The Devil Inside escrita por Duplicata Petrova


Capítulo 2
O2


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei. Mas é como eu disse, não tem previsão as atualizações. Quando eu estiver com animo e criatividade, eu posto.
Enjoy it :D



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Tinha sangue por toda parte.

E lá estava, jogado sobre uma poça do líquido vermelho escuro, o corpo sem vida de Peter. Meu filho.

Suicídio.

Olhei em volta. Marca de mãos nas paredes. Mão pequenas. Pequenas demais para serem do Peter. Eram mãos de mulher.

O cheiro de algo podre agora estava no ar.

Vi a cabeça de uma garota loira. Audrey Leviscco. Seus olhos estavam abertos, fixos em um ponto e opacos; seus lábios estavam sujos de sangue. Seu corpo estava sob os escombros.

Corri até ela e comecei a tirar os pedaços de madeiro e concreto de cima de seu corpo. Quando retirei o suficiente para revelar seu tronco, me assustei. A cabeça era a única parte do corpo que estava ali. Olhei a minha volta e notei pedaços humanos.

Esquartejada.

Comecei a dar passos para trás e minhas costas se chocaram contra algo, ou melhor, alguém. Virei me deparando com Tyler.

Algo estava errado.

Ele tinha um jeito torto de se manter de pé, estava descabelado e muito pálido, seus olhos estavam negros e opacos, e toda a extensão envolta de sua boca estava suja de sangue. Ele chupava os dedos sujos também com o líquido rubro.

Possuído.

- Tyler?

Sorriu maldosamente mostrando todos os dente tingidos de vermelho.

Começou a andar em minha direção. Eu queria sair dali, mas não conseguia me mexer. Parou atrás de mim. Tocou meu rosto com uma das mãos e com a outra tocou minha cabeça. Seu toque era tão gélido. Sem nenhum esforço, quebrou meu pescoço.

Acordei.

Minha respiração estava ofegante. Meu peito subia e descia inúmeras vezes em frações de segundos.

Levantei-me meio tonta e cambaleei até o banheiro. Lavei o rosto e fiquei encarando meu reflexo no espelho. Voltei para o quarto, sentando na beira da cama e acendendo o abajur. O relógio marcava quatro antes do meio-dia, ou seja, quatro horas da manhã. Não conseguiria dormir de novo. Deitei afundando minha cabeça no travesseiro.

Já fazia tanto tempo que não tinha sonhos com meu filho. E todos os sonhos que tinha, eram bons; Ele estava vivo, sorridente, bonito, feliz, como sempre era. E dessa vez, ele estava morto sobre uma poça de sangue. Do jeito que eu encontrei ele.

Audrey e Tyler estavam no meu pesadelo também. Preciso me desligar um pouco do caso.

Acabei pegando no sono.

O despertador não parava de tocar. Eu já estava prestes a desistir de levantar da cama, quando lembrei que não pudia deixar meus pacientes na mão. Hoje atenderia Keiko, uma senhora de idade japonesa com síndrome do pânico. Era uma das nossas últimas consultas, ela já quase não tinha crises.

Levantei e fui direto para o banheiro. Tomei um banho rápido, voltei para o quarto e peguei no guarda roupas uma saia de cintura alta nude, um sapato da mesma cor e uma blusa sem mangas vermelha escura. Desci para tomar meu café da manhã, subi para escovar os dentes e passar a maquiagem; base, rímel e batom do mesmo tom de vermelho que minha blusa. Coloquei minha correntinha e prendi o cabelo em um coque. Desci outra vez, agora definitivamente. Peguei minha bolsa e fui em direção a uma mesinha que ficava perto do armário de casacos e da porta da frente, onde estavam minhas chaves e também um porta-retrato. Recolhi a chave e segurei o porta-retrato, observando a fotografia. Jonathan, Peter e eu. Estávamos sorrindo muito na foto. Peter ainda era pequeno. A família perfeita que fora destruída. Coloquei o objeto de volta sobre a mesinha e saí. Entrei no carro e fiz todo o trajeto até meu consultório.

- Bom dia, Amber. - Disse eu, simpática

- Bom dia, Dra. Simons. - Pausou - A Sra. Keiko ligou desmarcando a consulta de hoje.

- Ok. Obrigado.

Tinha levantado cedo da cama por nada. Minha próxima consulta era às onze horas da manhã com Tyler Bennet. Ainda eram oito.

- Amber, liga para o delegado McGray e pergunta pra ele se a consulta do Tyler pode ser mais cedo.

- Sim, senhora.

Fui para minha sala. Coloquei a minha bolsa sobre a mesa e me sentei pegando um livro, A Cabana. Eu simplesmente amava aquele livro e meio que me identificava com algumas partes.

Ouvi dois toques na porta e disse "entra".

- Com licença. - Disse entrando - O delegado McGray disse que se a senhora quiser, pode encontrá-lo agora na delegacia. Ele vai pedir para que algum policial leve Tyler até lá.

- Obrigado, Amber.

Guardei o livro dentro da bolsa, peguei a mesma e segui para a saída do prédio. Enfrentei mais uma vez o trânsito de Nova York.

- Laura? - Disse Devon McGray vindo de um corredor a minha esquerda - Bom dia.

- Bom dia.

- Tyler está esperando.

Enquanto caminhávamos até uma sala de interrogatório, Devon me alertou:

- Hoje, além do David, ficaremos eu e mais um dos meus homens na sala com você e Tyler. Ok?

- Tudo bem. Mas, pra que tantas pessoas dentro da sala?

- Em primeiro lugar: Tyler acordou um pouco agressivo.

- Quer dizer.. A personalidade ruim?

