O Amor É Para Mentes Fracas escrita por Tholomew Plague


Capítulo 11
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo grandinho a pedido da Lí! Voltando com leitura em primeira pessoa, narrado pelo personagem! Boa leitura!



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– Eu aceito tomar sorvete com você. – Falei.

Sendo assim, eu e Luiz caminhamos até uma sorveteria e durante o caminho ele tentava puxar assunto.

– Como você está? – Ele perguntou.

“Confusa, triste, puta da cara e querendo dar um tiro em você” pensei.

– Bem. – Respondi seca.

– E o que aconteceu em sua vida desde que... – Ele pausou. – Terminamos.

“Me fodi de todas as maneiras possíveis” pensei mais uma vez.

– Nada que te importe.

– Eu estava lembrando dos nossos momentos. – Ele falava como se não se importasse com o corte que lhe dei. – Lembra quando jogávamos vídeo game? Você era quase melhor que eu.

– Quase melhor? – Arqueei uma das sobrancelhas.

– É, quase melhor. – O garoto me provocava.

– Pois fique sabendo que eu sou muito boa, tá bom?

– Isso quer dizer que você ainda joga?

– Recentemente não, mas eu tenho certeza que sou uma das melhores. – Convenci.

– Está apostado.

– Apostado o quê?

– Uma partida no vídeo game.

– Tudo bem, só não chore se perder.

Já estávamos na sorveteria, sentei-me em um banco livre enquanto ele pedia os sorvetes. Eu estava com medo, medo de me entregar de repente, só que eu já estava fazendo isso, essa minha mania de adorar dar a última palavra, fazia eu trocar mais palavras com ele do que o necessário.

– Peguei de chocolate pra você. – Ele me entregou e após sentou-se na cadeira a minha frente. – Você adorava.

– Acertou, adorava. – Arqueei a sobrancelha, olhando-o fixamente.

– Não adora mais?

– Eu odeio doçura e melosidade.

– Do que você gosta então?

– Amargura. – Finquei minhas unhas contra a palma de minha mão que estavam em cima da mesa e notei ele dando uma olhava rápida em minha mão.

Mesmo não gostando de doce, peguei o sorvete que ele ainda me estendia e dei uma grande mordida, engolindo o grande pedaço que havia colocado na boca e sentindo o sorvete congelar minha garganta.

– Ainda gosta das mesmas coisas que antes? Gosta de música pop? Gosta de sair com as amigas? Gosta de fazer escândalos? – Ele riu.

– Não. – Falei séria. – Eu amo Rock, odeio sair de casa e assassino mentalmente quem faz escândalos. – Dei minha típica levantada em uma das sobrancelhas.

– Você mudou bastante então...

– É. E você continua o mesmo menino idiota que gosta de partir o coração das meninas? – Apertei minha mão com tanta força que a casca de sorvete quebrou e seu conteúdo caiu inteiramente sobre a mesa e mesmo assim, eu não desfiz meu olhar ameaçador de cima do garoto.

– Não, Lali, e eu já pedi desculpas.

– NÃO ME CHAMA DE LALI. – Bati minha mão contra a mesa e em seguida levantei-me e fui em direção ao banheiro para limpar minha mão que estava melecada por sorvete.

TAMANHA VONTADE DE ATIRAR NAQUELE GAROTO. TAMANHA VONTADE DE PERDOA-LO E ME ACOLHER NOS BRAÇOS DELE. Droga, eu não consigo mais! Não consigo mais ser dura com ele, dentro de mim ainda tem um coração que me machuca toda vez que eu tento ser grossa com o garoto, meu coração quer que eu o trate bem, afinal, ele foi quem mais tratou meu coração com carinho, mesmo de depois arrancá-lo esfaqueá-lo e coloca-lo de volta em meu peito com rancor. Depois que o garoto esfaqueou meu coração, ele ficou aleijado, não bate por mais ninguém como bate por ele, pareço até aquelas garotas iludidas que imploram o amor de um garoto. É, não estou assim por fora, mas por dentro sim, estou implorando por ele.

Assim que lavei minha mão, voltei para a mesa com a mesma raiva, a mesma raiva que eu sentia por mim ser desse jeito, tão confusa, acho que na vida passada eu entrei na fila “sofra na próxima encarnação” umas vinte vezes.

– Desculpa. – O garoto falou.

Talvez eu precise me acalmar, talvez eu precise ser mais educada com ele. “EDUCADA? O QUÊ? ESSE GAROTO TE MATOU POR DENTRO”, parecia que tinha uma segunda voz dentro de mim, como se tivesse um anjo de um lado e um diabo do outro, mas acontece que eu não sei qual das frases o anjo fala e não sei qual das frases o diabo fala, eu não sei o certo e nem o errado.

– Tudo bem. – Falei.

– Lal... Larissa... – Nos levantávamos da mesa para ir embora. – Pense no que eu te disse... Talvez esteja muito cedo para tentarmos de novo, mas desde quando te vi, meu coração bateu por você como batia antes, eu só quero que pense com calma e clareza, não agora, e não se importe em demorar para me dar a resposta.

Eu Fiquei calada por algum tempo. Eu não queria perdoá-lo, eu queria ser forte, mas droga, porque não consigo ser perto dele? Porque fico tão confusa perto desse garoto? Porque ele mexe tanto comigo? Eu não consigo odiá-lo por mais que tudo que tenha acontecido... É confuso. Talvez eu precise mesmo esfriar a cabeça, talvez eu precise adoçar essa minha vida tão amarga...

