Assassinato Na Royal Opera House escrita por Dreamer


Capítulo 6
Novo crime




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Mas, fez uma parada rápida em uma loja para comprar um relógio.

—Então, você perdeu o seu relógio e o seu casaco?

—Essas coisas acontecem... —respondeu Sherlock com naturalidade, pagando no caixa o novo relógio que acabara de comprar.

—Com você?

Ignorando-o, foi saindo da loja.

—Ok, e como você sabe que temos sete... Ou seis horas até o assassino atacar novamente?

—Durante o Ballet, no cenário havia cinco relógios. Na ordem em que estavam dispostos, todos marcavam nove horas. O primeiro assassinato ocorreu às nove horas da noite. Todos os outros devem acontecer num intervalo de doze horas.

John demorou para entrar no taxi que acabara de chamar. Sempre, tudo o que Sherlock dizia fazia sentido. Era como um quebra cabeças que se montava em sua frente de maneira esplêndida! Mas, aquilo estava errado. Muito errado:

—Sherlock...

—Royal Opera House, por favor—disse para o taxista.

—Sherlock, o segundo não aconteceu às nove horas da manhã. Foi no início da tarde, enquanto interrogávamos Lílian Postham! Lestrade nos confirmou isso, antes de sairmos da Scotland Yard!

—Sim. Nas palavras dele, o faxineiro passou pelo corredor ao meio dia e meio e, quando retornou do almoço, a uma e meia, havia um corpo estirado no seu caminho de todo dia.

—Então... —murmurou, imaginando que o amigo percebesse o seu erro.

—O assassino se atrasou.

—O assassino se atrasou? —repetiu, John, inconformado.

—Algo saiu dos planos dele e ele teve que mudar a sua forma de agir. Mas, ele é manipulador e altamente perfeccionista. Quer voltar a ter o controle da situação e quer retornar à agenda dele.

—O que poderia ter saído dos planos dele? —conteve-se John.

—A segunda vítima não apareceu. Ele teve que pular para a terceira.

—Mas que diabos, Sherlock! —bradou em alto e bom som.

Holmes se voltou para ele, espantado.

—Você me tira do meio da investigação, coisa que nunca fez antes, desaparece por horas e volta sem o casaco e o relógio. Lógico que aconteceram coisas que você está escondendo! Para começo de conversa, o simples fato de você ter ido assistir esse Ballet do NADA já é muito estranho! Eu vou te dizer o que eu acho! Eu acho que o assassino está manipulando você!

As sobrancelhas de Sherlock se elevaram e ele manteve a mesma expressão de espanto por alguns segundos. Em seguida piscou e começou a rir.

—O que foi? —perguntou o seu amigo, bastante consternado.

—Eu acho... Eu acho que se eu estivesse vendo pelo seu ângulo, pensaria a mesma coisa.

O taxi parou na frente do teatro. Sherlock pagou o taxista tranquilamente, expressando despreocupação, subindo as escadarias do teatro.

—Ótimo, e qual é o seu ponto de vista? —insistiu John, encurralando Holmes.

Um estranho silêncio se alojou entre eles enquanto entravam no Hall.

—Você adora falar o que pensa! Sempre explica tudo nos mínimos detalhes e adora se gabar disso! Você está omitindo dados dessa investigação. E eu não consigo acreditar que está fazendo isso porque me acha idiota!

—Eu não acho—murmurou, percebendo que a conversa tomava um rumo ruim.

—Pois ótimo! Não sei o que posso fazer por aqui se você não me diz o que sabe. Vou investigar sozinho. E, sinceramente, talvez eu consiga descobrir mais do que o genial Sherlock Holmes! —exaltou-se John, com uma boa dose de ironia ao dizer "genial", enquanto tomava um caminho diferente do da cena do crime.

.o.

O corredor era estreito. Não havia sangue.

O corpo estirado no chão disse menos do que Sherlock esperava que dissesse.

Ninguém removeu o plástico que envolvia a cabeça do flautista, ver as unhas roxas do homem foi o suficiente para confirmar o diagnóstico: morrera por asfixia.

As roupas estavam sujas e amassadas, mas não havia sinais de luta. Havia, no chão, cacos de vidro do que fora um copo. Sherlock chutou fundo intacto que sobrara do copo num canto do corredor: ele bebera algo antes de ser sufocado. Algo que o deixou indefeso o suficiente para que fosse assassinado sem grandes esforços.

Mas, sobre o assassino não havia nenhuma pista...

—Ele ficou o tempo todo no teatro—percebeu Sherlock, quando ajoelhara do lado do corpo. —Lestrade, é possível que as próximas vítimas estejam aqui no teatro também.

—Vou ordenar uma busca!

—Não!

Lestrade o encarou.

—Isso só fará com que o assassino escape. Enquanto as vítimas estão aqui, sabemos que ele também está. Todas as vítimas até agora eram funcionários e artistas desse teatro. Peça para que liguem para todos os que trabalham aqui e verifiquem quem está fora do teatro.

—Então, por eliminação, saberemos quem está aqui dentro... —murmurou Lestrade, não muito feliz com aquela tática.

Sherlock se sentiu incomodado. Em uma situação normal, acharia sensata a ideia de uma busca. Mas, se encontrassem Irene...

Sentiu o telefone vibrar:

"Não é tão inteligente assim, Sr. Holmes", J.W.

Estreitou o olhar. John podia estar furioso, mas aquela atitude soava muito infantil para vir dele. Mal teve tempo de digitar uma resposta:

"Uma dica: o Dr. Watson é um dos meus segredos", J.W.

Estremeceu diante da confirmação: o assassino capturara John, e pretendia matá-lo.

.

.

.

.

.

[1] = Flauta menor e com notas muito mais agudas que as flautas transversais comuns.


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