POV’s Lisa:

Ok, a festa estava se aproximando e nós ainda não tínhamos feito absolutamente NADA para prepará-la.

A aparição de Nico na noite anterior tinha sido um pouco estranha.... Mas não liguei. Ele sempre fazia coisas assim.

Tudo parecia certo no acampamento... Até que....

Hoje eu estava praticando arco e flecha, no campo perto da quadra quando os Stolls vieram em minha direção:

– Lisa, Lisa! – Disse Travis, com um sorriso travesso no rosto enquanto corria em minha direção

– Você não vai acreditar! – Disse Connor correndo logo atrás.

– Ah, meninos.... O que aprontaram dessa vez? – Disse, meio decepcionada

– Não, Lisa! Essa valeu a pena! – Riu Connor

– Foi com a Clarisse! – Exclamou Travis

Então, nesse momento, vi a enorme filha de ares, com seus cabelos oleosos presos numa bandana e a cara cheia de creme vindo em nossa direção... Digo, na direção deles.

– STOLLS! – Urrou ela. Os irmãos saíram correndo.

– Clarisse! – Eu disse. Era minha responsabilidade amenizar tais situações conflituosas. – Vamos chegar a uma decisão em forma pacifica e calma!

– Calma?! Pacifica?! – Gritou- Olha o que fizeram com a MINHA cara!

– Qual é, maninha – Disse Liam Kentwell, outro filho de Ares – Não ficou muito pior do que já era!

Liam era um dos capitães nos jogos de Caça a Bandeira. Ele passava a maior parte das horas do dia treinado. Muitas meninas amavam ele.

Clarisse e ele se afastaram e começaram a discutir. Ela estava irritada e esperneava. Ele discretamente ria da braveza da irmã.

Ao meu lado, Helena Dawson, uma menina de olhos verdes e cabelos escuros, filha de Éolo, havia parado de treinar e estava sentada num montinho de feno, observando a cena. Apoiei o arco e a aljava perto do alvo e sentei-me ao lado dela. Ela parecia estar tendo um devaneio, pois não me viu chegando.

– Oi... – Disse, chamando a atenção dela.

– Ah, Oi – Ela disse, num suspiro

– Como estão as coisas? – Perguntei

– Hah... – Ela respondeu, enrolando as madeixas

Ficamos quietas por um tempo até que perguntei:

– É o Liam?

– Miiiiiiihh- Ela guinchou – Está muito na cara?

– Um pouquinho – Eu respondi, meio sem graça

– Ahh, mas ele é tão fofo! – Ela uniu as mãos – Ontem, ele me mandou um bilhete perguntando se eu queria ir num piquenique com ele....

– Awn! E quando será? – Perguntei

– Amanhã, de tarde, nos campos de morango –ela soltou uma risada nervosa.

Deixei Helena com seus devaneios e voltei a treinar, mas não demorou muito até que Jack viesse em minha direção dizendo:

– Lisa! Lisa! Temos um problema! Preciso de ajuda.

– Ah! Não se pode ter um pouco de paz nesse Acampamento?- Perguntei, meio que para o nada. – O que aconteceu?

– É Alexei. Ele está na floresta.

Alexei é o típico garoto excluído. Digo, não tão típico. Ele, por algum motivo misterioso, é filho de Hera. Um filho de pensamento. Bem, pelo menos é isso que deduzimos... Ele não lembra de absolutamente nada de seu passado antes de chegar no acampamento.

Peguei minha bolsa e segui Jack até onde Alexei estava. Jack voltou para a quadra. Fiquei parada. Alexei estava destruindo a casaca de um velho pinheiro com as próprias unhas. Cicatrizes pelo corpo todo.

– Alexei? – Falei, baixinho

Ele parou de agredir a arvore e falou:

– Saia daqui. O que você quer?

– Falar com você – disse, deixando o tom da voz o mais calmo possível. Sentei-me num tronco de arvore caído e indiquei um espaço ao meu lado – Venha, vamos conversar!

Ele se afastou da arvore e veio, hesitante, ao meu encontro. Sua respiração estava pesada. Sentou-se no tronco, uniu as mãos e encarou o chão, pensativo.

– Está tudo bem? – Perguntei, observando-o. Ele negou com a cabeça- Não? O que te incomoda?

Ele movimentou-se um pouco no tronco enquanto mexia os braços a procura de uma resposta.

Silencio.

Suas unhas estavam imundas e alguns dedos sangravam.

– O que você gosta de fazer? – Perguntei

– Não te interessa. – Ele rudemente disse.

– O que você gosta de fazer? – Insisti

Ele cedeu

– Fotografar – Ele mexia as pernas de maneira nervosa.- Pintar

– Você tem instrumentos para isso?

– Saia daqui.

– Você quer uma maquina fotográfica?

Ele nada respondeu. Abri a bolsa e vasculhei lá dentro. Ele se levantou e chutou uma raiz. Tirei uma de minhas maquinas que sempre levava comigo. Era minha preferida. A memória estava vazia.

– Tome. –Disse

Ele não veio buscar.

Coloquei a maquina no tronco e parti. Olhei para trás mais uma vez. Ele voltara a descascar a árvore. A câmera estava intocada.

Pobre garoto... Pobre garoto perturbado...