tocar. Desci e abri a porta a fechando rapidamente, antes que minha tia fizesse alguma pergunta. Fomos andando até o cinema.
- Nossa! - Ele disse.
- Desculpa, quero evitar perguntas da minha tia, minha vida não é da conta dela. - Falei olhando pro chão.
- Você devia confiar mais nas pessoas, Alícia.
- Do que adianta? Eu prefiro me isolar do que conviver e confiar em pessoas idiotas.
- Nisso eu concordo com você. - Ele disse e eu ri.
Chegamos no cinema, escolhemos um filme de comédia pra assistir, uma comédia romântica na verdade. Eu fui comprar os ingressos e Lysandre comprou a pipoca e o refrigerante. Entramos na sala do cinema e sentamos no meio.
- Espero que consiga se distrair um pouco. - Ele disse sorrindo.
- Também, eu não aguento mais pensar nele. Quero que meus 18 anos cheguem logo.
- Eu odeio quando você diz isso. - Lysandre disse abaixando a cabeça.
- Por que?
- Sei lá, acho que não tem necessidade de você se suicidar.
- Só eu sei o que passei, e essa é minha maior vontade. 
- Se quer tanto isso, por que não faz logo?
- Mesmo não acreditando muito, ainda "acredito" que as coisas possam mudar.
- Mas, sabia que mesmo que você tentasse se suicidar amanhã, eu não deixaria?
- Por que se importa comigo? Por que me pareço com a sua irmã? 
- Não. Você é única, Alícia. E... eu sinto que deve te proteger de tudo.
- Acho que você é o único que se importa comigo de verdade. - Falei e soltei um leve sorriso, o que o fez sorrir também.
O filme começou, e eu consegui me distrair bastante o assistindo. Assim que o filme acabou, me deparei com alguém que não esperava encontrar.
- Alícia? - Ele disse e eu gelei.

- G-Gabriel? - Falei o fitando. Ao lado dele estava Anny.
- Legal te encontrar aqui. - Anny se levantou e sorriu.
- Quem é ele, Alícia? - Gabriel perguntou se referindo a Lysandre.
- Eu sou Lysandre, amigo da Alícia. - Lysandre o respondeu.
- Pensei que a Alícia não tinha mais amigos, além de mim. - Gabriel falou e me fitou.
- Mas eu tenho. - O respondi.
Eu podia sentir que ele havia ficado irritado em saber que Lysandre tinha vindo comigo. Eu não sei, mas o olhar dele sobre Lysandre era de raiva. 
- Foi um prazer conhecer você. - Lysandre sorriu. - Vem, Alícia.
Lysandre, pegou na minha mão, e eu o acompanhei para fora do cinema. Eu não estava me sentindo bem, a única coisa que eu fazia era ficar de cabeça baixa, enquanto o acompanhava.
- Ei, princesa. - Lysandre levantou minha cabeça com a mão.
- Eu não esperava encontra-lo aqui, ainda mais junto com a Anny. - Falei.
- Eu sei que machuca. - Lysandre disse e acariciou meu rosto com a mão - Mas você é forte e...
- Forte? - O interrompei, e fitei seu rosto - Forte é uma coisa que eu não sou! Eu nunca fui forte, e o que tem no meu pulso, é a prova disso. - Falei e meus olhos começaram a se encherem de lágrimas. Lysandre não disse nada e apenas ma abraçou. Eu consegui senti paz por alguns minutos, esquecer por um segundo o que estava me atormentando.
- Vou te levar pra casa. - Lysandre falou.
- Ok.
Lysandre me levou pra casa, me despedi dele, mas assim que me virei pra entrar ele pegou na minha mão, me fazendo virar de frente novamente para ele. Ele pegou minha mão, e levantou a manga da blusa do meu pulso e passou o dedo por cima das cicatrizes. 
- Preciso dizer alguma coisa? - Ele perguntou me fitando.
- Não, eu já entendi, mas... eu não te prometo nada. 
- Ok. - Ele disse se virando e indo embora.
Entrei e fechei a porta, me sentando atrás da mesma.
Me levantei depois de alguns segundos e fui pro meu quarto. Minha tia e o noivo dela devem ter saído para resolverem as coisas do casamento, bem, melhor assim. Me joguei na cama e fechei meus olhos, na tentativa de esquecer um pouco dos meus problemas. Saber que a Anny esta com o Gabriel sozinha, me machuca muito e me machuca mais ainda é saber que ele gosta da presença dela. Agarrei o travesseiro, e senti várias lágrimas escorrerem pelo meu rosto e caírem no travesseiro.
