- Meu filho... – o homem acariciou a cabeça do menino. Sua respiração estava fraca e ele mal conseguia manter os olhos abertos deitado naquela cama.

- Papai... – o garoto de apenas nove anos chorava sem parar. Não era justo perder seu pai assim. Logo ele, um excelente mago, que lhe ensinara tudo o que ele sabia até hoje.

- Quero que seja forte, Marco. – o homem sorriu com dificuldade – Tenho certeza que você se tornará um excelente mago.

- Mas papai ! – Marco fungou – Como eu vou aprender mais coisas sem você ?! O que vai ser de mim agora ?! Eu não sei o que fazer !

- Se acalme, meu filho. Já lhe ensinei tudo o que tinha de ensinar. O resto você aprenderá na prática, vivenciando.

- C-como assim...?

O homem abriu lentamente a mão grande e enrugada. Em sua palma estava uma chave dourada, com o desenho de uma pequena serpente esverdeada gravada nela. Marco sentiu um calafrio. Aquela chave não era comum, ela exalava poder mágico, como seu pai lhe dissera no passado. Mas ele nunca tinha visto uma tão de perto. E agora ela era sua.

- Depois de você, esse é meu maior tesouro, Marco. – o pai disse, com a respiração cada vez mais curta – Cuide dele.

- Mas... – Marco pegou a chave com incerteza. – O que eu faço com ela ?

- Quando estiver pronto, você saberá. – ele segurou as mãos do menino – Proteja-a... E ela o protegerá também. Lembre-se que... – nesse momento ele já estava tão fraco que até falar estava sendo quase impossível – Não... existem... apenas... doze.

- O quê ?! – Marco estava confuso e desesperado. – Como assim ?! O que isso quer dizer ?!

- Adeus, meu filho... – e seus olhos se fecharam para sempre.

- Papai... – a criança abraçou o corpo sem vida.

Depois de um tempo se despedindo e chorando pela morte do pai, ele pôde se acalmar e analisar o legado que lhe fora dado. Era de fato uma bela chave, e para ser tão importante para seu pai, com certeza era muito poderosa. Mas ele ainda não sabia ao certo como lidaria com esse poder.

“Quando eu estiver pronto.”, Marco pensou para si mesmo e apertou a chave com força contra seu peito.

                                         Dez anos depois

- Abra, portão do touro ! TAURUS !

Ao ver aquele grande touro musculoso surgir à sua frente, o mago criminoso mal acreditou. Tentou usar sua magia para atacá-lo, mas ela foi facilmente cortada pelo machado do espírito. Sem saber o que fazer, saiu correndo, mas acabou parando em uma rua sem saída.

- Quem ousa tentar machucar a Lucy e o corpão dela ?! – Taurus agitava seu machado, furioso

- Francamente... – Lucy cruzou os braços – Quando é que vocês vão aprender que é inútil tentar roubar o banco de Magnolia ? Acha que nós não vemos todos os crimes que vocês cometem ?

O mago encarou-a enfurecido, depois fechou os olhos e murmurou :

- Estou em perigo, traga reforços !

“Ele tem o mesmo dom do Warren...”, Lucy pensou, mas não deixou se intimidar.

- Acha que pode escapar assim, é ? – ela se aproximou e apontou para o mago

- Hehe... – ele riu maliciosamente – Posso não ser um oponente a sua altura, menina, mas espere só para ver quando meu chefe chegar !

- Pena que você já vai estar preso até lá ! – ela sorriu, confiante. – Vá, Taurus !

- MOO !!! – Taurus gritou e correu em direção ao criminoso. Mas  ele não esperava que uma barreira fosse se formar entre ele e o mago, o que o pegou de surpresa. Tentou chegar para trás, mas a barreira se formou atrás dele também, o que começou a deixá-lo sufocado.

- Taurus ! – Lucy gritou, alarmada. Logo depois foi presa na barreira também. Uma cúpula pequena se formou sobre ela, e ela foi diminuindo cada vez mais.

- Aí que você se enganou, menina. – disse o mago, rindo. – Quem ficou presa foi você.

Lucy olhou para trás e se deparou com um homem de grande porte, usando uma capa toda preta que cobria seu rosto inteiro. Ela percebeu que era de suas mãos que a energia das barreiras surgia.

- É o seu fim, Lucy Heartfilia.

Lucy gritava e socava a barreira, mas ela diminuía com rapidez, deixando-a cada vez mais sufocada. Ela estava quase cedendo ao cansaço e perdendo suas forças completamente, quando de repente uma voz masculina vinda de cima chamou sua atenção :

- Você disse.. Lucy Heartfilia ?

Todos, inclusive o mago das barreiras, olharam para cima e avistaram, no topo do telhado da casa ao lado da rua, um rapaz. Seus cabelos eram castanhos e balançavam com o vento, e ele usava uma blusa branca solta de mangas compridas, uma calça marrom simples e botas de couro.

- Quer dizer que a maga celestial mais conhecida de Fiore, aquela que eu tanto procurei para ouvir seus ensinamentos, está bem aqui ?

“O quê ?!” Lucy se surpreendeu ao ouvir aquilo. Ela realmente estava sendo procurada por alguém para tê-la como mestra ?!

- Cuidado ! – ela gritou – Ele é perigoso ! Vá embora, saia daí antes que se machuque !

Mas o rapaz não lhe deu ouvidos. Pulou do telhado e aterrissou com os dois pés no chão. Antes que o mago pudesse atacá-lo com uma de suas barreiras, ele puxou uma chave dourada do bolso e gritou com toda a força de seus pulmões :

- Abra, portão da serpente ! SERPENTARIUS !

Os olhos de Lucy se arregalaram ao ouvir aquilo. A chave soltou um brilho ofuscante, e dela saiu uma moça de longos cabelos verde-escuros presos em uma trança, usando uma túnica branca curta, com os braços cobertos por escamas de réptil e olhos dourados como os de uma cobra. Lucy jamais imaginaria que um dia encontraria esse espírito.

O espírito esticou um dos braços, que se estendeu em uma rapidez incrível até o mago das barreiras. Ele se enroscou em seus punhos e os apertou com força, obrigando-o a soltar Lucy e Taurus.

- Ora, seu... – o mago ladrão, que estava atrás de todos eles, correu para atacar o rapaz, mas Serpentarius foi mais rápida. Esticou o outro braços, que se enroscou no corpo inteiro do homem, deixando-o imobilizado.

- Agora, Lucy ! – gritou o rapaz.

- Certo ! – Lucy se levantou – Taurus, vá !

E sem pensar duas vezes, Taurus segurou o mago das barreiras e o isolou para longe com seu machado. Serpentarius fez o mesmo com o outro, jogando-o em outra direção.

- Isso vai mantê-los afastados por um tempo. – o rapaz falou, depois foi até Lucy, que fazia uma careta enquanto tentava mover o braço esquerdo – Você está bem ?

- Sim... Obrigada por me salvar.

- Foi um prazer, sou um grande fã. – ele sorriu – Sou Marco.

Ela apertou sua mão, se sentindo lisonjeada. Era muito raro encontrar um mago celestial em Magnolia, ainda mais um com um espírito que definitivamente pertencia ao Zodíaco.

O espírito ! Lucy virou de costas para olhar direito para aquela mulher-cobra.

- Eu não acredito... Então os boatos eram verdadeiros... ? Você... é real... ?

O espírito sorriu calorosamente.

- Serpentarius. Ao seu dispor.