POV Emily:

A platéia ficou pedindo que a Mary e a Allyson cantassem mais uma música e elas aceitaram. Aproveitei que elas não iam sair do palco tão cedo e decidi procurar o Alexander. Ele estava numa barraca bem distante e a Hanna não estava por perto.

– O que aconteceu com você? Por que está aqui em Miami? - perguntei chegando por trás dele.

Alexander parecia surpreso. Com certeza não queria me ver tão cedo. Ele ficou me encarando por um tempo, perplexo. Pela minha pergunta, acho que ele sabia que eu achei sua aparência diferente. Que havia algo de errado com ele. Seus lábios se abriram e, finalmente, ele emitiu algum som.

– Estou aqui por causa da Hanna. Ela vai participar do concurso de música, lembra? - mas é claro! É obvio que ele viria acompanhá-la, afinal foi por isso que ele diz ter terminado comigo?

– Claro que eu lembro. Só... não estava acreditando que você ta com ela até agora por causa do... - ele não me deixou terminar.

– Dinheiro? - eu assenti com a cabeça - Não é só por causa disso! A Hanna pode me dar coisas que você nunca daria pra mim! - ele disse rude. Parecia completamente fora de si.

Era disso que eu estava com medo. Com medo do que poderia ouvir. Gostaria de mostrar pra ele que já tinha superado tudo e que estava muito melhor sem ele. Mas não pude evitar que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Tenho que ser forte. Não vou deixar que ele me humilhe de novo.

Ele só está brincando com seus sentimentos, Emily, pensei e limpei a lágrima rapidamente.

– Você não me respondeu a outra pergunta. - disse firme, cruzando os braços.

– Não posso te dizer... você nunca entenderia - ele disse, agora calmo e se aproximando.

– Por que está tão magro e pálido? - eu perguntei. Senti um cheiro forte quando ele se aproximou. Um cheiro muito familiar. Que só senti uma única vez... Fumo.

Só senti esse cheiro uma vez, em uma festa que fui antes de começar a namorar com Alexander. A festa era de um vizinho da minha casa de praia, onde meus pais me arrastam pra passar as férias, de onde esse ano eu me livrei. Ele me convidou pra essa festa e, já que não tinha nada pra fazer, eu fui. Podia até ser bom pra me enturmar nesse lugar que mais parecia um fim de mundo. Do lado de fora parecia estar legal. Jovens se divertindo, dançando, muita música... Mas quando eu entrei na casa do meu vizinho, vi várias pessoas, a maioria da minha idade, fumando e se drogando. Fiquei muito assustada, pois meus pais sempre me disseram pra nem chegar perto daquilo. Quando meu vizinho veio me chamar pra experimentar, senti o mesmo cheiro que estou sentindo com o Alexander agora. Eu recusei e saí correndo.

– V-Você está se drogando?! - perguntei assustada e com medo da resposta.

– Claro que não! - ele disse dando de ombros, mas não me convenceu.

– Então me explica a sua aparência e o seu cheiro. - eu disse olhando bem em seus olhos azuis, que já não brilhavam tanto.

Ele ficou calado por um tempo, provavelmente pensando em uma resposta.

– Mas... e se eu me drogasse e daí? A vida é minha, não é? - ele disse grosso. O que aconteceu com aquele Alexander fofo, gentil e carinhoso que conheci? Ele foi embora e deixou esse monstro, que está bem na minha frente, no seu lugar. - Eu me drogo e acho que isso não é problema seu! - berrou. Fiquei sem reação diante da resposta dele.

Como isso foi acontecer com ele? Alexander sempre teve uma vida perfeita. Era cercado de pessoas que o amavam tanto... Seus pais são um doce de pessoa, me tratavam como se fosse filha deles. Seus pais não merecem isso! Alexander não pensou neles antes de se drogar? Não pensou... em mim? Isso não é justo! Seus pais devem estar sofrendo muito. Se é que eles sabem disso...

– Quando você começou? Seus pais sabem disso?

– Como você é burra, hein garota! ele disse rindo. Comecei a me drogar quando a gente ainda namorava. Você nem percebia! - berrou rindo da minha cara. Não acredito no que acabei de ouvir. Ele me fazia de boba esse tempo todo? Agora entendo por que nunca via os presentes que dava a Alexander. Ele inventava desculpas de que estava guardado e coisas do tipo. E eu, a bobona, acreditava. Com certeza, ele vendia tudo pra comprar drogas e, quando acabava, pedia dinheiro pros pais. Como não fui perceber isso antes? Acho que estava tão iludida com o nosso amor que nem percebia isso.