- É.

- Então, hoje, vamos ver com quem estamos lidando.

Ao chegarmos na porta, comprimentei David e o policial.

Quando entrei no cômodo, encontrei Tyler do mesmo jeito de ontem: algemado e com o olhar fixo em um ponto, que hoje, era um copo de água na sua frente sobre a mesa.

- Bom dia, Tyler. - Disse eu

Levantou os olhos, me fitando diretamente nos olhos. Seus olhar já não tinha a doçura, ingenuidade e inocência que existia ontem no hospital, eram vazio, frio e calculista. Mas tinha um brilho.. talvez, malicioso e divertido.

Puxei uma cadeira e sentei, o delegado e o chefe da polícia forense também fizeram isso, já o policial ficou de pé do lado direito do suspeito.

- Você sabe quem eu sou?

Ficou me encarando estático. Parecia que nem respirava.

Perda de memória.. típico. Tanto de dupla personalidade, quanto de possessão.

- Meu nome é Laura Simons. Sou psiquiatra e vou cuidar de você.

Riu pelo nariz balançando a cabeça em negativo.

- O que é tão engraçado, Bennet? - Perguntou o delegado Devon

Depois que seus olhos alcançaram o rosto do homem mais velho virou a cabeça em sua direção, de um jeito torto e estranho. Um arrepio percorreu toda minha espinha. Seus lábios se curvaram em um sorriso de canto. Desafiador, sedutor, cínico, maldoso.

- Vamos falar sobre o caso? - Quebrei o silêncio

- Como quiser. - Disse Tyler ainda encarando McGray

- Testemunhas disseram que você e Audrey tinham uma relação um tanto quanto conturbada. Isso é um fato verídico? - Disse David

Agora os olhos do jovem suspeito observavam o rosto do investigador, seu sorriso tinha sumido e seus pulsos algemados estavam sobre a mesa.

Pegou o copo de vidro cheio do líquido transparente e virou, dando alguns goles.

Eu estava ficando paranóica com a minha teoria. Tinha pedido, alguns instantes antes de chegarmos à sala, que alguém trocasse a água do copo por água benta. Eu queria saber mais sobre o que possivelmente estava acontecendo com aquele garoto.

Antes da água passar completamente por sua garganta, ele cuspiu todo o líquido tossindo descontroladamente.

Eu tinha que parar com isso. Ele podia ter só engasgado.

- Recomponha-se, Bennet. - Disse Devon

Respirando fundo e tentando parar de tossir, Tyler me encarou.

Delegado McGray pegou uma ficha e começou a lê-la em voz alta.

- Afiliações: Roger Bennet e Sara Bennet, pai e mãe, respectivamente. A mulher foi assassinada pelo próprio marido a facadas e o mesmo cometeu suicídio. - Pausou procurando alguma coisa relevante na ficha - Roger tinha uma passagem na polícia por violência doméstica. Interessante.

- Tyler, me diz uma coisa: O seu pai era violento com você ou só com a sua mãe? - Perguntei

- Pensei que fossemos falar sobre um assassinato, Dra. Simons.

- Você presenciou o seu pai matar a sua mãe? - Ignorei e continuei a fazer as perguntas

- Só vou responder o que eu quero.

- E o que você quer responder?

Me olhou com desdem.

Tyler Bennet, provavelmente, tinha desenvolvido o distúrbio da dupla personalidade por problemas familiares. Esse era o principal causador de distúrbios, tanto mentais quanto alimentares.

- Delegado McGray, podemos continuar em outro dia? - Perguntei ainda olhando o jovem homem a minha frente

- Claro. - Pausou respirando fundo - Charles, leve-o daqui.

- Sim, senhor. - Disse o policial puxando bruscamente o braço do Bennet e tirando-o da sala

- Já sabemos que ele faz o que quer na hora que quer e que adora intimidar e provocar as pessoas. - Comentei

- O Tyler é difícil. Teremos uma dificuldade enorme em interrogá-lo. - Disse David recolhendo as folhas sobre a mesa

Peguei minha bolsa e saí da sala de interrogatório. Delegado veio logo atrás de mim.

- Amm.. Laura, eu estava pensando. O que acha de almoçar comigo?

Sorri.

- Seria muito bom.

- Então, vamos?

Assenti.

Fomos no carro dele.

Um restaurante simples, italiano e não muito longe da delegacia. Pedi macarronada e ele também. Conversamos, damos risada e ele tocou no assunto "filhos".

- Você tem filhos? - Perguntou inocentemente

- Tive um filho. Mas ele faleceu.

- Oh, me desculpe.

- Não, tudo bem.

- Como ele, como ele morreu?

- Cometeu suicídio.

- Oh Deus. Eu sinto muito.

Sorri fraco.

Ainda era dolorido. Na verdade, acho que nunca deixaria de ser dolorido.

- E você? Tem filhos? - Perguntei

- Tenho duas meninas, Evelyn e Caroline.

- Quantos anos elas têm?

- Já estão com vinte e vinte e cinco.

Já tínhamos terminado de comer, só estávamos conversando. Seu celular começou a tocar.

- Com licença. - Disse se levantando. Foi até um canto mais reservado, disse algumas coisas e voltou - Desculpe, tenho que ir. Emergência.

- Tudo bem.

- Eu te levo até a delegacia para você pegar seu carro.

- Obrigado.

Depois que chegamos no grande prédio cinza e peguei meu carro, fui direto para casa. Precisava pensar. Pensar em como iria conseguir ter uma conversa civilizada com Tyler. Sem cinismo, sarcasmo, ironia e falta de educação.


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Notas finais do capítulo

Espero ter merecido reviews!



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