Narrado por Alícia:

Chorei até dormir. Lembro que eram apenas 13:00 horas da tarde quando tudo aconteceu. Minha vida esta complicada, na verdade ela sempre foi assim. Anny chegou para destruir a minha vida, tirar um pouco da esperança que restava em mim. Mesmo não tendo dito, eu acreditava que depois de conhecer Gabriel, tudo iria mudar, mas com a chegada de Anny, isso vai ser impossível. Ela me odeia, me trata bem apenas se tiver mais alguém por perto e eu odeio isso, odeio gente falsa. 
Acordei com alguém me chamando.
- Levanta, idiota! - Ouvi a voz de Anny.
Apertei meus olhos e a fitei.
- O que foi?
- O Gabriel esta lá na sala. 
- Por que?
- E eu vou saber? Só te chamei por causa dele. - Ela revirou os olhos.
- Ah, ok.
Ela saiu no meu quarto com raiva. Me levantei e dei um jeito no meu cabelo que estava todo bagunçado. E apenas desci, e Gabriel sorriu ao meu ver.
- O que foi? - Perguntei o olhando.
- Você fica trancada em casa o dia todo, não quer sair um pouco?
- Bem...
- Lá em casa tem uma piscina, eu chamei alguns amigos pra ir lá, se quiser ir...
- Ah ok, mas eu não posso.
- Por que?
- Eles podem ver os meus cortes. - Falei passando a mão no meu braço.
- Não tem problema, não precisa entrar na piscina.
- Ok, vou pensar.
- Ok, aqui o endereço - Ele disse me dando um papel - Ah e a Anny vai.
- Ok, talvez eu vá.
Me despedi dele e ele foi embora. 

- Você não vai, não é? - Anny me fitou.
- Não sei.
- Contando que não me atrapalhe, pode ir. - Ela disse dando um sorriso irônico.
Não respondi nada e apenas subi pro meu quarto. Fechei a porta e fitei meus reflexo no espelho. Depois de alguns minutos pensando, eu decidi ir. Eu não tinha nada pra fazer, e eu não vou entrar na piscina. Desci, e percebi que Anny já havia ido. Peguei o papel com o endereço e ficava apenas a duas quadras da minha casa. Saí e fui em direção a casa dele. Assim que cheguei, apenas chamei por ele. Depois de alguns minutos esperando ele apareceu e sorriu.
- Fico feliz que tenha decidido vir -Gabriel disse.
Ele deu espaço para que eu entrasse.
Já conseguia ouvir o som de música alta. Pude visualizar a area da piscina, onde haviam várias e várias pessoas se divertindo. Confesso que não me sinto muito a vontade em "festas", mas estou aqui pelo Gabriel. 
- Pensei que havia chamado apenas "alguns amigos". - Falei e ele sorriu de lado.
- Bem... - Ele ia dizendo.
- Alícia! - Ouvi a voz de Anny e ela correu animada até nós e me abraçou.
- Oi - Falei.
- Gabriel, vamos entrar na piscina? - Ela segurou o braço dele e o olhou sorrindo.
- Claro! - Ele retribuiu o sorriso o que fez a raiva percorrer por todo o meu corpo - Alícia, fique a vontade.
- Ah, ok. - Falei.
Ela me olhou e deu um sorriso vitorioso, o puxando pela mão até a piscina. Logo os perdi em meio de tantas pessoas.
A música alta, o sol forte e tantas pessoas em um lugar só, estavam fazendo eu ficar meio mal. Um pouco longe da piscina, havia um jardim cheio de árvores e alguns bancos com sombra. Não haviam muitas pessoas e eu resolvi me sentar em um deles. Eu tinha uma visão bem clara e ampla da piscina e pude ver Gabriel e Anny sentados a beira da mesma conversando. Meu coração apertou naquele instantes. Em meio de risadas os dois trocavam palavras as quais eu não consigo identificar, pelo fato da música alta e de estar longe deles. Abaixei minha cabeça e fitei a grama, com algumas pétalas de flores no chão. Olhei para frente novamente fitando os dois. Anny se aproximou mais do rosto de Gabriel que não demonstrou reação e os dois selaram seus lábios. Meu coração apertou e várias lágrimas escorreram pelo meu rosto. 
- Não! - Sussurrei para mim mesma.
Os dois se distanciaram, Anny me olhou e deu um sorriso irônico. Ela sabia que eu estava destruída naquele momento. Mesmo chegando hoje, ela já descobriu que Gabriel é importante pra mim.
Abaixei a cabeça e coloquei o capuz da minha blusa. Sai correndo o mais rápido que pude, empurrando todos que estavam na minha frente, pra mim nada importava mais, senti vontade de tirar minha vida agora mesmo, eu não aguento mais, não aguento mais! Eu não sabia que ela o beijaria sem ao menos conhece-lo, e nunca imaginava que ele retribuiria. Sinto como se nada mais importasse mais. Sai da casa de Gabriel, e atravessando a rua, tropeço em um pedra e caio no chão. Meu tornozelo estava doendo muito, e eu estava sem forças para levantar. A única coisa que eu sentia naquele momento era meu coração batendo forte, e uma dor insuportável tomando conta de mim. No meu rosto? Haviam apenas lágrimas de angustia escorrendo dos meus olhos e caindo na rua. Olhando para frente vejo um carro em alta velocidade vindo em minha direção.