Nem preciso dizer que a noite foi totalmente longa no parque e me confundiu muito mais, e eu pensei tanto, mas tanto que acho que acabei por fazer a decisão errada, mas foda-se eu ia tentar, ia tentar ser feliz.

Sentei-me na carteira de minha sala de aula a me preparei para ser a mais agradável possível, eu estava disposta a mudar, estava disposta em tentar ser feliz, pelo menos tentar.

– Bom dia. – Luiz me disse.

– Bom dia. – Respondi.

– Bom dia. – Jason competia.

– Bom dia. – Respondi amigavelmente para Jason também.

Eu ainda sentia insegurança com essa minha indecisão, mas disse que tentaria. Me sinto muito mais segura sendo amarga, é um tipo de defesa e prevenção, mas é preciso deixar essa minha qualidade – para mim e defeito para os outros – para trás.

Quando o sinal bateu para o intervalo, eu não fugi de ninguém, pelo contrário, fiquei calma e saí da sala com passos lentos, e então aconteceu o esperado: um dos garotos veio falar comigo, nada mais nada menos do que Luiz.

Apesar de tentar ser feliz, eu ainda não sorria, mas não porque sou triste, é porque sou assim, é meu jeito de ser. Qual é a graça de sorrir se não há motivos? Odeio tudo de falso, ainda mais sorrisos, não sorrio nem por educação, pelo menos sou verdadeira e fica exposto em meu rosto se a pessoa me agrada ou não.

– Ainda está de pé a partida de vídeo game? – Ele puxou assunto comigo.

– Com certeza.

– Eu estava lembrando das nossas partidas de vídeo game... Lembro daquela vez em que eu ganhei e você ficou braba e voltou para sua casa correndo. – Ele gargalhou.

Ele pode ter tocado em um assunto do meu passado que eu queria enterrar, naquele dia eu quase saí chorando porque sempre perdia pra ele no vídeo game, mas mesmo assim eu ri junto dele, era um pouco engraçado aquilo, eu realmente saí muito braba de lá.

– Mas a primeira vez em que ganhei de você, foi mítica. – Falei.

– A sua primeira vez? Eu deixei você ganhar. – Ele riu.

– Tá bom, e eu sou o papa bento. – Ironizei.

– É sério, eu deixei você ganhar.

– Vai me dizer que naquele dia em que eu ganhei durante 40 partidas seguidas, você deixou? – Arqueei a sobrancelha.

– Tá bom, agora você me pegou.

– E olha que nas últimas partidas em que jogamos, fui eu quem ganhei! – Convenci.

– Tá bom, tá bom. – Ele riu. – Lembro daquela vez em que estávamos jogando, aí a luz da casa caiu e você ficou indignada, começou a xingar muito e falar palavrões que nem eu sabia que existia! – Ele gargalhou.- Naquela época você já era viciadinha.

– Ah, qual é, eu estava com mais de cinco mil pontos a mais que você! Acho que você apagou a luz com a mente para não ter que perder tão feio assim pra uma garota. – Rimos.

– Lembro daquela vez em que nós estávamos jogando, você já era viciada, e você ficou braba por ter perdido, você estava com raiva por eu ter ganhado, então eu a beijei, e aquele beijo de amor com ódio fez aquele momento ficar tão bom... – É, eu lembrava daquele dia e não estava nem um pouco contente do resto da história. – Lembro das nossas respirações ofegantes, das nossas roupas sendo tiradas, dos nossos corpos se colando... – Ele diminuiu a velocidade em que andava até fazer-me parar e ficar de frente para ele. – Você lembra? – Ele aproximou seu rosto do meu. – Você lembra daquela noite em que quase fomos para a cama? – Ele sussurrava até que pude sentir seus lábios tocarem os meus.

E não foram só os lábios, senti sua língua entrando pela minha boca sem permissão e eu confesso que estava adorando aquilo, eu precisava tanto daquele beijo que o continuei. Era tão estranho para mim, não por beijar, mas por beijar ele, ele era diferente, ele fazia tudo ficar diferente, tenho medo que ele faça a mesma coisa que antes: me conquiste e depois me mate por dentro. Agora ele está ressuscitando meu interior, parece que de repente todas as borboletas mortas dentro de mim, começaram a caminhar e voar sobre meu estômago, parece que o sangue sujo e seco dentro de mim, de repente se tornou limpo deslizando e escorrendo dentro de minhas veias, parece que tudo que estava sujo, velho e mofado dentro de mim, começou a funcionar como se eu fosse uma garota de 12 anos tendo o seu primeiro beijo.

Assim que terminamos nosso beijo – depois de muito tempo – eu pude ver aqueles olhos me fitarem com fofura, sim, fofura, odeio fofura, mas com Luiz tudo era diferente, era como se tudo que eu odiasse no mundo, eu amasse nele, acho que o amo de qualquer forma, eu amo seus defeitos. O rapaz entrelaçou nossos dedos e assim caminhamos pela faculdade, como se pertencêssemos um ao outro. Novamente repito: ODEIO FOFURA, mas com ele, era diferente, eu não sei porque, se eu tivesse um namorado o odiaria se segurasse minha mão, mas com Luiz eu adoro, por quê? É certo ou errado estar com um rapaz que tira todas as minhas razões? Todos os meus motivos de amargura? Coração... Porque você sempre escolhe a pessoa errada? Ou é o certo? Eu não confio em você coração, eu confio na minha mente e é por isso que estou com medo, confiei em você e você me fez sofrer com sua doçura, quando confiei em meu cérebro, ele nunca me deixou sofrer. Coração, porque fala mais alto que a razão? Por quê?


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