- Eu odeio me sentir assim. - Falei entre soluços - Eu preciso de ajuda, mãe, pai? Eu queria que vocês estivessem aqui comigo! - Falei.
Todas as minhas lembranças voltaram, toda a minha infância passou diante de meus olhos, o quanto sofri no dia da morte dos meus pais e o quanto continuei sofrendo ao longo dos anos. A minha vida inteiro foi apenas dor e sofrimento, momento "felizes" eram destruídos em poucos segundos.
Me levantei e fui até a minha gaveta, e procurei a lamina que eu usava para me cortar. Não a encontrei e sem paciência para encontrar, peguei um espelho pequeno e ataquei no chão. O espelho se quebrou em vários pedaços, eu peguei o maior e fui ao banheiro. Me sentei e fiquei encarando o vidro enquanto chorava.
- Eu não aguento mais! - Falei entre soluços.
Peguei o vidro e assim que ia cortar meu braço, alguém tira o vidro da minha mão.
- Eu não vou deixar você fazer isso. - Olhei pro lado e vi Gabriel me olhando.
- O que faz aqui? Ou melhor, como entrou?
- A janela do seu quarto estava aberta, e depois de te ver no cinema, queria falar com você.
- Você não devia estar com a Anny? - Perguntei limpando as lágrimas com a mão.
- Bem, eu disse pra ela que precisava falar com você.
- Então, o que é? Pode falar!
- Primeiro, quero que me diga por quê ia se cortar, de novo.
- Não precisa fingir que se importa comigo.
- Eu não estou fingindo! Eu realmente me importo.
- Não é isso que você esta demonstrando ultimamente.
- Desculpa... Eu sei que estou agindo feito um idiota. - Ele disse.
Gabriel me ajudou a levantar. Lavei meu rosto e me acalmei um pouco. Voltei pro quarto e o encontrei sentado.
- O que você quer comigo?
- Bem... V-Você esta namorando com aquele garoto? Sabe, aquele que estava com você no cinema...
- Por que pergunta isso?
- Pra saber. - Ele disse meio irritado.
- Não te devo satisfações da minha vida. Mas se quer tanto saber, não. Eu não estou namorando com ele.
- Apaixonada por alguém? - Ele perguntou e senti minhas bochechas arderem, acho que fiquei vermelha como um pimentão.
- Gabriel, sai daqui! - Falei o empurrando e ele riu.
- Não preciso nem perguntar de novo, né? - Ele disse e eu cruzei os braços o olhando "séria" - Ok, ok. já vou. - Ele disse.
Gabriel foi em direção a janela.
- Ei, por que não sai pela porta da frente? - Perguntei.
- Pela janela é mais fácil - Ele disse sorrindo - Até mais. - Gabriel disse e pulou a janela.
Fui até a janela e o observei ir. "Idiota" pensei comigo mesma. 
- O Gabriel já foi? - Virei e vi Anny encostada na porta do meu quarto.
- O que você quer? - Perguntei.
- Te dar apenas um aviso: Alícia, o Gabriel é meu, e não será você que irá estragar isso, entendeu bem? Fique o mais longe possível dele!
- Eu não vou fazer isso.
- Como é que é?
- Foi o que você ouviu! Eu estou CANSADA de ser humilhada e pisada por todos! - Alterei meu tom de voz, e Anny se surpreendeu com a minha atitude.
- Olha aqui garota - Anny me empurrou me fazendo cair no chão e bater a cabeça forte na parede - Foda-se! O que você passou, não me dá o minimo de interesse! Por que a "princesinha" não tira logo a própria vida?
- O que?
- O Gabriel Me contou que você se corta. - Anny disse sentando na minha cama. - Por que você não morre logo? Ninguém vai sentir sua falta, a única coisa que você faz, é ocupar espaço. - Anny disse e olhou pra mim rindo. Ela se levantou e saiu sem dizer mais nada.
Apertei meus olhos e senti algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. O Gabriel não podia ter contado a ela, eu confiei nele, eu confiei... Será mesmo verdade, se eu morrer ninguém sentirá minha falta? Tirar minha vida agora, talvez seja a melhor coisa a fazer?


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