*Annabeth’s*

Ai meus deuses, o que aconteceu com o Percy? Ele caiu como uma pedra, que por sorte minha estava atrás dele. Por puro reflexo a primeira coisa que fiz foi estender os braços e amortecer a queda.

-Victoria, vá até a casa-grande e avise Quiron sobre Paloma. Nico me ajude a levar Percy até a enfermaria. Paloma você vai na frente e avise os enfermeiros para preparem uma cama, néctar e ambrosia pro Percy. – disse eu em um só fôlego. Todos me encararam confusos.

-Ok gente, sou eu mesma, Annabeth filha de Atena. Vamos lá gente!

As garotas saíram correndo enquanto Nico me ajudava a carregar o Percy.

-Como fez isso? – Perguntou Nico

-Ah, eu sou bem forte para uma garota não é? Algumas aulas de combate corpo a corpo, sem armas, somente os punhos, isso ajuda bastante.

-Não. Não a erguer o Percy. Eu to falando... Como conseguiu pensar tão rápido? Você não estava nervosa por ele ter desmaiado? Cheguei até a pensar que você fosse travar.

-Livros. Problemas de lógica. Jogos de xadrez. E ser filha de Atena – disse eu.

-Ah tá – disse ele. Parecia frustrado – é que eu queria saber pensar rápido como você.

-Posso ser sincera com você?

-Você tem um monte de outras qualidades, é filho de um dos três grandes, consegue controlar os mortos, viajar pelas sombras e blá blá blá – disse ele com uma voz esganiçada.

-Não era o que eu ia falar. – Dei uma risada – Mas isso também.

-Eu sabia.

-Mas a verdade mesmo. É que não me valeu muito ser filha de Atena. Não que eu esteja renegando isso. Eu podia ser uma filha de Apolo e curar logo o Percy. Podia ser filha de Hefesto com alguma engenhoca para leva-lo mais rápido até a enfermaria. Mas eu somente sou filha de Atena, e só consegui pensar em acordar o cabeça-de-alga.

Ele me encarou, e pareceu reavaliar suas próprias palavras, ditas anteriormente. E seguimos o resto do caminho em silencio.

–--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-Vai cabeça-de-alga. Acorda logo. Por favor.

Estava sentada em um banquinho do lado direito da cama onde estava Percy. Paloma se encontrava do outro lado, também sentada, com a cabeça apoiada e uma das mãos, pensativa, ou preocupada. Não conseguia ler sua expressão. Seu olhar, o modo de pensar, era diferente do meu peixinho-gordinho. Tá bom, quem sabe ele não seja gordinho, mas ainda é o meu peixinho.

Ela conseguiu deixar tudo preparado para quando a gente chagasse. Não conseguia vê-la como Irmã do Percy. Mas a irmã é dele, e não minha. Se alguém tem que achar alguma coisa aqui é ele. Mas eu sou sua namorada. Mas a vida é dele. Mas segundo o Percy, eu faço parte da sua vida. Ou talvez não. Ou quem sabe eu tenha que parar com isso. É isso mesmo eu vou parar de pensar um pouco. Mas teoricamente falando é impossível você ficar sem pensar, por que se pensar em nada você vai estar pensando em algo.

GAAH!! Cala-boca Annabeth! Peraí, quem você pensa que é para me mandar calar a boca? Eu sou sua consciência. Ah tá, então tá bom.

Acho que devo me tratar...

-Annabeth! O que aconteceu?

-Thalia! O que faz aqui? E como veio pra cá? Você não estava na floresta?

-Sim eu estava. Vim com minhas pernas. E o que faço aqui? – continuou ela – bem, eu vi um sinal de fumaça e vim ver o que estava acontecendo.

-Mas eu não mandei nenhum sinal de fumaça.

-Eu mandei... – falou Paloma – Quando me disseram que Thalia era uma caçadora, achei que entenderia os sinais. Na verdade foi só três palavras: Percy, desmaio, enfermaria.

-E vim ver o que aconteceu com ele... Não que eu me importe com esse cabeça-de-alga...

-Eu também não me importaria com você cara-de-pinheiro. E não me chama de cabeça-de-alga, a única pessoa que tem esse direito é a Annabeth.

-Graças a Zeus! Graças a Poseidon! Graças a Atena! Percy!

-Quer para de agradecer aos deuses Annie? Acho que eles já entenderam.

Enchi de beijos o cabeça-de-alga.

-Nuca. Mais. Me dê. Um susto. Desses. – disse entre beijos – Entendeu?

-Sim. Senhora – ele fez o mesmo.

Ouvi um pigarro. Na verdade acho que foram vários pigarros. Quiron, Victoria e Nico apareceram na enfermaria.

-Desculpe interromper o momento crianças – interrompeu o centauro – mas acho que nosso jovem já está melhor embora ainda precise descansar.

-Vic eu vou te apresentar melhor a Sra’Oleary. – Falou Nico.

-Eu vou voltar para a floresta terminar o meu treino de arco-e-flecha. – Disse Thalia.

-Tchau Percy, eu vou até a arena consertar alguns bonecos de treinamento que a sua cadela destruiu. – falei dando um selinho nele, e deixando o meu cabeça-de-alga sozinho com sua irmã.

–----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

#Percy’s#

-Desde quando sabe mandar sinal de fumaça? – Perguntei a Paloma

-Desde que acampo com minha mãe – respondeu – e desde quando você está acordado?

-Desde o “Eu mandei o sinal de fumaça.”

Então o assunto morreu. Era bom saber que eu tinha uma irmã. Poderia ter muitos outros perdidos pelo mundo. Por outro lado era meio triste saber que Annie não poderia mais me visitar à noite. Mas algo me incomodava, o motivo de meu pai, Poseidon, ter demorado tanto para reclamá-la.

-Escute Percy – disse ela, tirando-me de meus devaneios – eu não quero atrapalhar a sua vida ok? Eu posso até ir dormir no outro lado do chalé se você quiser.

-E por quê? Como assim? Não to entendendo Paloma.

-É que você e Annie... Não poderão mais se encontrar á noite no seu chalé.

Quase caí da cama, se não fosse pela minha irmã ter me segurado pelo braço. Como ela sabia... Nico! Ah eu mato aquele bafo-de-cadáver! Vou mandar ele de volta pra casa!

-Nico falou alguma coisa não é? Eu sabia que ele ia abrir a boca.

-Percy calma – falou ela tentando me acalmar – não vou falar pra ninguém. Você e Annie podem namorar a vontade de noite. Eu estou acostumada a segurar vela mesmo. Posso ir caminhar na praia, sei lá.

-Não se preocupa Paloma – foi minha vez de confortá-la – Um dia você vai encontrar alguém que te complete. Assim como eu e Annie. No inicio a gente vivia brigando, um querendo ser o melhor que o outro, mas no final descobrimos que não conseguimos viver longe.

-É eu vi o estado que a Annabeth ficou quando você desmaiou.

-Um dia você também vai encontrar alguém para amar. E às vezes é quem você menos espera.

Ela assentiu, com se eu fosse seu irmão mais velho, embora realmente fosse, e estivesse passando um sermão.