Dores escrita por Máh Scary Monster


Capítulo 1
A Fagullha!


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic participará do meu primeiro evento de Hunger Games em SP. Espero que gostem e que eu consiga alguma classificação hahaha.



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Dores...

Dores! Há inúmeras delas e para todas, pelo menos um tipo de cura, um remédio, um tempo. Dizem que a pior dor é de queimadura, imaginem só, sentir sua pele derretendo com o calor do fogo; outros dizem por aí que é quando você se corta de uma maneira ridícula, como por exemplo, um cortezinho de papel; já ouvi também que o que mais dói é a fome, a sede, a falta de sono ou sonhos... Isso é patético e discordo! Sem sombra de dúvidas a dor que mais nos desampara, é a perda.

Não me dá orgulho compartilhar tais fatos, mas passei por todo tipo de desespero físico, já pude sentir minha pele pulverizando e cheirando a enxofre, já senti a água do mar escorrendo pela minha garganta enquanto lutava por um pequeno acesso ao oxigênio, já senti meu braço, perna, testa, rosto, entre outras partes do meu corpo se rasgando e o sangue jorrando para fora dele sem controle. Mas até o momento, eu nunca tinha experimentado a sensação de perder alguém. Isto é, eu sobrevivi até que “bem” a perda da minha irmã, demorou um tempo para descobrir que o suicídio não me ajudaria e eu sabia que se quissesse poderia seguir em frente, pois eu era forte! Sim, eu ERA forte! E não estava sozinha quando ela se foi, tinha uma pessoa em especial ao meu lado quando eu acordava em desespero no meio da noite ou quando do nada me vinha uma vontade de chorar, mas agora, eu tinha perdido esse alguém também.

Havia perdido quem me ajudou a superar uma perda. Alguém tem idéia do que é isso?


Aconteceu há muito tempo, uma fagulha tinha se acendido em meu peito, era um pequeno pedaço de calor que não consiga sentir por ninguém, havia mil borboletas voando no meu estômago sempre quando ele me tocava ou quando sussurrava coisas sem sentido em meu ouvido, era um punhado de ternura da qual havia me esquecido. E com o passar dos dias, meses, anos, aquela fagulha tinha me tomado por inteira, eu estava em combustão! Meu corpo pedia mais e mais aqueles lábios, a minha pele abrasada ansiava pelo corpo frio dele, queria a todo instante afagar os cabelos loiros. Eu estava feliz, dentre aquele caos enorme que eu era, conseguia sentir um requisito de alegria.


Eu estava sendo de fato a "Garota Em Chamas", borbulhando de sentimalismo barato e vivendo como um romance brega, mas pouco ligava.

Peeta era simplesmente... Ah sim, eu disse certo, ERA, ele era assim, ele me completava de certa forma e por mais que nada desse certo estávamos lá, uma para o outro, um com o outro, como deveria ser... Pelo menos na época.

Eu vivia a base dos seus sorrisos e proteção e tudo que ele cobrava era minha cabeça erguida para continuar a viver. Por mais que muitas vezes preferisse ignorar ou esconder meus sentimentos, ele sabia o quanto eu o amava, admirava e precisava dele. Era questão de necessidade física e psicológica, minha mente confusa e abalada não trabalhava bem em sua ausência.

Eu não era boa o suficiente sem o Peeta, nunca fui, desde o nosso primeiro dia na arena, eu passei a depender exclusivamente dele e era recíproco.


A verdade é que eu errei em todos os bons momentos... Errar e novamente errar, parece que minha vida não vai além disso, tenho a sensação que minha margem de erros é maior que a média natural da maioria das pessoas. Eu esperava proteger uma única coisa da qual não poderia viver sem, mas fracassei. Fracassei ao tentar proteger Prim, fracassei com meu melhor amigo e fracassei ao ficar com Peeta, pois ele não estava aqui. Ele estava morto, assim como minha irmã, meu pai, Cinna, Finnick e tanto outros que jurei proteção, vingança, vitória e amor. Agora, todos estavam sob sete palmos, enterrados, longe desse mundo miserável. Às vezes sinto uma pontada de inveja deles.


Peeta não divida mais a cama comigo, não enxugava minhas lágrimas, nem me fazia rir, tudo tinha evaporado, virado uma lembrança horrível da qual vinha me amaldiçoar sempre que meus pensamentos permitiam ou sempre que meu olfato captava o cheiro de um delicioso pão fresco saindo do forno.

Esse é o problema mais complicado do amor... Minto! Esse é um dos problemas mais complicado, o amor dá as pessoas o poder de despedaçar você, e olha que sou prova viva disso, e o presidente Snow que o diga. Velho desgraçado! Sei que não podemos dizer isso, mas ainda bem que ele morreu.

É por isso que vos digo que o amor e consequentemente a perda dói demais! Você fica tão vulnerável, esse dom faz armas mas também faz reféns. Ele queima, fere e de um jeito masoquista você vai acendendo mais ainda aquela chama. Ele te transforma em estilhaços de vidro rasgando seu coração. Isso dói. Não só na sua imaginação ou mente. É uma dor na alma, uma dor no corpo e no peito, é uma verdadeira dor-que-entra-em-você-e-o-destroça-por-dentro. Nada deveria ser assim. Portanto, passei a odiar o amor!


Eu ainda me pergunto como consigo escrever tais linhas, pois as lágrimas marejando meus olhos estão ardendo e não consigo mais controlar, minhas mãos estão trêmulas e minhas letras parecem um monte de rabiscos nesse papel empoeirado, mas se tem uma coisa boa nessa história toda, é o desabafo. Nem a arena acompanhada da matança deixa seus sentimentos tão puro e cristalinos assim. Eu espero que vocês não passem um terço do que passei, ou estou passando. Não deixe para falar depois coisas da qual você consegue descrever; não espere nada das pessoas, se você sente-se capaz de fazer apenas faça! Mas acima de tudo, se algum dia você encontrar alguém que cause um fragmento de calor em seu peito, não se precipite e deixe essa fagulha crescer, crescer, crescer até explodir! Que bons ventos tragam bons momentos.


Para a Capital deixo meu beijo nos dedos, para minha irmã, mãe, Cinna, Haymitch, Annie, Finnick e meu melhor amigo, deixo meu broche em forma de Tordo, pois graças à eles e tanto outros, conseguimos a tão utópica e desejada liberdade, à Peeta deixo todos meus sentimentos ternos, meu amor e carinho, deixo à ele minha sanidade.

Que os Jogos nunca aconteçam novamente, que a chama nunca se apague e que a esperança nunca se perca.

Tudo que sei, é que no momento, cansei de escrever.


Katniss Everdeen



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