Minha cabeça está doendo e só consigo ouvir a risada de um Alexander que está bem na minha frente. Tenho a sensação de que estou prestes a desmaiar. Não sei se é por que não como a muitas horas ou se essa conversa está me deixando tonta.

– Ah. E meus pais não sabem disso. Eles nem desconfiam de nada. São iguais a você, burros. - disse rindo mais ainda. Ele pode até ter me enganado, mas não vou deixar que Alexander engane a seus pais.

– Você não tem um pouco de consideração com seus pais?! Não acha que eles vão sofrer quando souberem disso? - eu disse o encarando.

– Relaxa, eu sei me controlar... - ele disse colocando suas mãos em meus ombros.

– Ah é?! Sabe mesmo, Alexander?! Tem certeza?! - eu disse sarcástica, me soltando. - Acho que não. Se você soubesse mesmo se controlar, não namoraria uma garota só por causa que ela tem CHANCE de ficar rica! - ele ficou surpreso com a minha resposta, parecia estar com muita raiva. Vi seu punho se fechar, como se quisesse me bater por estar com a razão - E essa chance diminuiu muito por que MINHAS amigas vão participar do mesmo concurso de música e elas são muito melhores que a Hanna.

– Não to nem ai se a Hanna perder! - ele disse dando de ombros, e relaxando as mãos - Meus pais podem me sustentar muito bem, me dar o dinheiro que quiser, igual estão fazendo até agora... Pra sua informação, esse ano, meu pai recebeu uma promoção e se tornou gerente da empresa que ele trabalha. Ou seja, não vou precisar da Hanna. - disse sorrindo

– Duvido que eles vão continuar te dando dinheiro se souberem que você está se drogando. - eu disse e ele ficou furioso, voltando a fechar os punhos.

– Você não vai contar isso a eles, vai?! - Alexander disse me encarando com um olhar mortal. Seus olhos estavam escuros e refletiam a sua raiva. Dava pra sentir que sua energia não era boa. Eu estava com muito medo dele, mas não ia deixar isso do jeito que está. Tinha que mostrar que o que ele está fazendo é errado.

– É preciso - eu disse e sai, encerrando a conversa. Mas Alexander me segurou pelo braço fortemente.

– Não, não é preciso! E você não vai fazer isso! - ele me segurava firme em meus braços, me apertando. Estava doendo e eu não conseguia me soltar. - Eu não vou deixar! - disse e me apertou mais ainda. Ele estava muito agressivo e parecia não ter mais controle de suas ações.

Alexander levantou seu braço com o punho fechado, e apontou na minha direção. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Estava rezando pra alguém ver e me tirar dessa situação. Alguém pra impedi-lo. Mas, pra minha sorte, todas as pessoas estavam em frente ao palco, assistindo Allyson e Mary se apresentarem. Alguém me ajude.... Mais lágrimas saíram. Fechei meus olhos, esperando e...

– O que está acontecendo aqui?! - ouvi uma voz atrás de Alexander.

POV Nicholas:

– Nini, você pode pegar umas bebidas pra gente? - Lauren perguntou, enquanto assistíamos a apresentação da Allyson e Mary.

– Posso. - eu disse e Lauren me deu um beijo na bochecha. Fui em direção ao quiosque, atrás do palco.

Me escorei na bancada e pedi as bebidas e uma porção de batatas-fritas. Estava morto de fome. Já são quase duas da tarde! Enquanto esperava, olhei pro lado e vi uma garota de longos cabelos pretos e cacheados nas pontas. Na sua frente, havia um cara que estava berrando e parecia estar a machucando. Quando ele levantou o braço pude ver melhor e... espera aí! Essa garota é a Emily!

Não pensei duas vezes e saí correndo na direção deles. Ele ia dar um soco nela! Cheguei antes de ele agredi-la e gritei:

– O que está acontecendo aqui?! - o garoto abaixou o braço, mas não soltou Emily e me olhou com muita raiva. - Solta ela! - mandei, mas ele não a soltou. - Solta ela! Agora! - gritei e ele a soltou. Acho que desistiu de agredi-la, depois que eu cheguei.

