Aquele homem devia ter bebido demais. Devia estar delirando. Por quê eu? Não tenho tanto potencial quanto meu pai tem. Quanto os outros vingadores. Além do mais, ele matou centenas de pessoas. Quase destruiu New York. Quase destruiu meus pais, meus amigos e... Steve.

Olhei a minha volta, e só conseguia ver escuridão. Não sabia para onde ir, o que fazer. Só queria chorar, ou esmurrar alguém.

Do nada, minha perna começou a latejar, e este incomodo se tornou uma dor quase insuportável. Desabei no chão, em meio às lágrimas, vi o sorriso de Loki. Estava prestes a desmaiar.

– Escolha errada, lindinha – foi a última coisa que ouvi.

***

Acordei em um avião. Ou algo que podia voar, mas não era desse mundo. Minha cabeça doía tentando lembrar o que tinha acontecido. Vi Loki perto do painel de controle, olhando para as nuvens que parecia algodão doce, de tão densas.

– O que está acontecendo? – perguntei, quase como um lamento.

– Eu avisei que a escolha foi errada. Convença seus amigos a me darem o VERDADEIRO Tesseract, Emma – ele disse.

Engoli seco. Não podíamos entregar o ouro ao bandido. O que havia acontecido enquanto eu estava dormindo? Meu pai, Steve, estariam todos bem? Eu não conseguia falar. Não conseguia me concentrar. Minha cabeça latejava como se o Thor tivesse acertado o martelo dele nela.

– Me deixe em paz, por favor – eu não era do tipo que implorava ou descia do salto, mas para situações extremas, medidas desesperadas são necessárias.

– Own, a criança está com saudade do papai? E do namoradinho? – ele, disse, fazendo um beicinho.

Recuperei minha postura e avancei contra ele. No que eu estava pensando? Antes de eu chegar a um mísero metro de distância, uma luz azul me atingiu no peito e me atirou longe. Minha cabeça foi de encontro à lateral do avião, e tudo ficou escuro... de novo.

***

Olhei em volta, e vi que eu não estava no avião de Loki. Aliás, eu estava novamente na sede da SHIELD. No meu pequeno quarto claustrofóbico. Levantei, me sentindo imunda. Ainda sentia as mãos de Loki tapando a minha boca. Ainda sentia o cheiro de enxofre no ar daquele avião. Tomei um banho bem demorado e me troquei (roupa).

Clint foi o primeiro que eu encontrei, perambulando pelos corredores. Um flashback da biblioteca de Asgard apareceu na minha frente. Clint gostando de mim mais do que como amigo. Aquilo era loucura. Tentei ir para o outro lado, antes que ele me visse, mas já era tarde.

– Oi Emma! – ele disse, sorridente. Tentei retribuir o sorriso, mas acho que pareceu muito forçado. – Está tudo bem? Sou o Clint, acho que ainda não nos conhecemos. – ele disse, estendendo a mão.

NÃO NOS CONHECEMOS? O MUNDO FICOU LOUCO? Decidi entrar na brincadeira. Apertei sua mão e sorri. Então, com uma desculpa esfarrapada, segui para sala de controle. Antes de chegar lá, vi Thor e Steve andando por perto. E meu coração bateu mais forte.

– Steve – sussurrei. Mesmo alguns metros longe, ele escurou e se virou. Sem pensar, corri até ele, pulei em seus braços e o beijei.