Sonhos Perdidos - Contagem Regressiva escrita por Adriano Noé


Capítulo 9
Capítulo 8 - Dara, a Gordona


Notas iniciais do capítulo

Serão postados dois capítulos por semana a partir da semana que vem. ^.^
Boa leitura.



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Aninha estava sentada ao meu lado, na carteira dupla, espaço que era só dela, em todas as aulas, não por opção, quase por necessidade mesmo. Ninguém gostava de sentar do meu lado, não o faziam nem quando a professora Lúcia mandava, e quando acontecia era para ficarem debochando de mim, a aula inteira, com beliscões, desenhos mal feitos e línguas e dedos apontados para mim.

-Está torto Dara –Bella tirou o papel de minha mão e usou sua tesoura para cortar o ofício, com perícia superior a minha foi deslizando a tesoura com destreza e cautela, pela borda do desenho. Ela ajeita os óculos elevando-o sobre o nariz e ainda séria continuava a picotar o papel.

-A cola, Dara. –apenas me estica a mão sem olhar para mim.

Procuro na mesa o tubo de tenaz. Bob está parado na frente da nossa carteira, de braços cruzados e sobrancelha meio franzida. Me olhava. Baixei o olhar.

-Ei gordona, que tal você me emprestar essa cola? –ele me cutuca na costela, reajo contorcendo o corpo para o lado oposto.

-Não fale com ela assim Bob! –Anabella solta a tesoura sem ponta e o papel, se levanta. –ela fez nada para você, se é a cola que quer, tome! –dá o tubo para o menino magro.

Ele arruma o boné e sorri maliciosamente, estica o tronco para frente, se apoiando na nossa mesa, do lado esquerdo, lado que Ana estava, chegando bem perto dela.

-Me deixa ver esse desenho. –ele pegou o desenho do meu porquinho rosa.

-Isso é meu, é meu trabalho... Ainda não está pronto... Por favor...

-Isso está muito feio Dara, tenho certeza que você conseguiria fazer um melhor se não comesse tanto. –só ele se diverte com a própria piada.

-Se sou gorda desse jeito é porque tenho comida em casa. –retruquei.

Ele fica vermelho e muda a posição das mãos no papel, vão para a borda e ele parte o papel em dois, com um sonoro som de rasgo.

-Ah não! E agora Ana? –coloco as mãos na cabeça, estou desesperada. –Quando a professora vir, ela vai me xingar e vai descontar da minha nota.

            Ana sem pestanejar levanta e pega o menino pela gola da camiseta, na parte traseira. Ele não consegue sair do lugar.

- Me solta me solta. –ele se debatia freneticamente.

Aninha segura o fino braço do garoto com seu membro livre, e gruda a boca ali mesmo, afundando suas presas na pele do menino, Bob arregalou os olhos e desprendeu um grito gutural.

-Agora você vai trocar de desenho com Dara. –informou minha amiga. –Se não...

-Se não o que hein? –ele me encara.

-Se não vou te morder de novo, mais forte ainda, e dessa vez vou arrancar um pedacinho. –ela parecia falar sério.

Ele engole a seco e traz seu porco de papel, me entrega ainda com uma careta estampada. Anabella sorri para mim.

Dou um abraço bem forte nela, que dá um gemidinho.

...

Roberson esperava Ana na frente do Siena branco, sem sair do carro, mas com o vidro abaixado e sua postura descontraída.

-Dara, você não vai dormir lá em casa hoje? –Roberson pergunta. –Posso ligar para seu pai, é sexta-feira, duvido que ele não deixe você vir, afinal, você é uma aluna muito aplicada e Anabella não tem muitas outras amigas para brincar.

Ah, não obrigado... –agradeço sem olhar para ele. Papai disse que era para eu ir direto para casa.

-Tem certeza? –ele me examina com uma ponta de duvida.

-....

-Bem, você é que sabe. Entre Ana.

O Siena vai embora. O sol também vai se pondo preguiçosa e graciosamente. Os raios que se desprendiam daquela grande massa incandescente iam diminuindo de intensidade, ao passo que se escondia entre as nuvens pálidas.

...

 E ainda estou esperando o carro de papai passar na minha frente, minha visão panorâmica não apresenta nem sinal dele.

...

Um carro preto estaciona na frente do Santo Armando. Conhecia o veículo e seu maestro.

-Tio Márcio. –olho para ele confusa.

-Dara desculpe pela demora, seu pai pediu para buscá-la. –ele esta olhando para seu relógio de pulso.

-E porque ele não veio me buscar? –pergunto entalando o choro na garganta. Achei que tinham esquecido de mim...

-Ele está trabalhando na minha empresa... Quis terminar de escrever os relatórios, e como eu estava de saída ele aproveitou a oportunidade e pediu-me, como minha casa é no caminho, aqui estou eu Dara. –sorri.

-E porque demorou tanto? –me cubro com os braços, a noite está fria. Estou vestindo apenas uma camisa azul marinho de manga comprida com estampa de urso, uma leggin preta e um tênis. O vento dançava e as vezes em volta do meu corpo, sussurrava baixinho. Arrepio-me.

-Ora, querida, nestes horários é rotineiro um trânsito infernal. -Ele abre a porta. –Suba.

Batendo os dentes descanso no assento de trás. A lua plainava plena e pálida no céu, sem deixar espaço para astro algum, a noite tinha chegado devagar para mim, pois estava sozinha na frente do Armando ao que parecia ser horas, porém não reparei o momento que ela subiu ao topo do céu. Agora estava centrada e estacada majestosamente.

Em vinte minutos chegamos à residência dos Domingues, Amelia me esperava na frente de braços abertos, enquanto corria de encontro a ela, vi Léo dentro da casa, vindo lentamente para o quintal: lindão, como sempre.


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Notas finais do capítulo

Gostaram, comentem!



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