Olhei para Emily que parecia aliviada só que ainda estava muito assustada. Ela veio até mim e ficou do meu lado. Limpou as lágrimas e deu um meio sorriso de agradecimento.

– Quem é você? - o garoto me perguntou.

Ia respondê-lo mas Emily foi mais rápida.

– Ele é Nicholas, meu namorado. - ela disse e segurou a minha mão. O que?! Ela disse que eu sou namorado dela e segurou a minha mão!! Repetindo: ELA SEGUROU A MINHA MÃO!! Não to acreditando!

A encarei com os olhos arregalados, não entendendo nada. Ela mordeu seu lábio inferior e entrelaçou nossos dedos, segurando ainda mais forte, como se dissese: Fica quieto. Como eu estava adorando segurar a mão dela, é tão macia... Voltei a olhar pro garoto. Ele parecia surpreso com o que acabou de ouvir.

– Vamos embora! -Emily disse me puxando, ainda segurando minha mão.

Quando ficamos fora da vista do garoto, Em soltou minha mão e suspirou aliviada.

– Muito obrigada. Nem sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido. - ela disse soltando nossas mãos. Não gostei! - Muito obrigada mesmo! - sorriu lindamente.

– Não foi nada. Eu não ia deixar que aquele garoto covarde fizesse alguma coisa com você - eu disse e ela corou. Continuamos andando pela areia até eu falar: - Sabe... eu até gostei de você ter me chamado de namorado, ter segurado sua mão... - ela parou e me encarou espantada. - Que é?!

– Não começa - Emily disse voltando a andar, me deixando parado com uma cara de desentendido. Aff. Mulheres! A gente não diz nada e elas já ficam emburradas.

Bufei e corri para alcançá-la. Queria perguntar quem era aquele cara, por que ele tava quase batendo nela... Mas acho que ela ia ficar mais irritada. Depois dessa cantada que eu dei nela, ia falar que não era da minha conta e tal.

– Cadê as bebidas, Nicholas?! - Lauren perguntou, vendo minhas mãos vazias. Allyson e Mary já tinham acabado de se apresentar e se juntaram a gente.

– Er... longa história. - disse olhando pra Emily. Antes que o Peter abrisse a boca pra me encher de perguntas, Em disse:

– Gente, eu to morrendo de fome! Vamos em um restaurante? - disse fazendo biquinho.

– Vamos! Eu também to morto de fome! - eu disse e todos assentiram.

POV Allyson:

A apresentação foi um sucesso! Confesso que fiquei muito nervosa, mas a Mary me ajudou e eu segui o conselho dela de ficar olhando pra Emily, Sophie e... pro John. No começo eu pensei que ia travar ou desmaiar, sei lá! Assim que a Mary cantou a primeira estrofe eu falei comigo mesma:

Vamos lá, Allyson! Você consegue! É só ficar olhando pro pessoal e fingir que você ta na aula de música cantando pra sua professora e pra Emily e Sophie! Vamos lá!

Na mesma hora eu respirei fundo e olhei pra Soph, pra Em e pro John. Eles estavam sorrindo pra mim, e aquilo me passou confiança.

Depois eu fui me soltando e a platéia adorou! Todo mundo pedia mais uma música e a gente cantou mais umas duas.

– E aí? Como foi? - Mary me perguntou sorrindo.

– Foi incrível! Me sinto muito bem quando estou cantando! - respondi - Obrigada pelo conselho. Me ajudou muito!

– Não foi nada! Que bom que funcionou - ela disse e me abraçou.

Descemos do palco e fomos encontrar com o pessoal. Todos falavam que a gente foi muito bem, que fazemos uma dupla perfeita, que estávamos maravilhosas cantando. Até algumas pessoas que nunca vi na vida vieram falar com a gente!

– Vocês duas são ótimas cantoras! Com certeza tem futuro na música! - disse uma mulher acompanhada de um homem.

– Muito obrigada! Nós vamos participar do concurso de música internacional em Miami, esse ano. - Mary disse sorrindo

– É isso ai! Vão em busca dos seus sonhos garotas! - disse o homem sorrindo.

Ai ele veio falar comigo. Eu não estava acreditando que o encontrei depois de tanto tempo! É, esse verão reservará várias surpresas...

LEIAM AS NOTAS FINAIS, É MT IMPORTANTE!!!